segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

HÉRCULES: Inspiração

Como havia dito no início da saga, meu sobrinho de quatro anos me inspirou a percorrer a mitologia grega em busca da história de Hércules. E nesse ínterim, sentei com ele para desenhar os famosos trabalhos. O que você vê a seguir, pra mim, é absolutamente incrível.

O Leão da Nemeia.
A Hidra de Lerna.
A Corça da Cerineia.
O Javali do Erimanto.
As Cavalariças de Augias.
As Aves do Lago Estínfale.
O Touro de Creta.
As Éguas de Diomedes.
O Cinturão de Hipólita.
Os Bois de Gerião.
Os Pomos das Hespérides.
Cérbero.

Quatro anos.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

HÉRCULES: Outras mídias

Inúmeros romances, contos, filmes, histórias em quadrinhos, minisséries de TV e desenhos animados que envolvem seres superpoderosos se inspiraram nas façanhas de Hércules.

O herói tornou-se muito popular na Idade Média e no Renascimento, sendo referência, por exemplo, para o romance em prosa poética Le fatiche d’Ercole, de Pietro Bassi (1475), para o texto em prosa Los doze trabajos de Hercules, de Don Enrique de Villena (1483-1499), para o romance anônimo Les prouesses et vaillances du preux Hercules (1500), para o poema Dodeci travagli di Ercole, de J. Perillos (1544) e uma coleção de adágios e alegorias chamada Trabajos y afanes de Hercules, de Fernandez de Heredia (1682).

A romancista Agatha Christie inspirou-se no herói não só para nomear um de seus principais personagens (Hercule Poirot) como também para nomear uma coletânea de doze contos policiais do detetive belga (The labours of Hercule).

A seguir, uma lista significativa da presença do herói em várias mídias:

CINEMA
  • Hércules (Le fatiche de Ercole, 1958, 104’), primeiro filme italiano do americano Steeve Reeves como o herói. O ator ficou tão conhecido como o herói que muitos dos seus filmes receberam o nome de Hércules sem serem sobre o tema.
  • Hércules e a Rainha da Lídia (Ercole e la Regina di Lidia / Hercules unchained, 1959, 98’), novamente com Steeve Reeves.
  • Hércules na Conquista de Atlântida (Ercole alla Conquista de Atlantide / Hercules and the Captive Women, 1961, 101’), com Reg Park fazendo o herói.
  • Hércules no Centro da Terra (Ercole al Centro della Terra / Hercules in the Haunted World, 1961, 91’), segundo filme de Reg Park com Christopher Lee sendo o vilão Rei Licos.
  • A Fúria de Hércules (La Furia de Ercole, 1962, 97’), protagonizado por Brad Harris.
  • Hércules e o Império dos Elefantes (Ercole l’invincibile, 1964, 85’), protagonizado por Dan Vadis.
  • Os Tiranos da Babilônia (Ercole contro i Tiranni di Babilonia, 1964, 96’), protagonizado por Peter Lupus (Rock Stevens).
  • Maciste e a Rainha de Samar (Maciste e la Regina di Samar / Hercules against the Moon men, 1964, 90’), protagonizado por Sergio Ciani (Alan Steel).*
* Maciste é um dos personagens mais recorrentes do cinema italiano do gênero gladiador (peplum), precursor dos personagens de aventuras falsamente mitológicas (Conan), interpretados por atores com hipertrofia muscular, que apareceu pela primeira vez no filme italiano épico Cabíria, de 1914. Representa um homem mitológico muito similar a Hércules, que utilizava sua descomunal força para realizar feitos heroicos. Por essa razão, muitos filmes italianos de Maciste foram traduzidos para Hércules no mercado americano.
  • O Desafio dos Gigantes (La Sfida dei Giganti / Hercules the Avenger, 1965), com o retorno de Reg Park ao herói.
  • Hércules em Nova York (Hercules in New York, 1970, 75’), protagonizado por Arnold Schwarzenegger).
  • Hércules (1987, 98’), filme clássico protagonizado por Lou Ferrigno, o antigo Hulk.
  • Hércules e as Amazonas (The legendary journeys: Hercules and the Amazon Women, 1994, 91’), primeiro filme protagonizado por Kevin Sorbo.
  • Hércules em busca do Reino Perdido (The legendary journeys: Hercules and the Lost Kingdom, 1994, 91’), segundo filme protagonizado por Kevin Sorbo.
  • Hércules e o Círculo de Fogo (The legendary journeys: Hercules and the Circle of Fire, 1994, 91’), terceiro filme protagonizado por Kevin Sorbo.
  • Hércules no Mundo dos Mortos (The legendary journeys: Hercules in the Underworld, 1994, 90’), quarto filme protagonizado por Kevin Sorbo.
  • Hércules e o Labirinto do Minotauro (The legendary journeys: Hercules in the Maze of the Minotaur, 1994, 90’), quinto e último filme protagonizado por Kevin Sorbo antes da série de TV.
  • Steve Byers faz o deus Hércules no filme controverso Imortais (Immortals, 2011). Já falei aqui.
  • O Jovem Hércules (Young Hercules, 1998, 86’), prequel dos filmes e seriados de Kevin Sorbo, protagonizado por Ian Bohen.
  • Hércules (2014, 98’), com Dwayne “The Rock” Johnson protagonizando. Já falei sobre esse filme aqui.
  • Hércules (The legend of Hercules, 2014, 99’), com Kellan Lutz protagonizando. Já falei sobre esse filme aqui.
  • Hercules reborn (2014, 95’), protagonizado pelo lutador de wrestle John Hennigan.


TV
  • Hércules (Hercules: The legendary journeys, 1995-9), seriado de TV com Kevin Sorbo na esteira do sucesso dos filmes que protagonizou. Teve 6 temporadas e deu no spin-ff de Xena: A princesa guerreira, onde Kevin fez dois episódios como o herói.
  • O filme O Jovem Hércules também gerou uma temporada de um seriado (1998-1999, 49 episódios) protagonizado por Ryan Gosling.
  • Brian Thompson fez o herói em A vingança do gladiador (Jason and the Argonauts, 2000, 90’ cada), filme para TV em duas partes.
  • Daniel Pierce e Jonathan Whitesell interpretam Hércules no seriado Once upon a Time.


ANIMAÇÃO
  • The Mighty Hercules (1963-65), animação que teve três temporadas com Jimmy Tap fazendo a voz do herói. Já falei aqui.
  • Hércules faz uma participação na animação de Thor, da Marvel em 1966.
  • Hércules (1995), animação feita numa parceria entre Japão e EUA.
  • Hércules, da Disney (1997, 93’), com Tate Donovan dublando o herói. Já falei sobre esse filme aqui.
  • Na esteira do sucesso do filme, a Disney lançou um seriado animado (Hercules - Zero to hero, 1998-9). Em 1999, a Disney lançou o filme desse seriado.
  • Logo depois que a Disney faz sucesso com algum filme, costumam aparecer inúmeras animações de mesmo tema porém qualidade inferior. É o caso de Hercules: Enchanted Tales (1997, 50’, da Sony Wonder) e Hercules (1997, 50’, Marvista).
  • Hércules e Xena - A Batalha pelo Monte Olimpo (Hercules & Xena - The Animated Movie: the Battle for Mount Olympus, 1998, 80’) uniu Kevin Sorbo e Lucy Lawless nas vozes de seus personagens de sucesso da TV.
  • Mythic Warriors: Guardians of the Legend (1998-2000) foi uma animação com duas temporadas que contava a história de vários heróis gregos. Lawrence Bayne fez a voz de Hércules.
  • Class of Titans (2006-7), animação sobre descendentes dos deuses que teve quatro temporadas, com Garry Chalk fazendo a voz do herói.


QUADRINHOS
  • A Marvel possui um Hércules entre seus personagens com características praticamente iguais às do herói mitológico. A DC Comics também tem seu Hércules, ligado às histórias da Mulher-Maravilha.
  • O filme com Dwayne “The Rock” Johnson foi baseado na HQ The Tracian Wars, the Steve Moore.


VIDEOGAME
  • Hércules, jogo do filme da Disney.
  • O herói é um dos chefes/inimigos de fase do God of War 3.


MÚSICA
  • George Frideric Haendel compôs em 1744 a ópera Hércules em três atos. Foi apresentada pela primeira vez no King’s Theatre em Londres em janeiro de 1745. Teve, pelo menos, outras cinco montagens.
  • O herói é citado na música Holding out for a hero, de Bonnie Tyler, que postei aqui.


Esta postagem será atualizada sempre que encontrar novas informações. Se você tiver alguma, deixe nos comentários ou mande para mitographos@gmail.com.

PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

HÉRCULES: Referências e associações mitológicas

As mais antigas menções às lendas de Hércules estão na Ilíada e na Teogonia de Hesíodo, mas são breves. De modo geral, a maioria das referências textuais antigas se perdeu, restando um resumo tardio escrito pelo Pseudo-Apolodoro no século II. Três tragédias gregas chegaram até os dias de hoje em forma de literatura: duas de Eurípedes (Héracles e Os heráclidas) e uma de Sófocles (As traquinianas). Os documentos iconográficos fornecem mais informações e algumas representam, até mesmo, episódios não relatados em fontes literárias.

Uni amamenta Hercle. Detalhe em espelho etrusco.
Volterra, séc. III a.C.
O culto ao herói existia em quase toda a Grécia* e em diversas partes da Eurásia. No panteão etrusco, Uni é a deusa suprema - identificada posteriormente com a grega Hera - e mãe do herói Hercle, possivelmente a origem de todos os mitos greco-romanos.
* Mesmo que escritores helenísticos do mito de Ícaro tenham dito que Hércules construiu um túmulo para o rapaz na ilha de Creta, o herói não era reverenciado por lá.
Antigas fontes romanas indicam que o herói grego veio substituir um antigo pastor mitológico chamado pelos povos da Itália de Garanus (Recaranus), que era famoso por sua força. Enquanto o mito de Hércules incorporou muito da iconografia e da própria mitologia do personagem grego (como a morte de Caco), ele também tinha um número de características e lendas que eram marcadamente romanas. Chegou a ser considerado padroeiro das famílias por tudo que passou com as suas e diz-se que Carmenta (Carmentis), uma divindade romana e uma ninfa da Arcádia, filha do rio Lado, previu o futuro glorioso do herói.

Na Gália, Segomo ("vitorioso, único poderoso") era cultuado como um deus da guerra que, em tempos de religião gálico-romana, foi igualado a Marte e Hércules. O líder mítico Gálates, que constituiu parte da antiga população da Gália central, seria um heráclida.

Detalhe numa porta de bronze,
por Lee Lawrie, 1939, EUA.
Já os gauleses associavam Ogmios a um Hércules mais velho (ou Hermes). Essa divindade era descrita como um homem calvo com um arco e uma clava liderando um bando de homens aparentemente felizes ostentando correntes presas na língua e nas orelhas. Alguns estudiosos encaram isto como uma metáfora para eloquência, possivelmente relacionadas à práticas dos bardos e à capacidade de persuasão de Hércules.

Os celtas na Irlanda acreditavam que seu ancestral Celto seria filho de Hércules. Acreditavam em Ogma, o campeão dos Tuatha de Dannan, que usava sua maça para defender o povo e teria inventado a linguagem rúnica dos druidas, o ogham.

O historiador romano Tácito registra uma afinidade especial dos povos germânicos por Hércules associado a Thunaraz. Ele afirma que existia a memória do herói em celebrações antes de combates com cânticos que acendiam os ânimos. Maças de ouro com inscrições “ao deus Hércules” espalharam-se no período romano. Essas maças foram comparadas à clava de Donar e ao martelo de Thor como amuletos.

A lenda de Hércules também avançou pela Ásia. Megástenes, um enviado grego à Índia, comparou a saga do herói aos feitos descritos no Mahabarata. Cites, personagem mitológico ancestral dos persas, seria um heráclida. Estudiosos das primeiras civilizações associam o herói mesopotâmico Gilgamesh e a divindade fenícia Melqart ao herói grego.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

HÉRCULES: Os heráclidas

Hércules e Télefo. Estátua romana
em mármore, séc. I.
Ao longo das histórias, é possível perceber que Hércules teve várias mulheres e não somente as conhecidas Megara e Dejanira*. Com praticamente todas teve filhos, os quais recebem o nome de Heráclidas ou Heráclides. Alguns deles são (em alguma ordem cronológica):
  • Os Tespíadas, filhos do herói com as cinquenta filhas de Téspio (Alópio, Améstrio, Antíades, Ântifo, Antíleon, Antímaco, Arquédico, Arquêmaco, Astíanax, Astíbies, Átromo, Búcolo, Buleu, Cápilo, Celeustanor, Cleolau, Creonte, Dinastes, Erasipo, Estrobles, Êumenes, Eurícapis, Euríopes, Eurípilo, Euritras, Eutélides, Falias, Halócrates, Hipeu, Hipódromo, Hipózigo, Homolipo, Iobes, Laomedonte, Laômenes, Leucipo, Lêucones, Liceu, Licurgo, Mentor, Nefos, Nicódromo, Olimpo, Onesipo, Pátroclo, Polilao, Teles, Teleutágoras, Tígasis e Trepsipas).
  • Terímaco, Deicoon e Creontíades, filhos de Megara.
  • Tleptólemo, filho de Astíoque (Astiquéia).
  • Everes, filho de Partenope do Estínfale.
  • Palêmon, filho de Ifínoe, esposa do gigante Anteu, violentada pelo herói.
  • Téstalo, filho de Epicasta do Egeu.
  • Téssalo, filho de Calciopeia da ilha de Kós.
  • Télefo, filho de Auge da Arcádia.
  • Hilo, Ctesipo, Gleno, Onites (Hodites) e Macária, filhos de Dejanira.
  • Agelau e Tirseno, filhos de Ônfale (ou somente Lâmon).
  • Ctesipo e Lépreas, filhos de Astidâmia de Ormínion.
  • Antíoco, filho de Meda.
  • Alexíares e Aniceto, filhos de Hebe.
  • Na mitologia romana, Aca Larência foi a amante de Hércules, sem registro de filiação, porém, ele teria tido Zagreu com Coré (Perséfone).

A tradição mitológica conta que os descendentes de Hércules foram exilados após a morte do herói. Encontraram refúgio em Atenas, onde enfrentaram um ataque dos exércitos de Euristeu e acabaram finalmente matando o covarde rei. Liderados pelo primogênito Hilo e Iolau, os heráclidas invadiram o Peloponeso, mas uma pestilência obrigou-os a desistir.

Eles retrocederam até a Tessália, onde Egímio não só os recebeu como cumpriu sua promessa com Hércules e deu ⅓ de seu reino a Hilo. Após a morte do rei, os príncipes Pâniflo e Dimas se submeteram a Hilo, tornando-o regente dos Dórios. Em consulta ao Oráculo de Delfos, Hilo soube que deveria esperar até “o terceiro fruto” para retornar à Grécia a fim de recuperar o domínio que seu famoso antepassado estabeleceu. Três anos e três colheitas depois, os heráclidas marcharam contra Micenas, mas Hilo foi morto em combate. Duas outras tentativas foram mal sucedidas, até que Temeno, bisneto de Hilo, ficou sabendo que “o terceiro fruto” era, na verdade, “a terceira geração” e, portanto, responsabilidade dele liderar os heráclidas rumo à conquista do Peloponeso. Acabaram conquistando e destruindo a Civilização Micênica, o que corresponde às Invasões Dóricas.
* É interessante dizer que esse lado infiel de Hércules é bastante contestado. Muitos estudiosos não acreditam que um herói que passou pela vida se punindo por seus atos em autorrenúncia seria capaz de tais violências. Acreditam que, por ser uma figura extremamente admirada, muitos quiseram reivindicá-lo como familiar e pai de seus filhos do sexo masculino. O número de filhos é, inclusive, um fator de medição da popularidade de um deus e, neste quesito, dizem que Hércules superou o próprio Zeus (cerca de 90 filhos).


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

HÉRCULES: O fim trágico e a ascensão divina

A morte terrena de Hércules foi extremamente dramática. Novamente livre e purificado de seus atos, o herói decidira erguer um altar em agradecimento a seu pai Zeus. Mandou, então, que o escravo Licas buscasse com Dejanira uma túnica nova que seria usada na consagração solene como praxe. O mensageiro, induzido por Hera, disse que Hércules pedira roupas para seu casamento com Iole e, assim, Dejanira lembrou do conselho de Nesso e enviou uma túnica com a mistura de sangue e sêmen do centauro.

A morte de Hércules. Óleo de Francisco de Zubarán, 1634.

Hércules atira Licas. Estátua de Antonio Canova.
É possível ver as dobras da túnica grudada no herói.
Ao vestir a roupa, o veneno da Hidra penetrou na sua pele e ele tombou em terrível agonia. Alucinado de dor, pegou Licas pelos pés e lançou-o ao mar. Cada tentativa de tirar a túnica, arrancava pedaços de pele, pois o tecido estava grudado em seu corpo. Pediu que fosse levado a Tráquis. Ao ver todo o sofrimento de seu marido, Dejanira se apunhalou de culpa na frente de Hércules que, aos prantos, nada pode fazer. Após entregar Iole a seu filho Hilo, pedindo que com ela se casasse logo tivesse idade para tal, mandou erguer uma pira no Monte Eta para ser cremado. Escalou cambaleante ao seu destino final, porém, ninguém teve coragem de acender a fogueira. Somente o relutante jovem Filoctetes* se disponibilizou e ganhou o arco e as flechas como presente.
* Mestre de armas e amigo pessoal de Hércules, Filoctetes jurou solenemente nunca revelar o paradeiro das cinzas do herói. Foi convidado a navegar até Troia com Menelau para buscar Helena, porém foi deixado por Ulisses em Lemnos por causa de uma ferida infectada no pé, que possui duas versões: em uma, Hera enviou uma serpente para atacá-lo por ter ajudado Hércules; em outra, gregos o forçaram a falar o local das cinzas e, para não quebrar sua palavra, apontou a direção com pé, que foi ferido quando uma das flechas envenenadas da Hidra caiu da aljava.
Hércules na fogueira e Filoctetes aos prantos. Ilustração de E. H. Montagny.
Filoctetes na Ilha de Lemnos. Gravura de James Barry.

Compadecido pelas dores do herói da humanidade, seu pai Zeus assegurou sua imortalidade: em meio às chamas*, ouviu-se um trovão e um raio arrebatou Hércules para o Monte Olimpo, onde foi recebido por Atena. Assumiu seu lugar entre os olimpianos como Deus da Força, desposando Hebe, a deusa da juventude e copeira dos deuses, filha de Zeus e Hera, como acordo final de paz. A deusa rainha passou até mesmo a aceitar o epíteto do bastardo Alcides em seu nome.
* Os poetas mais românticos dizem que o raio de Zeus iluminou toda a Terra e ninfas apagaram as chamas. Da pira surge um Hércules curado que é levado ao Olimpo por Atena e Hermes em um carro puxado por quatro cavalos alados. No entanto, existe uma variante nada poética dessa morte flamejante. Diz-se que o herói teria entrado em combustão em um ataque de Helios a ele. Para extinguir as chamas, lançou-se em um rio caudaloso e acabou se afogando. O rio passou a ter águas quentes, denominando Termópilas (águas termais) a região entre a Tessália e a Fócida.
A morte de Hércules. Gravura de Bernard Picart, 1731.
Casamento de Hércules e Hebe no Monte Olimpo.

A saga de Hércules é a perfeita personificação da ideia grega do pathos, a experiência do sofrimento virtuoso que leva à glória e, no caso do herói, à imortalidade. Era fundamental que sua saga terminasse em fogo, o único elemento simbolicamente capaz de purificá-lo por inteiro. Melpômene, musa da tragédia, passou a carregar a clava de Hércules em razão de toda essa luta. O herói, inclusive, teve um altar em Roma ao lado das musas, colocando-o como um musagete, ou seja, um líder das damas.

Hércules e as musas. Óleo de Alessandro Allori, 1568.

Sua ascensão ao Olimpo é a simbologia para a nomeação da Constelação de Hércules (Herculis, a quinta maior das 88 constelações modernas e uma das 48 constelações clássicas descritas por Ptolomeu), que está a mais de 25 anos-luz de distância da Terra. As representações o colocam segurando seja um ramo com os pomos dourados das Hespérides sejam serpentes que podem ser cabeças da Hidra ou aquelas que ele matou na infância.



PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro