sábado, 26 de abril de 2014

Reza


Deus me proteja da sua inveja / Deus me defenda da sua macumba / Deus me salve da sua praga / Deus me ajude da sua raiva / Deus me imunize do seu veneno / Deus me poupe do seu fim (2x)
Deus me proteja da sua inveja / Deus me defenda da sua macumba / Deus me salve da sua praga / Deus me ajude da sua raiva / Deus me imunize do seu veneno / Deus me poupe do seu fim
Deus me acompanhe / Deus me ampare / Deus me levante / Deus me dê força / Deus me perdoe por querer / Que Deus me livre e guarde de você (2x)
Deus me perdoe por querer / Que Deus me livre e guarde de você...
Mantra diário...

sábado, 19 de abril de 2014

Dia do Índio

Índia Kayapó
Não podemos esquecer desse dia que comemora àqueles que são a essência do nosso país: os Índios Brasileiros.
Mas primeiro... vamos entender uma coisa: ÍNDIO É UMA PALAVRA ERRADA! Explicando: quando Cristóvão Colombo chegou ao continente americano, achou que tinha chegado às Índias e, assim, denominou todos os povos nativos como "índios". Entenda: os nativos do Brasil não se chamavam de "índios", muito menos os nativos das planícies norte-americanas. Esse termo eurocêntrico está caindo em desuso nas últimas décadas. O correto seria chamar de povos autóctones ou povos nativos, porém, os termos "índio" e "indígenas" já estão enraizados em todos os idiomas.

Em abril de 1940, os principais líderes autóctones do continente americano se reuniram para o 1º Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. O objetivo era discutir ações que zelassem pelos direitos dos povos nativos. Porém, muitos líderes boicotaram os primeiros dias do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Depois de algumas reuniões, eles decidiram que o Congresso representava um importante momento histórico, e resolveram participar, criando assim o Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos povos nativos em toda a América.

O Congresso também aprovou uma recomendação de delegados "indígenas" do Panamá, Chile, Estados Unidos e México, que pedia a adoção do Dia do Índio pelos governos de todos os países americanos. O dia proposto foi 19 de abril, data em que acabou sendo realizada a reunião. O Brasil não adotou a data comemorativa imediatamente: somente em 2 de junho de 1943, após intervenção do Marechal Rondon, o então presidente Getúlio Vargas, por meio do decreto-lei 5.540, instituiu a data, cumprindo a proposta do Congresso. Desde então, nosso país celebra a data com atividades educacionais e divulgação sobre o povo nativo brasileiro. Escolas e instituições culturais promovem ações e palestras para lembrar a importância desses povos para a formação da cultura brasileira e preservar as tradições e a identidade dos "índios".

No entanto, a data não colou pelo mundo. Somente Argentina e Costa Rica adotaram. Em 1994, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado todo 9 de agosto. Em 2019, a organização comemora o Ano Internacional das Línguas Indígenas.

Aproveitem para conhecer o Museu do Índio no Rio de Janeiro e para dar uma passeada aqui no blog para saber mais sobre nossa cultura na lupa de Mitologia Brasileira (aí do lado) ou vá direto em alguns verbetes dedicados à mitologia "indígena" brasileira, como o protetor Anhangá, as lendas do Guaraná, nossa sereia Iara e a lua Jaci. Você também pode conhecer mais sobre o famoso ritual Quarup, entre outros.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Já que estamos na Páscoa...

Vamos relembrar o que já falei por aqui sobre o assunto:
  • Você sabe da onde veio essa história de Ovo de Páscoa? DAQUI!
  • E você sabia que isso tem a ver com uma deusa babilônica? Não? VEJA SÓ!
  • Até mesmo nossos índios brasileiros fazem um ritual famoso com algumas semelhanças, sabia?
  • Sem contar o Carnaval, que tem tudo a ver com a Páscoa... certo?
  • E o que um Coelho tem a ver com isso tudo afinal??? Leia AQUI.
  • O Coelhinho da Páscoa já virou guerreiro protetor das crianças em uma animação. Se não sabia, clique AQUI.
  • Mas você sabe o que é mais importante na Páscoa, né? CHOCOLATE!!!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Lua de Sangue

Lua Azul... Super Lua... e agora Lua Vermelha? Isso mesmo! O fenômeno conhecido como Lua de Sangue é originário de um eclipse total da Lua com coloração avermelhada. Ele é o primeiro de quatro eclipses totais que vão acontecer em sequência – conhecido como Tétrade – e que terão seu ciclo encerrado em 28 de setembro de 2015 (ou outros eclipses serão em 8 de outubro de 2014 e 4 de abril de 2015).

