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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Teutates

Teutates era uma divindade paradoxal: em seu aspecto temível, era o deus gaulês da guerra, venerado com rituais selvagens durante os quais, para propiciá-lo, se sacrificavam vítimas, afogadas num lago; em seu aspecto mais benéfico, foi descrito como inventor das artes, associado também às viagens, ao comércio e à riqueza. Foi identificado ao deus romano Mercúrio por Júlio César.

Suas qualidades guerreiras eram celebradas no século XII: quando formaram uma ordem militar durante a Terceira Cruzada, os guerreiros e sacerdotes germânicos adaptaram o nome do deus para a denominação coletiva de Guerreiros Teutônicos.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Nerthus

Os povos da antiga Dinamarca adoravam Nerthus, uma deusa de fertilidade. Eles levavam a imagem dela ao redor da zona rural em um vagão para fazer as colheitas crescerem bem.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Goibnu

O deus ferreiro da mitologia irlandesa, Goibnu, combinou sua arte com poderes mágicos e, junto com Luchta e Creidhne – outros deuses artesãos –, criou armas invencíveis para os Tuatha De Danann, os deuses da luz e da bondade, que as usaram na batalha contra os Fomore, gigantes divindades das trevas, deformadas e más.

Goibnu era também um mestre cervejeiro. Em um gigantesco caldeirão de bronze, ele fabricava uma bebida especial que servia no Banquete do Outro Mundo (Fled Gobnen). Qualquer pessoa que bebesse essa cerveja se tornava imune às enfermidades ou à morte.

Filho de Dian Cécht, o deus irlandês da medicina, Goibnu tinha dois irmãos: Samhain e Cian, o pai de Lugh, deus de todas as artes. Quando Balo do Olho Mau, avô de Lug, tentou matar seu bisneto recém-nascido, o deus ferreiro tornou-se o pai adotivo do menino e transmitiu-lhe todo o seu conhecimento sobre arte e artesanato.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Brighid

O nome da deusa celta da poesia, sabedoria e conhecimento dos mistérios da magia, Brighid (Brígida), significa rainha”, “poderosa” e “exaltada”. Essa poderosa divindade – cujo pai era o supremo Dagda – também estava associada à fertilidade e, sobretudo, ao dom de facilitar os partos. É possível que essa quantidade de associações seja pelo fato de ter duas irmãs homônimas, sendo uma a deusa da cura e a outra da metalurgia.

Brighid teve dois maridos: Bres, o belo e tirânico filho do rei dos Fomore (espíritos do mal que viviam sob o mar), e Tuirean, de quem teve três filhos. A cada primavera, ela depunha a azulada deusa do inverno. Suas viagens pela Irlanda, obtidas como recompensa por ter liquidado o pai de Lug, o deus de todas as artes, comparam-se às viagens de Jasão pela Grécia em busca do velocino de ouro.

Brighid era famosa por sua bondade e generosidade. Santa Brígida de Kildare - que viveu no século V e doou todas as propriedades da família aos pobres levando o pai à loucura - herdou muitas das tradições associadas a sua antecessora pagã: era invocada durante os partos, e o dia de seu festival, 1º de fevereiro, é o mesmo dia do antigo festival da primavera ou imbolc, que celebrava as ovelhas que começavam a dar leite, sagradas para a deusa celta.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Brigantia

Como deusa celta da vitória, Brigantia (Briganta, Brigindo) era apropriadamente a protetora dos brigantes, tribo do norte da Bretanha que habitava o local hoje conhecido como West Yorkshire, poderosa o bastante para resistir às forças do Império Romano por mais de 150 anos. Parece ter sido associado por Júlio César a “Minerva Celta” – uma das divindades locais que ele descreveu após invadir a Bretanha em 55 a.C. Certamente a deusa corresponde à romana Minerva, tanto no seu aspecto guerreiro quanto no seu papel de protetora das artes e do artefato: uma estátua do século III mostra Brigantia segurando a lança de Minerva e um globo que simboliza o governo, com suas asas da vitória aparecendo por trás dos seus ombros. Séculos mais tarde, pode ter sido também o modelo para Britânia, a guerreira que usava capacete e carregava um tridente, personificando o Império Britânico.

Embora os brigantes fossem mais tarde subjugados pelos legionários romanos, que marcharam para o norte para construir o Muro de Adriano no século II, sua divindade ainda era reverenciada durante a ocupação romana da Bretanha como uma deusa ninfa das fontes. Pode também corresponder à irlandesa Brígida, à qual se atribuíam a cura e a medicina, protegia muitas fontes, cujas águas possivelmente curavam os enfermos.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Tiwaz

O deus do céu e “soberano de tudo” na mitologia germânica. Também é um deus de guerra e pode amarrar as pessoas ou libertá-las usando feitiços de batalha.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nehalennia

A deusa da fertilidade adorada na mitologia germânica por povos na costa da Holanda.

sábado, 6 de junho de 2015

Donar

O deus germânico do trovão era Donar. Cultuado pelos celtas, é associado com as grandes florestas de carvalho e leva um machado, símbolo do raio. É comparado ao deus escandinavo Thor - sendo até chamado de Thunnor pelos anglo-saxões - e ao deus eslavo Perun.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Halloween, o Dia das Bruxas

O Halloween é um evento tradicional e cultural, que ocorre basicamente em países de língua inglesa, com especial relevância nos EUA, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações dos antigos povos celtas, que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C.

Entre os meses de outubro e novembro, marcava-se o fim do verão e início do inverno, a estação da escuridão que trazia a metade mais sombria do ano. Fazia-se, então, um dos mais importantes festivais do calendário celta, o Samhain*, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro. Era um momento de inventariação e preparação para o frio: o rebanho era trazido de volta e alguns gados eram abatidos. Fogueiras eram acesas para a realização de rituais (alguns destes sugerem o envolvimento de sacrifício animal e – talvez – humano) e jogos de adivinhação que decretavam o fim da época da colheita.

No dia 31 de outubro também era celebrada a "Noite dos Mortos". Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade, sem fome ou dor. As festas eram presididas pelos sacerdotes druidas que atuavam como intermediários entre as pessoas e seus antepassados. Os espíritos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.


A invasão das Ilhas Britânicas pelos romanos (46 a.C.) acabou mesclando a cultura latina com a celta, até que esta última desapareceu com a evangelização. Acredita-se que a Igreja Católica tenha tentado eliminar os rituais pagãos do Samhain, mudando a data do Dia de Todos os Santos (All Hallow's Day, de maio para 1º de novembro) para a véspera do Dia dos Finados (2 de novembro). Por ser uma festa importante, instituiu-se restrições de vigília no dia anterior. Inclusive, o primeiro registro do termo "Halloween" é do século XVIII, como uma contração de All Hallow's Evening, véspera de Todos os Santos.

A Igreja Católica ainda associou a data às feiticeiras e bruxas queimadas na Inquisição para aumentar os perigos de se celebrar uma data pagã. Por essa razão, os povos de língua oficial portuguesa designam este dia como "Dia das Bruxas".

HOJE
A celebração do Halloween hoje é bem distinta de suas origens celtas. É possível que a ideia de se fantasiar tenha vindo do costume celta de se mascarar no Samhain para evitar serem possuídos na Noite dos Mortos e perderem um ano inteiro de suas vidas, pois só poderiam tentar sair no próximo festival. Durante o período da Peste Negra – que dizimou perto da metade da população européia e criou entre os católicos um grande temor e preocupação com a morte –, multiplicaram-se as missas pelos mortos, médicos utilizavam máscaras e roupas protetoras e muitas representações artísticas recordavam às pessoas de sua própria mortalidade. Isso intensificou o uso de fantasias na data.

Já a tradição de pedir um doce sob ameaça de fazer uma travessura (trick or treat, "doce ou travessura"), tem duas possíveis origens. Uma delas vem da Idade Média, quando, durante as festas de Todos os Santos, os pobres passavam na casa de pessoas ricas pedindo o "bolo das almas" (uma massa bem fina com recheio de frutas vermelhas ou pão molhado em suco de groselha), mas só recebiam se prometessem rezar pelos mortos daquelas famílias. A outra vem do período de perseguição protestante contra os católicos na Inglaterra, que acabou gerando a Conspiração da Pólvora e, posteriormente, a máscara de Guy Fawkes (leia mais sobre isso na Wikipedia), celebradas em novembro.

PELO MUNDO
No México, dia 1° de novembro é o "Dia dos Inocentes", no qual é celebrada a memória de crianças mortas antes de serem batizadas. À noite, as famílias se unem para comer e beber à lembrança dos mortos, esperando-os na madrugada. No dia seguinte, El Dia de los Muertos, com muita festa, desfiles e música, as pessoas levam aos túmulos tudo aquilo que o morto mais gostava. Nesse período é comum a distribuição de caveiras doces.

Na Espanha, o 31 de outubro coincide com a colheita de castanhas e abóboras, na comemoração chamada de “Castanhada”. Na Tailândia é realizada anualmente a festa Phi Ta Khon, com música e desfiles de Buda.

No Brasil, decretou-se o dia 31 de outubro como o Dia do Saci Pererê em protesto à inclusão do Halloween. Apesar desse esforço, a data anglo-saxã ainda é celebrada.

* Samhain pode significar "fim do verão" ou "fim da luz" e o nome do mês de novembro. Alguns colocavam esse período como o Ano Novo celta, mas é mais provável que esteja ligado à passagem das estações.

domingo, 27 de outubro de 2013

Jack'o Lantern

A lenda de Jack'o Lantern (Jack of the Lantern, Jack da Lanterna) surgiu a partir de um mito irlandês sobre Jack – homem alcoólatra e grosseiro, também chamado de "Jack Miserável" ou "Jack Avarento" (Stingy Jack) – que bebeu mais do que de costume em um 31 de outubro e o Diabo veio para levar sua alma. Desesperado para viver, Jack implorou por mais um copo de bebida e o Diabo, compadecido, concordou.

Fiel ao miserável em seu nome, Jack não queria pagar a sua bebida e nem possuía dinheiro para tal. Convenceu, então, o Diabo a se transformar em uma moeda que seria usada para pagar as bebidas. Mal viu a moeda sobre a mesa, Jack guardou-a em sua carteira com um fecho de prata em forma de cruz, o que impedia o Diabo de voltar para sua forma original. Sob a condição de não incomodá-lo durante um ano, Jack o soltou.

Feliz com a oportunidade, Jack resolveu mudar seu modo de agir e começou a tratar bem a esposa e os filhos, ir à igreja e até fazer caridade. Mas a mudança não durou muito. No ano seguinte, na noite de 31 de outubro, Jack estava indo para casa quando o Diabo apareceu reclamando por sua alma. Esperto como sempre, Jack convenceu o Diabo a pegar uma maçã de uma árvore como sua última refeição na Terra. O Diabo aceitou. Enquanto subia no primeiro galho, Jack pegou um canivete e desenhou uma cruz no tronco. O Diabo prometeu, então, partir por mais dez anos, mas Jack exigiu que nunca mais fosse aborrecido. O Diabo acabou aceitando e foi libertado.

Para seu azar, um ano mais tarde, Jack morreu decapitado. Deus não permitiu sua entrada no céu por causa de seus pecados em vida. Sem alternativa, foi para o inferno, onde o Diabo, ainda desconfiado e se sentindo humilhado, tinha de manter sua palavra de não ficar com a alma de Jack. Sem ter para onde ir, acabou condenado a andar na escuridão até o Juízo Final. Então, ele implorou que o Diabo acendesse brasas para iluminar seu caminho, mas só lhe deu um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a fraca luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco de um nabo esculpido e tem vagueado pela Terra desde então.

Ilustração de RadoJavor.
A ideia de usar um nabo surgiu com um símbolo do folclore celta, um grande nabo com uma vela espetada. Na Irlanda e na Escócia, as pessoas começaram a fazer suas próprias versões de Jack O'Lantern, esculpindo rostos assustadores em nabos e batatas e colocando-os em janelas ou portas de perto para afugentar Jack Miserável e outros espíritos errantes do mal. Na Inglaterra, grandes beterrabas são usadas.

E as abóboras afinal?
Os imigrantes destes países levaram a tradição de Jack O'Lantern com eles para os EUA. Logo descobriram que havia pouquíssimos nabos no novo continente, porém, as abóboras nativas e em abundância eram perfeitas para fazer as lanternas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Cemitério celta?

Investigadores britânicos da University College de Londres revelaram no mês passado uma nova teoria sobre Stonehenge. O antigo círculo de pedras, situado na planície de Salisbury, sudoeste da Inglaterra, teria sido originalmente um cemitério e um local de grandes celebrações, ao invés de um calendário ou observatório astronômico da Idade da Pedra.

© OUR PLACE The World Heritage Collection

Os arqueólogos promoveram durante dez anos diversas pesquisas que incluíram escavações, trabalho de laboratório e a análise de 63 antigos restos humanos. A equipe de investigadores - liderada pelo Prof. Mike Parker Pearson - acredita que o Stonehenge original foi utilizado como um túmulo para famílias distintas e construído cerca de 3000 a.C., ou seja, 500 anos mais cedo do que a data até agora atribuída para o monumento, hoje famoso em todo o mundo e patrimônio mundial da Unesco. Os restos de diversos corpos cremados "foram marcados com as pedras azuis de Stonehenge", precisou Parker.

Análises efetuadas aos restos de 80 mil ossos de animais detetados no local também sugerem que, por volta de 2.500 A.C., decorreram em Stonehenge grandes festas comunitárias. "Parece que os povos antigos viajavam para celebrar os solstícios do verão e do inverno mas também para construir o monumento", acrescentou o professor.

E o mistério continua...

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Parabéns... Sol!

Dia 25 de dezembro é o dia de celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Mas a data real da natividade é incerto (e, certamente, um equívoco) por conta de questões históricas e geográficas. Nos primeiros séculos da nossa era, havia na Palestina até mesmo cristãos que comemoravam o nascimento de Jesus em maio. As primeiras celebrações históricas do natal cristão ocorreram ao findar o século II, partindo do oriente, no dia 6 de janeiro. Esse dia, porém, nunca foi reconhecido pela Igreja do Ocidente.

A tradição de se festejar o Natal durante o inverno europeu foi estabelecida no século IV. O Cristianismo foi englobando uma série de comemorações e tradições do período para fortalecer seu principal personagem e suprimir os rituais pagãos.

Na Idade Média, havia duas versões da festa de fim de ano (Yule) entre os povos germânicos: ao norte de Danevirk (a muralha que separava os dinamarqueses dos francos, os cristãos dos pagãos), toda a aldeia se reunia em um templo para fazer um sacrifício animal para Odin; enquanto, ao sul, rezava-se uma missa para São Nicolau em uma igreja. Mesmo com essas diferenças, em ambas, as casas eram decoradas com frutos vermelhos de azevinho e ramos de pinheiro e as famílias se juntavam para beber e celebrar.

O dia 21 de dezembro evocava a festa romana do Sol Vitorioso (Natalis Solis Invictus), em homenagem ao aniversário de Mitra, o deus solar persa cujo culto e influência estenderam-se por todo o império romano. Ela acontecia durante as Saturnálias, uma celebração carnavalesca, quando os druidas celtas dos povos germânicos usavam muitas luzes, tochas e velas para garantir que o mundo não saísse dos eixos devido à longa escuridão invernal (Solstício de Inverno no Hemisfério Norte). Novamente os cristãos se apoderaram desse simbolismo de luzes, pois, no Antigo Testamento, o Salvador é, de fato, "a luz que virá ao mundo".

Em 336, o 25 de dezembro foi mencionado oficialmente pela primeira vez como o aniversário de Jesus. Alguns dizem que a data decisiva para o cálculo foi o 25 de março (Equinócio da Primavera no Hemisfério Norte), quando dia e noite têm duração igual. A data já era destinada à celebração do sol em vários cultos pagãos, como, por exemplo, o grande e popular Horus da mitologia, Krishna entre os hindus, além de Dioniso (que era chamado "salvador", soter) e Adônis na Grécia. Os cristãos tomaram posse da data, como o dia em que o anjo anunciou a Maria que ela teria um filho. Nove meses depois, e estamos no dia 25 de dezembro.

