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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Parabéns... Sol!

Dia 25 de dezembro é o dia de celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Mas a data real da natividade é incerto (e, certamente, um equívoco) por conta de questões históricas e geográficas. Nos primeiros séculos da nossa era, havia na Palestina até mesmo cristãos que comemoravam o nascimento de Jesus em maio. As primeiras celebrações históricas do natal cristão ocorreram ao findar o século II, partindo do oriente, no dia 6 de janeiro. Esse dia, porém, nunca foi reconhecido pela Igreja do Ocidente.

A tradição de se festejar o Natal durante o inverno europeu foi estabelecida no século IV. O Cristianismo foi englobando uma série de comemorações e tradições do período para fortalecer seu principal personagem e suprimir os rituais pagãos.

Na Idade Média, havia duas versões da festa de fim de ano (Yule) entre os povos germânicos: ao norte de Danevirk (a muralha que separava os dinamarqueses dos francos, os cristãos dos pagãos), toda a aldeia se reunia em um templo para fazer um sacrifício animal para Odin; enquanto, ao sul, rezava-se uma missa para São Nicolau em uma igreja. Mesmo com essas diferenças, em ambas, as casas eram decoradas com frutos vermelhos de azevinho e ramos de pinheiro e as famílias se juntavam para beber e celebrar.

O dia 21 de dezembro evocava a festa romana do Sol Vitorioso (Natalis Solis Invictus), em homenagem ao aniversário de Mitra, o deus solar persa cujo culto e influência estenderam-se por todo o império romano. Ela acontecia durante as Saturnálias, uma celebração carnavalesca, quando os druidas celtas dos povos germânicos usavam muitas luzes, tochas e velas para garantir que o mundo não saísse dos eixos devido à longa escuridão invernal (Solstício de Inverno no Hemisfério Norte). Novamente os cristãos se apoderaram desse simbolismo de luzes, pois, no Antigo Testamento, o Salvador é, de fato, "a luz que virá ao mundo".

Em 336, o 25 de dezembro foi mencionado oficialmente pela primeira vez como o aniversário de Jesus. Alguns dizem que a data decisiva para o cálculo foi o 25 de março (Equinócio da Primavera no Hemisfério Norte), quando dia e noite têm duração igual. A data já era destinada à celebração do sol em vários cultos pagãos, como, por exemplo, o grande e popular Horus da mitologia, Krishna entre os hindus, além de Dioniso (que era chamado "salvador", soter) e Adônis na Grécia. Os cristãos tomaram posse da data, como o dia em que o anjo anunciou a Maria que ela teria um filho. Nove meses depois, e estamos no dia 25 de dezembro.

Mas a adesão não foi simples, uma vez que as festividades pagãs eram intensas e muitos consideravam grandes arruaças. Por exemplo, em 1644, os puritanos ingleses, após deporem o rei Carlos I em meio a uma Guerra Civil, simplesmente proibiram o Natal por considerarem-no “pagão”. A lei só seria derrubada com o retorno da monarquia, em 1660. Os escoceses foram além e reprimiram o Natal entre 1640 e 1958, quando voltou a ser feriado!

Feliz aniversário, então, para todos os mitos nascidos no dia de hoje! Parabéns... Sol!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

São Nicolau

Pintura de São Nicolau
Igreja de Velikiy Novgorod (Rússia, 1924)
Muitos acreditam que a lenda de Papai Noel tenha vindo de São Nicolau. Mas tem muito mais por trás deste personagem... até mesmo intransigente!

Nascido na Ásia (estimativamente 250-326 d. C.), teria sido filho de nobres muito ricos que, desde criança, praticava caridade por meio de doações anônimas aos necessitados (como deixar brinquedos nas residências de famílias pobres, o que lhe deu o nome de "amigo das crianças"). Foi consagrado bispo da cidade grega de Mira (hoje Demre, na Turquia) ainda muito jovem. Continuou seu ministério religioso na Palestina e no Egito, por ter sido expulso (e depois perdoado) do Concílio de Nicéia por esbofetear Ário, que pregava que o Filho e o Espírito Santo eram criaturas, não pessoas da Trindade divina. Os documentos oficiais de Nicéia, porém, não citam o incidente nem mencionam um Nicolau entre os bispos presentes. Também teria sido o responsável pela destruição de um magnífico templo de Ártemis na cidade.

Em sua história mais conhecida no Ocidente, Nicolau ajudou as três filhas de um comerciante falido, que pretendia forçá-las à prostituição, jogando um saco de ouro que serviu ao pai de dote para casar a filha mais velha. Depois jogou outro para a segunda filha. O pai o descobriu quando jogou o terceiro e lhe pediu perdão. Em honra dessa lenda, São Nicolau foi geralmente representado na heráldica por três moedas de ouro.

Suas lendas também incluem um estranho milagre: teria ressuscitado três crianças assassinadas por um açougueiro, picadas em pedaços e jogadas num barril para serem servidas como carne salgada durante uma época de fome. Isso tudo gerou uma fama de "justiceiro" a Nicolau (seu nome viria de nikos, vitória, e laos, povo).

Cartão-postal com São Nicolau e Krampus (1901)
Nos países católicos da Europa Central (Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Áustria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Croácia), dizia-se que São Nicolau era acompanhado por "ajudantes" que usavam máscaras e roupas pretas (ou pintavam a cara de preto), peles de bode ou outros adereços supostamente "diabólicos": os Krampus. Eles se encarregam de ameaçar ou assustar as crianças que se comportaram mal durante o ano.

A fama de Nicolau, então, tornou-se um tanto ambígua. Em alemão, nickel pode ser uma contração de Nikolaus, e significa o "capeta". O nome original do metal níquel era Kupfernickel (cobre do capeta), por ser visto como a falsificação da prata por um malicioso duende das minas. Em inglês, Nick ou Old Nick também é sinônimo de capeta.

Um de seus principais papéis é o de patrono dos marinheiros e pescadores, pois sua família possuía uma frota de pesca. Isso explica sua popularidade na Grécia, na cidade italiana de Bari (da qual é patrono e onde seus restos mortais foram levados) e até mesmo na Holanda medieval, mas não em terras distantes do mar.

Como defensor dos injustiçados e oprimidos, teria aparecido em sonho ao imperador Constantino para intervir em favor de três de seus servidores que, embora inocentes, haviam sido condenados à morte. O governante, em seguida, os teria absolvido. É principalmente por esse atributo que Nicolau é venerado na Rússia, da qual também é patrono.

Também era protetor dos estudantes. É principalmente nessa qualidade que ele é conhecido e festejado em Portugal, seguindo uma tradição medieval comum na Europa Ocidental. Suas festas, as Nicolinas, constituem-se de desfiles, danças, músicas e coletas tradicionais que se estendem de 29 de novembro a 7 de dezembro. O ponto culminante é o romântico ritual das maçãs. Rapazes disfarçados e ajudados por "escudeiros" levantam com vigor uma enorme lança enfeitada com laços previamente pedidos às garotas, que por meio de cores, símbolos e mensagens dão suas "dicas" para os rapazes. Com a ponta da lança, maçãs são oferecidas às jovens que esperam nas varandas e devolvem o gesto trocando-as por uma prenda, às vezes com significado especial. Quando acabam as maçãs, a lança é oferecida àquela que o rapaz escolher - por ter lhe dado uma fita "atraente", ou por já ser sua namorada. Caso esta não exista, a lança é oferecida à mãe.

Nicolau é festejado em 6 de dezembro, data de seu falecimento. Um fato curioso: a maioria dos santos da Antiguidade são celebrados na data de seu martírio, mas Nicolau foi um dos poucos a morrer na cama.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lá vai São Francisco!

Pelo dia de hoje, Dia de São Francisco de Assis:



Ney Matogrosso cantando São Francisco no belíssimo musical infantil A Arca de Noé (1980), com composições de Vinícius de Moraes! Época boa...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos namorados

Hoje é o Dia dos Namorados no Brasil, véspera do dia de Santo Antônio. Mas você já sabe que essa data não é tããão amorosa assim, né?

Não sabe ainda?

