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domingo, 3 de julho de 2011

Faz parte de nós

No dia 14 de junho de 1957, a Dra. Nise da Silveira foi recebida por Carl Jung em sua residência na Suíça. Sentada diante de seu mestre, falou-lhe do desejo de aprofundar seu trabalho no hospital psiquiátrico e de suas dificuldades como autodidata. Ele a ouviu muito atento e perguntou:
— Você estuda mitologia?
— Não. – respondeu Nise.
— Pois se você não conhecer mitologia nunca entenderá os delírios de seus doentes, nem penetrará na significação das imagens que eles desenhem ou pintem.
Essa história está em um dos painéis expostos no Museu de Imagens do Inconsciente - que fica no Instituto Municipal de Assitência à Saude Nise da Silveira, na zona Norte do Rio de Janeiro. O trabalho deste museu merecia BEM mais destaque (minha opinião sobre isso está no meu outro blog).

O painel é ilustrado pela tema mítico do dragão-baleia, uma das mais antigas variações do mito do herói. Em vez de percorrer longas extensões da terra em busca de aventuras, de combater e matar dragões, aqui o herói é devorado pelo monstro. O drama do encontro com o monstro exprime a situação perigosa para o indivíduo de ser tragado pelo inconsciente. O painel ainda completa dizendo que os mitos são manifestações originais da estrutura básica da psique e, por isso, seu estudo deveria ser fundamental para a prática psiquiátrica.

Na verdade, esse post é pra mostrar que mitologia não é apenas um monte de historinhas fantásticas e/ou religiosas. É muito mais do que isso. Faz parte da concepção do ser enquanto indivíduo e parte de uma sociedade complexa como a humanidade.

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