Para o teólogo e filósofo Leonardo Boff, FÁBULA é uma narrativa imaginária cujos personagens são, via de regra, animais, plantas ou a personificação de qualidades, virtudes e vícios, com o objetivo de transmitir lições morais ou tornar concreta uma verdade abstrata, como a raposa e as uvas de Jean de La Fontaine (1621-1695).
Já MITO é algo mais complexo por conta das ambiguidades que encerra. Assemelha-se à ideologia. Designa, portanto, clichés e crenças coletivos acerca de temas relevantes (pessoas, situações, acontecimentos) que circulam na cultura. Pode equivaler à mera fantasia ou a uma interpretação distorcida da realidade. A antropologia e a filosofia colocam que o mito constitui uma forma autônoma de pensamento, diferente da razão, próxima a uma inteligência emocional que utiliza de imagens, símbolos, parábolas ou contos para evocar sentimentos profundos e expressar o que dá valor ao ser humano. Então, o mito utiliza representações poderosas (como deuses e deusas, confrontos cósmicos etc) para expressar situações verdadeiras, carregadas de dramaticidade e significação, e configurar um consciência coletiva.
Entenderam a diferença? Tenho dificuldade... me parecem tão semelhantes. Parece que a presença de personagens humanos é que faz a diferença. Sei lá... alguém explica?
sábado, 16 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Os deuses do Olimpo
Os deuses olimpianos, gravura de Monsiau. (séc. XVIII) |
Para receber os visitantes, logo à sua entrada, ficavam as três lindas Horas. Quando os deuses saíam, as Horas cobriam os palácios com nuvens. Durante as reuniões, os deuses comiam ambrosia e tomavam néctar, desfrutando sua eterna juventude e imortalidade. As Graças e as Musas dançavam e cantavam de forma harmoniosa e deixavam os deuses estáticos. Elas sempre terminavam de se apresentar com um cântico de louvor a Zeus, o rei dos deuses. Hera, sua esposa e rainha dos deuses, ocupava o trono de ouro à direita de Zeus. À sua esquerda, sentavam-se a pacífica Irene e a deusa alada da vitória, Niké. Têmis, deusa das leis, também estava sempre por perto do governante.
Existiam duas grandes ânforas de cerâmica na entrada do Olimpo: uma com sementes do bem e outra com sementes do mal. Delas Zeus semeava à humanidade, após ouvir as três Parcas, suas filhas. A deusa Fortuna também andava cega e errante pelo Olimpo despejando riqueza e felicidade ao acaso.
Mas dentre todos os que viviam no Olimpo, doze eram os mais importantes - tanto que, por essa adoração, a religião é grega é conhecida como Dodekatheon, ou doze deuses. São eles: Zeus, Hera, Poseidon, Ares, Hermes, Hefestos, Afrodite, Atena, Apolo, Ártemis, Deméter e Dionísio. Sua importância vem da vitória dos deuses sobre os titãs. Também viviam no Olimpo outros deuses, semideuses e heróis, como Íris, Hebe, Helios, Héstia, Ganimedes e Hércules, entre outros. A deusa Pérsefone só podia viver metade do ano no Olimpo com sua mãe Deméter e a outra metade com seu marido Hades, deus do submundo.
Existe aqui uma história interessante: os registros de poeta Homero diziam que Héstia fazia parte do grande panteão olimpiano. Quando foi oferecida uma posição à Dionísio, Héstia preferiu sair para que não ficassem treze deuses principais, o que daria um enorme azar. Essa interferência, provavelmente foi feita pelos romanos que, ao tomarem a religião grega para si, deram maior importância a Baco (Dionísio) do que a Vesta (Héstia).
Aos poucos, vou falar sobre cada um deles e muito mais.
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sábado, 9 de janeiro de 2010
O poder do mito
Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.
