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terça-feira, 24 de julho de 2012

In loco

Pirâmide de Kukulcán em Chichen Itzá
No início deste mês, a cidade do Rio de Janeiro foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, título que a cidade maia de Chichén Itzá possui desde 1988. Localizada na Península de Iucatán, no México, estima-se que ela tenha sido fundada entre 435 e 455 a.C.

Ano passado, por ocasião dos 100 anos de Machu Picchu, estive na belíssima cidade inca que, junto com Chichén Itzá, são duas das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Este ano, com tanto papo sobre a cultura maia por causa das errôneas previsões do fim do mundo, é pra lá que eu vou! Por isso, este blog andou focando bastante na mitologia maia!

Aguardem um pouco que voltarei com histórias e fotos de mais um local mágico! Dêem uma olhada no que tem por aqui sobre o assunto que eu volto já!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Camazotz

Camazotz ("morcego mortal") era o Deus dos morcegos, um vampiro com dentes afiados, asas, garras e nariz de folha. Monstros-morcego (vampiros) eram chamados pelo mesmo nome e enfrentaram os irmãos gêmeos no Xibalba. O deus em si arrancou a cabeça de Hunahpu e a fez de bola para o jogo de pelota.

Também chamado de Cama-Zots e Zotz, pensa-se que seu mito foi inspirado num morcego hematófago (Desmodus rotundus) que vivia no México e na Guatemala, hoje extinto. Era associado à noite e à sacrifícios e vivia na sua caverna no Xibalba, chamada Zotzilaha.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Kinich-Ahau

O deus-sol dos maias era Kinich-Ahau, o Senhor do Olho do Sol. Como tantos outros deuses do sol, de dia tinha uma identidade diferente da noturna. Durante o dia, enquanto viajava pelo céu, Kinich-Ahau podia aparecer tanto na forma jovem quanto na velha, mas em geral era retratado vesgo com um grande nariz aquilino. Alguns diziam que nesse momento, ele seria o avatar diurno de Itzamna, o Pássaro Dourado (Arara) Flamejante, o Dragão Celeste. Era também deus da música e da poesia, relacionando-se com os cervos, os colibris (energia sexual) e as águias (caráter guerreiro).

Mas à noite, em sua viagem noturna pelo mundo subterrâneo, transformava-se no Deus Jaguar, governante maior do Xibalba, símbolo de poder do rei e da fertilidade da terra. Essa transição diária também o colocava como o Criador do Tempo, a Origem do Porvir.

Em seu lado irado, era o patrono das doenças, das guerras e da seca na terra. Sacerdotes vestiam a pele do jaguar e traziam essas qualidades de volta à vida em cerimônias (muitas próximas do Ano Novo) destinadas a curar, a trazer chuvas ou a levar sucesso às caçadas e aos combates.

Possível escultura de Kinich Ahau no Templo das Máscaras em Kohunlich, sítio arqueológico na península de Yucatán.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Será que agora vai, Teseu? Será, Minotauro?

Teseu combatendo o Minotauro,
estátua em mármore de Jean-Étienne Ramey
(Paris,  Jardim das Tulherias, 1826)
Depois do grego Hércules e do celta Cuchulain, teremos mais uma versão de herói mitológico na telona! Dessa vez será Teseu e, sendo assim, devemos conhecer toda a história em torno do famoso Minotauro e seu labirinto. Será que falarão de Dédalo ou farão aquela confusão dos Imortais?

O responsável pelo visual das criaturas mitológicas será o designer de Avatar. Dessa forma, eu espero que cheguem a um Minotauro interessante, porque toda hora tem um diferente... já teve em Percy Jackson, em Fúria de Titãs...

Aguardemos 2014 (ou 2015...).

domingo, 8 de julho de 2012

Ah Puch

Ah Puch, o Descarnado, é um dos soturnos governantes do Xibalba, o inferno maia. Associado àmorte, à noite, à guerra e aos sacrifícios, era o responsável pelo Mitnal, o último nível do submundo, o mais profundo e desagradável. Era também chamado de Kisín (o flatulento), Hun Ahau (morte única), Yum Kimil (senhor morte) e Vucub Camé (sete mortes).

Muito temido pelos maias, dizia-se que Ah Puch escondia-se de modo assutador na casa dos mortos e moribundos, pronto para levar suas almas, como um ceifador. Acreditava-se que a única maneira de escapar de suas atenções era gritando e gemendo de uma forma bem convincente para que o deus acreditasse que o moribundo já estivesse recebendo alguma punição de seus demônios menores. Assim, ele sairia triste por não levar uma alma, porém feliz de saber que a tortura estava sendo realizada.

Muan, era sua coruja-mensageira que levava as más notícias à humanidade. Até hoje persiste a lenda que, quando uma coruja pia, alguém próximo morre. Se você a ouvir, respire fundo e conte até dez. Aliás, Ah Puch é patrono do número dez. Também era visto com cachorros e morcegos.

Normalmente era representado como um esqueleto em estado de putrefação. Seus chapéus são bem variados: ou a cabeça de um jaguar, ou de um boi ou de uma coruja, que podiam ser adornados com olhos humanos. Cascavéis aparecem enroladas em seu corpo ou como cabelos, com seus chocalhos representados como sinos. No Poço de Sacríficios de Chichen Itzá (sagrada cidade maia), foram encontradas inúmeras cascavéis de bronze e de ouro, provavelmente, dos corpos imolados em nome dos deuses.

Ah Puch é a antítese de Itzamna, o complemento das forças da vida que harmonizavam o dinamismo cósmico. É identificado com o Mictlantecuhtli dos astecas, enquanto o Mitnal parece nos trazer uma representação de inferno próximo ao que Dante Alighieri criou na Divina Comédia, com nove círculos, sendo o nono o mais profundo.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Vucub-Caquix e seus filhos

No Popol Vuh - antigo documento quechua -, Vucub-Caquix ("sete araras") era um monstruoso e gigantesco pássaro-demônio que pretendia ser o astro-rei da antiga criação (antes da atual, logo depois do dilúvio). Carregava um falso sol em seu bico, causando infelicidade pelo mundo.*

O demoníaco abutre foi abatido pelos irmãos gêmeos heróis, Xbalanque e Hunahpu, que o atingiram com dardos de zarabatanas. O monstro caiu dos céus em chamas para o Xibalba (inferno maia) e se tornou um deus da morte.

Outra lenda conta que os gêmeos herói se irritaram com a arrogância do deus-demônio e dediriam matá-lo. Para tal, se esconderam sob a árvore favorita dele e o atacaram com suas zarabatanas. Enfurecido, Vucub-Caquix arrancou o braço de Hunahpu e escapou. Os gêmeos, então, convenceram um casal de idosos para posar como curandeiros, oferecendo-se para curar seus olhos e dentes. O velho casal enganou o pássaro, dizendo-lhe que precisaram substituir seus olhos de metal e seus dentes de jóias e turquesas. O abutre concordou, e eles substituíram por grãos de milho. Vucub Caquix perdeu seu poder e morreu rapidamente.


É também chamado de Vucab-Cakix, Vucub-Came e Gucup-Caquix.

Com sua esposa Chimalmat, teve dois filhos tão malignos quanto ele: os gigantes montanhosos Cabrakán, deus dos terremotos, e Zipacná, o empilhador de terra. Ambos também tiveram seu fim pelas armadilhas dos gêmeos. Cabrakán foi enterrado depois de comer galinhas envenenadas e Zipacná foi esmagado por uma montanha enquanto comia um caraguejo preparado pelos heróis.

* Uma curiosidade: acredita-se que esse monstro esteja representado na constelação de Cygnus (Cisne), onde em seu "bico" existe uma estrela misteriosa (X-1) que se tornou uma supernova e, consequentemente, um buraco negro.

domingo, 1 de julho de 2012

Mensagem sobre o fim

Transcrevo aqui parte da matéria da Veja On Line sobre a descoberta de uma escadaria maia com inscrições sobre o último dia de 2012, dia 21 de dezembro:
Uma escadaria com mensagens hieroglíficas de mais de 1.300 anos da civilização maia, com menção ao “último dia”, 21 de dezembro de 2012, foi encontrada no sítio arqueológico de La Corona, na Guatemala.

O texto, escrito em 56 hieróglifos nos degraus de uma escadaria, é considerado a descoberta mais importante das últimas décadas de pesquisas sobre a civilização pré-colombiana. Em maio, arqueólogos já haviam anunciado a descoberta do mais antigo calendário maia, encontrado no mesmo local.

"A mensagem tem caráter mais político do que profético", afirma Marcello Canuto, diretor do Instituto de Pesquisas da América Central da Universidade de Tulane (EUA) e codiretor do Projeto Arqueológico La Corona. De acordo com ele, os maias usaram o calendário para promover a continuidade e a estabilidade dos reinados, mais do que prever o apocalipse. Descrevendo ciclos de poder, estabeleceram que ele fosse se encerrar em 21 de dezembro de 2012.

David Stuart, da Universidade do Texas, que esteve na primeira expedição a La Corona em 1997, identificou a referência a 2012 em um bloco de uma escadaria descoberto recentemente. A mensagem comemorava a visita a La Corona do rei maia mais poderoso da época, em 696 a.C. Yuknoom Yich'aak K'ahk', de Calakmul, esteve na cidade alguns meses depois de ser derrotado em uma batalha pelo seu maior rival, Tikail, no ano 695. Ele visitava aliados para recuperar o apoio e evitar sua queda. Segundo Stuart, a mensagem sobre 2012 tentava retomar a ordem estabelecendo um grande ciclo de poder.
Detalhe de um dos hieróglifos encontrados no sítio arqueológico La Corona, com referências a 2012(Tulane University/Divulgação)

Ou seja, como já havia dito em outras postagens (aqui, aqui e aqui), podemos relaxar e planejar o ano que vem.