sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Higéia

Cópia romana de estátua grega em mármore
Higéia era a deusa da saúde, da limpeza, do saneamento e da higiene, uma das três filhas de Esculápio, o deus grego da medicina. Por essa razão, era comumente adorada em conjunto com seu pai, porém, enquanto seu pai era diretamente associado à cura, Higéia estava mais relacionada com a prevenção das doenças e à continuidade da boa saúde. É dito que a deusa Atena ocupava essa função, até que o Oráculo de Delfos passou a divulgá-la como deusa independente após uma praga catastrófica ocorrida na cidade de Atenas no século 5 a.C. O culto a Esculápio na Antiga Romana tornou-se tão importante que o deus chegou a ser relcionada ao sol, enquanto Higéia seria a lua. Havia inclusive um templo a Higéia no grande santuário de Esculápio em Epidauro, aonde as pessoas iam tentar ser curadas de suas doenças.

Higéia não era avessa ao trabalho: cooperativa e cuidadosa, gostava de agir com perfeição. Suas estátuas mostram uma jovem e bela mulher alimentando uma enorme serpente que circunda seu corpo com uma pátera (taça, jarra ou tigela). Essa cobra é uma das que circundam o bastão de Esculápio no símbolo da medicina (a Serpente de Epidauro), e a taça resultou numa representação da profissão farmacêutica. Às vezes, é acompanhada por Telesforos, uma anão encapuzado que - possivelmente - era seu irmão. Ele simbolizava a recuperação e era uma divindade muito respeitada na Trácia.

Algumas vezes, é chamada apenas de A Saúde, ou de Higia. Sua equivalente romana é Sallus, e chegou a ser comparada a Sirona.

Parte da pintura A medicina, de Gustav Klimt

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Lono

Na mitologia havaiana, Lono era uma divindade do céu associada à fertilidade, à agricultura, à chuva e ao canto que, junto a Kane e Ku formava a trindade encarregada da criação do primeiro humano. É um dos quatro deuses que já existiam antes da criação (Kane, Ku e Kanaloa). Era também o deus da paz.

Ele vinha à terra todo inverno, durante a estação das chuvas (chamado de Lono-makua, o provedor). Ao final desse período, dizia-se que ele "morria" ou que voltava para seu reino invisível de Kahiki, deixando Ku como seu substituto. Uma vez, desceu à terra por um arco-íris para se casar com uma menina havaiana, que se revelou a deusa Laka, sua irmã.

Nos quatro meses das festas de Makihiki, Lono era adorado e sua imagem levada, no sentido dos ponteiros do relógio, a fazer a ronda das ilhas havaianas. Segundo as crenças, esse ritual traria fertilidade aos campos e qualquer conflito ou trabalho desnecessário é proibido.

É dito que alguns havaianos acreditaram que o Capitão James Cook, da marinha inglesa, seria uma reencarnação de Lono e isso pode ter contribuído para sua morte em 1779.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Lox

O ardiloso Lox, segundo o povo Passamaquoddy, é temido tanto pela sua força quanto pela sua esperteza. Segue os caçadores, invade acampamentos e destrói tudo o que pode; o que não consegue quebrar, leva embora e esconde. Aliás, ser glutão, rude e mal-educado são características desse espírito animal.

Normalmente, Lox toma a forma de um texugo, mas aparece também como um guaxinim ou, quando violento, um carcaju (wolverine). É também chamado de Loks ou Luks.

Ele pode ser o princípio de todo o mal e, na verdade, um gigante de nascimento, conforme conhecemos suas histórias.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vertumno

Estátua em chumbo de Vertumno e Pomona no Hyde Park Corner, em Londres

Inicialmente uma divindade etrusca, o culto a Vertumno chegou a Roma por volta de 300 a.C., tendo um templo construído no Monte Aventino. Dia 13 de agosto acontecia seu festival, as Vertumnalias. Era patrono dos jardins e das árvores frutíferas.