Não poderia deixar de citar aqui o grande Joseph Campbell, pesquisador de línguas, mitologias e religiões. Seus estudos são referência. Seu exaustivo trabalho de quatro volumes As Máscaras de Deus (Mitologia Primitiva, Mitologia Ocidental, Mitologia Oriental e Mitologia Criativa) cobre a mitologia através do mundo, da mitologia antiga à moderna, focando nas variações históricas e culturais do monomito*. Já O Herói de Mil Faces foca nas idéias elementares da mitologia. Em outras palavras, enquanto que O Herói de Mil Faces baseia-se principalmente na psicologia, As Máscaras de Deus baseia-se mais na antropologia e história.
As idéias de Campbell fizeram sucesso nos anos 70, quando se tornou um ícone para os hippies que pregavam o compromisso social com tolerância e respeito ao outro e paz como metáfora religiosa e elemento de ligação entre o ser e o mistério. Não por acaso, Campbell é o autor que inspirou George Lucas na saga Guerra nas Estrelas – e o ponto culminante do primeiro filme, quando Luke Skywalker vai destruir a Estrela da Morte e os equipamentos falham, é a “voz da consciência” do herói que pede que ele não acredite nos aparelhos (assim como não deveríamos acreditar nas histórias míticas ou no que diz qualquer pretenso salvador) e acredite em si mesmo. As histórias mitológicas deveriam servir como metáforas para nossas vidas. Mas o poder de alguns homens sobre as religiões subverte essa dinâmica.
Após sua morte, a Fundação Joseph Campbell mantém os estudos e a preserva seu trabalho.
* Monomito é o conceito da "jornada do herói" criado por Campbell. Para ele, todos os mitos seguem uma estrutura dividida em três grandes seções: Partida, Iniciação e Retorno. O termo foi cunhado por James Joyce, autor preferido de Campbell.
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Uma introdução...
Contados, repetidos e em constante evolução através das gerações, os mitos que conhecemos hoje formam um elo vivo com o surgimento da Terra e as origens da humanidade. Por toda a parte, da Ásia a África, das Américas a Oceania, um sem-número de narradores transmitiu a seus descendentes lendas épicas sobre as grandes peripécias de seus hérois, deuses e seres sobrenaturais, numa tentativa de explicar os mistérios do mundo: a criação e a catástrofe, a vida e a morte.
A palavra "mito" vem de palavra grega mythos, que significa "história escrita ou falada". As pessoas costumam entender mito como uma simples história, mas não é a completa definição. Um mito é uma história com uma finalidade. Geralmente, tenta explicar como é o mundo ou as relações entre deuses e os seres humanos. Embora os eventos, na maioria das vezes, pareçam impossíveis, a mensagem por trás deles podem ter um significado religioso ou social, separando-os das histórias comuns.
Antes do advento da luz elétrica, do rádio e da televisão, contar histórias era quase o único divertimento possível. Às vezes, essas histórias formava também a base de uma religião e as regras de uma sociedade. Algumas lendas fazem parte até hoje da base de algumas religiões. Outras pertencem a culturas há muito desaparecidas, como o Antigo Egito ou o Império Romano.
A palavra "mito" vem de palavra grega mythos, que significa "história escrita ou falada". As pessoas costumam entender mito como uma simples história, mas não é a completa definição. Um mito é uma história com uma finalidade. Geralmente, tenta explicar como é o mundo ou as relações entre deuses e os seres humanos. Embora os eventos, na maioria das vezes, pareçam impossíveis, a mensagem por trás deles podem ter um significado religioso ou social, separando-os das histórias comuns.
Antes do advento da luz elétrica, do rádio e da televisão, contar histórias era quase o único divertimento possível. Às vezes, essas histórias formava também a base de uma religião e as regras de uma sociedade. Algumas lendas fazem parte até hoje da base de algumas religiões. Outras pertencem a culturas há muito desaparecidas, como o Antigo Egito ou o Império Romano.
Lupa
A imagem que está presente no título do blog é uma simulação de uma lupa medieval com duas hastes para melhor segurá-la na leitura. Criei este símbolo para a minha monografia de graduação e acredito que funcionará muito bem aqui, uma vez que o objetivo daquele trabalho e deste blog e aumentar nosso conhecimento sobre as mitologias de todo o mundo.
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