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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Pégaso


Perseu no Pégaso para o resgate de Andrômeda,
óleo de Frederick Leighton (1895)
Pégaso é o cavalo mais conhecido das mitologias. Sua mitologia esta conectada ao mito de Perseu e seu combate com a Medusa, pois teria nascido assim que a górgona foi decapitada pelo herói. Alguns dizem que Medusa estava grávida do estupro de Poseidon* e Pégaso saiu do pescoço sem cabeça. No entanto, faz mais sentido mitológico, aqueles que descrevem o sangue da górgona caindo no mar e dessa mistura nascer o cavalo alado de pelagem branca como a espuma do oceano. Quem saiu do corpo decapitado de Medusa foi Crisaor - portanto, irmão de Pégaso.

Belerofonte montado em Pégaso enfrenta a Quimera,
óleo de Peter Paul Rubens (1635).
Belerofonte é outro herói atado à mitologia de Pégaso. Para destruir a Quimera, Belerofonte precisava montar o cavalo alado e só o fez com ajuda de uma rédea de ouro dada pela deusa Atena. Após derrotar o monstro, tentou cavalgar até o Monte Olimpo, mas Zeus enviou uma vespa para picar Pégaso e derrubar o herói. Em seguida, Zeus decidiu colocar o animal à serviço dele e o instruiu a carregar seus raios. No fim, transformou-o em estrelas (Constelação de Pégaso). Por isso, é também considerado o Rei dos Céus, um símbolo de imortalidade, e está ligado às tempestades (a velocidade dos raios e o som dos trovões).


Seu nome vem do grego pëgë, que significa "fonte". O primeiro voo de Pégaso teria sido até o Monte Helicon, onde residiam as Musas, e, para lhes agradar, fez jorrar água da rocha em sua primeira patada no chão. Quem bebesse a água desta fonte (chamada Hipocrene), virava um poeta. Pégaso tornou-se, então, símbolo da inspiração poética e da imaginação. A musa Urânia era sua principal cuidadora.

Pégaso e as Musas no Monte Parnasso, óleo de Caesar van Everdingen (1650)
Pégaso não era o único cavalo alado da mitologia grega. A carruagem de Eos era puxada por dois cavalos alados Lampo e Faetonte. No entanto, a força simbólica de Pégaso era tão grande que muitos dizem que era ele o responsável por puxar a carruagem púrpura da Aurora - uma clara tentativa de unificar as criaturas em torno de um mito para fortalecê-lo.

* Importante ressaltar que Poseidon, deus do mar, também é considerado o deus que criou os cavalos.

domingo, 1 de abril de 2012

Fúria sentida

O título do post puxa pela ambiguidade da palavra "sentida". Tanto pode ser o particípio do verbo "sentir", uma vez que eu vi o filme que tem o slogan "Sinta a fúria", como pode ser um adjetivo que significa "sensível", "lamentoso", "melindrado". Essa foi a sensação após ver Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012). Vamos por partes então... com spoilers a partir daqui:

AO FILME
Sofrido...
No primeiro filme, Perseu (Sam Worthington) é um herói que não sabe que é semideus e, portanto, crê na sua mortalidade. Ele odeia os deuses por terem matado sua família e – com sua rebeldia apresentada em seus cabelos raspados – vai pra cima de qualquer um como se nada mais tivese a perder. Nem mesmo o fato de saber que o grande Zeus é seu pai, muda seu rumo. Tudo isso muda no novo filme... com as madeixas maiores e uma invulnerabilidade inacreditável, Perseu tem um filho que se torna sua motivação, sua sensibilidade exagerada e é responsável por mudar sua relação com seu pai divino.

"Filho, tenho orgulho de você"... "Ó papi"...
Aliás, a relação entre pais, filhos e irmãos é o enredo do filme. Veja o drama: Cronos, o poderoso titã, pai de Zeus, Hades e Poseidon, quer sair de sua prisão no Tártaro e para isso consegue que um ciumento Ares, filho de Zeus (e consequentemente meio-irmão de Perseu), se una ao cheio-de-remorsos-Hades para trair Zeus e Poseidon. Ou seja, espere um monte de "você ama mais ele do que eu", "você é meu irmão e eu te perdôo" e por aí vai... e até rola um sonho premonitório que me deixou com a pulga atrás da orelha: estaria eu lendo Percy Jackson?

Quando saiu o primeiro trailer desse filme, ficamos sabendo que haveria um romance entre Perseu e a Rainha Andrômeda que foi desprezada na primeira película. Eu fiquei me perguntando onde estava Io, mas isso é respondido na primeira cena: morta. Aí fiquei me perguntando porque trocaram a atriz que fazia a rainha. Isso eu não sei... mas não funcionaria a anterior assim como essa não funcionou. Explico: neste filme Andrômeda é uma rainha guerreira, que controla um exército contra monstros do inferno! Alexa Davalos (a primeira rainha) era de uma beleza ímpar, mas "modelo" demais. Rosamund Pike não é tão bonita e convence ainda menos. Em uma cena de comemoração pela vitória, ela dá um grito masculinizado que chega a ser vergonhoso.

As criaturas do filme são bem interessantes. O Pégaso continua lindo, dando vontade de voar nele. A representação do Minotauro como um híbrido entre um homem e um touro (ao invés de um homem com cabeça de touro) ficou bem interessante. Não conhecia os Makhai, mas me fez ficar intrigado sobre esses guerreiros demoníacos. A quimera fez juz ao monstro. Já os ciclopes pareciam ter saído de Harry Potter... Mas sabe qual foi o real problema de todos? A direção do filme! Esses monstros são tão velozes no filme que é quase impossível de entendê-los! Não sei se isso foi para esconder "defeitos especiais" ou para aumentar a tensão de enfrentar essas criaturas mitológicas. Mas ficou ruim! O Minotauro só tem um close... quando morre! Nem aparece o corpo do bicho! Os Makhai giram tanto que só depois de algum tempo você consegue ver que são dois em um só corpo! A quimera talvez tenha sido a mais explorada, no entanto, também ficou para os seus últimos momentos.

Pégaso encarando Cronos
Makhai
Minotauro

Apesar disso tudo, Liam Neeson faz a gente torcer pelos deuses: ele fez de Zeus um protagonista e não somente um coadjuvante de luxo (como o Poseidon de Danny Huston). Junto ao Hades de Ralph Finnes, ganhamos ótimas cenas de drama (ambos discutindo a relação fraterna) e ação (ver Zeus e Hades juntando forças contra Cronos valeu meu ingresso!).

Cena para os fãs de mitologia: Zeus e Hades indo encarar seu pai Cronos

Apesar de não ser fã de filmes 3D, esse talvez tenha sido o primeiro filme que me fez desviar de algo que estava vindo na minha direção. O primeiro filme tinha sido convertido para 3D e ficou péssimo, mas esse foi pensado a partir dessa tecnologia e teve excelentes resultados. As cenas do Tártaro, do labirinto e de Cronos são a prova disso. Mesmo preferindo filmes 2D, acho que esse valeu a pena ter sido visto com os malditos óculos.

À MITOLOGIA
Vou colocar aqui em itens:
  • Esse filme usa a Titanomaquia como norte. Cronos que se libertar do Tártaro, prisão imposta por seus filhos Zeus, Hades e Poseidon após a batalha com os Titãs. No filme, eles usam a Lança Trium, que seria a junção das poderosas armas divinas: o Raio de Zeus, o Tridente de Poseidon e o Garfo de Hades. Na mitologia não existe essa arma.
  • Tártaro não é exatamente uma prisão... mas é o lugar mais profundo do reino de Hades. Portanto, não teria como Hefesto ter construído o lugar. Falando em Hefesto... coitado do deus... ele já é coxo e "corno" na mitologia. No filme, virou um louco que nem todo mundo conhece. Podiam ter aproveitado mais uma briga entre ele e Ares, já que foi o deus da guerra que o traiu com sua esposa Afrodite.
  • Pobre Hefesto...
  • E Hefesto não era arquiteto era ferreiro! Então, nada de ter construído o labirinto também! O lugar foi construído por Dédalo para o Rei Minos em Creta. Não tem nenhuma ligação entre Tártaro e labirinto (mas ficou legal no filme).
  • Falando em labirinto, claro que teria um Minotauro. Como disse acima, uma das representação mais interessantes que já vi. Mas... que história é essa de imitar vozes e mudar de forma? Aliás, quem confrontou e matou o monstro foi Teseu e não Perseu.
  • Quando Hefesto é jogado ainda bebê do Olimpo por sua mãe Hera, ninfas o salvam e ele passa a morar numa ilha vulcânica (ou sob o Monte Etna) onde constrói sua forja e se torna o deus do fogo e do ferro. No filme, essa ilha se chama Kail, que fica no Havaí, ou seja, impossível não?
  • Antes de conhecer Hefesto, os heróis enfrentam ciclopes. Os gigantes cessam o ataque ao ver o tridente de Poseidon. Gostei disso porque os ciclopes realmente tinham ligações com os dois deuses: Poseidon é pai de alguns ciclopes e Hefesto utilizava a mão-de-obra deles em suas forjas.
  • E somos apresentados a um novo semideus, Agenor, filho de Poseidon. Tipo... quem? Ladrão e alívio cômico do filme, esse personagem não possui referências divinas na mitologia grega. Aparece apenas como um rei, pai de Europa.
Agenor quem?

CONCLUSÃO
Peguei pesado nas críticas. Talvez pela óbvia expectativa que eu tinha. Fico com os mesmos questionamentos que tive ao ver Imortais (Immortals, 2011): pra quê inventar tanto com a mitologia se ela por si só já é tão maravilhosa? Mas ainda acho válida a tentativa... por exemplo, alguns rapazes conversavam na saída do filme que gostaram mais do Imortais. Mesmo tendo achado-o confuso, fiquei pensando que pelo menos a mitologia estava virando assunto de interesse de uma nova geração.

Portanto, peguem suas pipocas e seus óculos 3D e mergulhem num mundo de fantasia-quase-mitológica sem esperar muito. Desviem das pedras, da lava e do chororô de Perseu.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sinta a fúria!

Uma década depois de heroicamente derrotar o monstruoso Kraken, o semideus Perseu (Sam Worthington) está tentando viver uma vida tranquila como pescador em uma aldeia e como pai solteiro de seu filho de 10 anos, Helius.

Enquanto isso, uma batalha entre deuses e Titãs pela supremacia tem início. Perigosamente enfraquecidos pela falta de devoção da humanidade, os deuses estão perdendo o controle dos Titãs encarcerados e de seu feroz líder, Cronos, pai dos irmãos Zeus (Liam Neeson), Hades (Ralph Fiennes) e Poseidon (Danny Huston). O triunvirato havia derrotado seu poderoso pai há muito tempo atrás, deixando-o apodrecer no sombrio abismo do Tártaro, uma masmorra que fica nas profundezas do cavernoso submundo.

Hades, junto com o filho divino de Zeus, Ares (Edgar Ramirez), quebra sua lealdade e faz um acordo com Cronos para capturar Zeus. A força dos Titãs aumenta ainda mais quando os poderes divinos restantes de Zeus são desviados e o inferno é desencadeado na terra. Ajudado pela rainha guerreira Andrômeda (Rosamund Pike), pelo filho semideus de Poseidon, Agenor (Toby Kebbell), e pelo deus caído Hefesto (Bill Nighy), Perseu bravamente embarca em uma perigosa busca no submundo para salvar Zeus, derrotar os Titãs e salvar a humanidade.

Com direção de Jonathan Liebesman, essa é a história de Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012), que estréia neste fim de semana. Nos trailers e clipes vemos inúmeras criaturas mitológicas, que agora já foram identificadas: além do Ciclope e do Minotauro, temos o titã Cronos (o gigantesco monstro de lava), vários Makhai (o guerreiro de dois corpos) e a Quimera (o tal cachorro de duas cabeças que achei que fosse o Cérbero).


Expectativa 1000!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O inferno de Perseu

Saiu o trailer do filme Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012). Vejam:



Ao som de Sweet Dreams (música de Eurythmics, cantada por Marilyn Mason), vemos o cabeludo Perseu enfrentando criaturas que cresceram em tamanho e número de dentes! Como ele terá que ir ao Inferno enfrentar Hades e os Titãs, isso é compreensível. É possível ver um ciclope, o retorno de Pégaso, a nova Andrômeda loira, um bicho chifrudo com cara de demônio, um monstro gigante de lava, uma criatura alada com duas cabeças e um guerreiro infernal com dois corpos (hã?). No meio ainda vemos Zeus e Ares, mas e esse novo amor com a agora Rainha Andrômeda? Ele não a desprezou no fim do primeiro filme para ficar com Io?


Fiquei ansioso por março de 2012. Enquanto isso, vou me preparando para a estréia de Imortais (Immortals, 2011) no próximo final de semana em território tupiniquim!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mudanças em filmes mitológicos

Dois filmes "mitológicos" tem mudanças à vista.

Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012) tem uma mudança de visual: o Perseu de Sam Worthington não terá mais cabelos curtíssimos, com jeito de raspado. As madeixas cresceram. E a sinopse fala em Hades e Ares se unindo ao titã Cronos para sequestrar Zeus, fazendo o herói semideus descer ao Mundo Subterrâneo para salvá-lo e impedir a destruição da Terra pelos monstros do Tártaro. Acho interessante que o roteiro finalmente inclua os Titãs do título do filme (mesmo que se pareça com as histórias de Percy Jackson!).


