sábado, 9 de março de 2013

A elas

Pintura de Jim Warren

Ontem foi o Dia Internacional da Mulher, mas todo mundo sabe que todo dia é dia delas. Então, vamos conferir uma deusa de cada mitologia abordada neste blog?
  • Olokun, a mãe africana dos oceanos
  • Xochiquetzal, a divinização asteca da essência feminina
  • Jaci, a lua para os índios brasileiros
  • Epona, o poder celta da terra
  • Kuan Yin, representante chinesa da misericórdia e da compaixão
  • Tefnut, a deusa egípcia da umidade e das nuvens
  • Mati-Syra-Zemla, a Mãe-Terra eslava
  • Idun, deusa escandinava da primavera
  • Ilmatar, o espírito feminino da natureza finlandesa
  • Higéia, a deusa grega da saúde e da higiene
  • Ushas, a deusa hindu da alvorada
  • Mama Cocha, a deusa inca da água
  • Sedna, a perigosa Mulher do Mar para os inuítes
  • Wakahirume, a tecelã dos deuses japoneses
  • Ixchel, a grande deusa maia
  • Ishtar, a deusa mesopotâmica do amor e da criação
  • Haumea, deusa havaiana da fertilidade
  • Fortuna, a personificação romana para a riqueza e a sorte
  • La Befana, a velhinha italiana que lembra o Papai Noel

Àqueles que sentiram falta de uma mulher nas mitologias australiana e norte-americana: tentarei corrigir essas falhas o mais rápido possível.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Crises religiosas

Temos vivido um período intenso se falarmos de religião. Terreiros de candomblé sendo destruídos, uma intolerância ignorante dos evangélicos, uma disputa por direitos civis que esbarra em fundamentalismos cristãos... E, pra finalizar, tivemos recentemente a estranha renúncia do Papa, o líder católico, revelando a política que controla a fé.

Por essas razões, acabei me lembrando de uma crise recente que a Igreja Católica passou quando Dan Brown lançou, em 2003, O Código Da Vinci (Ed. Sextante, 2004) e o transformou em um sucesso estrondoso.

No best-seller, Dan Brown expõe ao mundo suas teorias sobre a humanidade de Jesus, colocando o simbologista Robert Langdon em busca do Santo Graal. Sua jornada o leva a descoberta que Jesus foi casado com Maria Madalena e teve filhos, ou seja, existiria uma linhagem sanguínea que viria do filho de Deus. Brown ainda culpa a Igreja pela demonização da mulher, que levou a transformação da esposa de Jesus em uma prostituta. Tudo por causa do I Concílio de Nicéa, onde homens do clero decidiram dizer como seriam as coisas dali pra frente, inclusive sumindo com Evangelhos de alguns apóstolos e criando seitas secretas. Ou seja... Brown provava que o homem estava por trás de tudo, e não Deus.

A Igreja tentou impedir o lançamento do livro e, posteriormente, boicotar a estréia do filme estrelado por Tom Hanks. Mas 80 milhões de livros foram vendidos e sei lá quantos outros milhões já assistiram ao filme. Vários documentários e outros livros foram gerados para tentar explicar, entender ou desmistificar as obras de Leonardo Da Vinci. Até o Museu do Louvre chegou fazer um caminho de visitação específico para as obras presentes no livro.

E o pior ainda estava por vir, pois esse livro abriu caminho para a obra anterior de Dan Brown, Anjos e Demônios (Ed. Sextante, 2005), do ano 2000, que criava uma conspiração dentro do Vaticano por conta da partícula divina. OPA! O Papa é assassinado, um conclave é formado e o carmelengo assume? Mais seitas secretas e uma dúvida sobre a divindade do Big Bang? O novo filme? Mais sucesso? A primeira aventura de Robert Langdon era tudo que a Igreja NÃO precisava... Claro que ela tentou embarreirar os dois novamente, mas, como sofreu muito da primeira vez, preferiu fazer um discurso de lamento e força dogmática. Aos interessados na atual renúncia papal, o livro contém descrições do conclave que escolhe o novo líder da instituição.

Talvez pra tentar melhorar um pouco sua relação com a Igreja Católica, Brown resolveu lançar um livro que coloca Deus e a Bíblia como o novo Graal. Mas como ele é polêmico (e muito!), resolveu mostrar todas as ligações possíves da famigerada Francomaçonaria com o Cristianismo! Mesmo que ele passe o tempo inteiro provando que ambos possuem raízes pagãs, a mistura com magia negra e sacrifícios com sangue pioraram a situação do escritor. E como mexe com a cúpula americana também (viu como ele é polêmico?), duvido que ele consiga fazer um filme d'O Símbolo Perdido (Ed. Sextante, 2009). Sorte da Igreja... No entanto, vale destacar que este livro repetidamente enfatiza que a interpretação humana talvez seja o grande mal em torno das religiões.