Mas a adesão não foi simples, uma vez que as festividades pagãs eram intensas e muitos consideravam grandes arruaças. Por exemplo, em 1644, os puritanos ingleses, após deporem o rei Carlos I em meio a uma Guerra Civil, simplesmente proibiram o Natal por considerarem-no “pagão”. A lei só seria derrubada com o retorno da monarquia, em 1660. Os escoceses foram além e reprimiram o Natal entre 1640 e 1958, quando voltou a ser feriado!

Feliz aniversário, então, para todos os mitos nascidos no dia de hoje! Parabéns... Sol!

sábado, 17 de março de 2012

Dia de São Patrício

Importantes figuras históricas são freqüentemente escondidas pelos mitos e lendas atribuídos a eles durante os séculos, e São Patrício não é uma exceção. Acredita-se que ele tenha nascido no final do século IV, mas é confundido com Palladius, que foi enviado em 431 pelo Papa Celestino para ser o primeiro bispo dos católicos irlandeses (sem sucesso, acabou na Escócia). O que se sabe sobre São Patrício vem de seus escritos autobiográficos.

Magnonius Sucatus Patricius nasceu em uma família rica da Bretanha romana. Seu pai e avô foram diáconos na Igreja. Aos dezesseis anos, teria sido raptado por piratas irlandeses e levado para a Irlanda como escravo. De acordo com sua confissão, seis anos depois de pastoreio escravo, Deus lhe disse, em sonhos, para fugir de seu cativeiro para o litoral, onde ele iria embarcar em um navio e retornar a Bretanha para se tornar padre. Já como bispo, alegou ter recebido em 432 um chamado para regressar e evangelizar a Irlanda.

Numa Páscoa, Patrício teria acendido uma fogueira para seus seguidores. No entanto, nesta época do ano, era costume apagar todas as chamas para que, em um ritual pagão, uma nova luz fosse acendida trazendo bons presságios. Os druidas exigiram que o rei celta Laoghaire apagasse aquela chama. Patrício foi convocado para se explicar, mas seus seguidores o acompanharam entoando a Lorica, um hino que passou a ser chamado de "Couraça de São Patrício". O fervor dos seguidores teria impressionado o rei celta que aceitou ouvir os ensinamentos do bispo. Alguns escritos celtas dizem que Patrício chegou a vencer os druidas em um concurso de magia.

Um mito cristão diz que Patrício foi perseguido durante os quarenta dias da Quaresma por uma nuvem de demônios em forma de corvos negros que escureciam o céu. Orando e balançando um sino para dispersar os agressores, ele teria recebido a ajuda de um anjo que afastou os demônios e disse que o povo irlandês cristão havia sido abençoado.

Depois de quase trinta anos de evangelização, Patrício faleceu no dia 17 de março de 461 e foi enterrado em Downpatrick. O Livro de Armagh (manuscrito do século IX também chamado de Canon of Patrick) diz que ele morreu com 120 anos, em 493. Seu maxilar foi preservado num santuário de prata e sempre é pedido em casos de epilepsia, nascimentos e como proteção contra "mau olhado".

Apesar do êxito de várias missões à Irlanda empregadas por Roma, Patrício perdurou como o missionário fundador da Igreja Católica na Irlanda. Dizia-se que ele teria "tirado as cobras da ilha": após jejuar por 40 dias, foi atacado por serpentes mas as baniu com uma forte reza. Por essa razão, em algumas gravuras do santo, ele aparece esmagando esses animais com seu cajado. Mas sabe-se hoje que nunca existiram cobras no local. Portanto, é possível que essa expressão venha do símbolo representado pela serpente nos rituais pagãos celtas. Considera-se Patrício aquele que converteu chefes guerreiros e druidas ao cristianismo, batizando-os nas Holy Wells.

E O VERDE?
A Irlanda é também chamada de "Ilha Verde" por causa da exuberância de suas árvores na primavera. Dizem que São Patrício usou um trevo (três folhas unidas por um único caule) para explicar a Santíssima Trindade aos pagãos celtas. Com isso, fitas verdes e trevos eram usados nas celebrações a partir do século XVII. Na rebelião irlandesa de 1798, soldados irlandeses vestiram uniformes verdes no dia 17 de março na esperança de chamar a atenção pública à rebelião e propagar seus ideais políticos.

DIA DO SANTO E DO PORRE
17 de março se tornou Dia de São Patrício (Saint Patrick's Day), quando os países que falam a língua inglesa celebram o padroeiro da Irlanda Cristã, vestindo-se de trajes verdes, saindo às ruas em passeatas festivas com muita bebida. A bebedeira intensa se deve à liberação ao álcool da Igreja Católica da Irlanda no período da quaresma. Como muitos jejuavam, o porre era certo!

Tornou-se feriado público no ano de 1903. Com o passar do tempo, as conotações religiosas da comemoração do dia foram ficando cada vez mais distantes, e a data passou a ser uma celebração da amizade e da cultura irlandesa... com muita cerveja!

Como no Brasil, tudo é motivo pra festa... Feliz Dia de São Patrício!

PS.: A cerveja verde que se vê nessa época não tem muito mistério... é só usar anilina comestível azul e você beberá um chopp verde em homenagem ao santo!

sábado, 3 de março de 2012

Heróis na telona


E o filme de Hércules - baseado em uma HQ - está se encaminhando. Parece que Dwayne "The Rock" Johnson (aquele do Escorpião-Rei, Velozes e Furiosos 5 e por aí vai) está quase fechando contrato com a MGM para viver o herói grego. Como os quadrinhos possuem dois arcos de histórias (The Thracian Wars e The Knives of Kush) escritos por Steve Moore é possível que - se o filme der certo - já tenhamos uma sequência planejada. Temos até uma sinopse um pouco mais elaborada, porém ainda não definitiva:
Há mil e quatrocentos anos atrás, caminha pela Terra um atormentado Hércules, o poderoso filho de Zeus, que apenas recebeu sofrimento durante toda a sua vida. Após doze árduos trabalhos, e a perda da sua família, o semideus decide procurar conforto em batalhas sangrentas. Ao longo dos anos, Hércules ganhou a companhia de seis almas similares cujos únicos laços são o amor pelo combate e a presença da morte. Estes homens e mulheres nunca questionam quando ou quem vão combater, apenas como são pagos. Ao saber disto, Cotys, Rei da Trácia, decide contratar os mercenários para treinarem o maior exército de todos os tempos. Quando o exército começa a intervir sobre homens, mulheres e crianças inocentes, Hércules começa a questionar as motivações do Rei e decide impedi-lo.

Mas não é somente a Grécia que terá seus heróis na telona. O lendário guerreiro celta Cuchulain também vai se arriscar no cinema. Michael Fassbender (o Magneto de X-Men - First Class) produzirá e protagonizará os feitos do herói dotado de força sobre-humana por sua ascendência semidivina e conhecido, entre outros feitos, por ter resistido ao vasto exército enviado pela Rainha Mebh para roubar o premiado touro branco de seu tio Conchobar, rei de Ulaid.

A história deve ser baseada no Ciclo de Ulster, conjunto de prosa e verso do século 8 que trata dos tradicionais heróis da região de Ulaid. É um dos quatro ciclos principais da mitologia celta, ao lado do Ciclo Mitológico, Ciclo de Fenian e o Ciclo Histórico.

Ambos devem ser para 2014. E lá vamos nós!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cernunnos

Cernunnos é, possivelmente, a mais antiga divindade do panteão celta. Há sinais, inclusive, de que ele seja anterior às invasões celtas. Independentemente de sua origem, o Deus Cornudo (ou Galhudo, ou Cornífero), desempenha uma função importante não só por se tratar do Senhor dos Animais - domésticos e selvagens -, mas também da fertilidade e da abundância - regulando as colheitas dos grãos e das frutas - e Mestre das Caças. Ele conectava a Terra, o Céu e o Mar no centro sagrado do mundo, como a representação da Natureza. Posteriormente, foi considerado também o deus do dinheiro e, em alguns momentos, é associado ao Sol.

Segundo as lendas, Cernunnos (o princípio masculino) é filho da Grande Deusa (o princípio feminino). Ele atinge sua maturidade no solstício de verão e se apaixona pela Deusa. Ao fazerem amor, deposita toda sua força e a engravida. Quando a Deusa dá a luz no solstício de inverno, o deus morre, pois foi ele mesmo que renasceu. É a representação da passagem das estações. Um símbolo do poder natural da vida e da morte.

Essa relação incestuosa foi substituída por outra lenda, registrada por um poeta. Nela, Cernunnos nasceu da Grande Deusa sem seus chifres. Atingiu sua maturidade no verão e se apaixonou por Epona. Com ela se casou e ambos reinavam no subterrâneo - onde encaminhavam as almas. Porém, Epona precisava vir à Terra cumprir suas funções de deusa da fertilidade, lembrando a história de Hades e Perséfone. Num desses momentos, Epona o traiu e uma galhada começou a nascer na cabeça do deus. Daí viria a ligação entre traíções e chifres.

Sua primeira representação conhecida está presente em uma gravação sobre rocha datada do século IV encontrada no norte da Itália. Aparece como um ser de aspecto antropomorfo, dotado de dois chifres de cervo na cabeça e dois torques em cada braço. O torque - espécie de argola aberta torcida com as extremidades em forma de esferas - é um atributo de poder e realeza utilizado no pescoço ou nos braços pelos grandes chefes e guerreiros mais destacados para que fossem identificados como mestres na sociedade celta.

Ao lado desta imagem estava desenhada uma serpente com cabeça de carneiro - símbolo de renascimento e sabedoria. Acreditava-se, então, que Cernunnos poderia tomar a forma deste animal. Frequentemente é representado acompanhado por animais, principalmente cervos e touros, que se alimentam de um grande saco que tem em seu poder, ou por serpentes que se alimentam da fruta oferecida entre suas pernas. Em algumas ocasiões - como no caldeirão Gundestrup (foto) encontrado na Dinamarca -, aparece sentado de pernas cruzadas.

Os deuses com chifres são sempre identificados como entidades de sabedoria e de poder. Na Antiguidade, tais protuberâncias cefálicas podiam ser levadas apenas pelos mais viris, dotados de valor, honra, masculinidade etc. É possível que a idéia de "coroa real" venha daí. Um conto popular gaélico fala sobre viajantes que ganharam chifres ao comerem maças da floresta de Cernunnos. Após mordê-las, chifres cresceram em suas testas e eles passaram a compreender muitas coisas que aconteciam ao redor do mundo. Uma lenda escocesa afirma que chifres apareciam na cabeça dos melhores guerreiros. Os vikings são popularmente conhecidos por seus elmos com chifres, mas eles nunca levavam adornos semelhantes aos combates, pois isso seria um grande incômodo. Na verdade, utilizavam capacetes lisos e práticos, quase sem ornamentos. Os famosos capacetes com chifres eram utilizados apenas em cerimônias religiosas.

Cernunnos foi muito adorado entre os povos celtas da França (Gália) e da Grã-Bretanha - onde foi associado a Belatucadnos, um deus da guerra. Os gregos associavam-no a , mas os romanos o relacionaram a Mercúrio. Na Irlanda medieval, os chifres de Cernunnos foram transferidos ao Diabo, dando forças ao cristianismo contra o paganismo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sucellus e Nantosuetta

Estátua em bronze de Sucellus.
Museu Nacional de Arqueologia (França)
Qualificado como rei dos deuses, Sucellus (Sucellos) era, na verdade, um deus da fertilidade da terra, da agricultura. Seu nome significava "o que bate bem", por carregar um grande martelo de cabo longo, usado para bater na terra e acordar as plantas, anunciando o início da primavera. Era representado como um barbudo de porte atlético coberto apenas com uma pele de lobo. Se aparecesse com vestes estampadas de círculos e cruzes, estava ligado aos céus. Às vezes, segurava um tonel de vinho ou uma taça, mostrando ser responsável pelos banquetes dos deuses e padroeiro das bebidas alcoólicas.

Sua mulher era uma deusa da água, Nantosuetta (ou Nantosuelta, "rio serpeante"), outra figura da fertilidade, que era também deusa do lar. Suas águas eram curativas e revigorantes. De cabelos cacheados soltos, carregava uma cornucópia, símbolo de abundância, e, muitas vezes, corvos a rodeavam. Dizia-se que cuidava das raízes das plantas e, portanto, poderia passear pelo Reino Subterrâneo. Alguns mitos a colocavam até como governante ou responsável por guiar os espíritos. Dessa forma, foi comparada a Perséfone grega.

Estátuas dos dois juntos eram comuns em domicílios celtas, associadas à prosperidade. Foram adorados principalmente na Lusitânia (Portugal) e na Gália (França). Nantosuetta foi associada a Morrigan entre os celtas britânicos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Belenus

O deus do Sol e do fogo Belenus era um dos principais da mitologia celta. Era também ligado à ciência, à cura, às fontes térmicas, ao sucesso, à prosperidade e, até mesmo, à colheita e à agricultura. Era casado com Belisama, deusa das forjas e do artesanato.

A palavra bel (brilhante) aparece como radical de diversos nomes divinos (como o deus guerreiro Belatucadrus), o que pode significar várias faces do mesmo deus. Belenus era invocado em batalhas para garantir a vitória aos corajozos e ferozes guerreiros, uma vez que as batalhas eram consideradas os momentos "mais brilhantes" na vida de um guerreiro. Era dito que o deu ficava lado a lado com quem o invocou, passando sua força até a vitória. Mas também era visto como o deus da iluminação, da sabedoria, e, portanto, acompanhava os grandes líderes e estrategistas.

Seus símbolos são o cavalo e a roda. Dia 1º de maio ocorria o Beltane (Fogo de Bel), festival do deus onde se sacrificavam animais em grandes piras. É também conhecido como Belanus, Belen, Belinus, Belenos. Comparado ao Apolo grego, também está relacionado com Ares (Marte) em sua versão guerreira.

domingo, 9 de maio de 2010

Taranis

Taranis (ou Júpiter) com roda e relâmpago
Taranis (ou Tarann ou Taranuo) era o deus do trovão e mestre do céu da antiga Gália. Cruzava os céus em sua carruagem de prata e o trovão era o ruído que faziam as rodas. Os raios eram produzidos pelas fagulhas que saíam dos cascos dos cavalos. A roda, portanto, foi atribuída a ele.

Os romanos acreditavam que ele recebia sacrifícios humanos de seus adoradores. Deriva o seu nome das palavras taran ou toranos, que significam "relâmpago" ou "trovão", e chegou a ser considerado como o deus do fogo. Por isso, também aparecia, às vezes, como uma deidade relacionada com outros elementos essenciais, sobre os quais incidiria como uma espécie de princípio ativo.

Era adorado em quase todo o mundo celta e, pode ter sido associado ao deus romano Júpiter, ao grego Zeus, ao celta Donar e ao nórdico Thor. Mas também foi associado ao ciclope Brontes que criava relâmpagos para Zeus, na mitologia grega.


Rodinhas de metal utilizadas pelos adoradores de Taranis, chamadas de rouelles.
Milhares dessas foram encontradas na Bélgica galesa.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Epona

Mármore da deusa gaulesa Epona, século 4. Segundo legenda em museu, o imperador romano Galério
pode ter sido responsável pela introdução do culto de Epona em Salônica.
"A Cavaleira" ou "A Amazona", Epona é representada sempre a cavalo, sentada de lado, como uma amazona. Na cabeça, trazia um diadema. O vigor e a força do cavalo são símbolos do poder da terra e de sua fertilidade, sendo assim, presidia, também, à fecundidade do solo, fertilizado pelas águas, tornando-se uma das divindades mais populares entre os celtas. É protetora dos cavalos, dos jumentos e das mulas, e das nascentes dos rios. Sua autoridade era mantida mesmo após a morte, sendo responsável por acompanhar as almas as suas últimas jornadas.

Como deusa da fertilidade, seus atributos eram a cornucópia, uma pátera, espigas de trigo e frutos. Figuras de cavalos brancos recortadas em encostas gredosas talvez tenham sido dedicadas à deusa, como o monumento conhecido como Cavalo Branco de Uffington, na Inglaterra. A adoração a Epona foi muito difundida entre os séc. I e III, ficando popular nas cavalarias dos exércitos romanos.

Seu nome deriva do idioma gaulês para "grande égua" e foi considerada uma forma primitiva da deusa grega Demeter.

Estatúa de Epona, Museu Histórico de Berna (Suíça, ano 200)