Clique AQUI e conheça a verdade por trás do dia de hoje e sobre o famoso Valentine's Day.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

Coelhinho da Páscoa

Para os cristãos, o domingo de Páscoa marca a ressurreição de Cristo. A sexta-feira santa é a data do sofrimento e da crucificação de Cristo.

Mas o que o COELHO tem a ver com isso???

No Antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos pagãos da Antiguidade consideravam o coelho branco como um símbolo da Lua e da Primavera. Portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascoal pelo fato da Lua determinar a data da Páscoa, que costuma cair próximo ao início da estação. Além disso, coelhos são mamíferos roedores muito férteis. O seu período de gestação não passa de quarenta dias (quaresma). A ideia da fertilidade foi utilizada pela Igreja como propagação rápida dos ensinamentos cristãos, com objetivo de aumentar a quantidade de discípulos sem distinção.

No Brasil, acredita-se que a tradição do coelho date do início do século XX, trazida em 1913, por imigrantes alemães. Conta a lenda que uma mãe muito pobre, sem ter o que dar para as crianças no dia de Páscoa, resolveu pintar ovos de galinha com cores vivas. Quando as crianças viram os ovos, lindos e coloridos, ficaram muito animadas. A alegria dos meninos assustou um coelho que, saltitando, se afastou do local e fez com que as crianças achassem que aqueles ovos tinham sido botados pelo bichinho!

No resto das Américas pode ter chegado por volta de 1700. Pelo mundo, outros animais participam das festividades: crianças tchecas acreditam que são cotovias que levam presentes, enquanto na Suíça, são os cucos que o fazem.

sábado, 17 de março de 2012

Dia de São Patrício

Importantes figuras históricas são freqüentemente escondidas pelos mitos e lendas atribuídos a eles durante os séculos, e São Patrício não é uma exceção. Acredita-se que ele tenha nascido no final do século IV, mas é confundido com Palladius, que foi enviado em 431 pelo Papa Celestino para ser o primeiro bispo dos católicos irlandeses (sem sucesso, acabou na Escócia). O que se sabe sobre São Patrício vem de seus escritos autobiográficos.

Magnonius Sucatus Patricius nasceu em uma família rica da Bretanha romana. Seu pai e avô foram diáconos na Igreja. Aos dezesseis anos, teria sido raptado por piratas irlandeses e levado para a Irlanda como escravo. De acordo com sua confissão, seis anos depois de pastoreio escravo, Deus lhe disse, em sonhos, para fugir de seu cativeiro para o litoral, onde ele iria embarcar em um navio e retornar a Bretanha para se tornar padre. Já como bispo, alegou ter recebido em 432 um chamado para regressar e evangelizar a Irlanda.

Numa Páscoa, Patrício teria acendido uma fogueira para seus seguidores. No entanto, nesta época do ano, era costume apagar todas as chamas para que, em um ritual pagão, uma nova luz fosse acendida trazendo bons presságios. Os druidas exigiram que o rei celta Laoghaire apagasse aquela chama. Patrício foi convocado para se explicar, mas seus seguidores o acompanharam entoando a Lorica, um hino que passou a ser chamado de "Couraça de São Patrício". O fervor dos seguidores teria impressionado o rei celta que aceitou ouvir os ensinamentos do bispo. Alguns escritos celtas dizem que Patrício chegou a vencer os druidas em um concurso de magia.

Um mito cristão diz que Patrício foi perseguido durante os quarenta dias da Quaresma por uma nuvem de demônios em forma de corvos negros que escureciam o céu. Orando e balançando um sino para dispersar os agressores, ele teria recebido a ajuda de um anjo que afastou os demônios e disse que o povo irlandês cristão havia sido abençoado.

Depois de quase trinta anos de evangelização, Patrício faleceu no dia 17 de março de 461 e foi enterrado em Downpatrick. O Livro de Armagh (manuscrito do século IX também chamado de Canon of Patrick) diz que ele morreu com 120 anos, em 493. Seu maxilar foi preservado num santuário de prata e sempre é pedido em casos de epilepsia, nascimentos e como proteção contra "mau olhado".

