terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Acho melhor acabar logo...

A proposta desse blog é mostrar a vasta cultura do mundo em relação às necessidades humanas de entender a natureza e seus fenômenos, a criação e a morte, através de deuses e religiões. Ficamos, então, conhecendo um pouco mais sobre a história do homem e da civilização para entender melhor o contexto coletivo do que existe hoje e - quem sabe - respeitar ainda mais o próximo. Mas isso é utópico. Já manifestei aqui (também aqui e aqui) meu repúdio a alguns atos não-laicos do Estado brasileiro, mas começo a achar que o problema é com um fanatismo extremo que está indo além da ignorância.

Leiam a máteria que saiu no G1, sobre intolerantes alunos no Amazonas que se recusaram a apresentar um trabalho sobre cultura africana:
Cerca de 14 alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima protestaram na frente da instituição nesta sexta-feira (9) contra a temática proposta na sétima feira cultural realizada anualmente na escola. De acordo com um dos alunos, Ivo Rodrigo, de 16 anos, o tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade", vai de encontro aos preceitos religiosos em que acredita. "A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a idéia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único", afirmou o aluno.

Para a professora coordenadora do projeto, Raimunda Nonata, a feira cultural tem o objetivo, através da literatura, de valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação. "Através deste projeto podemos proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira. Mas não foi isso que aconteceu", disse a professora. Segundo a professora, os alunos se recusaram a ler livros clássicos como 'Ubirajara', 'Iracema', 'O mulato', 'Tenda dos Milagres', 'O Guarany', 'Macunaíma', entre outros, por apresentarem questões como "homosexualidade, umbanda e candomblé".

Segundo a diretora da escola, professora Isabel da Costa Carvalho, os alunos montaram uma barraca sem a autorização da direção na qual abordaram outra temática que fugia à proposta inicialmente. "Eles montaram uma tenda com o nome 'Missões na África' na qual abordavam a evangelização do povo africano em seu próprio território", explicou a diretora. A diretora afirmou ainda que a atitude dos alunos desrespeita as normas e o plano de ensino da escola.
A conclusão dessa história é que os alunos tiraram notas baixas e os pais foram reclamar... Não quero condenar toda uma religião e seus fiéis nesses atos infames, mas, pra mim, esconder o passado e evangelizar povos me lembra algumas coisas que acabaram em genocídio:

  • Os conquistadores europeus que destruiram civilizações inteiras pelo mundo;
  • A Inquisição;
  • As Cruzadas;
  • O nazismo de Hitler.

Fora isso, imagino que esses alunos medíocres (que deveriam usar antolhos) não podem estudar nada sobre a história do próprio país, muito menos ler quaisquer clássicos da nossa literatura. Na boa, acho melhor esse mundo acabar logo...

Um comentário:

  1. já havia lido essa lastimável notícia.
    Num momento em que tanto se fala em respeitar as diferenças o que mais tenho visto é a intolerância, a xenofobia, o sectarismo em escala crescente.
    Concordo com a indignação do autor do blog, apenas quero registrar que não vejo o fim do mundo como solução (sei que foi uma forma de expressão). Cada um de nós tem que fazer a sua parte para mudar a situação. Você fez a sua: denunciou e ainda deu "nome aos bois". Façamos a nossa: denunciemos também, postemos nas redes sociais, etc. Ou será que só nos indignamos quando o caso nos afeta diretamente?

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