E a sequência do filme do Thor anda com alguns problemas na direção. Kenneth Branagh, diretor do primeiro filme, alegou problemas de agenda para o segundo. Uma nova diretora foi escolhida (Patty Jenkins), mas já pediu pra sair por causa de "diferenças criativas". Mesmo que ambos tenham saído de forma amigável, essa situação mostra certa complicação da Marvel. Detalhe: o filme do deus do trovão tem ligação com os outros filmes da editora e ainda nem tem roteiro! A data prevista é novembro de 2013 e, até lá, muita especulação surgirá.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A ira dos titãs!


Todos sabiam que o ator Sam Worthington havia assinado contrato para mais filmes do Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010), só que a repercussão negativa e os problemas com a versão 3D pareciam ter engavetado o filme. Ou não!

Com a agenda do ator liberada e ele prometendo atuar melhor daqui pra frente, as filmagens de Fúria de Titãs 2 (Clash of the Titans 2, previsto para 2012) começaram esta semana. Inicialmente o filme iria se chamar Wrath of the Titans (traduzido no título do post), mas a Warner já fechou com o número da sequência.


A trama - escrita por Greg Berlanti e dirigida por Johnatan Liebesman - começará dez anos depois de Perseu (Sam Worthington) derrotar o Kraken de Poseidon (Danny Houston) no primeiro filme. Agora o semideus tenta levar uma vida de pescador e criar sozinho o seu filho de dez anos, Helius. Enquanto isso, uma luta por supremacia opõe os deuses, enfraquecidos pela falta de crença dos homens, e os titãs, liderados por Cronos. Perseu é empurrado para o combate quando Hades (Ralph Fiennes) e Ares (Édgar Ramírez) fazem um trato com Cronos para capturar Zeus (Liam Neeson). O poder dos titãs aumenta, ameaçando espalhar o inferno do Tártaro, onde os titãs eram mantidos presos, pela Terra. Resta a Perseu - ao lado da Rainha Andrômeda (Rosamund Pike, no lugar de Alexa Devalos), o semideus Agenor (Toby Kebbell) e o deus caído Hefesto (Bill Nighy) - invadir o submundo, resgatar Zeus e salvar o mundo.

Tá. Então... vamos por partes:

  • Criar filho sozinho? Mataram a Io (Gemma Aterton) no primeiro filme, trouxeram ela de volta e agora vão matar de novo? Será que isso é pra corrigir ele não ter terminado com a Andrômeda?
  • Alguém aí falou "trama de Percy Jackson"?
  • Hefesto, deus caído? Tá... na lenda ele é jogado recém-nascido do Monte Olimpo, mas depois volta como um dos Olimpianos! Quero ver também qual será a explicação para colocar o ator Bill Nighy para fazer o ferreiro do Olimpo!
  • Agenor semideus? Quando? Quem? Onde?


Bom... o diretor anda dizendo que o filme será mais "realista", com mais dramaticidade e que novamente será convertido para 3D, porque a tecnologia para filmar direto ainda é muito cara. Como dessa vez não tem filme anterior para comparar, só nos resta esperar um bom blockbuster com um saco grande de pipoca na mão, porque - mitologicamente falando - as adaptações vão confundir.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O mito de Perseu

Estátua em mármore de Perseu segurando a cabeça de Medusa.
Antonio Canova, 1800 (Museu do Vaticano)

O Rei Acrísio de Argos era pai da linda Danae, mas estava desapontado por não ter um herdeiro homem. Foi consultar, então, o Oráculo de Delfos e soube jamais teria um filho homem e que seu neto o mataria. Por isso, trancou Danae numa torre de bronze (ou masmorra), onde ninguém poderia encontrá-la. Mas Zeus - já apaixonado pela princesa - foi até ela em forma de chuva de ouro. Desse encontro, Perseu nasceu escondido pela ama de Danae. Ao saber do ocorrido pelo choro do recém-nascido, Acrísio matou a serviçal, enfiou Danae e seu neto numa urna e jogou-os ao mar. Protegida por Zeus, a urna foi levada à ilha de Serifo e encontrada pelo pescador Dictis, irmão do Rei Polidectes, que os acolheu como familiares. Perseu teria estudado com os sábios centauros e se tornado um forte e belo rapaz que protegia sua mãe de forma ciumenta.

O Rei Polidectes enlouqueceu de paixão por Danae em visita a seu irmão Dictis. Temendo o filho semideus, Polidectes enviou Perseu secretamente para Líbia (África) com intuito de matar a górgona Medusa como presente a ele, na esperança de que ele perecesse na expedição, uma vez que a górgona podia transformar uma pessoa em pedra com um olhar. Algumas histórias contam que, na verdade, Perseu teria oferecido trazer a cabeça da Medusa como presente a ele e Polidectes teria aproveitado a oportunidade para tentar se livrar do jovem.

Perseu pediu ajuda aos deuses: Hermes deu-lhe sandálias aladas e sua espada feita por Hefestos, Hades emprestou-lhe o capacete da invisibilidade e Atena entregou-lhe seu escudo polido. O jovem guerreiro voou até a caverna da górgona com as sandálias aladas e, com auxílio do capacete, enganou as Gréias que guardavam a entrada. Ainda com o capacete, Perseu se aproximou de Medusa sem que ela percebesse, usando o escudo de Atena como um espelho, de modo que não precisou olhar diretamente para Medusa. Do corpo morto, nasceu Pégaso e Crisaor.
Algumas lendas dizem que as armas de Perseu foram dadas por ninfas e não pelos deuses, e seriam uma capa da escuridão, uma bolsa de couro capaz de guardar a cabeça e botas aladas. Hermes teria guiado Perseu em sua jornada e teria emprestado uma foice para decapitar a górgona. Atena - ainda raivosa da górgona (explico melhor depois ) - teria aparecido com um espelho de bronze para ajudá-lo. Nessa lenda, por causa da bolsa, não há respingos de sangue e, portanto, não há serpentes. Pégaso também não é cavalgado, pois as botas aladas são o transporte.
Gravura de Perseu e Andrômeda
com o monstro morto
Perseu, então, cavalgou Pégaso para retornar a Grécia e encontrou o gigante Atlas que não queria permitir sua passagem. Perseu petrificou o gigante e, no embate, algumas gotas do sangue de Medusa caíram no deserto africano e se transformaram em víboras venenosas. Em seguida, o herói passou pelo rochedo onde Andrômeda fora acorrentada nua. Ela era a filha mais velha do Rei Cefeu e da Rainha Cassiopéia da Etiópia que tivera a temeridade de se julgar mais bela que Hera. Sempre vingativa, a deusa pediu que Poseidon liberasse um horrível monstro para devastar o reino de Cefeu. Algumas lendas, dizem que a ofensa de Cassiopéia foi ao próprio Poseidon, dizendo-se mais bela que as ninfas do mar.

Consultado o oráculo de Ammon, Cefeu soube que era preciso sacrificar Andrômeda ao monstro marinho. Persuadido da inocência de Andrômeda, Perseu livra-a dos grilhões e petrifica parte do monstro com a cabeça da Medusa, facilitando o trabalho de sua espada. Querendo desposar Andrômeda, Perseu ainda teve que utilizar da górgona para petrificar o pretendente Fineu e seus seguidores. De volta com Andrômeda em seus braços, Perseu entregou o presente a Polidectes que, incrédulo, abriu a encarou a górgona, tornando-se um rochedo. Em seguida, Perseu consagrou a cabeça da górgona a Atena, que pediu a Hefestos para fixá-la em seu escudo.

O herói levou Andrômeda e Danae para Argos, onde esperavam a reconciliação com Acrísio. Ainda temeroso, o rei fugiu para Tessália sem nem ver seu neto crescido. Participando dos jogos fúnebres do rei da Larissa, Perseu confirmou o Oráculo de Delfos: fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente seu avô sem saber que ele estava ali como espectador. Perseu se recusou a governar Argos, deixando-a para seu primo Megapentes, e foi para Tirinto, onde acabou por fundar a cidade de Micenas.

Acredita-se que todo o armamento divino de Perseu seja uma alegoria dos poetas: as asas de Hermes seriam um bom navio; o capacete de Hades seria o segredo dessa expedição mortal; e o escudo seria a grande cautela de Perseu. Modernos escritores dizem que Perseu foi um chefe fenício que teria roubado três cavalos na Líbia que eram chamados de Górgones. Pesquisadores encontram também referência a três navios mercantes que comerciavam na costa africana e teriam sido tomados pelo corsário Perseu. O monstro marinho teria sido um pirata que quis roubar a filha de Cefeu. Perseu venceu o pirata em um combate naval.

