sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Unicórnio


O unicórnio ("um chifre" em latim) é um cavalo forte, veloz e pode apresentar um temperamento hostil. Sua característica particular é um único chifre espiralado no meio da testa de aproximadamente 45 cm. Em algumas espécies esse chifre é branco na base, preto no meio e vermelho-vivo na ponta. Alguns unicórnios podiam emitir ruídos graves. Algumas lendas ainda descrevem o animal com cavanhaque de bode, pernas de corça e rabo de leão.

Gravura do século XVII.
No chifre reside toda história e pensamentos do unicórnio. Várias lendas dizem que seu chifre possui incríveis poderes mágicos. Um cálice feito a partir dele propiciaria proteção para qualquer um que bebesse nele, além de prevenir contra convulsões, epilepsias e agir contra venenos. Em horas de perigo ou de concentração prolongada o chifre pode apresentar brilho ou esplendor suave. Para a proteção do unicórnio, não podemos ver seu chifre e, por isso, é confundido com um simples cavalo.

Quando adulto, o unicórnio apresentava pelagem branca, mas dourado em sua fase de potro, e prateado durante a adolescência. Alguns podiam apresentar a pelagem da cabeça ou só a crina com coloração vermelha escura. Seus alimentos favoritos eram frutas, grãos maduros, água corrente e folhas tenras de árvores.

O unicórnio representa a força, o poder e a pureza. Ama tudo o que é puro e por esse motivo se conta que quando um unicórnio encontra uma donzela, ele deita-se sobre o colo dela e adormece. Tornou-se símbolo recorrente da virgindade, principalmente, nas artes medievais e cristãs.

A virgem e o unicórnio, afresco de Domenico (1605)

O unicórnio capturado, tapeçaria do séc. XV.
A origem do tema do unicórnio (ou licórnio) é incerta e se perde nos tempos: está presente nos pavilhões de imperadores chineses e na narrativa da vida de Confúcio; faz parte do grande número animais fantásticos conhecidos e compilados na era de Alexandre e nas bibliotecas e obras helenísticas; e foi descrito pelo médico grego Ctésias, em 400 a.C., como sendo um animal nativo de terras indianas.

É bem possível que o mamífero pré-histórico chamada Elasmotério (ancestral do rinoceronte) seja a inspiração. Um ancestral asiático do antílope (oryx) também pode ser a referência. Estudiosos creem que o dente do narval era vendido por antigos mercadores nórdicos como chifre de um animal fantástico como o unicórnio.

Elasmotério em pintura de Heinrich Harder
É frequentemente utilizado em livros e filmes de fantasia (Harry Potter, por exemplo) e acaba ganhando diversos atributos que diferem dos relatos originais. A Constelação de Monoceros é atribuída ao unicórnio.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Pégaso


Perseu no Pégaso para o resgate de Andrômeda,
óleo de Frederick Leighton (1895)
Pégaso é o cavalo mais conhecido das mitologias. Sua mitologia esta conectada ao mito de Perseu e seu combate com a Medusa, pois teria nascido assim que a górgona foi decapitada pelo herói. Alguns dizem que Medusa estava grávida do estupro de Poseidon* e Pégaso saiu do pescoço sem cabeça. No entanto, faz mais sentido mitológico, aqueles que descrevem o sangue da górgona caindo no mar e dessa mistura nascer o cavalo alado de pelagem branca como a espuma do oceano. Quem saiu do corpo decapitado de Medusa foi Crisaor - portanto, irmão de Pégaso.

Belerofonte montado em Pégaso enfrenta a Quimera,
óleo de Peter Paul Rubens (1635).
Belerofonte é outro herói atado à mitologia de Pégaso. Para destruir a Quimera, Belerofonte precisava montar o cavalo alado e só o fez com ajuda de uma rédea de ouro dada pela deusa Atena. Após derrotar o monstro, tentou cavalgar até o Monte Olimpo, mas Zeus enviou uma vespa para picar Pégaso e derrubar o herói. Em seguida, Zeus decidiu colocar o animal à serviço dele e o instruiu a carregar seus raios. No fim, transformou-o em estrelas (Constelação de Pégaso). Por isso, é também considerado o Rei dos Céus, um símbolo de imortalidade, e está ligado às tempestades (a velocidade dos raios e o som dos trovões).


Seu nome vem do grego pëgë, que significa "fonte". O primeiro voo de Pégaso teria sido até o Monte Helicon, onde residiam as Musas, e, para lhes agradar, fez jorrar água da rocha em sua primeira patada no chão. Quem bebesse a água desta fonte (chamada Hipocrene), virava um poeta. Pégaso tornou-se, então, símbolo da inspiração poética e da imaginação. A musa Urânia era sua principal cuidadora.

Pégaso e as Musas no Monte Parnasso, óleo de Caesar van Everdingen (1650)
Pégaso não era o único cavalo alado da mitologia grega. A carruagem de Eos era puxada por dois cavalos alados Lampo e Faetonte. No entanto, a força simbólica de Pégaso era tão grande que muitos dizem que era ele o responsável por puxar a carruagem púrpura da Aurora - uma clara tentativa de unificar as criaturas em torno de um mito para fortalecê-lo.

* Importante ressaltar que Poseidon, deus do mar, também é considerado o deus que criou os cavalos.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sleipnir

Odin montado em Sleipnir chega a Valhalla
(Pedra Tjängvide)
Sleipnir (Sleipner) é a montaria de oito patas de Odin capaz de galopar a velocidades incríveis. Considerado o ser mais rápido entre os planos – podendo viajar por terra, céus e mar –, seu nome significa "suave" ou "aquele que plana".

A lenda de seu nascimento conta que Loki assumiu a forma de uma égua branca e se acasalou com o garanhão cinza Svadilfari, dando à luz a Sleipnir. Loki presenteou seu pai Odin com o cavalo. Montado nele, Odin ia para as batalhas, muitas vezes acompanhado por seus lobos e corvos, e cavalgava pelos céus, rodeado de espíritos dos guerreiros mortos em combate.

Em certa ocasião, Odin emprestou Sleipnir para seu filho Hermod saltar os portões colossais de Niflheim e resgatar o irmão morto Balder. Sigurd teria talhado runas nos dentes do animal para permitir a entrada dele nos diversos reinos.

Gravura de W. G. Collingwood (1908).

Outra história conta que Odin teria ido à casa do gigante Hrungnir em Jotunheim para mostr que tinha o melhor cavalo de todos os reinos. Hrungnir concordou que o deus tinha um belo cavalo, mas afirmou que sua montaria, Gullfaxi, era ainda melhor. Os dois montaram em seus cavalos para apostar uma corridae Sleipnir venceu com facilidade, deixando o gigante e sua montaria a mercê dos aesires nos portões de Asgard.

A representação de suas oito patas é variada. O mais comum é encontrar quatro na frente e quatro atrás, mas existem duas variações: uma em que Sleipnir tem somente quatro patas, mas elas se dividem em duas na altura dos joelhos; e outra em que ele possui seis patas na frente e duas atrás.Sua cor também é motivo de dúvida: preto, branco, cinza e até castanho avermelhado são possíveis.

Ilustração de manuscrito islandês do séc. XVIII.

Estudiosos creem que a construção simbólica do cavalo que viaja pelos diversos planos é a mesma dos xamãs norte-americanos que utilizam animais como guias espirituais. Segundo o folclore islandês, a forma de ferradura do cânion Ásbyrgi, localizado no Parque Nacional Jökulsárgljúfur, no norte da ilha, foi formada pelo casco de Sleipnir. Existe uma estátua do cavalo na cidade de Wednesbury, Inglaterra.

