Deus do trovão e dos raios da mitologia eslava pré-cristã,
Perun era particularmente venerado pelos russos, que chegaram a compará-lo ao
Zeus grego. De acordo com as primeiras crônicas russas, Perun era a divindade máxima do panteão pagão antes da cristianização em 988 por St. Vladimir I, Grande Príncipe de Kiev. Por isso, suas associações eram inúmeras: ao firmamento, ao fogo, ao carvalho, às montanhas e às águias. O número 9 é relacionado a ele, mas não se sabe se haviam nove versões do deus ou se eram nove filhos.
Filho de
Svarog e
Lada, irmão de
Kalvis,
Stribog,
Svarozvich,
Tiermes,
Ursula e
Milda, Perun fazia serviços para seu pai na Terra. Perun e Tiermes usavam seus irmãos para conseguir favores de seus pais e pareciam ser os mais fortes dentre eles e, dessa forma, Perun teria subjulgado seu pai para se tornar o maior deus do panteão russo. No entanto, ao seduzir a deusa dos rios
Ros (possivelmente daonde veio o nome "Rússia"), seu filho com ela,
Dazhbog, acabaria por subjulgá-lo, tornando-se deus das tempestades.
Em seu papel de deus da guerra, cavalgava os céus numa carruagem puxada por um bode gigantesco (semelhante ao deus nórdico do trovão
Thor), empunhando um arco de pedra que atirava seus raios (ditos como flechas de pedra ou meteoritos) e seu martelo (ou machado) do trovão, que sempre voltava para sua mão quando lançado contra o mal. Podia usar também poderosas maças douradas que eram, na verdade, bolas de raios (um raro fenômeno atmosférico). Armas de pedra e de metal eram associadas a ele.
Gromoviti znaci, ou marcas do trovão, como essas, são antigos símbolos de Perun que eram gravados nos telhados das casados para proteger das tempestades. Esse formato hexagonal pode ser um sinal da existência das maçãs do trovão e, portanto, do fenômeno das bolas de raios.
Com sua barba cobreada, era uma divindade criativa que trazia fertilidade e chuva aos campos. Mas as chuvas eram também a representação da batalha divina entre Perun e seu arqui-inimigo
Veles. A deusa do sol era casada com ambos. O tempo escuro e chuvoso seria uma manifestação tanto da raiva de Perun quanto dos poderes de Veles que tentava se esconder de Perun para atacá-lo. Os raios e os trovões seriam os ataques de Perun e o fim da chuva significava que Veles tinha sido derrotado. Essa dicotomia "bem contra o mal" facilitou a cristianização.
Era comumente representado por uma estátua de madeira com cabeça prateada e bigode de ouro. Galos e bodes eram sacrificados a ele, mas também ursos e touros em florestas de carvalho, quando os rituais eram maiores. Prisioneiros de guerra podiam ser sacrificados a ele durante sua festa sagrada que durava nove dias de verão.
Era comparado a
Perkons (Letônia) e a
Perkunas (Lituânia), variações da raiz proto-eslava
perk-/perg- ("atacante") ou de
perkwu ("carvalho"), uma vez que seu nome pouco aparecia na literatura. Povos búlgaros possuíam diversos nomes de entidades naturais a partir de Perun:
Pirin,
Perunac,
Perunovac,
Perunika,
Perunička Glava,
Peruni Vrh,
Perunja Ves,
Peruna Dubrava,
Perunuša,
Perušice,
Perudina e
Perutovac. Após a conversão ortodoxa russa, Perun foi sincretizado ao profeta
Elias que atravessava os céus em sua carruagem de fogo. Na Roma católica, Perun seria o arcanjo
Miguel. Perun também apareceu em histórias em quadrinhos da
Marvel Comics como parte de um grupo soviético de protetores que ficavam entre o heroísmo patriótico comunista e a vilania capitalista, seguindo a Guerra Fria.