Esse fenômeno esteve ligado a diversos tipos de crenças ao longo da história. Na Bolívia, por exemplo, acreditava-se que cachorros corriam atrás do Sol e da Lua e mordiam-nos: era o sangue da Lua que a deixava avermelhada. A população gritava e gemia para espantar os cães.

Em um versículo bíblico do profeta Joel do Antigo Testamento diz que “o Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor”. Em Apocalipse (6:12-14) temos o seguinte:
Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo e sobreveio um grande terremoto. O Sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda como sangue, as estrelas do céu caíram pela terra como a figueira quando abalada pelo vento forte, deixa cair seus figos verdes. O céu recolheu-se como um pergaminho, quando se enrola. Então todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar.
Só neste século serão oito tétrades! Dia 14 de abril de 2014 foi apenas o início da segunda tétrade do século! A primeira foi no biênio 2003-2004 e a próxima será em 2032-2033. Porém, para os judeus, essa tétrade é a mais importante pois os eclipses – tanto em 2014 quanto em 2015 – se alinham perfeitamente com o Pessach (Páscoa) e o Sucot (Festa dos Tabernáculos).

Do ponto de vista científico, a Lua de Sangue é um fenômeno perfeitamente explicado e previsível: a cor avermelhada ocorre porque os raios de Sol que iluminam a Lua nesta ocasião são filtrados pela atmosfera da Terra e chegam a ele com menos luz azul e com tons mais vermelhos.


Para completar, acima e ao lado direito, foi possível ver Marte (o planeta vermelho) e a brilhante estrela Espiga (a estrela mais brilhante da Constelação de Virgem).

domingo, 30 de março de 2014

Samba do grego doido 2 - A missão

O 2 do título dessa postagem vem daqui por causa desse meu último comentário:
É uma liberdade poética tão grande que fiquei me perguntando: por que não usar os mitos corretamente - que já são deveras interessantes e cheios de reviravoltas - ao invés dessas adaptações livres e sem sentido?
Pois é... nem tenho muito o que dizer de Hércules (The legend of Hercules, 2014), uma mistura de Sansão (10%), o próprio herói grego (20%) e Maximus, o Gladiador de Russell Crowe (Gladiator, 2000). Aliás... depois dos discursos motivadores pré-combates de Coração Valente (Braveheart, 1995), TODO FILME TEM QUE TER? Muitas vezes são desnecessários, maçantes e previsíveis!


Bom... o filme coloca Hércules contra seu pai Anfitrião, um déspota violento (veja a incoerência do nome do vilão com o significado do nome!). O semideus se apaixona pela jovem Hebe de outra cidade (e não a deusa) que Anfitrião quer conquistar. Para evitar mais guerra, a jovem é dada em casamento para o irmão de Hércules, o jovem inseguro e mau caráter chamado Íficles. Só que é preciso tirar o herói de cena: em uma emboscada, ele acaba vendido como escravo de lutas em arenas! Oi?

Já falei até demais do filme. Mitologicamente é péssimo! Como filme é péssimo! Perde momentos e insere boçalidades, como, por exemplo, guerreiros egípcios com armaduras de Anúbis ou um chicote de relâmpagos abençoado por Zeus! Tive vergonha do Leão da Neméia que apareceu e da falta de uso de sua pele. Vem um novo filme sobre o herói que tem alguns dos trabalhos no trailer. Espero realmente que seja melhor e que acabe abrindo os olhos de Hollywood para a beleza e a força da mitologia em si.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Centauro

Na mitologia grega, o centauro é uma criatura com cabeça, braços e dorso de um ser humano e com corpo e pernas de cavalo. Às vezes, têm também as orelhas compridas e pontudas e os narizes chatos característicos dos sátiros.


De acordo com o imaginário mítico dos gregos antigos, a parte inferior dos centauros (cavalo) era a responsável pela força física, brutalidade e impulsos sexuais. Já a parte humana era mais racional, com capacidade de analisar e refletir. Portanto, eram seres que representavam conflitos típicos dos seres humanos: razão, emoção e violência. Frequentemente eram descritos como bebedores contumazes e indisciplinados, delinqüentes sem cultura e propensos à violência quando bêbados. Alguns eram vistos em companhia de Dioniso.

A origem dessa criatura mítica é cercada de ramificações, porém a maioria coloca o criminoso Íxion como ancestral. Pode se fazer referência a eles poeticamente como Ixiônidas. Conta-se que Íxion tentou cortejar a deusa Hera. Zeus criou uma nuvem (Nefele, em grego) com o formato da deusa, conferiu-lhe a existência e se distraiu vendo seu rival desonrar a falsa Hera. Dessa relação foi concebido Kentauros, que depois daria origem a uma descendência a partir do cruzamentos com éguas.

Destes seres, apenas os centauros Quíron e Folo fogem ao estereótipo colérico de seus semelhantes. O primeiro foi fruto da união entre o titã Cronos e a náiade Filira; e o segundo provinha do relacionamento entre Sileno e a ninfa Melos. Portanto, nenhum dos dois era descendente de Íxion, resguardando-se assim de sua truculência.

Cena da batalha entre os Lápitas e os centauros
esculpida no friso do Parthenon, Atenas (Grécia).
Os centauros são muito conhecidos pela luta que tiveram com os Lápitas, provocada pelo intento ébrio do centauro Euration de raptar e violentar a princesa Hipodâmia no dia da sua boda com o Rei Pirítoo. O herói Teseu, que estava presente, ajudou o rei a equilibrar o combate. Os centauros foram expulsos, então, das florestas da Tessália onde moravam e foram habitar o Épiro. Essa história - conhecida por centauromaquia - é uma metáfora do conflito entre os baixos instintos e o comportamento civilizado na humanidade.

Diz-se que o herói Hércules é o responsável pelo extermínio de toda a raça, até mesmo seu mestre Quíron e seu grande amigo Folo. Foi numa visita a Folo que tudo aconteceu. Ao receber a visita do herói, o centauro decidiu abrir uma garrafa de vinho para comemorar. Outros centauros, atraídos pelo aroma da bebida, invadiram a casa onde eles se encontravam e foram alvejados pelo guerreiro que, em sua ânsia de vencê-los, acertou acidentalmente Folo. Quíron também sofreu um ferimento incurável e sacrificou sua imortalidade pela humanidade.

Por ironia do destino (ou divina), Hércules foi morto por uma armadilha de Nesso, o último centauro. Algumas tradições culturais que contam a ascensão do herói ao Olimpo e de seu casamento com a deusa Hebe, dizem que essa união foi uma tentativa de Hera fazer as pazes com o herói e sua filha, que também é dita como mãe dos centauros com Apolo.

Hércules e Nesso, estátua em mármore de Giambologna (1599), Florença

A mitologia também menciona uma tribo de centauros com chifres de touro, nativa da ilha de Chipre. Haviam nascido de Gaia, quando ela foi acidentalmente engravidada por Zeus em sua tentativa fracassada de seduzir Afrodite quando ela acabava de emergir do mar. Os centauros cipriotas eram, provavelmente, espíritos da fertilidade locais, do cortejo de Afrodite, ou sacerdotes da deusa que usavam chifres de boi (cerastas).

Em grego, a palavra centauro significa "picador de touros" e pode ter sua origem nos vaqueiros da Tessália que andavam sempre a cavalo organizando as boiadas. Isto teria intrigado os viajantes que passavam pela região e acreditavam que os homens montados em seus cavalos e pareciam ser um só ser. Em tempos recentes, os centauros propriamente ditos, com corpo de cavalo, são chamados de hipocentauros para distingui-los de seres com corpo de asno (onocentauros), de pégaso (pterocentauros), de boi (bucentauros), de leão (leontocentauros) ou de cavalo marinho (ictiocentauros) citados por bestiários medievais e outros seres centauróides inventados pela literatura de fantasia.