E OS FILMES, AFINAL?
  • Vê-se que é fundamental que Danae saia viva da urna, pois ela é o alvo da paixão louca que engatilha a expedição de Perseu. No filme de 81, a expedição é um teste divino, enquanto, no novo filme, é preciso matar o Kraken.
  • Interessante ver que, na mitologia, Perseu PEDE ajuda aos deuses, enquanto, em ambos os filmes, os deuses DÃO ajuda espontaneamente.
  • Pégaso realmente nasceu após a cabeça cortada da górgona. As sandálias aladas de Hermes foram substituídas por Pégaso, que realmente fica bem melhor na telona. Mas porque escorpiões e não as serpentes da mitologia? Afinal, serpentes fazem mais sentido se você pensar na estética da Medusa. É bem verdade que os escorpiões ficaram ótimos na telona também.
  • O capacete da invisibilidade (ou capa da escuridão) é o melhor presente. No filme de 81, ele precisou ser perdido, se não ia ficar fácil matar a Medusa no cinema. No novo filme, nem sinal do capacete, até porque Hades era o grande vilão e ele não iria dar um presentinho desses pra Perseu. Aliás... eu tinha dito que Hades não tinha participação nenhuma no mito de Perseu... me enganei e vou corrigir lá.
  • As gréias que guardavam a entrada do templo de Medusa são as bruxas de um olho só do filme. Eles nunca tiveram poderes precognitivos... falarei delas e de Medusa depois. No filme de 81, quem protege o templo é Dioskilos, um cão de duas cabeças - do qual não tenho referências.
  • Confirmado que o templo de Medusa não tinha relação com o Rio Estige no Mundo Subterrâneo. Mas poderia ser uma metáfora dos filmes a essa expedição mortal secreta. O templo pode ser na Líbia ou em Cabo Verde, ainda estou pesquisando melhor sobre isso e falarei mais quando falar da górgona.
  • Fiquei com a impressão de que Perseu cruza sem querer com Andrômeda na mitologia, o que difere totalmente dos filmes, quando ela chega a ser protagonista. O problema é que Líbia, Etiópia e Cabo Verde são distantes no mapa e ficaria difícil de entender esse percurso. Pelo menos, no filme de 81, eles falam que a ação ocorre em Jopa, na Fenícia, civilização que pode ter relações com a Líbia ou com os escritos modernos desse mito.
  • É possível que o enorme monstro seja uma baleia responsável por ondas gigantes, e não o Kraken, uma vez que o monstro é teria sido transformado na constelação de Baleia após sua petrificação.
  • Acrísio realmente morre pelas mãos de seu NETO Perseu, mas não como Calibos do novo filme.
  • Alguns historiadores dizem que a palavra "herói" deriva de um filho da deusa Hera. Herói teria sido um guerreiro de inúmeros feitos ilustres que ganhou um culto distinto dos deuses. Não consistia em sacrifícios e libações, mas numa espécie de pompa fúnebre onde se celebravam seus grandes feitos. É bem possível que isso tenha sido o mote para o roteiro de guerra entre deuses e homens do novo filme.
  • Viram que não existe Draco, Ixas, Eusébio, Io, Calibos, Talos, Bubo...?
  • No filme de 81, Ammon é guia de Perseu. No novo filme só vi esse nome nos créditos, mas nem vi. Agora a gente sabe que Ammon era um oráculo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fúria dos homens!


Assisti o filme Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010). Mas antes assisti o filme de 1981 para ter uma noção melhor do mito e das diferenças. E são muitas! Quando falei sobre eles, eu ainda não tinha idéia do que vinha por aí.

Pra início de conversa, seria legal fazer uma reverência a Ray Harryhausen, responsável pelos efeitos especiais a base de stop motion e bonequinhos de massa, que criaram um novo universo de fantasia em uma época que George Lucas já tinha apresentado Star Wars. A entrevista que o diretor do novo filme - o francês Louis Leterrier - deu para o Omelete prova isso. Mas dessa vez ele ficou definitivamente no passado... a tecnologia e a maquiagem de hoje dão uma veracidade às criaturas mitológicas que chegam à credibilidade. E nada de 3D! Pra quê 3D??? Esqueçam o 3D!!! Mesmo que o filme peque em roteiro, não precisamos de mais uma coisa atrapalhando nosso filme.

