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Bastardo. Analfabeto. Exorcista. Mágico. Milagreiro. Insurgente. Rebelde. Bandido. Pecador. Zelota. Revolucionário. Messias. Nazareno. Jesus, o Cristo.
Esses são alguns dos epítetos que o personagem mais famoso da história da humanidade recebe no livro Zelota - A vida e a época de Jesus de Nazaré (Ed. Zahar, 2013), do phD em temas religiosos - e iraniano - Reza Aslan. Esteja ciente que, ao pegar esse livro para ler, você não vai reconhecer o Jesus Cristo, aquele pregador pacífico que todos reverenciam. Não. Você vai conhecer o Jesus homem, o Jesus histórico, posivelmente o verdadeiro Jesus que passou pela Terra. Digo provavelmente porque o autor deixa bem claro que pouco se sabe realmente sobre esse Jesus, uma vez que tudo que foi escrito sobre ele é de autoria política e bem depois de sua morte. É preciso esmiuçar o contexto real e histórico para entender quem pode ter sido esse homem que para muitos é o Filho de Deus.
A cultura judaica é o centro da história. Descobre-se o (talvez) primeiro holocausto que esse povo passou, mas também ficamos certos de que o grande problema das religiões é que ela serve e dá poder ao homem. Em busca do poder, seja ele financeiro ou político (e aqui também entenda religião como política), massacres e injustiças foram cometidos... assim como nos dias de hoje.
É interessante perceber que em nenhum momento se reduz a importância de Jesus. Pelo contrário, ele ganha novas tonalidades e se aproxima ainda mais de nós. Fica mais parecido com o homem da foto que encabeça esta postagem do que com o branco, de cabelos loiros compridos e olhos azuis que Roma nos apresentou. Com isso, a Bíblia enquanto livro religioso recebe uma comprovação de artifício político com inúmeros absurdos históricos e paradoxos entre seus próprios autores! A história da criação do Cristianismo - e da Igreja em si - tem revelada suas incongruências.
Vale dizer que Jesus não é o único personagem visitado: Maria, de virgem, passa por questionamentos de fidelidade; João Batista, de primo batizador, passa a grande mentor; o apóstolo Tiago, de Menor e quase sumido nas escrituras, passa a irmão de Jesus e o verdadeiro líder dos seguidores de Jesus após sua morte; Paulo, de perseguidor convertido e pai do Cristianismo, passa a um dissidente dos ensinamentos e quase um mentiroso birrento. Até mesmo a cruz recebe nova e mais factível interpretação.
Porém, essa é a minha interpretação. Leia por sua conta e reveja sua fé, porque - acredite - não tem como não questionar a Bíblia e tudo que lhe foi ensinado, mesmo que você seja o mais crente possível.
Dito isso, não sei se vocês perceberam que eu ressaltei o fato do autor ser iraniano. Fiz isso pelo motivo mais claro e atual: questionar nacionalidades, religiões e fundamentalismos. Mesmo sendo um best-seller, ele foi duramente criticado somente pelo fato de ter nascido no país considerado mais fundamentalista islâmico que existe. Como alguém como ele (um muçulmano) poderia escrever sobre a figura mais importante do Cristianismo? É claro que seu objetivo seria acabar com Jesus e com as bases da religião judaico-cristã! Certo? Errado.
Veja a entrevista a seguir (está em inglês mas tem legendas nas configurações) que foi considerado "uma das piores entrevistas da história", onde Reza Aslan precisa explicar várias vezes seu gigantesco currículo acadêmico enquanto a âncora da Fox News só quer chamá-lo de muçulmano, num caso explícito de islamofobia.
Também veja o vídeo a seguir para você entender o problema da islamofobia que acaba se transformando numa questão de Crença vs. Realidade, do que alguns aceitam como realidade vs. do que os fatos reais apresentam, que é exatamente o ponto do livro.
É isso. Reveja sua fé e os seus pré-conceitos (escrito assim mesmo).
Sobre o livro em si, achei um pouco confusa a ordem não-cronológica que o autor faz. Ele até segue um raciocínio direcionado, mas faz inúmeros vai-e-vens temporais que por muitas vezes perde o contexto. No fim, as notas dos capítulos inserem mais informação sobre as pesquisas e referências nas quais o livro foi baseado. Leia-as também - de preferência após cada capítulo correspondente para não ficar ainda mais perdido. Mesmo com isso tudo, as ideias e objetivos do autor ficam claros.
Não li o livro e agora estou mais curiosa ainda, sobretudo após assistir as duas entrevistas. As âncoras se mostraram tão fundamentalistas quanto os muçulmanos mais radicais. Não queriam ouvir que aquele era um trabalho de um historiador, independente de seu credo. Aliás, quer dizer que um historiador cristão pode escrever sobre o Islamismo, mas o inverso não é permitido? Me poupem. Isso me leva a pensar: então um historiador negro não pode escrever sobre a cultura dos brancos; que um historiador judeu não pode escrever sobre cristianismo (aliás, o inverso pode)? Quanta bobagem!!! Se vou gostar do livro ou não é outra história, mas já vou avisando que Cristo foi crucifixado, sim como um rebelde, tão bandido quanto os ladrões que estavam ao seu lado. E quem estudou um pouquinho de História sabe muito bem porque Pilatos lavou as mãos.
ResponderExcluirJá lí muito sobre esse tema, de fato, tudo leva a crer que Cristo era como na ilustração acima, e não como aquela figura que as grandes pinturas sugerem (algo como um irmão de Thor, dos filmes da Marvel).
ResponderExcluirSó um acréscimo ao comentário de 23 de janeiro: pelo visto, nem Pilatos lavou as mãos, pois a questão é muito mais complexa.
ResponderExcluirNão apenas historiadores, mas todos os interessados no assunto devem ler esse livro. Discordo de algumas interpretações, sobretudo na questão do Cristianismo criado por Paulo (há que se entender o que acontecia no decadente Império Romano do Ocidente naquele momento), mas nada que me impeça de elogiar o trabalho hercúleo, profundo e bem fundamentado de Reza Aslan.
Não sei se vou ler. Mas acho que "mitologia cristã" é um pouco demais, né? Já li "O Manto de Cristo", "Ben-Hur", "Quo Vadis", "O Manto de Cristo", "O Nazareno" e uma dúzia de livros, com as mais diversas interpretações, visões, cenários, características, etc., sobre Jesus e sua época. Para mim, um livro escrito por um ateu ou um muçulmano, falando a respeito do Jesus Cristo que nós cristãos, conhecemos e amamos, é absurdo. É claro que a visão de um ateu ou de um muçulmano será TOTALMENTE OPOSTA à nossa. Mas valeu a dica do livro. Tenho o ebook, vou ler e resenhar também. ;)
ResponderExcluirnão é demais, não. afinal todos foram criados pelo homem. e esse é ponto de vista deste blog: MITOLOGIA, histórias contadas pelo homem para o homem entender e se colocar no mundo.
Excluirtodos os livros e filmes mostram o jesus religioso, mas esse livro vê os personagens de forma histórica, algo que nenhum outro fez até então. pode estar certo, pode estar errado, mas é um ponto de vista.
e por que não se pode falar dos deuses e religiões dos outros qndo isso é feito constantemente com Thor, Iemanjá, Tupã, Alá etc?
#ficaadica