Centáurides coroam Afrodite, mosaico romano.
Ainda que não apareçam nos mitos mais antigos, as centáurides (centauros fêmeas) são também mencionadas na arte e literatura da Antiguidade. Ovídio conta a história de uma centáuride chamada Hilônome que se suicida quando seu amante Cilaro é morto na guerra contra os lápitas.

O décimo signo do zodíaco é Sagitário, representado por um centauro arqueiro. São duas as possibilidades de lenda:

  • Por seus serviços e sacrifício, Quíron teria sido alçado às estrelas como a constelação de Sagitário.
  • Crotos era filho de Eufeme, a babá das musas no Monte Hélicon. Diz-se que inventou o arco e foi o primeiro a usar flechas para a caça. Sempre impressionado com o talento das musas, Crotos não sabia expressar seu contentamento com palavras após as apresentações das deusas e batia uma palma da mão na outra. Por essa razão, é chamado de inventor do aplauso. Após sua morte, as musas pediram que Zeus o colocasse entre as estrelas e ele se tornou Sagitário (corpo de cavalo e arco por ser um exímio caçador e cavaleiro). Alguns representam Sagitário com um rabo curto de bode, porque algumas genealogias colocam Crotos como filho da musa Euterpe com o deus .

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Unicórnio


O unicórnio ("um chifre" em latim) é um cavalo forte, veloz e pode apresentar um temperamento hostil. Sua característica particular é um único chifre espiralado no meio da testa de aproximadamente 45 cm. Em algumas espécies esse chifre é branco na base, preto no meio e vermelho-vivo na ponta. Alguns unicórnios podiam emitir ruídos graves. Algumas lendas ainda descrevem o animal com cavanhaque de bode, pernas de corça e rabo de leão.

Gravura do século XVII.
No chifre reside toda história e pensamentos do unicórnio. Várias lendas dizem que seu chifre possui incríveis poderes mágicos. Um cálice feito a partir dele propiciaria proteção para qualquer um que bebesse nele, além de prevenir contra convulsões, epilepsias e agir contra venenos. Em horas de perigo ou de concentração prolongada o chifre pode apresentar brilho ou esplendor suave. Para a proteção do unicórnio, não podemos ver seu chifre e, por isso, é confundido com um simples cavalo.

Quando adulto, o unicórnio apresentava pelagem branca, mas dourado em sua fase de potro, e prateado durante a adolescência. Alguns podiam apresentar a pelagem da cabeça ou só a crina com coloração vermelha escura. Seus alimentos favoritos eram frutas, grãos maduros, água corrente e folhas tenras de árvores.

O unicórnio representa a força, o poder e a pureza. Ama tudo o que é puro e por esse motivo se conta que quando um unicórnio encontra uma donzela, ele deita-se sobre o colo dela e adormece. Tornou-se símbolo recorrente da virgindade, principalmente, nas artes medievais e cristãs.

A virgem e o unicórnio, afresco de Domenico (1605)

O unicórnio capturado, tapeçaria do séc. XV.
A origem do tema do unicórnio (ou licórnio) é incerta e se perde nos tempos: está presente nos pavilhões de imperadores chineses e na narrativa da vida de Confúcio; faz parte do grande número animais fantásticos conhecidos e compilados na era de Alexandre e nas bibliotecas e obras helenísticas; e foi descrito pelo médico grego Ctésias, em 400 a.C., como sendo um animal nativo de terras indianas.

É bem possível que o mamífero pré-histórico chamada Elasmotério (ancestral do rinoceronte) seja a inspiração. Um ancestral asiático do antílope (oryx) também pode ser a referência. Estudiosos creem que o dente do narval era vendido por antigos mercadores nórdicos como chifre de um animal fantástico como o unicórnio.

Elasmotério em pintura de Heinrich Harder
É frequentemente utilizado em livros e filmes de fantasia (Harry Potter, por exemplo) e acaba ganhando diversos atributos que diferem dos relatos originais. A Constelação de Monoceros é atribuída ao unicórnio.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Pégaso


Perseu no Pégaso para o resgate de Andrômeda,
óleo de Frederick Leighton (1895)
Pégaso é o cavalo mais conhecido das mitologias. Sua mitologia esta conectada ao mito de Perseu e seu combate com a Medusa, pois teria nascido assim que a górgona foi decapitada pelo herói. Alguns dizem que Medusa estava grávida do estupro de Poseidon* e Pégaso saiu do pescoço sem cabeça. No entanto, faz mais sentido mitológico, aqueles que descrevem o sangue da górgona caindo no mar e dessa mistura nascer o cavalo alado de pelagem branca como a espuma do oceano. Quem saiu do corpo decapitado de Medusa foi Crisaor - portanto, irmão de Pégaso.