Como deus da mudança das estações e do amadurecimento da vida vegetal, Vertumno transformava as cores das folhas a cada outono. Amava a ninfa Pomona, visitando-a sob diversas formas na tentativa de seduzi-la. Pomona sempre rejeitava suas formas, até que Vertumno apareceu em sua forma real e ela se apaixonou na hora. É também chamado de Vertumnus.

É um mito interessante sobre como às vezes tentamos ser pessoas diferentes para conquistar pessoas e espaços, quando de repente o mais importante é ser nós mesmos.

Vertumno, de Giuseppe Arcimboldo (também considerado o retrato de Rodolfo II da Hungria)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Brasil de todos os deuses e todos os sambas!

É carnaval no Brasil e a Sapucaí sempre traz elementos lendários para a Avenida do Samba. Agora imaginem quando um enredo de uma das escolas de samba é todo sobre religiões? Foi isso que a Imperatriz Leopoldinense trouxe: a fé de um Brasil de todos os deuses! E devemos considerar que é um tema delicado em um mundo de fundamentalismos. Talvez o Brasil tenha uma lição para dar. O carnavalesco Max Lopes disse:
Minha maior preocupação é passar uma mensagem proveitosa para o público. Não é falar somente da religião pela religião, mas antes de tudo louvar a fé do brasileiro de diferentes formas. É um enredo com início, meio e fim.
Até a Madonna e o Jesus ficaram boquiabertos com o samba gostoso e a paradinha de "um minuto de sliêncio" para os atabaques chamarem os orixás! Pena que no vídeo não tem a a paradinha...

Terra abençoada! / Morada divinal / Brilha a coroa sagrada / Reina Tupã, no carnaval... / Viu nascer a devoção em cada amanhecer / Viu brilhar a imensidão de cada olhar / Num país da cor da miscigenação / De tanto Deus, tanta religião / Pro povo, feliz, cultuar
O índio dançou, em adoração / O branco rezou na cruz do cristão / O negro louvou os seus orixás / A luz de Deus é a chama da paz

E sob as bênçãos do céu / E o véu do luar / Navegaram imigrantes / De tão distante, pra semear / Traços de tradições, laços das religiões / Oh, Deus pai! Iluminai o novo dia / Guiai ao divino destino / Seus peregrinos em harmonia / A fé enche a vida de esperança / Na infinita aliança / Traz confiança ao caminhar / E a gente romeira, valente e festeira / Segue a acreditar...

A Imperatriz é um mar de fiéis / No altar do samba, e
m oração / É o Brasil de todos os deuses! / De paz, amor e união...

O carro abre-alas era a Coroa das Divindades, símbolo da escola em meio a cavalos alados e ninfas, que representavam a Festa do Divino. Vinha precedido de uma Comissão de Frente capitaneada por "Deus". Em seguida, cada carro abria uma religião: teve índios, africanos, hindus, japoneses, judeus e muçulmanos.

O Tupã indígena
Os jesuítas conquistadores
Os deuses da cultura africana
As religiões orientais
O bezerro de ouro e as menorahs
A mesquita muçulmana e os fiéis que se ajoelhavam e rezavam
O carro da Índia com a Trindade Védica

No fim, a paz no futuro para todas as religiões, com um mapa mundi na forma de uma pirâmide esotérica

A Unidos da Tijuca também trouxe alguns elementos conhecidos, como a Biblioteca de Alexandria (e seu incêndio ilusório), a Arca da Aliança (com a referência visual do filme do Indiana Jones), o Cavalo de Tróia e os incríveis Jardins Suspensos da Babilônia.



Outras escolas também trouxeram Ganeshas, dragões, unicórnios, sátiros, centauros e outros seres mitológicos. Ou seja, pra quem gosta do assunto, os desfiles são um prato cheio!

Mais sobre o carnaval no meu blog, Philos+Hippos.

PS.: Os vídeos do desfile e a foto da comissão de frente são da Globo.com.