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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - A Hidra de Lerna

Estátua de Hercules e a Hidra de Lerna na fachada
do Palácio Imperial de Hofburg em Viena, Áustria.
Filha dos monstros Equidna e Tifão (ou de Styx e do titã Palas), a Hidra vivia nos pântanos perto da antiga cidade de Lerna (também na Argólida), aterrorizando a vizinhança e se alimentando de rebanhos e moradores locais. Era um dragão com corpo canídeo, que possuía nove cabeças (uma delas praticamente imortal, pois não sofria dano de nenhuma arma) em pescoços serpentílicos, que se regeneravam logo que eram cortadas. O número nove de cabeças é o padrão geral, mas desvia de cinco até cem, porque em algumas versões ao invés da cabeça regenerar, ela se dividia em outras duas. Além disso, fala-se sobre o sangue venenoso da Hidra e o que poderia ser sua respiração sulfurosa ou um vapor letal que exalava de suas feridas.

Hércules viajou até Lerna em uma veloz carruagem que tinha seu fiel sobrinho Iolau como cocheiro. Quando finalmente chegaram, o herói pediu que o rapaz ficasse com os cavalos, enquanto ele atirava flechas em chamas para tirar a Hidra de seu covil. O monstro saiu e atacou imediatamente seu oponente.


Com sua espada de bronze (em algumas versões, uma foice), Hércules corajosamente foi cortando as cabeças da Hidra em meio a seu bafo mortal, mas logo percebeu que novas cabeças cresciam no lugar das decapitadas. O herói pediu ajuda para Iolau, que ia cauterizando as feridas abertas com uma tocha em brasa retirada de um árvore que pegou fogo com as flechas flamejantes de Hércules.


Para a cabeça invulnerável remanescente, Hércules desferiu um golpe atordoante com sua clava e arrancou a cabeça com as próprias mãos. Enterrou-a em um buraco profundo na terra e colocou uma enorme pedra em cima. Por fim, instruído por Atena, o herói banhou suas flechas no sangue da serpente para que ficassem envenenadas.

Um relevo em mármore datado do século II a.C. encontrado em Lerna, mostra Hércules enfrentando a Hidra com um enorme caranguejo próximo aos seus pés. Isso ratifica a lenda que Hera teria enviado Karkinos, um enorme caranguejo, para atrapalhar as ações do herói, mas o animal acabou pisoteado. A deusa ascendeu seu casco às estrelas, convertendo-se na Constelação (e signo) de Câncer. Alguns estudiosos sugerem que essa adição ao mito tenha sido feita para que os trabalhos correspondessem ao zodíaco. A Hidra também foi elevada às estrelas como a maior das constelações, vizinha à de Câncer.

Euristeu não se impressionou com a façanha de Hércules, que levou as cabeças da Hidra como prova. Considerando a ajuda de Iolau, o rei não contabilizou esta tarefa dentro das dez previstas inicialmente. Essa tecnicalidade não impediu os escritores e artesãos de exaltarem o feito, mas outros, como Pausanias, não só o desconsideraram como reduziram a Hidra a uma grande serpente aquática.


A Hidra simbolizava os vícios banais múltiplos capitaneados pela vaidade: enquanto ela não é dominada as cabeças, configuração dos vícios, renascem. Tudo que tem contato com os vícios, ou deles procede (o sangue venenoso), corrompe e se corrompe. A espada ou a foice representam a espada espiritual e a tocha, a purificação pela qual o herói precisava passar.

Uma interpretação única deste trabalho diz que foi um aterramento do pântano. A hidra era, na verdade, o pântano em si e as cabeças do monstro eram os rios que o alimentavam. O bafo mortal era o cheiro de podridão do local. As “flechas envenenadas” foram mergulhadas no caldo séptico do pântano e matavam por infecção.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro