segunda-feira, 2 de abril de 2012

Em versos

Sempre que falo de um filme sobre mitologia por aqui, acabo questionando a necessidade de adaptação das mitologia para o cinema. As histórias já são tão interessantes e a tecnologia poderia trazê-las para o século XXI de uma maneira esplendorosa. Mas não o faz... aí... li o livro que falei aqui há uma semana.

A caçada, 2012
A poesia infantil de Favish em A deusa, o herói, o centauro e a justa medida é sensacional. É a adaptação da mitologia ao vocabulário de hoje! O mito de Acteon ganha novas cores e dimensões com uma Ártemis fashion, um Quíron apaixonado e uma cervinha curiosa e teimosa! Li de uma tacada só, imaginando que seria uma bela forma de introdução à mitologia para as crianças...

Será? Apesar do vocabulário atual e brasileiro, no fim do livro pensei: como fazer a geração adolescente de hoje (viciada em videogames, internet e tudo que vai-e-vem-num-clique) "perder seu precioso tempo" com poesia? Com filmes que usam tecnologia de ponta para transformar a mitologia em algo "real", como fazer com que as crianças utilizem suas imaginações a partir de versos?

Não sei. Mas vale a tentativa. Cabe a pais e educadores a função de tentar também. Eu vou tentar. E ficarei aguardando ansiosamente os outros livres dessa bela série de Favish.

domingo, 1 de abril de 2012

Fúria sentida

O título do post puxa pela ambiguidade da palavra "sentida". Tanto pode ser o particípio do verbo "sentir", uma vez que eu vi o filme que tem o slogan "Sinta a fúria", como pode ser um adjetivo que significa "sensível", "lamentoso", "melindrado". Essa foi a sensação após ver Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012). Vamos por partes então... com spoilers a partir daqui:

AO FILME
Sofrido...
No primeiro filme, Perseu (Sam Worthington) é um herói que não sabe que é semideus e, portanto, crê na sua mortalidade. Ele odeia os deuses por terem matado sua família e – com sua rebeldia apresentada em seus cabelos raspados – vai pra cima de qualquer um como se nada mais tivese a perder. Nem mesmo o fato de saber que o grande Zeus é seu pai, muda seu rumo. Tudo isso muda no novo filme... com as madeixas maiores e uma invulnerabilidade inacreditável, Perseu tem um filho que se torna sua motivação, sua sensibilidade exagerada e é responsável por mudar sua relação com seu pai divino.

"Filho, tenho orgulho de você"... "Ó papi"...
Aliás, a relação entre pais, filhos e irmãos é o enredo do filme. Veja o drama: Cronos, o poderoso titã, pai de Zeus, Hades e Poseidon, quer sair de sua prisão no Tártaro e para isso consegue que um ciumento Ares, filho de Zeus (e consequentemente meio-irmão de Perseu), se una ao cheio-de-remorsos-Hades para trair Zeus e Poseidon. Ou seja, espere um monte de "você ama mais ele do que eu", "você é meu irmão e eu te perdôo" e por aí vai... e até rola um sonho premonitório que me deixou com a pulga atrás da orelha: estaria eu lendo Percy Jackson?

Quando saiu o primeiro trailer desse filme, ficamos sabendo que haveria um romance entre Perseu e a Rainha Andrômeda que foi desprezada na primeira película. Eu fiquei me perguntando onde estava Io, mas isso é respondido na primeira cena: morta. Aí fiquei me perguntando porque trocaram a atriz que fazia a rainha. Isso eu não sei... mas não funcionaria a anterior assim como essa não funcionou. Explico: neste filme Andrômeda é uma rainha guerreira, que controla um exército contra monstros do inferno! Alexa Davalos (a primeira rainha) era de uma beleza ímpar, mas "modelo" demais. Rosamund Pike não é tão bonita e convence ainda menos. Em uma cena de comemoração pela vitória, ela dá um grito masculinizado que chega a ser vergonhoso.

As criaturas do filme são bem interessantes. O Pégaso continua lindo, dando vontade de voar nele. A representação do Minotauro como um híbrido entre um homem e um touro (ao invés de um homem com cabeça de touro) ficou bem interessante. Não conhecia os Makhai, mas me fez ficar intrigado sobre esses guerreiros demoníacos. A quimera fez juz ao monstro. Já os ciclopes pareciam ter saído de Harry Potter... Mas sabe qual foi o real problema de todos? A direção do filme! Esses monstros são tão velozes no filme que é quase impossível de entendê-los! Não sei se isso foi para esconder "defeitos especiais" ou para aumentar a tensão de enfrentar essas criaturas mitológicas. Mas ficou ruim! O Minotauro só tem um close... quando morre! Nem aparece o corpo do bicho! Os Makhai giram tanto que só depois de algum tempo você consegue ver que são dois em um só corpo! A quimera talvez tenha sido a mais explorada, no entanto, também ficou para os seus últimos momentos.

Pégaso encarando Cronos
Makhai
Minotauro

Apesar disso tudo, Liam Neeson faz a gente torcer pelos deuses: ele fez de Zeus um protagonista e não somente um coadjuvante de luxo (como o Poseidon de Danny Huston). Junto ao Hades de Ralph Finnes, ganhamos ótimas cenas de drama (ambos discutindo a relação fraterna) e ação (ver Zeus e Hades juntando forças contra Cronos valeu meu ingresso!).

Cena para os fãs de mitologia: Zeus e Hades indo encarar seu pai Cronos

Apesar de não ser fã de filmes 3D, esse talvez tenha sido o primeiro filme que me fez desviar de algo que estava vindo na minha direção. O primeiro filme tinha sido convertido para 3D e ficou péssimo, mas esse foi pensado a partir dessa tecnologia e teve excelentes resultados. As cenas do Tártaro, do labirinto e de Cronos são a prova disso. Mesmo preferindo filmes 2D, acho que esse valeu a pena ter sido visto com os malditos óculos.

À MITOLOGIA
Vou colocar aqui em itens:
  • Esse filme usa a Titanomaquia como norte. Cronos que se libertar do Tártaro, prisão imposta por seus filhos Zeus, Hades e Poseidon após a batalha com os Titãs. No filme, eles usam a Lança Trium, que seria a junção das poderosas armas divinas: o Raio de Zeus, o Tridente de Poseidon e o Garfo de Hades. Na mitologia não existe essa arma.
  • Tártaro não é exatamente uma prisão... mas é o lugar mais profundo do reino de Hades. Portanto, não teria como Hefesto ter construído o lugar. Falando em Hefesto... coitado do deus... ele já é coxo e "corno" na mitologia. No filme, virou um louco que nem todo mundo conhece. Podiam ter aproveitado mais uma briga entre ele e Ares, já que foi o deus da guerra que o traiu com sua esposa Afrodite.
  • Pobre Hefesto...
  • E Hefesto não era arquiteto era ferreiro! Então, nada de ter construído o labirinto também! O lugar foi construído por Dédalo para o Rei Minos em Creta. Não tem nenhuma ligação entre Tártaro e labirinto (mas ficou legal no filme).
  • Falando em labirinto, claro que teria um Minotauro. Como disse acima, uma das representação mais interessantes que já vi. Mas... que história é essa de imitar vozes e mudar de forma? Aliás, quem confrontou e matou o monstro foi Teseu e não Perseu.
  • Quando Hefesto é jogado ainda bebê do Olimpo por sua mãe Hera, ninfas o salvam e ele passa a morar numa ilha vulcânica (ou sob o Monte Etna) onde constrói sua forja e se torna o deus do fogo e do ferro. No filme, essa ilha se chama Kail, que fica no Havaí, ou seja, impossível não?
  • Antes de conhecer Hefesto, os heróis enfrentam ciclopes. Os gigantes cessam o ataque ao ver o tridente de Poseidon. Gostei disso porque os ciclopes realmente tinham ligações com os dois deuses: Poseidon é pai de alguns ciclopes e Hefesto utilizava a mão-de-obra deles em suas forjas.
  • E somos apresentados a um novo semideus, Agenor, filho de Poseidon. Tipo... quem? Ladrão e alívio cômico do filme, esse personagem não possui referências divinas na mitologia grega. Aparece apenas como um rei, pai de Europa.
Agenor quem?

CONCLUSÃO
Peguei pesado nas críticas. Talvez pela óbvia expectativa que eu tinha. Fico com os mesmos questionamentos que tive ao ver Imortais (Immortals, 2011): pra quê inventar tanto com a mitologia se ela por si só já é tão maravilhosa? Mas ainda acho válida a tentativa... por exemplo, alguns rapazes conversavam na saída do filme que gostaram mais do Imortais. Mesmo tendo achado-o confuso, fiquei pensando que pelo menos a mitologia estava virando assunto de interesse de uma nova geração.

Portanto, peguem suas pipocas e seus óculos 3D e mergulhem num mundo de fantasia-quase-mitológica sem esperar muito. Desviem das pedras, da lava e do chororô de Perseu.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sinta a fúria!

Uma década depois de heroicamente derrotar o monstruoso Kraken, o semideus Perseu (Sam Worthington) está tentando viver uma vida tranquila como pescador em uma aldeia e como pai solteiro de seu filho de 10 anos, Helius.

Enquanto isso, uma batalha entre deuses e Titãs pela supremacia tem início. Perigosamente enfraquecidos pela falta de devoção da humanidade, os deuses estão perdendo o controle dos Titãs encarcerados e de seu feroz líder, Cronos, pai dos irmãos Zeus (Liam Neeson), Hades (Ralph Fiennes) e Poseidon (Danny Huston). O triunvirato havia derrotado seu poderoso pai há muito tempo atrás, deixando-o apodrecer no sombrio abismo do Tártaro, uma masmorra que fica nas profundezas do cavernoso submundo.

Hades, junto com o filho divino de Zeus, Ares (Edgar Ramirez), quebra sua lealdade e faz um acordo com Cronos para capturar Zeus. A força dos Titãs aumenta ainda mais quando os poderes divinos restantes de Zeus são desviados e o inferno é desencadeado na terra. Ajudado pela rainha guerreira Andrômeda (Rosamund Pike), pelo filho semideus de Poseidon, Agenor (Toby Kebbell), e pelo deus caído Hefesto (Bill Nighy), Perseu bravamente embarca em uma perigosa busca no submundo para salvar Zeus, derrotar os Titãs e salvar a humanidade.

Com direção de Jonathan Liebesman, essa é a história de Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, 2012), que estréia neste fim de semana. Nos trailers e clipes vemos inúmeras criaturas mitológicas, que agora já foram identificadas: além do Ciclope e do Minotauro, temos o titã Cronos (o gigantesco monstro de lava), vários Makhai (o guerreiro de dois corpos) e a Quimera (o tal cachorro de duas cabeças que achei que fosse o Cérbero).


Expectativa 1000!

segunda-feira, 26 de março de 2012

A deusa, o herói, o centauro e a justa medida

No último sábado, aconteceu o lançamento do livro A deusa, o herói, o centauro e a justa medida, escrito e ilustrado por Favish. O autor criou poemas narrativos inspirados livremente na mitologia grega com vocabulário atual - e bem brasileiro! Ainda não li a obra (assim que o fizer, comento por aqui), mas sei que Acteon, Ártemis e Quíron são importantes.

Estive presente no evento e adquiri um exemplar autografado! Em rápida conversa com o autor carioca, fiquei sabendo que a proposta é fazer outros volumes da série Mil e Um Mitos com outras mitologias. Não só fiquei feliz com a notícia como coloquei o blog à disposição!

Série Schizo, de Ofra Amit
Quem quiser um exemplar, entre em contato com a Livre Galeria, responsável pela publicação. Aliás, o lançamento ocorreu durante a 1ª MACLI - Mostra de Arte Contemporânea em Literatura Infantil, organizada pela galeria. Com obras do próprio Favish (que estão no livro), Fernando Vilela (SP), Ofra Amit (Israel), Juliana Bollini (Argentina) e John Parra (EUA), a mostra fica até 26 de maio.

domingo, 25 de março de 2012

Barrados na mitologia

Estava eu pesquisando o ótimo site IMDB (Internet Movie Database, tudo o que você quiser sobre a carreira de algum ator/atriz, filme ou série de TV) e de repente descobri que, em 2009, a rede BBC fez uma minissérie super curta de 6 episódios sobre mitologia grega chamado Myths.

Qual é a novidade? É que fizeram um tipo meio Barrados no Baile, jovens do século XXI são os personagens clássicos da mitologia com direito a Zeus, Hera, Atena, Hades, Dédalo, Eurídice, Orfeu e por aí vai. Os episódios são:
  1. Páris e as Deusas
  2. O Chamado das Sereias
  3. A Queda de Ícaro
  4. O Olho do Ciclope
  5. O Amor de Narciso
  6. Fuga do Submundo
Dá pra ver on line, mas pela quantidade de episódios e pela divulgação quase nula, é fácil imaginar o resultado, não? Mesmo assim, é mais uma interessante forma de abordar esse vastíssimo assunto. Aliás... bons roteiristas poderiam transformar a mitologia grega numa série tensa! Com várias e várias temporadas!!!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Sobre a felicidade

Epicuro de Samos (341-270 a.C.) foi um filósofo ateniense do período helenístico. Reformulou alguns pontos da filosofia atomista e a ensinou em seu Jardim, um local onde acampava com seus amigos e discípulos, dividindo conhecimento e os poucos bens numa vida ascética e serena.

Para resumir: seu maior objetivo era encontrar a felicidade. A caminho dela estariam as dores e os prazeres. Mesmo sendo difícil de evitar as dores físicas, Epicuro frisava que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma, pois podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. Associou as dores da alma às frustrações, em geral, oriunda de um desejo não satisfeito.

Epicuro também se afastava das religiões que transformavam os deuses em seres instáveis com paixões humanas. Esses precisavam ser temidos. Segundo ele, os deuses viviam em perfeita harmonia, desfrutando da felicidade divina e não se preocupariam tanto em atormentar o homem de qualquer forma. Eles, portanto, deveriam ser tomados somente como modelos de bem-aventurança. Desta forma, procurou tranquilizar as pessoas dizendo que não havia por que temer os deuses nem em vida e nem após a ela. Como não estaríamos mais de posse de nossos sentidos depois de mortos, seria impossível sentir alguma coisa, como o medo. Logo, seria nosso dever maximizar nossa felicidade antes de morrermos.

Em Carta sobre a Felicidade (a Meneceu), o filósofo escreveu sobre isso. Leia um pequeno trecho do fim:
[...] Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do destino dos naturalistas; o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.

Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mau.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais. 
  Meditemos, então, para encontrarmos a nossa felicidade.

sábado, 17 de março de 2012

Dia de São Patrício

Importantes figuras históricas são freqüentemente escondidas pelos mitos e lendas atribuídos a eles durante os séculos, e São Patrício não é uma exceção. Acredita-se que ele tenha nascido no final do século IV, mas é confundido com Palladius, que foi enviado em 431 pelo Papa Celestino para ser o primeiro bispo dos católicos irlandeses (sem sucesso, acabou na Escócia). O que se sabe sobre São Patrício vem de seus escritos autobiográficos.

Magnonius Sucatus Patricius nasceu em uma família rica da Bretanha romana. Seu pai e avô foram diáconos na Igreja. Aos dezesseis anos, teria sido raptado por piratas irlandeses e levado para a Irlanda como escravo. De acordo com sua confissão, seis anos depois de pastoreio escravo, Deus lhe disse, em sonhos, para fugir de seu cativeiro para o litoral, onde ele iria embarcar em um navio e retornar a Bretanha para se tornar padre. Já como bispo, alegou ter recebido em 432 um chamado para regressar e evangelizar a Irlanda.

Numa Páscoa, Patrício teria acendido uma fogueira para seus seguidores. No entanto, nesta época do ano, era costume apagar todas as chamas para que, em um ritual pagão, uma nova luz fosse acendida trazendo bons presságios. Os druidas exigiram que o rei celta Laoghaire apagasse aquela chama. Patrício foi convocado para se explicar, mas seus seguidores o acompanharam entoando a Lorica, um hino que passou a ser chamado de "Couraça de São Patrício". O fervor dos seguidores teria impressionado o rei celta que aceitou ouvir os ensinamentos do bispo. Alguns escritos celtas dizem que Patrício chegou a vencer os druidas em um concurso de magia.

Um mito cristão diz que Patrício foi perseguido durante os quarenta dias da Quaresma por uma nuvem de demônios em forma de corvos negros que escureciam o céu. Orando e balançando um sino para dispersar os agressores, ele teria recebido a ajuda de um anjo que afastou os demônios e disse que o povo irlandês cristão havia sido abençoado.

Depois de quase trinta anos de evangelização, Patrício faleceu no dia 17 de março de 461 e foi enterrado em Downpatrick. O Livro de Armagh (manuscrito do século IX também chamado de Canon of Patrick) diz que ele morreu com 120 anos, em 493. Seu maxilar foi preservado num santuário de prata e sempre é pedido em casos de epilepsia, nascimentos e como proteção contra "mau olhado".

Apesar do êxito de várias missões à Irlanda empregadas por Roma, Patrício perdurou como o missionário fundador da Igreja Católica na Irlanda. Dizia-se que ele teria "tirado as cobras da ilha": após jejuar por 40 dias, foi atacado por serpentes mas as baniu com uma forte reza. Por essa razão, em algumas gravuras do santo, ele aparece esmagando esses animais com seu cajado. Mas sabe-se hoje que nunca existiram cobras no local. Portanto, é possível que essa expressão venha do símbolo representado pela serpente nos rituais pagãos celtas. Considera-se Patrício aquele que converteu chefes guerreiros e druidas ao cristianismo, batizando-os nas Holy Wells.

E O VERDE?
A Irlanda é também chamada de "Ilha Verde" por causa da exuberância de suas árvores na primavera. Dizem que São Patrício usou um trevo (três folhas unidas por um único caule) para explicar a Santíssima Trindade aos pagãos celtas. Com isso, fitas verdes e trevos eram usados nas celebrações a partir do século XVII. Na rebelião irlandesa de 1798, soldados irlandeses vestiram uniformes verdes no dia 17 de março na esperança de chamar a atenção pública à rebelião e propagar seus ideais políticos.

DIA DO SANTO E DO PORRE
17 de março se tornou Dia de São Patrício (Saint Patrick's Day), quando os países que falam a língua inglesa celebram o padroeiro da Irlanda Cristã, vestindo-se de trajes verdes, saindo às ruas em passeatas festivas com muita bebida. A bebedeira intensa se deve à liberação ao álcool da Igreja Católica da Irlanda no período da quaresma. Como muitos jejuavam, o porre era certo!

Tornou-se feriado público no ano de 1903. Com o passar do tempo, as conotações religiosas da comemoração do dia foram ficando cada vez mais distantes, e a data passou a ser uma celebração da amizade e da cultura irlandesa... com muita cerveja!

Como no Brasil, tudo é motivo pra festa... Feliz Dia de São Patrício!

PS.: A cerveja verde que se vê nessa época não tem muito mistério... é só usar anilina comestível azul e você beberá um chopp verde em homenagem ao santo!

terça-feira, 13 de março de 2012

Rusalka

As rusalkas (em russo, o plural é rusalki) são perigosas entidades femininas da água no folclore russo, geralmente consideradas espíritos de jovens mulheres que morreram afogadas ou de outra forma violenta. Mas o destino de uma rusalka pode ser desfeito caso sua morte seja vingada. Essa seria a única forma de libertar o espírito. Também é dito que crianças não-batizadas podiam se tornar rusalkas e só o batismo do espírito as salvariam.

No norte da Rússia, têm a aparência de mulheres nuas cadavéricas, com cabelos escuros como musgo e olhos que brilham com um maligno fogo verde. Ficam na água ou perto dela, à espreita de viajantes descuidados. Arrastam as vítimas para a água, onde as aterrorizam e torturam antes de matá-las. Viajantes espargem algumas folhas de losna (ou absinto) em qualquer coisa que uma rusalka possa querer roubar ou destruir.

Já no sul, aparecem como belas jovens pálidas e loiras em roupas leves com olhos sem pupila. Atraem suas vítimas cantando docemente nas margens dos rios, enquanto trançam seus longos cabelos. Quando a vítima entra n'água para encontrá-la, a rusalka a afoga com uma risada estridente e fatal. É possível que seja a origem do mito da sereia, mas se mistura aos mitos das ninfas gregas e da Banshee celta.

Para sair da água, as rusalkas precisam de um pente, com o qual podem conjurar água quando quiserem para manter o corpo molhado. Alguns dizem que sem o pente, elas secariam e morreriam.

Durante os meses de inverno, as rusalkas vivem no fundo da água, sob o gelo. No verão, principalmente na chamada Rusal'naia (Semana das Rusalkas, no início de junho), podem deixar a água sem seus pentes, tornando-se um grande perigo. Elas trepam aos galhos que pendem sobre a água e à noite, quando o luar ilumina a floresta, descem das árvores e dançam nas clareiras onde a grama cresce mais espessa e o trigo é mais abundante.

Na quinta-feira Rusal'naia, chamada velykden, as pessoas costumam trabalhar para não atormentar as rusalkas que vivem perto das casas que ficam próximas a lagos e rios. Se os espíritos ficam com raiva de alguma pessoa, podem arruinar as colheitas com chuvas torrenciais, rasgar redes de pesca, destruir represas e moinhos d'água e roubar roupas, linho e fios das mulheres humanas (como os vodyanoi). Neste mesmo dia da semana, jovens mulheres fazem grinaldas com losna e alho para as rusalkas dizerem se elas conseguirão casar com homens ricos. Se conseguirem alguma resposta, não devem nadar até o fim do verão, ou serão afogadas e se tornaram uma rusalka.

Até os anos 1930, o enterro ou banimento ritual das rusalkas no final da Rusal'naia permaneceu como um entretenimento comum.

Existe uma ópera tcheca chamada Rusalka que lembra muito a história da Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen.

* A palavra rusalka referia-se originalmente às danças de roda das jovens na festa de Pentecostes (mais conhecida, no Brasil, como festa do Divino Espírito Santo).

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ciclos harmônicos

As treze ondas harmônicas da história (clique para aumentar)

Gostei desse infográfico acima que mostra os 13 ciclos da história do mundo a partir do calendário maia. Este ano de 2012 é o 13 baktun (medida de anos),que seria o Ciclo de Transformação da Matéria. E se dermos conta do avanço da ciência nos anos que fazem parte deste ciclo, não temos dúvida que realmente transformamos e manipulamos a matéria até seu nível atômico.

Agora é esperar o próximo ciclo e a nova era... o que virá por aí?

sábado, 3 de março de 2012

Heróis na telona


E o filme de Hércules - baseado em uma HQ - está se encaminhando. Parece que Dwayne "The Rock" Johnson (aquele do Escorpião-Rei, Velozes e Furiosos 5 e por aí vai) está quase fechando contrato com a MGM para viver o herói grego. Como os quadrinhos possuem dois arcos de histórias (The Thracian Wars e The Knives of Kush) escritos por Steve Moore é possível que - se o filme der certo - já tenhamos uma sequência planejada. Temos até uma sinopse um pouco mais elaborada, porém ainda não definitiva:
Há mil e quatrocentos anos atrás, caminha pela Terra um atormentado Hércules, o poderoso filho de Zeus, que apenas recebeu sofrimento durante toda a sua vida. Após doze árduos trabalhos, e a perda da sua família, o semideus decide procurar conforto em batalhas sangrentas. Ao longo dos anos, Hércules ganhou a companhia de seis almas similares cujos únicos laços são o amor pelo combate e a presença da morte. Estes homens e mulheres nunca questionam quando ou quem vão combater, apenas como são pagos. Ao saber disto, Cotys, Rei da Trácia, decide contratar os mercenários para treinarem o maior exército de todos os tempos. Quando o exército começa a intervir sobre homens, mulheres e crianças inocentes, Hércules começa a questionar as motivações do Rei e decide impedi-lo.

Mas não é somente a Grécia que terá seus heróis na telona. O lendário guerreiro celta Cuchulain também vai se arriscar no cinema. Michael Fassbender (o Magneto de X-Men - First Class) produzirá e protagonizará os feitos do herói dotado de força sobre-humana por sua ascendência semidivina e conhecido, entre outros feitos, por ter resistido ao vasto exército enviado pela Rainha Mebh para roubar o premiado touro branco de seu tio Conchobar, rei de Ulaid.

A história deve ser baseada no Ciclo de Ulster, conjunto de prosa e verso do século 8 que trata dos tradicionais heróis da região de Ulaid. É um dos quatro ciclos principais da mitologia celta, ao lado do Ciclo Mitológico, Ciclo de Fenian e o Ciclo Histórico.

Ambos devem ser para 2014. E lá vamos nós!