Mostrando postagens com marcador mitologia hindu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mitologia hindu. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de outubro de 2019

Diwali


Diwali (Deepavali ou Deepawali, "fila de lâmpadas" em sânscrito) é uma festa religiosa hindu, conhecida também como o Festival das Luzes. É celebrado uma vez ao ano no Hinduísmo, no Sikhismo, no Budismo e no Jainismo, em outubro ou novembro, dependendo do calendário lunar.

O evento dura cinco dias, tendo seu auge no terceiro dia - a lua nova (amavasya), o dia mais escuro - quando velas e lamparinas à óleo (diyas) são acesas como uma representação da vitória da luz sobre as trevas, do conhecimento sobre a ignorância, do bem sobre o mal dentro de nós, fazendo uma alusão a diversas histórias, entre elas:
  • A vitória de Rama, um dos avatares de Vishnu, sobre Ravana, o mal encarnado que havia raptado sua esposa Sitadevi. Após anos de exílio, eles retornam ao lar, pois o povo do Reino de Ayodhya acendeu lamparinas para iluminar o caminho.
  • A destruição de Narakasura por Krishna.
  • O nirvana de Mahavira (ocorrido em 15 de outubro de 527 a.C.) no Jainismo.
  • O retorno do iluminado Guru Hargobind Ji (1595-1644) à cidade de Amritsar após sua libertação como preso político pelo imperador. Para os sikhis, essa data é também conhecida como Bandi Chhorh Divas, o "Dia da Libertação dos Detidos".
Historiadores acreditam que essa data também está associada aos festivais que celebravam o fim da colheita de verão e os preparativos para o outono.

Apesar de ser um feriado extremamente religioso de muita introspecção e votos de sacrifício, as pessoas estreiam roupas novas, dividem doces (mithai) e presentes e lançam fogos de artifício para celebrar. Acredita-se que a deusa Lakshmi, da riqueza e da prosperidade, visita e abençoa as casas limpas e bem iluminadas e, por isso, muitas edificações mantém todas as luzes internas acesas e muitas vezes fazem uma decoração externa com luzes.

Celebração com fogos na Índia em 2013.

Jogatina é encorajada nessa época como uma forma de atrair boa sorte ao longo do ano. É uma lembrança dos jogos de dados que Shiva e Parvati realizavam no Monte Kailasa, bem como as disputas entre Radha e Krishna. Em honra a Lakshmi, as mulheres sempre deveriam ganhar.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Yama

De acordo com uma lenda, Yama foi um rei mítico que se tornou o primeiro homem a morrer e, portanto, o primeiro homem a ter sua alma julgada. Os deuses – com consentimento de Vivasvat, o sol – então o colocaram como árbitro final do destino dos que acabam de morrer. A sentença pronunciada por Yama decide se o destino final da alma é ascender às esferas celestes, outrora governada por ele; se deve voltar à terra para continuar a viagem rumo à salvação, no ciclo de reencarnações; ou se deve ser consignada, para sempre, a um dos muitos infernos do hinduísmo.

Mas, com o tempo, Yama tornou-se uma figura aterrorizante, o deus hindu da morte, príncipe dos infernos e juiz dos mortos. Com vestes vermelhas, carrega um laço, com o qual puxa as almas dos corpos dos moribundos. Um rio circunda seus domínios, cuja entrada é guardada por dois cães, cada um com quatro olhos. O símbolo budista da Roda da Vida é mostrado entre os braços e maxilares de Yama.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Manu

O primeiro homem, Manu era filho de Brahma e Sarasvati. Na forma de um peixe, Brahma disse a Manu que o mundo seria destruído por um dilúvio e que ele deveria construir um barco e pôr dentro dele as sementes de todos os seres vivos. Quando as águas subiram, tudo ficou submerso e o barco de Manu encalhou no Himalaia. Por fim, as águas baixaram. Manu fez oferendas que se transformaram numa bela mulher, Parsu. Ela e Manu tornaram-se os pais da raça humana.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ganga

Ganga é a deusa protetora do sagrado Rio Ganges e, em épocas diferentes, esposa de três dos maiores deuses da mitologia hindu: Vishnu, Agni e Shiva. Esta deusa do rio nasceu do dedão do pé de Vishnu e correu pelos céus. Entretanto, houve uma terrível seca. Homens e mulheres buscavam desesperados algum tipo de umidade, e obviamente a única maneira de trazer de volta às águas à terra seca era trazer a deusa – personificação do Ganges – para a terra. Mas o rio sagrado era tão grande que sua descida provocaria enchentes e devastação. Para evitar esse desastre, Shiva permitiu que suas águas fluíssem através de seis afluentes a partir de seus cabelos presos, até que a força líquida fosse domada e então liberada para a deusa continuar sua descida.

Ganga pode ter dois ou quatro braços, é branca e em geral é representada montando um peixe. Carrega um pote de água e uma flor de lótus.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Surya

O deus do sol Surya - filho do deus do firmamento Dyaus e da deusa-mãe Aditi - segura nas mãos flores de lótus enquanto atravessa os céus em sua carruagem puxada por sete cavalos. Seu cocheiro é Aruna, a aurora, que anuncia pela manhã a chegada do deus-sol.

De baixa-estatura e com o corpo cor de cobre, Surya brilhava com tanta força que sua esposa Sanjna se transformou numa égua e fugiu para a floresta para escapar do calor e do brilho excessivos do marido – forçando-o a assumir a forma de um cavalo para procurá-la. Outra esposa de Surya foi Lakshmi, deusa da beleza e da abundância.

Seus filhos são Yama (deus da morte), Yamuna (deusa do rio), Manu (antiga divindade criadora), Revanta (deus caçador) e sua filha homônima Surya, também uma divindade solar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Aditi

Brahma e Aditi (ilustração do séc. XIX)
Aditi (ou Aditya) é a Grande Mãe do Céu, o inconsciente, o passado e o futuro, o infinito visível, o que existe no espaço sem fim acima da terra, além das nuvens, acima dos céus. Seu nome significa "sem limite" e está associada às vacas sagradas indianas.

Era uma força que sustentava e dava vida, venerada como a mãe dos deuses, do sol, da lua, da noite e do dia (dos Devas e dos Adityas), mas não tinha uma forma física definida. Deusa da fertilidade e da maternidade, teve 12 filhos deuses, um para cada mês do ano (entre eles, Surya). Alguns diziam que ela era a força cósmica criadora, associando-a ao Big Bang.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Uma jornada de fé


Todos aqueles que acompanham este blog deveriam assistir As aventuras de Pi (The life of Pi, 2012). Os questionamentos que Yann Martel (inspirado em Max e os Felinos, do autor brasileiro Moacyr Scliar) faz sobre religião, ciência e - principalmente - fé são descritos com maestria pelo diretor Ang Lee e sua trupe de efeitos especiais. Por isso, antes de continuar a ler essa postagem, sugiro que você vá ao cinema e depois volte para ler e comentar. Daqui em diante haverá um número bem grande de revelações do filme...



Logo nos primeiros 20/30 minutos do filme, religião e razão são colocadas da balança. Hinduísmo, Cristianismo, Islamismo ou Medicina Ocidental? Tentando se encontrar, o jovem Pi (Suraj Sharma) se permite experimentar e misturar um pouco de cada um sem preconceitos ou amarras familiares. Claro que o personagem é de uma curiosidade e perseverança ímpar: mesmo quando ele não entende e não vê significado na religião, ele continua se perguntando e indo a fundo até se satisfazer. Aqui tem um momento interessante quando ele explica sua forma de ver o tapete islâmico, dizendo que sobre ele o solo se torna sagrado independente de onde ele esteja.

Pode não parecer de início, mas é importante sabermos que Pi é bom em natação e enxerga a alma dos animais. A entrada de Richard Parker (o perfeito tigre digital de Bengala) é também um divisor de águas na infância do personagem. Mas o que dá start na história toda é um escritor (Rafe Spall)que precisa arrumar o enredo para um novo livro e descobre que Pi tem algo surpreendente a contar. Pi (como adulto, interpretado por Irrfan Khan), então, começa a narrar sua vida onde ele promete para o escritor que, no final, irá encontrar Deus. E sua vida muda completamente quando o navio que levava sua família e os animais do zoológico afunda em uma terrível tempestade no meio do Oceano Pacífico.

Pi sobrevive em um bote com uma zebra, uma hiena, um orangotango e Richard Parker. Aliás, o termo "sobrevivência" é elevado a última potência ao enfrentar fome, sede, tubarões, baleias, cardumes de peixes voadores, tempestades, calmarias, devaneios, ilhas carnívoras (e que ilha, hein?) e o próprio relacionamento entre as diferentes espécies. Somos apresentados à imagens de beleza ímpar que só a natureza poderia nos proporcionar. Aliás, por um momento, fiquei achando que um dia só nos restará imagens da natureza em 3D...

A jornada de fé de Pi também é feita de altos e baixos. Ele chega a se render algumas vezes, mas sempre dá um novo passo. Entender que a existência de um tigre o fazia ficar vivo e são não só pelo medo, mas também pela necessidade de alimentá-lo é de uma grandeza inexplicável. Mesmo nas vezes que ele tem a vida de Richard Parker nas mãos, ele opta pela vida. Quando ele mata para comer, Pi valoriza a vida. Sua fé lhe dá esperança.

No fim, somos surpreendidos como uma outra história. Diferente do que acabamos de ver, mas equivalente e fácil de correlacionar. O escritor toma o nosso lugar de espectador incrédulo assim que tomamos conhecimento de uma versão mais realista do ocorrido. Mas Pi resumidamente pergunta: "você prefere a história fantástica com o tigre ou a história real?" O escritor/espectador dá a resposta que todos damos em uníssono e Pi pontua com a frase de ouro: "Assim é com Deus". É o slogan do filme: "Acredite no inacreditável".


Não li livro, mas andei lendo que o final da história era mais denso. Que seja. Independente da religião que cada ser humano na face deste planeta, somos todos unidos e iguais pela fé. E é nesse conceito que devemos nos olhar como irmãos e não como inimigos. Nossas diferenças ficam reduzidas perante nossa mortalidade e insignificância. O termo "tolerância" jamais deveria ser ligado às diferentes religiões. Os termos corretos são "respeito", "coexistência" e "compreensão".

O filme do ano para este blog.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma mosca incomoda até os deuses!

A premiada animação russa The God (2003) mostra uma estátua de bronze de Shiva às voltas com uma mosquinha. Ou seria mais?

sábado, 8 de outubro de 2011

A fúria de Asura

Nem só de mitologia grega vive o mundo dos games... Kratos (da série God of War) deve ganhar um concorrente oriental: Asura's Wrath é o nome do novo jogo da Capcom, que parece se basear na mitologia hindu.

No jogo, o personagem principal é Asura, um deus de seis braços desprovido de seus poderes e traído pelos antigos companheiros, precisa recuperar as antigas habilidades e vingar-se dos demais deuses do Oriente. No entanto, ele não estará sozinho, contando com uma poderosa divindade para auxiliá-lo em sua jornada que vai do passado ao futuro.



Lutar contra deuses de proporções planetárias é meio exagerado, não?

Bom... Asuras eram antideuses na mitologia hindu. Inicialmente, eram poderosos deuses védicos considerados materialistas, pecadores e malignos. Eles disputaram o soma (elixir da imortalidade) com os Devas e perderam. Com o surgimento da dualidade bem/mal, os Asuras foram relacionados a demônios. Em certos casos, Asuras e Devas trabalhavam juntos por um bem comum e, por essa razão, nem sempre eles eram considerados maus, mas um caminho alternativo. Alguns asuras, inclusive, foram incorporados ao panteão hindu, como Varuna e Mitra.

Em alguns aspectos, os asuras poderiam ser relacionados aos Titãs gregos ou os gigantes nórdicos, seres primordiais que abraçavam características mais selvagens. Na tradição semita-cristã, eles poderiam ser caracterizados como anjos caídos.





Máscara artesanal de um asura.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Deus sustentável

Nada de ouro, marfim ou diamantes. No mundo moderno, os deuses vão ter que se contentar em ganhar esculturas de materiais ecológicos. Foi isso que fez artista indiano Surya Prakash: construiu uma estátua da divindade hindu Ganesha com copos de papel.

Foto: Noah Seelam – France Presse

A homenagem foi feita para o festival do deus, que acontecerá no dia 1º de setembro.

(Matéria da Folha de São Paulo)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ananta

Vishnu descansa sobre Ananta rodeado de outros deuses

Segundo os mitos, Ananta era uma gigantesca serpente de várias cabeças que ficava enrodilhada no fundo do mar, onde Vishnu descansava sobre seu corpo. Seu nome significa "infinito" em sânscrito e simbolizava, portanto, a eternidade e a ausência de tempo. Por essa razão, também é dito que Ananta é na verdade um epíteto de Vishnu: o Infindável. Era dito que o fogo de suas várias bocas seria o responsável por destruir o mundo ao final de cada era cósmica.

Ananta era uma das nagas da mitologia hindu. Acreditava-se que as nagas eram uma raça primeva de serpentes antropomorfizadas. Formou-se uma religião muito forte em torno das nagas, ao ponto delas serem consideradas símbolos de sabedoria. É confundida com outras nagas, como Sesha e Vasuki.

Vishnu reclinado sobre Ananta (1780-1790)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Skanda

Conta-se que a humanidade estava sob julgo dos demônios (asuras) de Taraka. O grande Brahma tentou barganhar com o demônio, que pediu invulnerabilidade absoluta para livrar o mundo de seus malefícios. Não confiando nas palavras de Taraka, Brahma concedeu seu desejo com um pequeno detalhe: ele poderia ser morto por um filho de Shiva, que estava viúvo e sem filhos, no momento. Taraka, então, passou a se considerar a criatura mais poderosa do universo e continuou a realizar suas maldades. Até mesmo alguns deuses foram combatidos e vencidos. Quando Shiva foi chamado para resolver essa situação, lançou algumas centelhas de fogo de seus olhos (que representavam sua própria personalidade) e gerou seis poderosas crianças que dominaram Taraka e seus demônios e devolveram a paz ao universo.

Parvati, mulher de Shiva, passou a amar tanto essas crianças e os abraçava com tamanha força que eles se transformaram num só deus de seis cabeças e doze braços. Assim, Skanda tornou-se o deus dos exércitos e das batalhas no lugar de Indra e Agni, um deus gerado de Shiva, sem mãe.

Alguns escritos contam outra história. Shiva ainda estava de luto pela morte de sua esposa Sati, até que os deuses a trouxeram de volta como Parvarti. Mas, em seu celibato, Shiva não queria ter filhos. Os deuses Kama e Agni conseguiram encontrar algumas gotas do sêmen do deus, mas não conseguiram carregá-la, deixando-as cair entre as seis estrelas Plêiades. Lá nasceu Skanda que desenvolveu seis faces, uma para cada mãe estelar.

Skanda é o irmão de Ganesha por parte de Shiva e Parvati. É dito que se casou com Devasena, mas a maior parte dos registros de Skanda são de um deus misógino que só se interessava por aventuras bélicas.

Costuma ter um pavão a seu lado e está sempre segurando várias armas em suas doze mãos, como o dardo da proteção, o disco da sabedoria e da verdade, a maça da força, o arco da vitória e - principalmente - sua poderosa lança Vel.

É tambem chamado de Karttikeya, Murugan, Kumara e Subrahmanya. Na verdade, esses nomes podem ser o mesmo em diferentes idiomas ou podem ser de diferentes deuses que são retratados em inúmeros poemas épicos hindus como os Vedas e o Ramayana, mas se assemelham a Skanda em suas funções.

No budismo, Skanda faz parte da mitologia chinesa como um poderoso general de guerra que protege o dharma.

sábado, 12 de junho de 2010

Ushas

Deusa da alvorada, filha do céu e irmã da noite, Ushas era adorada como o elo entre o céu e a Terra. A jovem e bela deusa renascia a cada manhã (e, por isso, muitas vezes era tratada no plural, as alvoradas), quando atravessava o céu em sua carruagem de ouro puxada por sete vacas (que representariam os sete dias da semana) e vestida com um robe laranja avermelhado e um véu amarelo-açafrão.

Ushas também é descrita como "o meio do despertar", ou seja, através dela, deuses evoluiam em seus caminhos para iluminação plena. Essa descrição pode ser pelo fato da alvorada anteceder a chegada do Sol, da luz para o mundo após a escuridão. Chegava a ser o sopro da vida para os Vedas. Também é representada por sete pombas brancas que afastam os maus espíritos. Seus dedos seriam serpentes em tons róseo-dourados que simbolizavam grande sabedoria e seus raios de luz.

Eos (grego) e Aurora (romana) são suas representações em outras mitologias.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Kuan Yin

Kuan Yin (Kwan Yin, Guan Yin ou Guanyin) é uma divindade chinesa vinda da Índia que representa a misericórdia e a compaixão, que se reflete em todos os Budas.

Pela lenda do século XII, do santo budista Miao Shan, acredita-se que ela era filha de um rei por volta de 700 a.C. e foi obrigada a se casar com um príncipe por poder. Mas Kuan Yin decidiu ir para um convento, onde aperfeiçoaria as práticas espirituais. Inconformado com a decisão da filha, o rei pediu às monjas que fossem duras com ela para ver se Kuan Yin desistiria do intento. A jovem percorreu o mundo e viu muita dor, mas manteve suas convicções. E o rei jamais a perdoou. Já velho e doente, mandou chamá-la. Generosa, curou-o com um toque de mão. Além disso, Kuan Yin fez o voto de não ingressar no Nirvana ("paraíso") enquanto um só ser do universo precisasse de sua ajuda (Kwan Shih Yin, "aquela que ouve as lamentações do mundo"). Ela vive, então, na ilha P'u T'o Shan, onde ouve todas as preces. Todos sabem o quanto ela é doce, sutil e poderosa. Somente a menção de seu nome alivia o sofrimento e as dificuldades e, por isso, é adorada em centros de cura (algumas imagens da deusa possuem a mão removível para que esta seja colocada sobre os enfermos).

Conta-se que a jovem segunda esposa de um comerciante chinês maltratou e humilhou a primeira mulher de seu marido, uma devota de Kuan Yin. O desgaste foi tanto que a esposa morreu. Revoltado, seu filho jurou vingança e, anos mais tarde, viu-se diante da situação ideal para matar sua madrasta. Quando se lançou sobre a mulher, esta murmurou o mantra de Kuan Yin, que tantas vezes escutou a primeira esposa proferir. Imediatamente, o filho foi imobilizado por uma força invisível. Sob o impacto do poder da deusa, o jovem saiu correndo e desistiu para sempre da ideia. E a madrasta, consciente de que não merecia ajuda, teve uma mudança radical de atitude, procurando reparar antigos erros e reconhecendo a grande generosidade da deidade.

DEVOÇÃO
Existe ainda muito debate acadêmico relativo à origem da devoção à Kwan Yin. Ela é considerada a forma feminina de Avalokitesvara, bodhisattva da misericórdia do Budismo indiano, cuja adoração foi introduzida na China no terceiro século. Estudiosos acreditam que o monge budista e tradutor Kumarajiva foi o primeiro a se referir à forma feminina de Kwan Yin, em sua tradução chinesa do Sutra do Lótus, em 406 a.C, onde "pelo recurso de uma variedade de formas, viaja pelo mundo, conclamando os seres à salvação". Dos trinta e três aparecimentos do bodhisattva mencionados em sua tradução, sete são femininos. Devotos chineses e budistas japoneses, desde então, associaram o número trinta e três a deusa.

Embora Kwan Yin tenha sido retratada como um homem até o século X, com a introdução do Budismo Tântrico na China no século VIII, durante a dinastia T'ang, a imagem da celestial bodhisattva como uma bela deusa vestida de branco era predominante e o culto devocional a ela tornou-se popular. No século IX havia uma estátua de Kwan Yin em cada monastério budista da China, associada às características femininas de maternidade e proteção, também adorada por casais sem filhos que desejam conceber. Protege mulheres e crianças, e sua simplicidade gera clemência e fraternidade universal aos seus devotos e ao seu redor.

Apesar dessa controvérsia de gênero, a representação de um bodhisattva, ora como deus, ora como deusa, não é inconsistente com a doutrina budista. As escrituras explicam que um bodhisattva tem o poder de encarnar em qualquer forma – macho, fêmea, criança e até animal – dependendo da espécie de ser que ele procura salvar.

A lenda da ilha sagrada de P'u T'o Shan (no arquipélago de Chusan, ao largo da costa de Chekiang) surgiu no século XII por monges budistas, que souberam que Miao Shan viveu na ilha por nove anos, curando e salvando marinheiros de naufrágios. Sua devoção a Kwan Yin espalhou-se ao longo do norte da China e a pitoresca ilha tornou-se o centro principal de adoração à deusa. Multidões de peregrinos viajavam dos mais remotos cantos da China e até mesmo da Manchúria, Mongólia e Tibet para assistir às cerimônias religiosas: houve época em que havia mais de cem templos na ilha e mais de mil monges. As tradições narram inúmeras aparições e milagres de Kwan Yin na ilha, sendo relatado que ela aparecia aos fiéis em uma certa gruta local.


Na seita "Terra Pura" do Budismo, Kwan Yin faz parte de uma tríade governante que é representada freqüentemente em templos e é um tema popular na arte budista: o Buda da Luz Ilimitada (Amitabha) está no centro; à sua direita está Mahasthamaprapta, o bodhisattva da força ou poder; e à sua esquerda está Kwan Yin, personificando a misericórdia infinita. Algumas vezes é chamada de "Capitã do Barco da Salvação", guiando as almas ao Paraíso Oeste de Amitabha, a tal "Terra Pura", terra das bençãos, onde as almas podem renascer para continuar recebendo instruções até alcançar a iluminação e a perfeição. Por essa razão, também é a padroeira dos viajantes.

REPRESENTAÇÕES
A iconografia de Kwan Yin a descreve de muitas formas, cada uma revelando um aspecto único de sua misericordiosa presença. Como a sublime Deusa da Misericórdia, cuja beleza, graça e compaixão vieram a representar o ideal de feminilidade do Oriente, ela é retratada freqüentemente como uma mulher esbelta em um esvoaçante manto branco, carregando em sua mão esquerda um lótus branco, símbolo de pureza. Está enfeitada com ornamentos simbolizando suas realizações como bodhisattva, ou é mostrada sem ornamentos, como um sinal de sua grande virtude. A figura de Kwan Yin é retratada freqüentemente como "doadora de crianças" que são encontradas em casas e templos. Um grande véu branco cobre sua forma inteira e ela pode estar sentada em um lótus. Freqüentemente ela é representada com uma criança em seus braços, próxima a seus pés, ou sobre seus joelhos, ou, ainda, com várias crianças ao seu redor. Neste papel, a ela se referem como "a honrada de branco vestida". Às vezes estão à sua direita e à sua esquerda dois auxiliares, Shan-ts'ai Tung-tsi, o "homem jovem de capacidades excelentes", e Lung-wang Nu, a "filha do Dragão-rei".

Algumas vezes, é representada como uma figura muito armada, tendo em cada mão um símbolo cósmico diferente ou expressando uma posição ritual específica (mudras). Frequentemente, suas mãos formam o Yoni Mudra, que simboliza o útero (princípio feminino universal) como a porta de entrada para este mundo. Carregaria um livro ou um pergaminho de orações, simbolizando o dharma (ensinamentos) do Buda ou o sutra (texto budista) o qual Miao Shan, dizia-se, recitava constantemente.

Como Avalokitesvara, ela também é descrita com mil braços e números variados de olhos, mãos e cabeças, às vezes com um olho na palma de cada mão, e é chamada "bodhisattva de mil braços, de mil olhos". Nessa forma ela representa a mãe onipresente, olhando simultaneamente em todas as direções, sentindo as aflições da humanidade e estendendo seus muitos braços para as aliviar com expressões infinitas de sua misericórdia.

Muitas figuras de Kwan Yin podem ser identificadas pela presença de uma pequena imagem de Amitabha em sua coroa. Acredita-se que a misericordiosa redentora Kwan Yin expressa a compaixão do Buda da Luz Ilimitada de uma forma mais direta e pessoal, e que as preces a ela dirigidas são atendidas mais rapidamente. Um rosário adornando seu pescoço, através do qual ela clamava aos Budas por socorro, tornou-se amuleto entre seus seguidores. Descrições de seu nascimento afirmam ter ela nascido com um rosário cristalino branco em sua mão direita e uma flor branca de lótus na esquerda. É ensinado que as contas do rosário representam todos os seres vivos e o manuseio delas simboliza que os está conduzindo para fora de seu estado de miséria e da roda de repetidos renascimentos para o nirvana.

Como a bodhisattva protetora de P'u-t'o Shan, é a Senhora do Mar do Sul e protetora dos pescadores. Como tal, é mostrada cruzando o mar sentada ou em pé sobre um lótus ou com seus pés na cabeça de um dragão.

Os símbolos mais associados a deusa são, portanto, o lótus branco, o vaso de néctar da longa vida e da felicidade (ou orvalho doce), o galho de salgueiro (com o qual esparge o néctar), a pedra (ou pérola) que realiza todos os desejos, um pássaro branco (fecundidade), o mar e os peixes.

O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma apresentação de dança para permitir ao público contemplar a "Kuan Yin de Mil Braços" em comemoração ao Ano Novo Chinês. A dança foi apresentada por 21 dançarinas surdas integrantes da "Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos." Posicionadas numa longa fila, as bailarinas conseguem dar aos espectadores a ilusão de que os movimentos de seus múltiplos braços e pernas pertencem à figura de uma única deusa. Vejam AQUI.

No Vietnã, é conhecida como Quan'Am; no Japão, é Kannon; no Tibete, Tara; e em Bali, Kanin. Na mitologia grega, é associada a Ártemis e, no Catolicismo, é associada a Virgem Maria.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Prajapati

Prajapati é uma divindade suprema do início da construção da religião hindu, aparecendo nos hinos da criação do universo (Sukta Nasadiya) como o Grande Arquiteto (Viswakarma). Foi a personificação do fogo, do sol e do tempo. Seria um ser andrógino de quatro cabeças, cada qual produzindo seres: Deva (deuses), Rsi (sábios), Ptri (ancestrais) e Nara (humanos).

Em sânscrito, seu nome significa "senhor das criaturas". Teria criado a si próprio a partir do oceano primevo, mas, quando viu o vazio à sua volta, chorou e suas lágrimas viraram continentes. Portanto, é a representação da auto-criação e do auto-sacrifício, uma vez que se criou sozinho do nada e depois se sacrificou para gerar e sustentar vida. Mais tarde, sua personalidade fundiu-se com a de Brahma. Dessa forma, também foi identificado na trindade com Shiva e Vishnu. Era o guardião dos órgãos sexuais e da fusão dos elementos da mente com o discurso.

Brahma teria criado os 10 governantes do mundo responsáveis pelo universo e os chamado de Prajapatis. São eles: Marichi, Atri, Angiras, Pulastya, Pulaha, Kratu, Vasishtha, Prachetas (ou Daksha), Bhrigu e Nārada. O Mahabarata menciona 14 prajapatis, guardiões dos 14 mundos. No sistema clássico de 33 deuses, Prajapti era o 34º, aquele que englobava a todos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Chandra

Estátua de Chandra
(séc. XIII, British Museum)
Chandra, o deus da lua, nasceu enquanto os deuses criadores hindus mexiam o mar de seiva. Por essa razão, também é conhecido como Soma, a bebida sagrada dos deuses (semelhante à ambrosia grega). Chandra minguava porque todo os dias os deuses pegavam um pouco de Soma, e voltava a crescer quando o deus Surya levava água para restaurar-lhe as forças. É descrito como um belo jovem de pele era branca como a seiva que tinha em suas mãos uma lótus e algumas espadas. Dirigia a carruagem lunar (a própria Lua) puxada por dez antílopes brancos (ou cavalos).

Por vir da seiva, era considerado um deus da vegetação e também um deus da fertilidade ao ser responsável pelo orvalho que cai a noite e é capaz de gerar vida na natureza. Por isso, quando um casal deseja ter filhos, orava para Chandra. Era dito que Buda era seu filho com a deusa Tara.

Seu nome significa "radiante" e também era chamado de Rajanipati (Senhor da Noite), Kshuparaka (Aquele que ilumina a noite) e Indu (Gota brilhante, o primeiro chakra). Era considerado um graha, uma força cósmica capaz de determinar o comportamento dos seres vivos. Graha também pode significar "planeta", referenciando a influência dos astros na vida terrestre. Na astrologia védica, Chandra reina sobre o signo de Câncer, e é responsável pela mente, pelas emoções e pela sensibilidade. Alguns atributos associados:

  • ANIMAL: Antílope e coelho
  • ALIMENTO: Arroz
  • DIA: Segunda-feira
  • COR: Branca
  • ELEMENTO: Água
  • METAL: Prata
  • PEDRA: Pérola e selenita
  • ESTAÇÃO: Inverno
  • DIREÇÃO: Noroeste