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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nana Buluku e Aido-Hwedo

Acrílica de Suzanne Iles.
O povo Fon acreditava que, antes da Terra ser criada por Nana Buluku, o deus criador gerou o dragão macho e fêmea Aido-Hwedo como sua companhia. O dragão multicor era capaz de se mover tanto pela terra quanto pelos céus com a mesma habilidade, e carregava Nana Buluku em sua boca. Viajaram juntos por todos os cantos, criando tudo que conhecemos. Acredita-se que o relevo da terra tenha sido feito pela boca do dragão e seus excrementos.

Depois de tudo pronto, os dois pararam para descansar. Nana Buluku achou que a Terra não suportaria o próprio peso e pediu para Aido-Hwedo ficar sob ela, sustentando o mundo em seu corpo enrolado. Para que o dragão não morresse de calor ou de sede, Nana Buluku encheu os oceanos. O deus criou também dois macacos vermelhos que ficariam trazendo barras de ferro como alimento para o dragão. Diz-se que, quando os macacos não encontram ferro, Aido-Hwedo se desespera de fome e tenta comer o próprio rabo. A dor é tão intensa que gera desastres naturais, como terremotos, erupções vulcânicas e maremotos. O povo Fon acredita que, um dia, Aido-Hwedo irá consumir o subterrâneo e a Terra será destruída.

Forma de ouroboros.
Pelo seu formato alongado, muitos citam Aido-Hwedo como uma serpente alada multicolorida, criatura que aparece em várias outras mitologias, como a australiana e a asteca. Existem relatos que a relacionam com o deus Oxumaré de outros povos africanos (e também do Brasil).

Nana Buluku também é chamado de Mawu-Lisa, que seria, na verdade, os nomes de seus filhos gêmeos ou a divisão de seus gêneros. Ele se retirou após a criação, deixando o controle do mundo a cargo de outros deuses.

2 comentários:

  1. No Brasil, Nana Buluku é conhecida por Nanã Buruku ou Nanã Burukê. É cultuada em praticamente todos os cultos afro-brasileiros, sendo uma divindade muito respeitada.
    Nanã tanto está intimamente vinculada a criação do Planeta Terra, como também a criação do próprio homem. Em função disso, é uma divindade relacionada aos primórdios da criação, motivo pelo qual humanizada na figura de uma anciã.
    Em momentos da sua dança sagrada, em templos religiosos da nação nagô -kêtu, Nanã manifestada em sua sacerdotisa, dramatiza a criação da Terra.
    Esfregando continuamente suas divinas mãos, sob o chão umedecido, as volta para si mesma. E expressando grande satisfação, emite um longo inlá (som sacrossanto peculiar à divindade), as vezes sorri.
    Após a realização da árdua tarefa, Nanã banha-se nas primeiras águas do mundo. Altas sacerdotisas, a cercam nesse momento, segurando e movimentando a barra das suas saias, reproduzindo assim o cadenciado das águas. Nanã nessa hora, não apenas banha-se nas águas, mais também enfeitar-se graciosamente. Evidenciando claramente, a efetiva participação do poder feminino na criação. Não apenas como uma coadjuvante, cabível de assegurar a reprodução, mais como coparticipante junto ao símbolo máximo do poder masculino que é Obatalá (Oxalá).

    Em uma civilização mundial patriarcal e machista, Nanã passou a ser descrita como "a esposa de Oxalá", "a mulher velha e inexpressiva" ou "a mãe egoísta, vaidosa, cruel e sem escrúpulos", "aquela que por ludibriar o homem, dele engendra seres monstruosos". Ou simplesmente, como a representante da morte. Ofuscando assim, todo o profundo significado simbólico cabível a Nanã, a Grande Mãe.

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