Visão aérea do cânion Ásbyrgi
Estátua de Sleipnir em Wednesbury.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O cavalo árabe

Uma antiga lenda árabe conta que um solitário beduíno pediu a Alá um companheiro para dividir os calorosos dias e as gélidas noites do deserto. Alá compreendeu o anseio desse homem e resolveu dar vida a uma única criatura que tivesse olhos tão potentes quanto os da águia, faro tão sensível quanto o do lobo, a velocidade da pantera e a resistência do camelo*. Acrescentou ainda a coragem do leão, a memória privilegiada do falcão, a elegância do andar da corsa e a fidelidade do cão. Chamou o Vento Sul e ordenou que ele soprasse sobre um punhado de areia que estava em suas mãos. Surgiu, assim, o Cavalo Árabe.


Cientificamente foi provado que muitas dessas características realmente existem no animal:
  • Seus olhos são grandes e salientes, garantindo excelente visão para alertar dos ataques de seus predadores. Além disso, uma protuberância acima dos olhos (jibbah) aumenta o tamanho da cavidade nasal e, assim, de sua capacidade respiratória.
  • Suas flexíveis narinas se dilatam quando ele corre ou está excitado, proporcionando uma grande captação de ar. Normalmente elas se encontram semi-cerradas, reduzindo entrada de poeira e areia.
  • O tamanho e a grande separação entre seus maxilares proporcionam um bom espaço para a passagem de sua desenvolvida traqueia – outro fator de adaptação para aumentar a captação de ar.
  • O carregamento de sua cabeça é muito mais alto do que qualquer outra raça, especialmente ao galope, o que também facilita a passagem do ar ao alongar a traquéia.
  • É comprovado que a raça árabe possui maior número de células vermelhas que as outras raças, o que indica que usa o oxigênio mais eficientemente.
  • Possui uma pele negra sob seus pelos. Essa pele escura em torno dos olhos reduz o reflexo da luz do sol e protege contra queimaduras. De espessura fina também proporciona rápida evaporação do suor e proximidade à irrigação sanguínea, o que resfria o cavalo mais rapidamente e oferece conforto em longas jornadas de esforço físico.
  • Os pelos de sua crina são normalmente finos e longos para proteger o pescoço da ação direta do sol. O longo topete na testa também protege os olhos do reflexo e da poeira.
  • Seu pequeno e cônico focinho com finos e ágeis lábios são provavelmente resultados evolutivos dos ralos pastos do deserto. Os cavalos dos beduínos pastoreavam apenas esporadicamente comendo poucos chumaços de grama aqui e ali, enquanto seguiam em suas longas jornadas.
  • É fato que muitos cavalos Árabes possuem apenas cinco vértebras lombares, diferentes das seis comuns em outras raças. Essa vértebra a menos pode explicar o pequeno lombo e a resultante habilidade em carregar grandes pesos proporcionalmente ao seu tamanho.

O cavalo árabe é uma das mais facilmente identificáveis raças de cavalo do mundo. É também uma das mais antigas raças equinas, com evidências arqueológicas que remontam a cerca de 2500 a.C.. A raça se difundiu pelo mundo mediante guerras e o comércio, sendo usado para melhorar outras raças, dando-lhes mais velocidade, refinamento, resistência e estrutura óssea. Atualmente, as linhagens árabes são encontradas em quase todas as raças modernas de cavalos de montaria.

Outra lenda conta que Maomé, depois de uma longa caminhada, mandou que soltassem os animais para tomar água. Antes que chegassem ao lago, o profeta os chamou de volta, e apenas cinco éguas voltaram atendendo ao chamado sem matar a sede. Ele abençoou estas cinco éguas e delas se formaram as cinco linhagens famosas: Kehilan, Seglawi, Maneghi, Abeyan e Dahman. Acredita-se que um Puro Sangue Árabe seja o mais perfeito animal.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Ano chinês do Cavalo de Madeira


De acordo com o calendário chinês, hoje, 31 de janeiro de 2014, tem início o Ano do Cavalo de Madeira, cheio de descobertas e invenções, cooperações e amizades. Bem diferente do mais famoso cavalo de madeira da história, né?

Será um tempo de colher o que plantamos, de renovação e de mudanças, oportuno para quem quer alcançar o sucesso e transformar a própria realidade superando questões de trabalho com determinação e coragem. Bom para quem quer abrir um negócio, sem medo de se arriscar e de lutar pelo que se deseja, pois a tendência é conseguir solucionar problemas com rapidez e eficiência. Será um ano decisivo para quem estiver disposto a tirar projetos da gaveta e para aqueles que procuram um bem maior: grandes causas são favorecidas com a força do incansável cavalo. As comunicações serão favorecidas e profissões que lidam com o público estarão em alta: comércio, atividades artísticas e intelectuais ficarão em evidência. No campo pessoal, as pessoas estarão mais românticas e carinhosas, porém novos relacionamentos e trocas de parceiros acontecerão em grande número.

Tudo lindo, mas será um ano movimentado e extenuante. A Primeira Guerra Mundial (1918), a Grande Depressão (1930), a Segunda Guerra Mundial (1942) e a Revolução Cultural Chinesa (1966) aconteceram em anos regidos pelo Cavalo. Pelo jeito, terei menos tempo ainda para dar a devida atenção a este blog...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cavalo de Troia

O Cavalo de Troia foi um grande cavalo de madeira usado pelos gregos como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada de Troia.

Detalhe do vaso de Mykonos com uma das mais antigas
representações do Cavalo de Troia (séc. VIII a.C.).

Os gregos se uniram para assaltarem Troia e recuperar Helena, esposa raptada de Menelau, rei de Esparta. Depois de um penoso e frustrante cerco de nove anos, a cidade permanecia inexpugnada, protegida por altas muralhas. Ambos os lados contavam com o auxílio de deuses: Atena, deusa da sabedoria, favorecia os gregos, especialmente Ulisses, que teria tido a ideia de criar o cavalo de madeira com um interior oco, onde um grupo de guerreiros deveria se esconder. Simulando uma retirada, os gregos deixaram o cavalo às portas da cidade e se ocultaram em uma ilha próxima. Um grego, Sinon, deixou-se capturar e induziu os troianos a levarem o cavalo para dentro da cidade como um presente de vitória sobre o inimigo. À noite, quando a cidade dormia, os gregos saíram do cavalo e facilitaram a entrada de seu exército, que finalmente deixou a cidade em ruínas (localizadas em terras turcas).

Iluminura de Virgílio mostra Sinon e
o cavalo diante dos troianos (séc. V).
A história dessa guerra foi contada primeiro na Ilíada de Homero, mas ali o cavalo não é mencionado, só aparecendo brevemente na sua Odisseia, que narra a acidentada viagem de Ulisses de volta para casa. Outros escritores depois dele ampliaram e detalharam o episódio.

O cavalo é considerado em geral uma criação lendária, mas não é impossível que tenha realmente existido. É mais provável que tenha sido uma máquina de guerra verdadeira (um aríete) transfigurada pela fantasia dos cronistas. Seja como for, revelou-se um fértil motivo literário e artístico, e desde a Antiguidade foi citado ou reproduzido vezes incontáveis em poemas, romances, pinturas, esculturas, monumentos, filmes e de outras maneiras, incluindo caricaturas e brinquedos.

Cavalo de Troia criado para o filme Troia (Troy, 2004), hoje exposto na Turquia.

Tornou-se também origem de duas conhecidas expressões idiomáticas, significando um engodo destrutivo, e neste sentido denomina atualmente uma espécie de vírus de computador ou algo recebido aparentemente agradável, mas que acarreta consequências funestas, um "presente de grego".

sábado, 11 de janeiro de 2014

De quatro!

Não esqueci do aniversário no dia 4 de janeiro (nem do Dia de Reis), não... mas também tenho direito de tirar férias depois de um ano intenso que deixou esse blog às moscas, certo?

Como todos os sinais indicam um ano ainda mais intenso, não sei o que vai acontecer por aqui, só sei que não arredo pé!