O discurso deste blog sempre foi exatemente esse: a humanidade da religião a torna passível de erros e interpretações particulares. É isso que Dan Brown faz ao expor a humanidade da Igreja em seus livros. Eu acho que é um bom momento para relê-los ou rever os filmes, seja por diversão, informação, argumentação (contrária ou a favor) ou preparação... porque Dan Brown está preparando a quarta aventura de Langdon onde abordará a Divina Comédia de Dante Alighieri. Esperem intrigas no Inferno, no Purgatório, no Paraíso - e principalmente - na Igreja!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Só amor

Cartão de 1909
Nos EUA, hoje é Dia de São Valentim, ou seja, Dia dos Namorados. Se você não sabe o porquê desta associação, clique AQUI para saber.

Tenho até uma sugestão: já que o Dia dos Namorados no Brasil é comemorado no dia 12 de junho e é um dia mais comercial do que outra coisa, que tal aproveitar a oportunidade de hoje para expressar o amor ao próximo (mesmo que ele ainda não esteja do seu ladinho) sem pensar em presentes, compras e mimos.

Só carinho!

Só amor!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Momo

Na mitologia grega, Momo (Momus) era a personificação do sarcasmo, da reclamação, da culpa e da ironia. Ao contrário do que se pensa, Momo era mulher, patrona de escritores e poetas, representada com uma máscara que levantava para exibir seu rosto, e com um boneco numa das mãos, simbolizando a loucura. Filha de Nix (sem pai), aparecia constantemente no cortejo de Dionísio, ao lado de Comos, deus das farras.

Conta-se que Momo foi convidada para avaliar a criação de três deuses em concurso: Atena, Poseidon e Hefesto. Criticou Atena por ter criado a casa, pois devia ter rodas de ferro em sua base, para que o dono pudesse levá-la assim que viajasse. Zombou do deus do mar por ter criado o touro com os olhos sob os chifres, quando esses deviam estar no meio, para que ele pudesse ver suas vítimas. Por fim, riu do ferreiro dos deuses por ter fabricado Pandora sem uma porta para que se pudesse ver o que ela mantinha oculto em seu coração. Não bastando isso, ironizou Afrodite, dizendo que não passava de uma tagarela e que usava sandálias que rangiam, e teve a audácia de fazer comentários jocososos sobre a infidelidade de Zeus para com Hera. Seus atos a levaram ao exílio do Monte Olimpo.

Poseidon, Pandora, Hefesto, Atena e Momo (Maerten van Heemskerck, 1561)

Mais tarde, estando Zeus preocupado com o fato de que a Terra oscilava com o peso da humanidade, permitiu o retorno de Momo ao convívio do Olimpo desde que ela o ajudasse a descobrir uma solução para o problema. Brincalhona, ela sugeriu que o deus criasse uma mulher belíssima pela qual muitas nações guerrassem e assim se destruíssem. Zeus levou-a a sério e assim nasceu Helena, que levou os gregos à Guerra de Tróia.

Na Roma antiga, Momo e Comos foram unificados em uma divindade masculina que se tornou símbolo de festas e a imagem icônica em manifestações artísticas. Durante os três dias de festividades ao deus Saturno (o nosso Carnaval), o mais belo soldado era designado para representar o deus Momo, ocasião em que era coroado rei e tratado como a mais alta autoridade local, sendo o anfitrião de toda a orgia. Encerrada as comemorações, o “Rei Momo” era sacrificado. Posteriormente, passou-se a escolher o homem mais obeso da cidade, para servir de símbolo da fartura, do excesso e da extravagância.

Momo em detalhe da pintura de Hippolyte Berteaux no teto do Teatro Graslin, em Nantes (França)

Na Espanha, um boneco de Momo era queimado durante as festas pascoais para lembrar a morte de Jesus. No século XV, escritos espanhóis o chamam de Rei Macaco. No século XIX, em Barraquilla (Colômbia), um alegre folião era coroado Rei Burlesco nos salões de baile, e autorizava a desordem carnavalesca com bumbos, pratos e maracas, em paródia ao cerimonial solene dos ministreis que, nos tempos coloniais, saíam à praça pública para ler as ordens dos vice-reis.