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quarta-feira, 21 de março de 2012

Sobre a felicidade

Epicuro de Samos (341-270 a.C.) foi um filósofo ateniense do período helenístico. Reformulou alguns pontos da filosofia atomista e a ensinou em seu Jardim, um local onde acampava com seus amigos e discípulos, dividindo conhecimento e os poucos bens numa vida ascética e serena.

Para resumir: seu maior objetivo era encontrar a felicidade. A caminho dela estariam as dores e os prazeres. Mesmo sendo difícil de evitar as dores físicas, Epicuro frisava que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma, pois podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. Associou as dores da alma às frustrações, em geral, oriunda de um desejo não satisfeito.

Epicuro também se afastava das religiões que transformavam os deuses em seres instáveis com paixões humanas. Esses precisavam ser temidos. Segundo ele, os deuses viviam em perfeita harmonia, desfrutando da felicidade divina e não se preocupariam tanto em atormentar o homem de qualquer forma. Eles, portanto, deveriam ser tomados somente como modelos de bem-aventurança. Desta forma, procurou tranquilizar as pessoas dizendo que não havia por que temer os deuses nem em vida e nem após a ela. Como não estaríamos mais de posse de nossos sentidos depois de mortos, seria impossível sentir alguma coisa, como o medo. Logo, seria nosso dever maximizar nossa felicidade antes de morrermos.

Em Carta sobre a Felicidade (a Meneceu), o filósofo escreveu sobre isso. Leia um pequeno trecho do fim:
[...] Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do destino dos naturalistas; o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.

Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mau.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais. 
  Meditemos, então, para encontrarmos a nossa felicidade.