Belerofonte montado em Pégaso enfrenta a Quimera,
óleo de Peter Paul Rubens (1635).
Belerofonte é outro herói atado à mitologia de Pégaso. Para destruir a Quimera, Belerofonte precisava montar o cavalo alado e só o fez com ajuda de uma rédea de ouro dada pela deusa Atena. Após derrotar o monstro, tentou cavalgar até o Monte Olimpo, mas Zeus enviou uma vespa para picar Pégaso e derrubar o herói. Em seguida, Zeus decidiu colocar o animal à serviço dele e o instruiu a carregar seus raios. No fim, transformou-o em estrelas (Constelação de Pégaso). Por isso, é também considerado o Rei dos Céus, um símbolo de imortalidade, e está ligado às tempestades (a velocidade dos raios e o som dos trovões).


Seu nome vem do grego pëgë, que significa "fonte". O primeiro voo de Pégaso teria sido até o Monte Helicon, onde residiam as Musas, e, para lhes agradar, fez jorrar água da rocha em sua primeira patada no chão. Quem bebesse a água desta fonte (chamada Hipocrene), virava um poeta. Pégaso tornou-se, então, símbolo da inspiração poética e da imaginação. A musa Urânia era sua principal cuidadora.

Pégaso e as Musas no Monte Parnasso, óleo de Caesar van Everdingen (1650)
Pégaso não era o único cavalo alado da mitologia grega. A carruagem de Eos era puxada por dois cavalos alados Lampo e Faetonte. No entanto, a força simbólica de Pégaso era tão grande que muitos dizem que era ele o responsável por puxar a carruagem púrpura da Aurora - uma clara tentativa de unificar as criaturas em torno de um mito para fortalecê-lo.

* Importante ressaltar que Poseidon, deus do mar, também é considerado o deus que criou os cavalos.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sleipnir

Odin montado em Sleipnir chega a Valhalla
(Pedra Tjängvide)
Sleipnir (Sleipner) é a montaria de oito patas de Odin capaz de galopar a velocidades incríveis. Considerado o ser mais rápido entre os planos – podendo viajar por terra, céus e mar –, seu nome significa "suave" ou "aquele que plana".

A lenda de seu nascimento conta que Loki assumiu a forma de uma égua branca e se acasalou com o garanhão cinza Svadilfari, dando à luz a Sleipnir. Loki presenteou seu pai Odin com o cavalo. Montado nele, Odin ia para as batalhas, muitas vezes acompanhado por seus lobos e corvos, e cavalgava pelos céus, rodeado de espíritos dos guerreiros mortos em combate.

Em certa ocasião, Odin emprestou Sleipnir para seu filho Hermod saltar os portões colossais de Niflheim e resgatar o irmão morto Balder. Sigurd teria talhado runas nos dentes do animal para permitir a entrada dele nos diversos reinos.

Gravura de W. G. Collingwood (1908).

Outra história conta que Odin teria ido à casa do gigante Hrungnir em Jotunheim para mostr que tinha o melhor cavalo de todos os reinos. Hrungnir concordou que o deus tinha um belo cavalo, mas afirmou que sua montaria, Gullfaxi, era ainda melhor. Os dois montaram em seus cavalos para apostar uma corridae Sleipnir venceu com facilidade, deixando o gigante e sua montaria a mercê dos aesires nos portões de Asgard.

A representação de suas oito patas é variada. O mais comum é encontrar quatro na frente e quatro atrás, mas existem duas variações: uma em que Sleipnir tem somente quatro patas, mas elas se dividem em duas na altura dos joelhos; e outra em que ele possui seis patas na frente e duas atrás.Sua cor também é motivo de dúvida: preto, branco, cinza e até castanho avermelhado são possíveis.

Ilustração de manuscrito islandês do séc. XVIII.

Estudiosos creem que a construção simbólica do cavalo que viaja pelos diversos planos é a mesma dos xamãs norte-americanos que utilizam animais como guias espirituais. Segundo o folclore islandês, a forma de ferradura do cânion Ásbyrgi, localizado no Parque Nacional Jökulsárgljúfur, no norte da ilha, foi formada pelo casco de Sleipnir. Existe uma estátua do cavalo na cidade de Wednesbury, Inglaterra.

Visão aérea do cânion Ásbyrgi
Estátua de Sleipnir em Wednesbury.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O cavalo árabe

Uma antiga lenda árabe conta que um solitário beduíno pediu a Alá um companheiro para dividir os calorosos dias e as gélidas noites do deserto. Alá compreendeu o anseio desse homem e resolveu dar vida a uma única criatura que tivesse olhos tão potentes quanto os da águia, faro tão sensível quanto o do lobo, a velocidade da pantera e a resistência do camelo*. Acrescentou ainda a coragem do leão, a memória privilegiada do falcão, a elegância do andar da corsa e a fidelidade do cão. Chamou o Vento Sul e ordenou que ele soprasse sobre um punhado de areia que estava em suas mãos. Surgiu, assim, o Cavalo Árabe.


Cientificamente foi provado que muitas dessas características realmente existem no animal:
  • Seus olhos são grandes e salientes, garantindo excelente visão para alertar dos ataques de seus predadores. Além disso, uma protuberância acima dos olhos (jibbah) aumenta o tamanho da cavidade nasal e, assim, de sua capacidade respiratória.
  • Suas flexíveis narinas se dilatam quando ele corre ou está excitado, proporcionando uma grande captação de ar. Normalmente elas se encontram semi-cerradas, reduzindo entrada de poeira e areia.
  • O tamanho e a grande separação entre seus maxilares proporcionam um bom espaço para a passagem de sua desenvolvida traqueia – outro fator de adaptação para aumentar a captação de ar.
  • O carregamento de sua cabeça é muito mais alto do que qualquer outra raça, especialmente ao galope, o que também facilita a passagem do ar ao alongar a traquéia.
  • É comprovado que a raça árabe possui maior número de células vermelhas que as outras raças, o que indica que usa o oxigênio mais eficientemente.
  • Possui uma pele negra sob seus pelos. Essa pele escura em torno dos olhos reduz o reflexo da luz do sol e protege contra queimaduras. De espessura fina também proporciona rápida evaporação do suor e proximidade à irrigação sanguínea, o que resfria o cavalo mais rapidamente e oferece conforto em longas jornadas de esforço físico.
  • Os pelos de sua crina são normalmente finos e longos para proteger o pescoço da ação direta do sol. O longo topete na testa também protege os olhos do reflexo e da poeira.
  • Seu pequeno e cônico focinho com finos e ágeis lábios são provavelmente resultados evolutivos dos ralos pastos do deserto. Os cavalos dos beduínos pastoreavam apenas esporadicamente comendo poucos chumaços de grama aqui e ali, enquanto seguiam em suas longas jornadas.
  • É fato que muitos cavalos Árabes possuem apenas cinco vértebras lombares, diferentes das seis comuns em outras raças. Essa vértebra a menos pode explicar o pequeno lombo e a resultante habilidade em carregar grandes pesos proporcionalmente ao seu tamanho.

O cavalo árabe é uma das mais facilmente identificáveis raças de cavalo do mundo. É também uma das mais antigas raças equinas, com evidências arqueológicas que remontam a cerca de 2500 a.C.. A raça se difundiu pelo mundo mediante guerras e o comércio, sendo usado para melhorar outras raças, dando-lhes mais velocidade, refinamento, resistência e estrutura óssea. Atualmente, as linhagens árabes são encontradas em quase todas as raças modernas de cavalos de montaria.

Outra lenda conta que Maomé, depois de uma longa caminhada, mandou que soltassem os animais para tomar água. Antes que chegassem ao lago, o profeta os chamou de volta, e apenas cinco éguas voltaram atendendo ao chamado sem matar a sede. Ele abençoou estas cinco éguas e delas se formaram as cinco linhagens famosas: Kehilan, Seglawi, Maneghi, Abeyan e Dahman. Acredita-se que um Puro Sangue Árabe seja o mais perfeito animal.