O filme parece ter sido feito com uma cabeça iluminista, quando os homens estavam questionando as teorias teocêntricas e acreditando nas capacidades do próprio homem. São os homens sendo capazes de derrotar os deuses, pois - afinal - somos nós que damos imortalidade a eles com nossas preces, com nosso credo. Só que esqueceram que esses mitos foram criados exatamente com o fim de endeusar ainda mais tais indivíduos. Acaba ficando estranho. O filme de 1981 parece tentar manter essa aura. O novo não. E isso foi defendido por Sam Worthington (Perseu) em uma entrevista ao Omelete. Alexa Davalos (Andrômeda) também foi por aí.

Bom... vamos lá, vamos falar de ambos... mas vai ter spoilers:
  • Quem disse que Zeus enganou seu irmão Hades? E quem disse que Hades era monstruoso? Hades ganhou o Submundo por ser o caçula na partilha com Zeus e Poseidon e, mesmo assim, é lá que estão as maiores riquezas da terra. Sem contar que seu reino dos mortos é o maior de todos!
  • E que história é essa de Hades se transformar em harpias? Harpias são seres únicos e não uma reles mágica.
  • No filme de 1981, os olimpianos parecem ser representados por Zeus, Hera, Atena, Poseidon, Hefestos... e Tétis? Ursula Andress é Afrodite, mas não abre a boca! É um choque, uma vez que foi uma grande Bond girl... no entanto, no novo filme, os olimpianos aparecem... quer dizer... eles estão lá, como pano de fundo. Você só sabe quem está mesmo nos créditos finais: Deméter, Héstia... Apolo, Poseidon, Zeus e Hades são os únicos que falam. Mas Hera e - principalmente - Atena tem participação essencial no mito de Perseu.
  • O Monte Olimpo de 81 é mais belo. É mais tradicional. Achei o novo modernoso demais, meio futurista. Mas a sala dos deuses é bem legal com o mundo abaixo deles.
  • Os bonequinhos de argila de 81 foram mantidos! Eu adorava aquilo e a ideia de que os deuses brincavam de bonecos de argila em um anfiteatro, mas, na verdade, estavam controlando os homens. O novo filme mostra os bonecos somente como uma belíssimo fundo de colecionáveis, que é destruído quando o Kraken é solto.
  • Erros graves no mito de nascimento de Perseu do filme novo. É dito que Zeus teria se transformado no Rei Acrísio e dormido com a rainha Danae. Acrísio não aceita a traição e lança a esposa e o recém-nascido ao mar. Nesse momento, uma raio o atinge e ele fica deformado, transformando-se em Calibos. Perseu é salvo por pescadores, com Danae morta. Tudo errado... Danae é FILHA de Acrísio! O rei descobriu que seu neto iria matá-lo, então resolveu trancá-la longe dos olhos humanos. Zeus, em forma de chuva dourada, encontrou Danae e ambos geraram Perseu. Acrísio descobriu e os lançou ao mar. Danae e Perseu sobreviveram na ilha de Polidectes.
  • Calibos não existe. Em 81, ele é filho de Tétis, amaldiçoado por Zeus por ter matado animais sagrados. Em 2010, ele é o Rei Acrísio também amaldiçoado por Zeus e protegido por Hades. É dito que ele é baseado em uma peça de Shakespeare.
  • Io, uma guerreira? Ela foi uma das ninfas amantes de Zeus! Não tem nada a ver com Perseu! Gemma Arterton - atriz que a interpretou - falou que sua presença era para dar mais força às mulheres no filme, pois anteriormente elas eram "donzelas em perigo". Como assim? E as manipuladoras Hera e Tétis? E Atena? E por que Andrômeda não terminou com Perseu no novo filme? Eu hein...
  • E os novos companheiros de Perseu? Draco, Ixas, Eusébio e Solon são inexistentes. Os dois guerreiros árabes que matam tudo nem nome tem! Aparecem, desaparecem e reaparecem. No filme original, Perseu é acompanhado por guerreiros sem nome e Talos, do qual também não tenho referências. Aliás... os pais do novo Perseu também não existem...
  • Djins? Seres mágicos do deserto que cavalgam escorpiões gigantes? Essa foi de doer... que eu saiba djins são espíritos da mitologia árabe!
  • Bubo, a coruja tecnológica do filme de Harryhausen, não existe. E Ray também não gostava dela. Por isso, a brincadeirinha no novo filme. Mas a coruja é até hoje um símbolo de sabedoria, consagrada a Atena.
  • A lenda de Pégaso é uma grande questão que ainda terei que pesquisar melhor. Que eu saiba, Pégaso nasce da cabeça de Medusa, após ela ser cortada por Perseu. No original, é contado que Calibos matou a manada de cavalos alados de Zeus, sobrevivendo apenas Pégaso. No novo, existem vários cavalos alados, sendo Pégaso o maior deles. Normalmente, Pégaso é branco. No novo filme, é preto. Mas um detalhe: fiquei com uma vontade de cavalgar esse Pégaso novo... sensacional! Só tive essa sensação uma vez: com o dragão Falcon de História sem Fim!
  • Falando em Medusa... podem rir, mas depois de Uma Thurman em Percy Jackson, não consigo pensar em outro rosto pra górgona! Mas ela não pode ser bela como Uma... nem como a nova Medusa. Ela tem que ser horrenda como a Medusa de Harryhausen. As lendas são diferentes: em 81, Afrodite foi a responsável pela transformação, mas, em 2010, o correto vem à tona com o desdém de Atena e o estupro de Poseidon.
  • Outra coisa que não sei se está certo é a localização do templo de Medusa. O rio Estige - usado corretamente nos dois filmes - leva os mortos ao reino de Hades, no Submundo. No entanto, é dito que Medusa fica por lá. Que eu saiba, ela fica próxima aos Jardim das Hespérides, possivelmente em Cabo Verde.
  • Já falei que o Kraken é um monstro da mitologia escandinava... então, como pode nesse novo filme, ele ser um titã? E pior... ter sido criado da carne de Hades! Aliás, em ambos os filmes, Medusa é chamada de titã... ERRADO! Os titãs eram filhos de Gaia, antes dos deuses e dos homens!
  • Argos é destruída no início do filme de 81 pelo Kraken. O resto da história ocorre em Jopa, cidade fenícia. No filme novo, tudo acontece em Argos. Mas o mito se passa na Etiópia!
É isso... são muitas - e ainda tem mais - questões, mas, incongruências a parte, é mitologia no cinema! Esqueçam os personagens perdidos com atuações insossas e curtam todos os efeitos especiais que temos direito! A continuação já está prevista para 2012... hã? Como assim? Sei lá... vai ter bastante roteiro mitológico adaptado.

Eu espero dar conta de todas essas histórias por aqui!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fúria de Titãs!

Outro dia falei da adaptação dos livros de Percy Jackson para os cinemas, mas não podia deixar de citar o remake de Fúria de Titãs (Clash of the Titans) que estreia no dia 26 de março nos EUA.

O filme original é de 1981, com Harry Hamlin (Perseu), Ursula Andress (Afrodite) e Laurence Olivier (Zeus), e se baseia no mito de Perseu.

Um resumo da história: Zeus ordena que o titã Kraken destrua Argos, depois que o Rei Acrísio tentou matar sua filha Danae e seu neto Perseu, filho de Zeus. Argos e destruída, mas ambos são salvos na Fenícia. Já adulto, Perseu tenta desposar Andrômeda, filha da Rainha Cassiopéia e prometida de Calibos, filho monstruoso da deusa Tétis. Furiosa, Tétis solta o Kraken sobre a cidade, colocando Andrômeda como sacrifício. Perseu sai em busca de um meio de derrotar o titã: a cabeça da Medusa. Por aí se desenvolve o filme.


Foi o último trabalho de animação e efeitos especiais feito pelo mestre do stop motion, Ray Harryhausen. Eu tenho o DVD e independente da diferença que temos hoje com a tecnologia ainda é incrível ver o que ele foi capaz de fazer. Veja um pedacinho, onde Calibos que se vingar de Perseu e fura o saco onde está a cabeça de Medusa para que do sangue da górgona nasçam os escorpiões gigantes:


No novo filme, Perseu é Sam Worthington (queridinho atual de Hollywood após Exterminador do Futuro 4 e Avatar) e ainda tem Liam Neeson e Ralph Fiennes, como Zeus e Hades respectivamente. A história muda um pouco: Perseu nasce entre os deuses, mas passa a viver entre os mortais. Quando perde sua família para Hades, Perseu decide enfrentar o deus do submundo e acaba se metendo em uma guerra entre ele e Zeus, que pode resultar na destruição da Terra.


Veja um trailer que mostra os escorpiões bem vitaminados e a monstruosidade do Kraken:


Uma curiosidade: Kraken, chamado de titã no filme, na verdade é um monstro da mitologia escandinava.

Parece que os cinemas gostam de Perseu... afinal "Percy" seria diminutivo de Perseu. Bom... independente da história, do mito, do herói, é mitologia nos cinemas! Vamos lá!