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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

HÉRCULES: Livro virtual

Finalizo a saga de Hércules com um presente a todos: resolvi diagramar uma publicação virtual para que toda a informação pesquisa e postada por aqui estivesse disponível em um único lugar em forma de revista.

Creio que ainda encontrarei muita coisa interessante e farei as devidas atualizações (tanto no blog quanto na publicação) caso isso aconteça.

Espero que todos tenham curtido como eu e continuem a se aventurar.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIIILivro

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

HÉRCULES: Inspiração

Como havia dito no início da saga, meu sobrinho de quatro anos me inspirou a percorrer a mitologia grega em busca da história de Hércules. E nesse ínterim, sentei com ele para desenhar os famosos trabalhos. O que você vê a seguir, pra mim, é absolutamente incrível.

O Leão da Nemeia.
A Hidra de Lerna.
A Corça da Cerineia.
O Javali do Erimanto.
As Cavalariças de Augias.
As Aves do Lago Estínfale.
O Touro de Creta.
As Éguas de Diomedes.
O Cinturão de Hipólita.
Os Bois de Gerião.
Os Pomos das Hespérides.
Cérbero.

Quatro anos.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - Cérbero

Cérbero, aquarela de William Blake.

Euristeu, sabendo que Hércules só ficaria mais um ano sob suas ordens, ordenou-lhe a tarefa que considerava a mais impossível de ser realizada: descer ao reino de Hades e trazer Cérbero (Kerboros, o “comedor de carne”), o cão tricéfalo que guardava as portas do inferno, impedindo a entrada de vivos no Mundo Subterrâneo. Algumas versões dizem que o cão - mais um filho de Equidna e Tifão - tinha de duas a cinquenta cabeças, mas o número três é a descrição mais comum. Possuía uma crina de cabeças de serpentes que terminava em uma cauda que poderia ser de cão, de leão ou uma serpente com cabeça de dragão na ponta. Para aclamar sua fúria, as almas dos mortos costumavam jogar os bolos de farinha e mel que seus entes queridos deixavam em seus túmulos.

Para a tarefa, Hércules precisava ser iniciado nos Mistérios de Elêusis - rituais de iniciação ao culto de Deméter e Perséfone, sogra e esposa de Hades - pelo sacerdote Eumolpo. Ele acreditava que se fosse perdoado e purificado pelas mortes que cometera - principalmente a dos centauros - ele não teria problemas em sair do reino dos mortos. Mesmo assim, o herói ainda duvidava que conseguiria realizar essa temerária e perigosa façanha. Então, ofertou grandes sacrifícios aos deuses, pedindo sua proteção. Suas preces foram ouvidas: Zeus pediu que Atena (a sabedoria que ilumina as trevas) e Hermes (aquele que acerta o caminho) o acompanhassem ao longo do percurso que levava às portas do Mundo Subterrâneo, em Tênaro, na Lacônia.

Atenas e Hermes acompanham Hércules à entrada do Reino de Hades e são recebidos por Perséfone e Cérbero, em gravura que reproduz pintura em cerâmica.

Entrando por uma caverna nas encostas do Monte Taígeto, os três mergulharam profundamente na terra e, depois de horas andando por trilhas subterrâneas que jamais haviam sido pisadas por vivos, chegaram às margens do sagrado Rio Estige. Lá encontraram o barqueiro Caronte, que transportava as almas dos mortos até o reino de Hades. Embora não permitisse que Hércules subisse a bordo, obedeceu às ordens de Atena e Hermes. Quando chegaram do outro lado, Cérbero farejou o cheiro de carne humana viva e se colocou a rosnar, mas nada fez na presença dos deuses. No meio do reino sombrio, Hércules espantou a sombra de Medusa e se encontrou com a sombra de Meleagro, herói de Cálidon, que lhe contou sua história* e pediu que desposasse sua irmã Dejanira. Em seguida, libertou Ascálafo (filho de uma ninfa do rio Estige com o rio Aqueronte) da enorme pedra que se encontrava sobre ele. Porém, como Ascálafo havia sido punido por Deméter quando denunciou sua filha Perséfone e a fez ficar pra sempre com Hades, a deusa o transformou em coruja assim que fora libertado por Hércules.
* Uma profecia dizia que, assim que nascesse, Meleagro morreria quando a lareira de sua casa se apagasse. Sua mãe, então, apagou o fogo com água e escondeu a tora úmida. Anos mais tarde, quando Meleagro matou seus dois tios, irmãos de sua mãe, esta lembrou-se da profecia e jogou a tora novamente no fogo. Isso levou o rapaz a enfrentar Apolo, que nunca errava o alvo de suas flechas.

Mais adiante o herói encontrou dois homens vivos acorrentados à cadeiras e os identificou como Teseu e Pirítoo, rei dos Lápitas. Os dois haviam sido punidos por Hades por tentarem resgatar Perséfone*. Hércules quebrou as correntes de Teseu, mas, com o barulho, as três cabeças de Cérbero puseram-se a uivar em um som metálico e chamaram a atenção de Hades. Ao tentar libertar Pirítoo, um terremoto enviado pelo deus do subterrâneo o afastou.
* Uma versão dessa história diz que Teseu e Pirítoo foram convidados por Hades para jantar, mas, como não conheciam as regras eleusinas, ficaram presos às cadeiras onde sentavam. Após vencer Cérbero, Hércules pediu pela libertação dois dois, mas Hades só permitiu que o herói levasse Teseu. Pirítoo ficou na cadeira do esquecimento.
Dante encontra Cérbero no Terceiro Círculo do Inferno na Divina Comédia, gravura de Gustave Doré.

Penalizado ao ver tantas sombras humanas, Hércules decidiu reanimá-los por alguns instantes através de sacrifícios de sangue. O herói encontrou o rebanho de Hades e precisou enfrentar seu pastor Menetes, que teve algumas costelas quebradas antes da intervenção de Perséfone. A deusa levou o herói ao palácio de Hades, que, ao ver o herói em companhia de dois deuses, questionou toda a jornada. Depois de receber as devidas explicações sobre as tarefas hercúleas, ele autorizou-o a levar Cérbero para a Terra sob a condição de conseguir dominá-lo sem usar as suas armas e devolvê-lo ileso.*
* Antigos textos dizem que Hades não permitiu e acabou recebendo uma flechada de Hércules. Perséfone deu essa ideia ao marido para impedir o combate. Essa intervenção da deusa se deve ou ao fato de ser meia-irmã do herói (já que também é filha de Zeus) ou a Zagreu, filho dela com Hércules.
Hércules e Cérbero, pintura em cerâmica etrusca (sec. V)

Hércules dominando Cérbero, estátua de
mármore no palácio Hofburg, em Viena.
Hércules aproximou-se, então, do animal e o enfrentou só com sua força e a pele do Leão da Nemeia, que o protegeu das mordidas das serpentes do corpo de Cérbero. Usou da mesma tática contra o leão e sufocou as três cabeças de uma vez só até o cão desacordar, mesmo depois de levar uma mordida da cauda de dragão. Alguns textos, dizem que Hécate, deusa da magia negra, confrontou o herói na tentativa de proteger Cérbero. Porém, Hércules tinha um acordo com Hades: acorrentou o cão vencido e ergueu o animal aos ombros, retornando pelos Campos Elísios, onde ficavam os mortos que tinham agido de forma nobre.

Hércules e Cérbero. Óleo de Francisco de Zurbarán (1634)
* Dizem que, quando a luz do sol bateu no corpo de Cérbero, a fera começou a convulsionar e precisou ser novamente abatido por Hércules. A baba do animal que caiu no chão se tornou a planta venenosa chamada acônito (ou mata-lobo, usada no folclore contra lobisomens).

Afinal chegou a Micenas. Euristeu ficou tão apavorado quando soube que Hércules trazia nos ombros o terrível cão tricéfalo, que se escondeu debaixo de uma cuba de bronze, mandando-lhe uma mensagem na qual lhe ordenava que se afastasse de Micenas para todo o sempre. Então, de coração leve, Hércules levou Cérbero de volta às portas do Inferno. Essa vitória simbolizou a força espiritual que derrota o terrível e mortal mal interior a partir de uma jornada que leva à uma morte simbólica, ao autoconhecimento e à transformação do indivíduo.

Hércules entrega Cérbero a Euristeu, que se esconde no jarro de bronze,
pintura em cerâmica etrusca (séc. V).


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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - Os Pomos das Hespérides


O Jardim das Hespérides,
tela de Frederic Leighton (1892).
Como penúltimo trabalho, Euristeu pediu que Hércules trouxesse três pomos dourados do Jardim das Hespérides. O rei sabia que a deusa tinha tornado a tarefa quase impossível, mas não poderia imaginar que a jornada do herói seria tão ou mais complicada. Essa tarefa acabou por estabelecer Hércules como um defensor dos oprimidos e injustiçados.

As maçãs (ou laranjas) douradas da imortalidade foram dadas por Gaia para Zeus e Hera como presente de casamento (um versão diz que foi um presente Hera para Zeus pelo matrimônio). Hera plantou-as em um jardim perto do Monte Atlas, onde as Hespérides seriam responsáveis. Para mais proteção, a deusa enviou um monstro da prole de Equidna e Tifão: o dragão imortal de 100 cabeças chamado Ladon*.
* Na maioria das representações artísticas, Ladon era somente uma serpente, provavelmente, uma alusão à Serpente do Paraíso. Mas, na mitologia, cinquenta cabeças permaneciam acordadas, enquanto as outras cinquenta dormiam.

Hércules enfrenta Cicno, pintura em ânfora.
Como a localização do jardim era duvidosa e cercada de perigos, Hércules partiu para o oeste em direção à Ilíria, onde conhecia algumas ninfas que poderiam ajudá-lo (alguns dizem que Atena disse para ele procurar as Parcas). Quando cruzou a Tessália, encontrou o cruel Cicno, filho de Ares, que matava viajantes e oferecia sua carne como sacrifício a seu pai. Hércules o confrontou e o matou. Algumas versões dessa história dizem que Ares lutou com o herói para se vingar pela morte de seu filho, mas Zeus teria jogado um raio para separar os dois ou Atena fez o herói se esquivar de um ataque divino. Ares chegou a ser ferido na coxa pelo herói e se recolheu por um tempo no Olimpo.

Hércules luta com Nereu e nereidas ao redor, pintura em vaso.
Continuando a viagem, Hércules chegou ao rio Eridano (rio Pó), na Ilíria, onde encontrou suas amigas ninfas. Elas falaram que Nereu sabia a localização do jardim. Ao encontrar o velho deus do mar, o herói recebeu uma recusa na resposta e precisou segurá-lo, pressionando pela resposta. Nereu era capaz de mudar de forma, mas Hércules se manteve forte e acabou conseguindo as informações que precisava. Uma versão desse encontro, diz que o herói encontrou Nereu dormindo. Com um corda, foi amarando suavemente o velho deus do mar para não acordá-lo até que o apertou tanto que o despertou. Todas as formas que assumia se mantinham presas na rede construída por Hércules e só restou lhe dar a informação.

Passando novamente pela Líbia, Hércules confrontou Anteu*, filho de Gaia e Poseidon, que tirava sua força do contato com a terra, sua mãe. O gigante desafiava os viajantes a derrotá-lo, mas sempre vencia e decorava o templo de seu pai com os restos mortais dos perdedores. Hércules percebeu que, logo após derrubar Anteu, ele se recuperava rapidamente e ficava ainda mais forte. O herói, então, levantou o gigante do chão, desconectando-o de sua fonte de força, e o enforcou assim que ficou enfraquecido. Diz-se que pigmeus amigos do gigante tentaram matar Hércules enquanto ele dormia como vingança. Mas o herói acordou, caiu em gargalhada e espantou-os com uma só mão.
* A história de Anteu (Antaeus, ou Änti em língua berbere) tem sido utilizada como fábula que simboliza a força espiritual que é mantida pela fé nas coisas imediatas e factuais - as coisas terrenas. Na Divina Comédia, Anteu guarda o Nono Círculo do Inferno e leva Dante e Virgílio até ao fundo onde corre o rio gelado do Cocito. Plínio, o Velho, escreveu que um homem da família de Anteu, depois de escolhido por algumas pessoas, foi levado para um lago da Arcádia, onde pendurou as roupas num freixo para atravessar o lago a nado. Foi, por conseguinte, transformado num lobo por nove anos. Se conseguisse passar esse tempo sem atacar um ser humano, poderia voltar a atravessar o lago a nado e tomar a sua forma humana original. É um dos primeiros relatos sobre licantropia que se conhecem.
O combate de Hércules e Anteu, pintura decorativa em teto do Museu do Louvre, por Auguste Couder

No Egito, Hércules foi preso pelo exército do terrível Busíris*. Frásio, um vidente cipriota, havia dito ao faraó que, se ele sacrificasse um estrangeiro aos deuses, a fome acabaria em suas terras. Azar o dele por ter escolhido Hércules: quando a cerimônia de sacrifício se iniciava, o herói estourou num rompante de fúria e matou não só o faraó como todos os seus sacerdotes. Amedrontados, os egípcios decidiram dar livre passagem para Hércules por suas terras.
* Não há referência a Busíris em nenhuma dinastia faraônica. É possível que seu nome seja uma corruptela do deus Osíris. Existe uma versão que coloca este faraó como o grande vilão desta tarefa, pois ele teria mandado raptar as ninfas para fertilizar suas colheitas. Hércules matou os egípcios e devolveu as ninfas a Atlas, que lhe entregou os pomos em recompensa.
Hércules matando Busíris e seus sudítos, pintura em ânfora (480 a.C.).

