Igaluk é o Homem da Lua, uma poderosa divindade da mitologia inuíte* associada à passagem das estações do ano e o movimento das marés, que também tinha controle sobre os animais.
Igaluk e sua irmã, Malina, eram muito próximos na infância, mas foram separados na juventude entre o alojamento dos homens e das mulheres. Um dia, Igaluk espiou o alojamento feminino numa noite de danças e descobriu que sua irmã era a mais bela. Desejoso, o rapaz protegeu sua identidade na escuridão, invadiu o alojamento e a violentou. Insatisfeito, Igaluk voltou na noite seguinte, porém Malina estava com as mãos cheias de fuligem e óleo de uma lamparina quebrada e conseguiu marcar seu agressor, que, para sua supresa, descobriu ser seu irmão. Desesperada e quente de raiva, Malina cortou seus seios e os ofereceu para Igaluk comer na frente de todos na aldeia. Em seguida, com uma tocha na mão, saiu fugida. Humilhado e envergonhado, Igaluk saiu atrás dela, seguindo as manchas de sangue, mas escorregou na neve ensanguentada e sua tocha perdeu força. Os dois correram tão rápido que uma lufada de ar os elevou aos céus, onde ela se tornou o Sol com sua chama brilhante e ele, a Lua com sua pouca luz.
A lenda da ascensão aos céus dos irmãos pode sofrer pequenas variações, mas a idéia central é essa.
Igaluk é tão obcecado por sua irmã que frequentemente se esquece de comer e vai afinando (Lua Minguante). Uma vez por mês, o deus some por três dias e desce à terra para poder comer (Lua Nova). Quando ocorre um eclipse, os povos do Ártico se amedrontam, pois acreditam que é mais um estupro. Durante um eclipse solar, os homens são proibidos de sair. Nos eclipses lunares, as mulheres não saem de suas casas. Quando ocorre o fenômeno atmosférico do parélio (halo ao redor do sol - foto), diz-se que Malina está comemorando o nascimento de uma menina ou a morte de um homem.
Povos no Alaska consideram Igaluk a divindade máxima do panteão. Na Groenlândia, é também chamado de Aningan.
* Inuit significa "pessoas" (singular, inuk) no idioma das civilizações que vivem no Ártico. São os chamados esquimós, que, na verdade, é um termo pejorativo entre os povos do Ártico que significa "comedores de carne crua".