quarta-feira, 14 de março de 2018

Byelobog e Chernobog

Desde os primeiros tempos, pares de deuses opostos – bem e mal – são comuns na mitologia eslava. Um dos mais antigos é o par formado por Byelobog e Chernobog. Vestido de branco, Byelobog, que era a força do bem e da criação, estava sempre em conflito com Chernobog, senhor do mal e da destruição, sempre de preto.

Essa dupla pode ter chegado ao mundo eslavo da Ásia Ocidental e é semelhante a Ahura Mazda e Angra Mainyu, da Pérsia.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Apep

O deus-cobra Apep, enrodilhado no mundo subterrâneo, tinha poder suficiente para aniquilar suas vítimas. Todos os dias, quando o deus-sol viajava pelo mundo subterrâneo, Apep atacava o barco do deus. Os mortos, liderados por Seth, um deus de força insuperável, conseguiam todas as noites derrotar a serpente, permitindo que o barco passasse. Mas todos os dias Apep revivia, pronto para atacar o deus-sol de novo e aterrorizar com seu sibilo ensurdecedor todas as almas recém-chegadas.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Teutates

Teutates era uma divindade paradoxal: em seu aspecto temível, era o deus gaulês da guerra, venerado com rituais selvagens durante os quais, para propiciá-lo, se sacrificavam vítimas, afogadas num lago; em seu aspecto mais benéfico, foi descrito como inventor das artes, associado também às viagens, ao comércio e à riqueza. Foi identificado ao deus romano Mercúrio por Júlio César.

Suas qualidades guerreiras eram celebradas no século XII: quando formaram uma ordem militar durante a Terceira Cruzada, os guerreiros e sacerdotes germânicos adaptaram o nome do deus para a denominação coletiva de Guerreiros Teutônicos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Chicomecoatl e Cinteotl

Os astecas tinham várias divindades que protegiam a safra do milho. Entre elas Chicomecoatl, que representava a boa semente, estocada para o plantio seguinte, e Cinteotl, que podia assumir uma forma tanto masculina quanto feminina. Sacrifícios na primavera a essas divindades garantiam boas safras no final do ano.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Hsi Wang-Mu

Hsi Wang-Mu (Xi Wangmu) é a rainha-mãe dos céus e mulher de Yü Huang Shang-Ti. Era a padroeira das mulheres e as pessoas rezavam para ela quando tinham uma filha. A deusa possuía um palácio de jade na montanha Kunlun (o paraíso chinês localizado no centro da terra), onde cultivava os pêssegos da imortalidade em seus jardins. O elixir da imortalidade encontrado pelo herói Yi foi dado pela deusa.

Certa vez, Sun Wu-K’ung foi até o palácio de jade e roubou os pêssegos. Todos os deuses e funcionários do céu lutaram com ele para recuperar os frutos, até que ele foi capturado por Buda.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Napi

Napi era o deus criador da tribo Blackfoot (os Pés-Pretos), cujo nome significa “homem velho”. Tendo feito o mundo e os primeiros homem e mulher do barro, é dito que Napi se retirou para dentro de uma montanha, prometendo retornar no futuro. Enquanto isso, ele foi substituído por Natos, o deus-sol.

Em outras histórias, Napi é um deus trapaceiro capaz de grandes crueldades contra a humanidade. Uma lenda conta que, quando a primeira mulher perguntou a Napi se a humanidade viveria para sempre, Napi jogou um pedaço de madeira num rio, dizendo que, se a madeira flutuasse a morte viria em quatro dias; se afundasse, a morte seria o final. A madeira flutuou, mas a mulher pegou uma pedra, dizendo que, se a pedra flutuasse, eles viveriam para sempre; se ela afundasse, eles morreriam. A pedra afundou, e a morte é agora o final.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Mawu e Lisa

O povo Fon, do Benin, acreditava que o deus da criação Nana Buluku era também chamado de Mawu-Lisa, que poderia ser, na verdade, a divisão de seus gêneros ou os nomes de seus filhos gêmeos, Mawu e Lisa. Nana Buluku teria se retirado após a criação, deixando o controle do mundo a cargo de seus filhos.

Mawu, deusa da lua, vivia no oeste e regia a noite; Lisa, o deus-sol controlador do dia, vivia no leste. Durante um eclipse, eles se encontraram e geraram outros sete pares de deuses-gêmeos, entre eles os que governam a terra, as tempestades, o ferro e o mar. Cada par tem sua língua, conhecida só por ele e seus sacerdotes.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Passou

Passou o aniversário deste blog... foi ontem.

Passaram 8 anos que estou aqui tentando manter este blog vivo. Foi o ano com menos postagens até agora. E a redução tem sido clara. Realmente, não tem sido fácil...

Porém, dizem que 7 anos é de crise no casamento, então, espero que isso também tenha passado. Porque, em ano de Júpiter, Xangô, Cão da Terra e do número 11, as coisas deveriam ser melhores. Inúmeros projetos estão sendo pensados em nome da mitologia e eu espero que algum deles aconteça, afinal... o 8 na horizontal representa o infinito! E além!


sábado, 23 de dezembro de 2017

Olho grego

Olho grego é um talismã contra a inveja e o mau-olhado. Acredita-se que tem o poder de absorver energias negativas. Também pode simbolizar o olhar de Deus que ilumina e protege as pessoas, além de transmitir a paz. É também conhecido por Olho TurcoOlho MísticoOlho Azul ou Nazar Boncugu ("conta de olhar" em árabe").

O olho grego existe há muito tempo, sendo encontrado em países que possuíram influência árabe, como Grécia, Turquia, Armênia e Irã, mas foi inicialmente em rituais da cultura islâmica que o amuleto se tornou indispensável nos rituais de proteção – até dos católicos. No Antigo Egito e na Índia, o Olho de Hórus e o Terceiro Olho do Buda representavam objetos com função similar a do olho grego.

Normalmente, é feito de vidro, tem a forma arredondada (imitando o olho humano) e é composto das cores azul escuro, branco e azul claro, que simbolizam limpeza e proteção. Uma lenda diz que a cor azul presente no amuleto corresponde à raridade dessa tonalidade nos olhos da população árabe, uma vez que a maioria possui olhos escuros. Nascidos com olhos azuis seriam considerados tanto pessoas protetoras quanto pessoas amaldiçoadas, pois acredita-se que o mau-olhado tem essa cor, portanto seria mais eficiente em atraí-lo ao considerá-lo um igual.

Outra lenda conta que em uma cidade havia uma enorme rocha que não podia ser movida ou quebrada nem com a ajuda de mil homens. Sem saber o que fazer, a a população da cidade resolveu levar um homem extremamente invejoso até a rocha. Assim que a avistou, o homem exclamou: "Nossa, pedra enorme!". Subitamente, ouviu-se um enorme barulho e a rocha partiu-se em dois pedaços. Passaram a acreditar que fora a inveja do homem que conseguiu romper a resistente rocha. Por essa razão, se o amuleto aparece rachado, significa que protegeu quem o carrega de invejosos. Os pedaços devem ser lançados em água corrente e o amuleto precisa ser substituído.

É muito utilizado como pingentes em pulseiras e correntes, pendurados em portas e em espelhos retrovisores dos carros. Algumas mães colocam esse amuleto na roupa dos bebês. Por vezes, é usado em conjunto com um amuleto em formato de pimenta (para potencializar o afastamento de maus espíritos) ou um amuleto em formato de ferradura (para potencializar a proteção pessoal e a sorte).

sábado, 28 de outubro de 2017

Ragnarok, o Crepúsculo dos Deuses

O mito do Ragnarok (ou Ragnarök, Ragnarøkr, Ragnorak, Gotterdammerung) explica como o mundo terminará.

Será precedido por Fimbulvetr, o inverno dos invernos. Três desses invernos seguirão um ao outro sem verões no meio. Conflitos e feudos irão surgir, mesmo entre as famílias, e toda moral desaparecerá. Haverá guerra constante e anarquia em Midgard (Terra). Pouco antes da grande batalha, a rivalidade entre os deuses nórdicos e os gigantes de Jotunheim aumentará, porque Loki (em prisão perpétua por sua participação na morte de Balder) conseguirá usar sua lábia para instigar temores.

O galo carmesim Fjalar vai cacarejar para os gigantes, enquanto o galo dourado Gullinkambi fará o mesmo para os deuses. Um terceiro galo levantará os os mortos. Os guerreiros de Valhalla (Einherjar) serão chamados por Gjallarhorn, o "chifre retumbante" de Heimdall, para lutar ao lado de aesires e vanires na batalha da Planície de Vigrid.

Os monstros-lobo Skoll e Hati que vivem tentando engolir o Sol e a Lua, respectivamente, finalmente conseguirão, mergulhando a Terra na escuridão. As estrelas começarão a cair e as montanhas se despedaçarão, libertando Fenrir e Loki e acordando Jormungand, a Serpente do Mundo. Cada respiração venenosa da serpente irá manchar o solo e o céu com seu veneno. As ondas causadas por seu surgimento libertarão o navio Naglfar (feito de unhas humanas) com o gigante Hymir como seu comandante e os gigantes vão para o campo de batalha. Do reino dos mortos, um segundo navio surgirá carregando os habitantes de Hel, tendo Loki como seu timonel.

Os gigantes do fogo, liderados pelo gigante Surt, deixarão Muspellheim no sul para se juntarem contra os deuses. Sua primeira ação será destruir a ponte Bifrost. Com uma espada que arde como o próprio sol, Surt queimará a terra.

No fim, tanto deuses quanto gigantes morrerão:
  • Odin será devorado por Fenrir, que será morto por Vidar, filho de Odin.
  • Thor matará a Serpente do Mundo, morrendo de seu veneno após dar nove passos sem largar seu martelo.
  • Tyr enfrentará Garm e um matará o outro.
  • Heimdall e Loki não sobreviverão ao combate entre eles.
  • Yggdrasil ruirá de tanto que a serpente Nidhogg a roeu.
  • Freyr morrerá nas mãos de Surt, que explodirá em chamas e destruirá os nove mundos.
Odin e Fenrir, ilustração de Emil Doepler (1905).
Thor e Jormungand, ilustração de Emil Doepler (1905).
Asgard em chamas, ilustração de Emil Doepler (1905).

A terra em chamas afundará no mar para emergir como um novo mundo abundante em fontes, a última expressão da crença nórdica de que um mundo melhor está por vir. Somente Vidar, Magni (filho de Thor) e o casal humano Lif e Lifrathsir sobreviverão e herdarão a nova Terra. A serpente Nidhogg sobreviverá para manter o balanço entre o bem e o mal.

Vale frisar que "Ragnarök" não significa exatamente "Crepúsculo dos deuses" como eternizado pelo compositor Richard Wagner em sua grande obra, Der Ring des Nibelungen, Götterdämerung. A palavra significa "destruição dos poderes", sendo que a tradução colocou "poderes" como "deuses". Aliás, toda narrativa do evento tem sido tema de controvérsias quanto à sua origem por ter sido escrita após a cristianização do mundo nórdico.