No caminho, Hércules encontrou Prometeu acorrentado no Monte Cáucaso por seu crime contra os deuses. O herói matou o abutre que comia o fígado imortal do titã e quebrou as correntes para libertá-lo. Como agradecimento, Prometeu aconselhou Hércules a pedir ajuda ao seu irmão Atlas, pai das ninfas que cuidavam do jardim.

Prometeu e Hércules, óleo de Christian Griepenkerl (1878).

Finalmente, o herói chegou ao Monte Atlas, que recebeu o nome do titã porque era lá que ele carregava os céus nas costas como punição divina por ser um dos líderes da revolta dos titãs. Hércules ofereceu ficar no lugar de Atlas, enquanto ele buscava os pomos. O titã concordou, considerando descansar os ombros. Ao retornar com as três maçãs, Atlas recusou voltar para seu posto, deixando Hércules com a carga pesada. O herói precisou usar sua lábia: disse que aceitaria ficar no lugar do titã se ele pudesse ajeitar seu corpo e, para isso, Atlas precisaria segurar por um momento. Ele aceitou e o herói saiu livre com as três maçãs. Há uma divergência entre os mitógrafos, que dizem que Hércules fez Ladon adormecer e as Hespérides deram os pomos ao herói.

Atlas traz os pomos para Hércules que segura temporariamente os céus. Relevo do Templo de Zeus em Olímpia.
Hércules matando o dragão do Jardim das Hespérides. Gravura de Gerard van der Gucht, séc. XVII.

Hércules e os Pomos de ouro.
Estátua romana em bronze, séc. II a.C.
Hércules retornou à corte de Euristeu com os pomos e os apresentou a um espantado rei. Ele tinha tanta certeza que o herói não voltaria que nem pensou o que fazer com as frutas, deixando seu destino nas mãos de Hércules. Incerto do que deveria ser feito, o herói pediu orientação à Atena, sua constante protetora, que levou as maçãs de volta ao jardim porque elas deveriam permanecer por lá de acordo com as leis divinas.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - Os Bois de Gerião

Como décimo trabalho, Euristeu decidiu aumentar a dificuldade: Hércules deveria trazer por terra e mar todo o rebanho de Gerião (Gérion), que tinha duas pernas tal como as outras pessoas, mas, a partir da cintura, o corpo se ramificava em três troncos com três cabeças e seis braços. Diziam que o grito de Gerião equivalia ao de dez mil guerreiros e que ele gostava de urrar em meio ao temporal para abafar o ribombar dos trovões de Zeus. Ele também costumava subir numa pedra próxima ao mar para desafiar aos berros àqueles que tivesse coragem de enfrentá-lo; seu desafio ecoava à grandes distâncias e pode ter sido ouvido por um capacho de Euristeu, inspirando-o nesta tarefa. Filho de Crisaor (descendente da górgona Medusa) e Calirrhoe (filha dos titãs Oceano e Tétis), vivia em uma mítica ilha próxima à Líbia chamada Erítia, com o pastor gigante Euritião e Ortro, o cão de duas cabeças e cauda de dragão (irmão do famoso Cérbero), que protegiam seus rebanhos. Seu gado era peculiar: de um tom vermelho profundo, com testas largas e pernas esguias.

Em sua jornada solitária, Hércules defrontara-se com inúmeros perigos entre ladrões e animais selvagens. Diz-se que, ao chegar a Gibraltar, o herói trabalhou arduamente para abrir um largo canal entre o Mediterrâneo e o Oceano para permitir a passagem de navios*.
* Algumas lendas dizem que Hércules usou sua força para separar o Monte Calpe do Monte Abília e, assim, abrir o estreito hoje chamado de Pilares de Hércules ou Estreito de Gibraltar.
Hércules separa Calpe e Abília. Óleo de Francisco de Zurbarán (1634)

Precisou atravessar o deserto da Líbia na continuidade do caminho. O calor era tão grande que o herói enfurecido começou a atirar flechas em direção ao sol. Helio, deus sol, implorou para que ele parasse (em algumas versões, é Apolo que pede), mas o herói disse que só o faria se ele emprestasse a barca (ou taça) de ouro que o ajudava a cruzar os mares de volta ao leste.

Com a barca, Hércules chegou rapidamente à ilha e foi logo recebido por Ortro, mas as histórias dizem que apenas um golpe de sua clava de oliveira derrubou o cão bicéfalo. O pastor Euritião levantou uma enorme pedra para arremessar no herói, que foi mais rápido e o flechou. A pedra erguida acabou esmagando o pastor.

Ânfora com pintura de Hércules enfrentando Gerião (em destaque). No chão, Ortro e Euritião abatidos.

Ouvindo a luta, Gerião vestiu três armaduras, três capacetes e levou três escudos e três lanças para enfrentar o herói. Percebendo que seria complicado derrotar o monstro num combate corpo a corpo, Hércules puxou seu arco e matou Gerião com suas flechas envenenadas. Algumas versões dizem que Hércules rasgou Gerião em três partes após uma luta feroz, simbolizando a vitória sobre a vaidade, a devassidão e a dominação despótica.

O retorno do herói a Micenas foi bem mais complicado do que conseguir o gado. Hércules colocou o gado na barca de ouro e precisou navegar ao Oceano Atlântico, considerado o fim do mundo para os antigos gregos, para devolver a barca a Helio. No caminho a pé, ergueu duas colunas de pedras para lembrar sua passagem por Gibraltar, mas seus problemas apenas começaram...

  • Em Pilos, o rei Neleu impediu a passagem de Hércules e ainda tentou confiscar o gado roubado.
  • Na Ligúria, Hércules foi atacado por aborígenes belicosos. Após grande carnificina, as flechas do herói acabaram e ele invocou ajuda à seu pai Zeus, que enviou uma chuva de pedra para afugentar os inimigos. Ainda na região, dois filhos de Poseidon - Ialébios e Dercino - tentaram roubar-lhe os bois, mas foram mortos.
  • No Lácio (onde posteriormente se ergueria Roma), Caco**, filho de Hefesto, roubou dois gados e quatro novilhos, enquanto o herói dormia na casa do Rei Evandro. Levou os animais para sua caverna no Monte Aventino sem deixar trilha ou pistas, porque os arrastou pela cauda. Ao acordar e dar pela falta do gado, Hércules saiu em busca do gado pastoreando o resto. Acabou passando próximo à caverna de Caco e o gado roubado, ouvindo o rebanho passar, começou a mugir bem alto como se pedisse socorro. O herói ouviu e encontrou Caco escondendo os animais. Matou o gigante com um rápido golpe de espada na garganta.
**Caco (em latim: Cacus) é descrito na Divina Comédia, do poeta Dante Alighieri, como um dos centauros que guardam o Sétimo Círculo do Inferno. Alguns mitógrafos o descreviam ou como um gigante cuspidor de fogo ou um gigante de três cabeças. Segundo uma das versões desta história, a irmã de Caco teria se apaixonado por Hércules e revelado o paradeiro do gigante.
Hércules mata Caco, gravura de Hans Sebald Beham (1545).

  • Na Calábria, um dos bois se desgarrou do rebanho e nadou até a Sicília. Na língua nativa, touro era “italus” e, assim, deu-se o nome de Itália ao país. O touro fora encontrado pelo rei Eryx, filho de Afrodite. Hércules pediu para Hefesto cuidar do rebanho enquanto ele buscava o touro perdido. Ao encontrá-lo no meio do rebanho de Eryx, o herói o pediu de volta após explicar sua tarefa. O rei disse que só devolveria o animal se Hércules o vencesse três vezes em uma competição de boxe, pois acreditava que o herói perderia sua imortalidade se não levasse o rebanho de Gerião para Micenas. Acontece que o herói não só o venceu como o matou, enterrando-o no templo de sua deusa-mãe.
  • Hércules carregando os bois de Gerião,
    xilogravura de Gabriel Salmon.
  • Próximo ao Mar Jônico, quase no fim de sua jornada, Hércules teve muita dificuldade de manter todo o rebanho junto, pois Hera enviou mutucas para dispersá-lo até a Trácia e a Cítia (entre a Turquia e a Ucrânia). O herói teve que enfrentar um monstro metade mulher metade serpente para conseguir juntar o gado e, mesmo depois de conseguir dominá-los, precisou atravessar o rio Strymon, que teve seu nível de água aumentado pela deusa. Com pedras e árvores, Hércules fez uma ponte para os animais atravessarem. Algumas versões dizem que o herói, na verdade, aterrou o rio.
  • Quase chegando a Micenas, Hércules foi atacado por Alcioneu de Corinto, um gigante que atirou pedras contra os rebanhos e destruiu doze carros de boi. O herói rebateu com sua clava uma das pedras atiradas por Alcioneu e o esmagou.
Hércules chegou com parte do rebanho ao reino de Euristeu um ano depois, acreditando que estaria livre de sua punição. O covarde rei sacrificou todo o gado à Hera e revelou ao herói que ele ainda deveria cumprir mais duas tarefas, pois não havia considerado a morte da Hidra (porque teve ajuda de Iolau) e a limpeza dos estábulos de Augias (porque ele foi pago).


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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - O Cinturão de Hipólita

Hércules obtém o cinturão de Hipólita, óleo de Nikolaus Knüpfer
Cada vez mais irritada, Hera soprou no ouvido de Admete, filha de Euristeu e sua sacerdotisa, que ela teria muito poder e sabedoria se obtivesse o cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras Amazonas, filha de Ares. Euristeu resolveu fazer, então, com que o nono trabalho de Hércules fosse conseguir a peça. O cinturão é descrito como um cinto de couro dada a ela por Ares por ser a melhor guerreira entre as Amazonas. Acredita-se que Hipólita o usava cruzando seu peito para carregar sua espada e sua lança, mas não há representações dele.

Conhecendo as habilidades das Amazonas, o herói decidiu organizar uma expedição às misteriosas terras ao norte do Cáucaso, próximas ao Mar Negro, onde ficava Temiscira, capital do reino das guerreiras. Entre os voluntários, estavam Telamon, Teseu e Peleu.

Na primeira parada na ilha de Paros, Hércules pediu que dois de seus companheiros fossem buscar água com o Rei Alceu. Os rudes filhos do Rei Minos (Nefálion, Eurimedonte, Crises e Filolau) que estavam hospedados na ilha desrespeitaram as leis que protegiam os estrangeiros e assassinaram os dois. Hércules viu a cena do convés e pulou pra terra e matou os quatro. Os habitantes da ilha se revoltaram e atacaram o herói e seus companheiros sem saber quem eram. Quando se deram conta, pararam de enfrentá-los e disseram para o herói escolher dois guerreiros para substituir os que foram mortos pelos filhos de Minos. Hércules chamou o Rei Alceu e seu irmão Estênelo.

Viajando para o Norte, passaram pelo o Helesponto (estreito de Dardanelos próximo a Turquia) e pelo Bósforo e saíram no Mar Negro. Seguindo a costa da Ásia Menor, aportaram na Mísia, onde o Rei Lico os recebeu calorosamente com um grande banquete. Durante a celebração, os bébrices invadiram a nação, pilhando e destruindo tudo no caminho. Hércules e seus companheiros rapidamente se prontificaram e acabaram com os invasores, recebendo tantas provisões quantas couberam em seu navio como recompensa.

Depois de mais uma longa jornada, finalmente chegaram a Temiscira. Armados até os dentes, ficaram surpresos com a recepção calorosa das Amazonas quando seu navio chegou à foz do rio Thermodon. Até mesmo Hipólita parecia estar encantada com os heróis. Hércules contou à rainha a razão daquela expedição e Hipólita ofereceu o cinturão como presente. Ao ouvir isso, Hera tomou a forma de uma amazona e começou a espalhar o rumor que o herói queria sequestrar a rainha.


A destemida Aela atirou suas flechas em Hércules, mas a pele impenetrável do Leão da Nemeia as fez ricochetear. Já a flecha de Hércules matou a amazona de uma vez. A saguinária Prótoe matou três companheiros do herói antes de ser morta por ele com um só golpe de sua espada. Hércules derrubou outras sete amazonas com sua clava. Teseu, Telamon, Alceu e Estênelo derrotaram outras guerreiras, mas o combate só chegou ao fim quando Hércules matou Hipólita com sua espada de bronze e tomou o cinturão. As amazonas derrotadas se viram abandonadas à sua própria sorte.*
* Numa versão desta tarefa, Hipólita não é morta. A luta só termina quando Hércules faz a Rainha Melanipe como sua prisioneira. Ele a troca pelo cinturão. Teseu ainda rapta a Rainha Antíope, irmã de Hipólita, e se casa com ela. Em outra versão, Teseu, na verdade, rapta e estupra Antíope, o que marca o início da luta entre as amazonas e os guerreiros de Hércules. Essa versão é pouco utilizada por macular a aura de herói de Teseu. Percebam que eram três rainhas, pois acredita-se em três tribos diferentes de amazonas, sendo Hipólita a governante-mor.
Hércules vence Hipólita, estátua em mármore de Lorenzo Mattielli
Na viagem de volta, Hércules salvou Hesíone, filha de Laomedonte, de ser sacrificada por um monstro marinho enviado por Poseidon. Laomedonte, rei de Troia, havia se recusado a pagar aos deuses Poseidon e Apolo pela construção das poderosas muralhas ao redor da cidade. Apolo enviou uma praga e Poseidon um monstro marinho, que só cessariam suas destruições se Hesíone fosse sacrificada. Laomedonte chegou a tentar usar filhas de pessoas do povo, mas em um sorteio saiu o nome da princesa. Hércules passou pela cidade e se ofereceu para salvar a princesa e matar o monstro em troca dos dois corcéis brancos que andavam sobre as águas, dados ao rei por Zeus em troca do jovem Ganimedes. O herói chegou a ser engolido pelo monstro, permanecendo em seu estômago por três dias até rasgar seu caminho para a liberdade, mas o velhaco Laomedonte novamente não pagou o prometido e expulsou o herói, que jurou vingança.

Hércules liberta a filha de Laomedonte, óleo de Louis de Silvestre.
No porto de Tassos, Hércules e seus companheiros encontraram trácios selvagens que devastavam a ilha. Após expulsar os inimigos, o herói deixou a ilha nas mãos de Alceu e Estênelo como recompensa pela participação na jornada. Chegando a Micenas, cada um seguiu seu rumo e Hércules levou o cinturão para Admete.


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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - As Éguas de Diomedes


Cansada das vitórias de Hércules, Hera decidiu colocar o bastardo de Zeus contra seus netos, filhos de Ares, o deus da guerra e filho legítimo da deusa com Zeus. Inspirou, então, Euristeu a definir o oitavo trabalho: trazer as quatro éguas carnívoras de Diomedes, chefe dos Bistônios (povo não grego da selvagem e inóspita Trácia) e filho do deus Ares com uma mortal. Dizia-se que Diomedes dava seus inimigos e estrangeiros perdidos na costa do Mar Negro para suas éguas se alimentarem. De tão descontroladas, Podargo, Lâmpon, Xanto e Dino viviam presas por pesadas correntes no estábulo. Alguns diziam que as éguas tinham mandíbulas de bronze, soltavam fogo e fumaça pelas narinas.

A caminho da Trácia, Hércules passou por Feras para encontrar Admeto, que conhecera entre os Argonautas. Algum tempo antes, o rei tivera o privilégio de ter o deus Apolo sob suas ordens, que estava sendo castigado por Zeus por ter matado ciclopes em represália pela morte de seu filho Asclépio. Apolo afeiçoou-se a Admeto e o ajudou a conquistar Alceste, filha de Pélias, que havia sido prometida àquele que fosse até ela num carro puxado por leões e javalis. O deus também pediu às Moiras que tecessem mais um fio de vida ao rei caso alguém concordasse voluntariamente em substitui-lo. Acreditando ser amado e ter servos lhe devendo favores, Admeto não se preocupou. Porém, nem mesmo seus pais se habilitaram, somente a jovem e apaixonada Alceste se ofereceu. Admeto se recusou a perdê-la, mas as Parcas aceitaram a troca.

A morte de Alceste, tela de Pierre Peyron (1785)
Hércules enfrenta a Morte por Alceste. Óleo de Frederic Leighton (1870).

Enquanto Admeto ia recuperando as forças, Alceste adoecia. Hércules chegou à região e foi recebido pelo rei, que, para não perturbar o herói, fingiu que nada acontecia. Hércules comeu e bebeu além da conta, mas percebeu que ninguém acompanhava de sua alegria. Forçou um dos serviçais a contar o que acontecia. Chateado com seu próprio comportamento, decidiu esperar Tanatos, a Morte personificada, na porta do quarto da jovem. Com sua força e um laço de diamantes, o herói agarrou Tanatos e o obrigou a desistir do acordo. Alceste foi se recuperando e pode continuar a viver ao lado de seu amado Admeto. Outra versão dessa história, diz que, assim que Alceste aceitou morrer no lugar do amado, Perséfone se comoveu e desfez o acordo das Parcas com Apolo.

Hércules, então, navegou para a Bistônia com um grupo de voluntários, entre eles, Abderos, um jovem ousado da Lócrida a quem o herói tinha como companhia (outro eromenos). Rapidamente o grupo dominou os guardiões das éguas antropófagas e as roubou. No caminho para o navio, eles avistaram Diomedes e suas tropas. Hércules pediu que Abderos cuidasse das éguas enquanto ele enfrentava os bistones. O herói e seus amigos abriram um canal nas dunas que separavam a planície do mar e acabaram inundando a região formando um lago que separou e matou parte da tropa bistone. Diomedes ficou frente a frente com Hércules e foi derrubado.

Em sua inexperiência, Abderos acabou sendo devorado pelas éguas. Furioso ao ver seu companheiro em pedaços, o herói resolveu dar Diomedes para que as feras o devorassem. Surpreendentemente, os animais se acalmaram como mágica e Hércules conseguiu dominá-las. Antes de voltar para Micenas, Hércules deu um enterro digno ao jovem com competições atléticas e fundou a cidade de Abdera ao lado do túmulo.

Uma outra versão da história, conta que Hércules resolveu tudo sozinho. As éguas estavam atreladas a uma biga e o herói precisou levá-las junto com o carro para Euristeu. Outros dizem que Hércules atrelou os animais ao seu próprio carro para conseguir dominá-los. Elas representam a perversidade do homem que causa a morte da alma.


Euristeu ofereceu os cavalos à Hera, que novamente pediu para soltá-los. As éguas viveram livres pelas planícies de Micenas e acredita-se que uma delas foi ancestral de Bucéfalo, o famoso cavalo de Alexandre, o Grande. Quando os animais chegaram aos pés do Monte Olimpo, os deuses ordenaram que elas fossem devoradas por lobos selvagens.


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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - O Touro de Creta

Hércules dominando o Touro de Creta, estátua de August Kriesmann, Alemanha.

Euristeu tentava sempre dificultar as tarefas dadas à Hércules. Era hora de mandá-lo para longe, uma vez que o Peloponeso já estava salvo de seus monstros. Como sétimo trabalho, então, o herói deveria trazer o selvagem Touro que aterrorizava a ilha de Creta vivo até seu palácio, fazendo com que ele precisasse lidar com a fera enraivecida nas travessias pelo mar.

Hércules domina o Touro de Creta, estátua
em mármore de Lorenzo Mattielli.
Conta a lenda que Minos, filho do Rei Astério, estava tendo sua sucessão contestada e pediu que Poseidon intercedesse a seu favor, fazendo surgir das águas um sinal de sua legitimidade. Do Mar Egeu, surgiu um belíssimo touro branco com chifres de ouro e cascos de bronze. Poseidon impôs a Minos a condição de que o touro seria sacrificado em seu nome. No entanto, encantado pela beleza do animal*, o rei misturou-o em seu rebanho e sacrificou outro para o deus. O touro divino imediatamente enlouqueceu e começou a devastar a ilha, personificando a fúria do deus dos mares (diziam até que saía chamas de suas narinas). Quando Hércules chegou pedindo autorização para levá-lo, o rei ficou contente.
* Minos tem histórico com touros: sua mãe Europa teria chegado à Creta em um touro enviado por Zeus (ou o próprio deus transformado no animal); e, após recusar o sacrifício à Poseidon, o deus dos mares fez com que a princesa Pasífae se apaixonasse por seu touro e desse a luz ao Minotauro.
Assim que avistou o herói, o touro arremeteu com os chifres baixos. Hércules ficou firme em sua posição até o último momento, quando se jogou para o lado. O animal caiu se estatelou no chão, mas rapidamente se levantou e tornou a investir contra o herói. Dessa vez, Hércules segurou o touro pelos chifres e baixou sua cabeça até as narinas encostarem no chão. A luta de força continuou até o animal cansar: foi o triunfo sobre a força bruta dominadora, uma vez que o touro simboliza o poder descontrolado, o arrebatamento irresistível, a masculinidade impetuosa.

Relevo de Hércules e o Touro de Creta no Templo de Zeus, em Olímpia (470-460 a.C.).

Com um laço, facilmente o subjulgou e, montado em suas costas, atravessou o mar a nado até Micenas. Ao ver o belo animal, Euristeu decidiu sacrificá-lo à Hera, mas a deusa não queria que esse presente viesse de um feito do bastardo de Zeus. Euristeu, então, permitiu a soltura do touro, que correu livre pela Grécia até ser capturado por Teseu nas planícies de Maratona.

O signo de Touro é associado a esse animal mitológico, porém, à lenda do rapto de Europa. Na constelação, as estrelas são representadas como um touro em posição de ataque, com os chifres abaixados, mas formam apenas a cabeça, ombros e membros anteriores do animal, pois sua parte posterior estava submerso tanto no rapto que levou Europa à Creta quanto na derrota para Hércules que o levou à Micenas.

Taurus, ilustração de Johannes Hevelius

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