domingo, 27 de outubro de 2013

Jack'o Lantern

A lenda de Jack'o Lantern (Jack of the Lantern, Jack da Lanterna) surgiu a partir de um mito irlandês sobre Jack – homem alcoólatra e grosseiro, também chamado de "Jack Miserável" ou "Jack Avarento" (Stingy Jack) – que bebeu mais do que de costume em um 31 de outubro e o Diabo veio para levar sua alma. Desesperado para viver, Jack implorou por mais um copo de bebida e o Diabo, compadecido, concordou.

Fiel ao miserável em seu nome, Jack não queria pagar a sua bebida e nem possuía dinheiro para tal. Convenceu, então, o Diabo a se transformar em uma moeda que seria usada para pagar as bebidas. Mal viu a moeda sobre a mesa, Jack guardou-a em sua carteira com um fecho de prata em forma de cruz, o que impedia o Diabo de voltar para sua forma original. Sob a condição de não incomodá-lo durante um ano, Jack o soltou.

Feliz com a oportunidade, Jack resolveu mudar seu modo de agir e começou a tratar bem a esposa e os filhos, ir à igreja e até fazer caridade. Mas a mudança não durou muito. No ano seguinte, na noite de 31 de outubro, Jack estava indo para casa quando o Diabo apareceu reclamando por sua alma. Esperto como sempre, Jack convenceu o Diabo a pegar uma maçã de uma árvore como sua última refeição na Terra. O Diabo aceitou. Enquanto subia no primeiro galho, Jack pegou um canivete e desenhou uma cruz no tronco. O Diabo prometeu, então, partir por mais dez anos, mas Jack exigiu que nunca mais fosse aborrecido. O Diabo acabou aceitando e foi libertado.

Para seu azar, um ano mais tarde, Jack morreu decapitado. Deus não permitiu sua entrada no céu por causa de seus pecados em vida. Sem alternativa, foi para o inferno, onde o Diabo, ainda desconfiado e se sentindo humilhado, tinha de manter sua palavra de não ficar com a alma de Jack. Sem ter para onde ir, acabou condenado a andar na escuridão até o Juízo Final. Então, ele implorou que o Diabo acendesse brasas para iluminar seu caminho, mas só lhe deu um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a fraca luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco de um nabo esculpido e tem vagueado pela Terra desde então.

Ilustração de RadoJavor.
A ideia de usar um nabo surgiu com um símbolo do folclore celta, um grande nabo com uma vela espetada. Na Irlanda e na Escócia, as pessoas começaram a fazer suas próprias versões de Jack O'Lantern, esculpindo rostos assustadores em nabos e batatas e colocando-os em janelas ou portas de perto para afugentar Jack Miserável e outros espíritos errantes do mal. Na Inglaterra, grandes beterrabas são usadas.

E as abóboras afinal?
Os imigrantes destes países levaram a tradição de Jack O'Lantern com eles para os EUA. Logo descobriram que havia pouquíssimos nabos no novo continente, porém, as abóboras nativas e em abundância eram perfeitas para fazer as lanternas.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A beleza da divindade negra

O fotógrafo americano James C. Lewis – diretor criativo da Noire 3000 Studios – criou a bela série Yorùbá African Orishas para representar 20 dos mais de 400 deuses da religião nigeriana iorubá.


Pra quem não sabe, a religião da tribo nigeriana Iorubá deu origem, por intermédio do tráfico de escravos, a várias ramificações religiosas no Brasil, Jamaica, Cuba e Caribe, como a Santeria, a Umbanda e o Candomblé. Por isso, apesar do glamour das fotos, é possível perceber as semelhanças nominais e simbólicas.

PS.: Sim, tem Photoshop. E muito.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

São Cosme e São Damião

Hoje é dia de São Cosme e São Damião, os famosos santos gêmeos ligados aos doces. Também são considerados no Brasil os santos padroeiros dos farmacêuticos e médicos e, é claro, das crianças.

Há relatos que iniciam sua história no Oriente, filhos de uma família nobre e cristã, no século III. Seus nomes verdadeiros seriam Acta e Passio, e não se sabe se eram gêmeos. Desde de muito pequenos questionavam a existência de um único Deus responsável por cuidar de todos. A partir dessa dúvida, passaram a curar animais. Mais tarde, conheceram um homem chamado Levi que mostrou formas diferentes de cura e foram capazes de fazer um transplante e um homem voltar a andar. Estudaram, então, na Síria – um, Medicina, e o outro, Farmácia – e foram praticar na Egéia e na Ásia Menor. Diziam "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder", unindo fé e ciência. Com isso, seus tratamentos e curas a doentes, muitas vezes à beira da morte, eram vistos como verdadeiros milagres.

Um certo dia, os santos foram chamados para atender Paládia, uma senhora acometida de uma doença incurável a quem todos os médicos recusaram-se a tratar. Pela fé, oração e conhecimentos dos irmãos, em pouco tempo a senhora levantou-se de seu leito, com perfeita saúde, para agradecer a Deus. Desejando recompensar seus médicos de algum modo, Paládia presenteou Passio com três ovos, dizendo "Aceite este pequeno presente em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Ao ouvir o nome da Santíssima Trindade, o santo médico não ousou recusar o presente. No entanto, quando Acta soube o que acontecera, entristeceu-se, pois seu irmão teria quebrado o voto de caridade.

Há várias versões para suas mortes, mas nenhuma comprovada por documentos históricos. Um relato diz que teriam despertado a ira do Imperador Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão, que exigiu que ambos fossem amarrados e jogados em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria e de serem inimigos dos deuses romanos. Outra versão diz que, na primeira tentativa de matá-los, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez, as pedras voltaram para trás, sem atingi-los. Por fim, morreram decapitados. Muitos fiéis transportaram seus corpos para Roma, que foram sepultados no maior templo dedicado a eles, feito pelo Papa Félix IV (526-30), a pedido do Imperador Justiniano, na Basílica no Fórum de Roma.

As imagens dos santos ainda criança se referem a outra lenda: existia num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles que em troca pediam doces, balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximo a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão. Pedia sempre a Deus que o levasse para perto do irmão, até que, sensibilizado pelo pedido, Deus resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisavam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.

Alguns estudiosos de mitologia grega concentram seus esforços para demonstrar que Cosme e Damião não existiram de fato, que eram apenas a versão cristã dos filhos gêmeos de Zeus, Castor e Pólux.

Nas religiões afro-brasileiras, São Cosme e São Damião são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. Estas religiões os celebram enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume – principalmente no Rio de Janeiro – de dar doces e brinquedos às crianças que lotam as ruas em busca dos agrados. Na Bahia, as pessoas comemoram oferecendo caruru, vatapá, doces e pipoca para a vizinhança.

É HOJE MESMO?
A Igreja Católica Apostólica Romana, até 1969, celebrava a festa dos santos no dia 27 de setembro. Porém, São Vicente de Paulo era celebrado no mesmo dia e tinha a data de 27 de setembro como certa de sua morte, enquanto não se tinha certeza da data de morte dos gêmeos. Então, com a reforma litúrgica, passou-se a comemorá-los no dia 26. Ainda assim, católicos tradicionalistas, devotos mais antigos e as religiões afro-brasileiras continuam a comemorá-los no dia 27.

Três pares de santos Cosme e Damião são celebrados pela Igreja Ortodoxa. O mais comumente associado aos santos médicos da Síria é celebrado em 1º de novembro como Santos Cosme e Damião da Ásia Menor. Mas há uma celebração em 17 de outubro dos Santos Cosme e Damião da Cilícia, e outra em 1º de julho dos Santos Cosme e Damião de Roma. Os três pares são da classe dos santos anárgiros ("desapegados do dinheiro").

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lá e de volta outra vez!

Calma, pessoal... esse título não significa que vou passar a falar de hobbits*... pelo menos não ainda! É que tenho estado super atarefado e com pouco tempo de criar as postagens sobre divindades da forma que gosto. Nem consegui comentar o filme Percy Jackson e o Mar de Monstros (Percy Jackson: Sea of monsters, 2013) – mas já peguei o livro para ler novamente e fazer mais uma série Desvendando Percy Jackson!

Para os que estão sentindo falta, entrem na página do Facebook, pois lá eu ainda consigo compartilhar informações sobre entretenimento mitológico, matérias sobre o assunto e até as tirinha maravilhosas de Um sábado qualquer.

Curtam!

* Pra quem não entendeu: o título deste post é o nome do livro de Bilbo Baggins que inicia o Senhor dos Anéis, onde ele conta suas aventuras. Provavelmente será o título do filme que encerra a trilogia do Hobbit nos cinemas.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mitologia escandinava ou nórdica?

Por ser uma região puramente histórico-geográfica, a Escandinávia não corresponde a nenhuma fronteira política definida. Devido às sucessivas vagas de glaciação, a Escandinávia foi repetidamente despovoada e desprovida de fauna e flora terrestres ao longo do tempo. Os estudiosos a apontam como a terra de origem de uma parte dos povos germânicos e dos vikings. O uso do termo é muitas vezes incerto, ora incluindo, ora excluindo países vizinhos da Península Escandinava, que abrange a Suécia, a Noruega e a Dinamarca. O termo pode também abranger a Finlândia (Fino-Escandinávia) e, mais raramente, as Ilhas Faroé (ainda território dinamarquês) e a Islândia.

O termo Escandinávia é por vezes utilizado como sinônimo para os Países Nórdicos, embora dentro desses países os termos sejam considerados distintos. Em contraste com essa incerteza de países quanto ao termo Escandinávia, a expressão Países Nórdicos é sempre empregada para referir o conjunto de países da Europa Setentrional e do Atlântico Norte formado por: Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Ilhas Faroé, Groenlândia (nação dinamarquesa autônoma), Svalbard (arquipélago ártico norueguês) e Aland (arquipélago finlandês autônomo).


Desde a sua independência da União Soviética em 1991, a Estônia também se apresenta como um país nórdico, apesar de ser geralmente considerado um dos países bálticos. O povo estoniano é íntima e etnicamente ligado aos finlandeses e fala um idioma similar ao finlandês. O pais tem ligações culturais e históricas também com a Suécia e a Dinamarca.


Bandeiras da Finlândia, Islândia,
Noruega, Suécia e Dinamarca.
Com essa explicação, ratifico minha opção por manter o termo Mitologia Escandinava aqui no blog, por mais que usar "Mitologia Nórdica" pareça mais completo. Se analisarmos bem, os arquipélagos incluídos nos países nórdicos estão ligados aos cinco estados-nação principais (foto). Além disso, este blog aborda separadamente a Mitologia Finlandesa e do Ártico (através dos Inuítes, onde a Groenlândia aparece), por suas diferenças culturais.

domingo, 25 de agosto de 2013

Muito mais folclore nacional

Escondida nas matas da região Centro-Oeste, o Pé-de-
Garrafa 
tem a figura de um homem, mas seus pés são
arredondados como fundos de garrafa. Por isso, caminha
sempre aos pulos. Seus gritos são tão fortes que fazem
as pessoas enlouquecerem e se perderem pelo cerrado.
Diz a lenda que quem for pego por ele tem sua alma
aprisionada no pé do monstro.
A Folhinha ainda está aproveitando o mês de agosto para falar sobre o folclore brasileiro. Dessa vez, foram selecionadas alguns mais desconhecidos.

"Os seres fantásticos do folclore brasileiro são mais vivos onde as pessoas não vão tanto à escola. Nas cidades, onde é maior o estudo, esses mitos são deixados para trás. É uma perda irrecuperável", diz Ricardo Azevedo, que já escreveu diversos livros infanto juvenis sobre cultura popular. A escritora Heloisa Prieto conta que "uma das maneiras de preservar essa tradição é a literatura. Desde a Grécia antiga, transforma-se lendas orais em livros. Neles podemos ter imagens, textos e cantigas de roda."

Vejam nesta postagem as ilustrações de Roger Mello, que já foi finalista do prêmio Andersen, o principal da literatura infantil, para a matéria original.

Pequenino e de cor vermelha, o Sanguanel vive nos pinheiros do sul do Brasil. Sua maior diversão é roubar crianças e escondê-las no topo das árvores. Mas ela não faz nenhum mal a seus reféns, a quem geralmente oferece água e mel servido em uma folha. Segundo os gaúchos, quando finalmente encontradas por seus pais, as crianças não conseguem se lembrar de nada, apenas da figura vermelha do Sanguanel.
No fundo das águas do rio São Francisco, vive uma serpente gigante que aterroriza os pescadores. Quando incomodado, o Minhocão se enfurece e afunda barcos com um simples golpe de cauda. A lenda da criatura ajuda a explicar o fenômeno da erosão na região. Dizem os ribeirinhos que seu corpo escava grutas na beira do rio, o que causa desmoronamentos.
Quando os moradores da região amazônica escutam um assovio de dar arrepios, logo já sabem do que se trata: é a Matinta Pereira, uma velha com poderes de feiticeira. Para aquietá-la, é preciso prometer fumo em voz alta. Segundo o folclore, na manhã seguinte, uma mendiga sempre aparece na casa de quem fez a promessa. É Matinta cobrando seu fumo.
Partes de corpos que caminham sozinhas assustam moradores do Nordeste e do Sudeste. Em Pernambuco, uma perna cheia de pelos aparece sem avisar e chuta quem vê pela frente. Já a Mãozinha Preta, assombração que surgiu em São Paulo, chega flutuando na casa das pessoas para ajudar nos afazeres domésticos. Mas ela se irrita e belisca todo mundo.
A Pisadeira é uma mulher muito magra que vive nos telhados de São Paulo e do sul de Minas Gerais. Seus pés são compridos e têm unhas enormes, sujas e amareladas. Quando alguém vai dormir de barriga cheia após o jantar, ela desce do topo da casa e pisa no peito da pessoa. A vítima, então, entra em estado de paralisia. A lenda procura explicar a paralisia do sono, quando pessoas não conseguem mexer o corpo ao despertar.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Agosto, mês do desgosto e do folclore

Tutu Marambá, o bicho-papão brasileiro.
Assombrador de crianças, aparece em cantigas
de ninar, que a criança ouve, fecha os
olhos de medo e dorme
Agosto é um mês misterioso. Dizem que são trinta e um dias de desgraça e infelicidade nos quais não se deve viajar, fechar negócios e muito menos casar. Agosto também é o mês do folclore, a ciência das coisas do povo. Os ritos, as tradições, a sabedoria, as brincadeiras, os jogos, as festas e as danças que o povo dança fazem parte do folclore.

Por que justo agosto é um mês de azar? Por que quem tem sorte no jogo tem azar no amor? E sonhar com dente é morte de parente? São perguntas cujas respostas a gente só encontra no folclore. Um grande número de assombrações, fantasmas e entes fantásticos de todos os tipos e tamanhos surgem através dessa ciência popular.

Em 22 de agosto de 1982, a "Folhinha", do jornal a Folha de São Paulo, comemorou o mês apresentando às crianças criaturas do folclore nacional. Além de seres mais conhecidos, como a Mula Sem Cabeça e o Lobisomem, o caderno trouxe outros como o Tutu Marambá, Domingos Pinto Colchão e o Papa-Figo.

Vejam as ilustrações de Ricardo Azevedo para a publicação original nesta postagem.

Pé-de-Garrafa tem a figura de um homem com os pés redondos como fundo de garrafa.
Anda pelo mato dando gritos tão fortes que fazem as pessoas enlouquecerem e se perderem
A onça-boi é um animal assombrado que anda pela floresta
sempre em duplas e não sabe subir em árvores.
O caboclo d'água vive no fundo dos rios. Tem o domínio das águas e dos peixes.
Ataca canoeiros e pescadores, virando barcos e criando ondas enormes.
Domingos Pinto Colchão (também conhecido como Pinto Pelado) é um galo endiabrado,
meio desengonçado e depenado que entra pelas casas derrubando tudo.
A boiúna é uma cobra escura e gigantesca com rosto humano que habita os rios amazônicos.
Pode se transformar em barco ou navio, solta fogo pelos olhos e engole pessoas com facilidade.
A mula sem cabeça galopa pela noite assombrando e dando sustos. Solta chispas de fogo pelas narinas e pela boca.
Para evitar seu ataque é só esconder unhas e dentes.
O cavalo de três pés é uma versão da mula sem cabeça. Aparece nas estradas desertas correndo,
dando coices e voando. Quem pisar em seu rastro será infeliz
Muito feio, pálido e barbudo, o Papa-Figo anda esfarrapado e sujo,
roubando crianças mentirosas. É um tipo de bicho-papão.
A anta cachorro é um animal grande e misterioso que tem forma de onça e mãos com cascos de anta. É bem feroz, mas não consegue trepar em árvores. Se alguém, para escapar dele, subir em uma árvore, o animal cava a terra com suas unhas de anta até que o tronco caia.
No Brasil, um lobisomem é o filho que nasce depois de sete filhas.
Aparece de noite nas encruzilhadas e cemitérios. Uiva para a lua e aprecia comer cocô de galinha
A mãozinha preta aparece sem mais nem menos andando pelo ar.
Às vezes é útil ajudando nos serviços da casa. Outras vezes fica brava e sai perseguindo e beliscando as pessoas
São homens que andam pelas ruas e estradas com um saco
grande pendurado nas costas, onde bota as crianças mal comportadas.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Inferno!

Terminei o tão esperado e falado último livro de Dan Brown, Inferno (Ed. Arqueiro, 2013). A ética na engenharia genética e a superpopulação são os temas da vez.

Depois de tanta crise com a Igreja, acho que Brown resolveu ficar do seu lado ao falar sobre incrível obra de Dante Alighieri, A Divina Comédia. É inegável (e falado no livro), que essa obra foi responsável pela visualização do Inferno católico e, com isso, o aumento do medo do pecado com a consequente corrida às igrejas. Além disso, Brown deixa claro que o inimigo é o homem e o que ele pode fazer com a ciência.

É um bom livro, que tenta alcançar novamente o sucesso d'O Código Da Vinci, mas não chega lá. O passeio por Florença, Veneza e Istambul são sempre ótimos e as descrições das imagens simbólicas nas obras de arte são sempre incríveis, mas ele já não consegue mais o tom de surpresa. Já esperamos muita coisa que está para acontecer por repetição. Fora isso, me deu a impressão que ele escreve bem quando fala dos simbolismos, porém, quando entra em áreas de ciência, política e afins fica aquém do esperado e meio opinativo.

A medusa invertida na cisterna
da Basílica de Santa Sofia (Turquia).
A solução que ele nos oferece no fim do livro é eticamente questionável e fico até pensando que Brown está do lado dos "inimigos". Mesmo assim, te garanto que você vai ficar intrigado com o tal do matemático Malthus e sua teoria catastrófica sobre o crescimento populacional.

E é pra ficar mesmo.

Ah... e vem filme no fim de 2016!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dia da trapaça

Na mitologia escandinava, hoje era comemorado o Dia de Loki, o deus-gigante da trapaça e da travessura.

Loki e Sigyn, de Marten Eskil Winge (1863)
Agora, sem brincadeiras: a vida está corrida, mas este blog não está abandonado, não. Acompanhem algumas novidades no Facebook, enquanto não consigo colocar as coisas em dia por aqui.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Haja criação!

Em um dos módulos do curso que estou fazendo no Instituto Atena, falamos sobre os mitos de criação. Por essa razão, fiz uma rápida pesquisa neste blog e vi que já tinha 39 postagens marcadas como criação. Dentre livros e postagens gerais, temos mais de 30 histórias, sendo que são 20 as civilizações aqui abordadas. Com isso em mente, fiz uma varredura nessas postagens e percebi o que já estava tendo certeza no curso.

A maioria das civilizações antigas sofria alterações em suas mitologias por conta de forças geopolíticas ou conquistas. Um dos casos mais claros é o Egito. Cada momento da antiga história egípcia, uma cidade esteve no poder e cada uma delas tinha um deus supremo. Nesses momentos, os deuses principais iam sendo amalgamados numa força única: Amon, Atum e são descritos como um só e até seus nomes são unidos.

Outro caso interessante é dos maias. Quando estive em Chichen Itzá (aliás... não falei sobre a viagem aqui e ninguém me cobrou!), fiquei sabendo que a civilização maia original era pacífica com uma mitologia voltada para os astros e para a agricultura. Depois de conquistados pelos olmecas, a cultura guerreira teria levado aos maias os rituais de sacrifício e sangue. Isso alterou profundamente a mitologia maia.

É possível que, no futuro, essas postagens sofram alguma alteração por aqui também.