Apesar do êxito de várias missões à Irlanda empregadas por Roma, Patrício perdurou como o missionário fundador da Igreja Católica na Irlanda. Dizia-se que ele teria "tirado as cobras da ilha": após jejuar por 40 dias, foi atacado por serpentes mas as baniu com uma forte reza. Por essa razão, em algumas gravuras do santo, ele aparece esmagando esses animais com seu cajado. Mas sabe-se hoje que nunca existiram cobras no local. Portanto, é possível que essa expressão venha do símbolo representado pela serpente nos rituais pagãos celtas. Considera-se Patrício aquele que converteu chefes guerreiros e druidas ao cristianismo, batizando-os nas Holy Wells.

E O VERDE?
A Irlanda é também chamada de "Ilha Verde" por causa da exuberância de suas árvores na primavera. Dizem que São Patrício usou um trevo (três folhas unidas por um único caule) para explicar a Santíssima Trindade aos pagãos celtas. Com isso, fitas verdes e trevos eram usados nas celebrações a partir do século XVII. Na rebelião irlandesa de 1798, soldados irlandeses vestiram uniformes verdes no dia 17 de março na esperança de chamar a atenção pública à rebelião e propagar seus ideais políticos.

DIA DO SANTO E DO PORRE
17 de março se tornou Dia de São Patrício (Saint Patrick's Day), quando os países que falam a língua inglesa celebram o padroeiro da Irlanda Cristã, vestindo-se de trajes verdes, saindo às ruas em passeatas festivas com muita bebida. A bebedeira intensa se deve à liberação ao álcool da Igreja Católica da Irlanda no período da quaresma. Como muitos jejuavam, o porre era certo!

Tornou-se feriado público no ano de 1903. Com o passar do tempo, as conotações religiosas da comemoração do dia foram ficando cada vez mais distantes, e a data passou a ser uma celebração da amizade e da cultura irlandesa... com muita cerveja!

Como no Brasil, tudo é motivo pra festa... Feliz Dia de São Patrício!

PS.: A cerveja verde que se vê nessa época não tem muito mistério... é só usar anilina comestível azul e você beberá um chopp verde em homenagem ao santo!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O dia de São Valentim

Dia 14 de fevereiro é o dia de São Valentim (Valentine's Day) em vários países e também o Dia dos Namorados.

O bispo Valentim teria lutado contra as ordens do imperador romano Cláudio II, o Gótico, que proibia o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Além de continuar celebrando casamentos, ele mesmo teria se casado secretamente. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à decapitação. Muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes de apoio. Alguns fizeram até jejum. Na prisão, ele se apaixonou por Astérias, a filha cega de um carcereiro (ou juiz), e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes de sua execução (decapitação) no dia 14 de fevereiro de 269, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava "De seu Valentim" (from your Valentine).

Mas, por mais verdadeira que pareça, essa história tende a ser falsa...

A Igreja Católica chegou a considerar Valentim um mártir, mas começou a duvidar de sua identidade e de sua existência a partir de 1969. Nas mais antigas listas de mártires confeccionadas nos primeiros séculos da era cristã, existem pelo menos três santos com nome de Valentim: dois bispos sepultados em diferentes locais de Roma, e um terceiro que teria sido torturado e morto na África, todos eles lembrados em 14 de fevereiro. Estudiosos afirmam que os dados que chegaram até hoje sobre esses três supostos mártires são escassos, insuficientemente fundamentados e de data muito posterior à época em que se supõe que tenham vivido. Acreditam, então, que ao longo dos séculos esses três Valentins foram se unificando na memória popular, dando lugar assim a uma tradição a partir de alguém que de fato nunca existiu. Várias igrejas do mundo, na Espanha, Irlanda, Polônia, Itália e Grécia, afirmam ter pelo menos parte dos restos do santo.

O 14 de fevereiro também marcava a véspera da Lupercalia, festa anual celebrada na Roma antiga em honra a Juno e Fauno. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em que sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade. Em 5 d.C., o Papa Gelásio I se apropriou da data para cortar os rituais pagãos, mas a associação de todos esses eventos com o amor romântico só teria acontecido após o fim da Idade Média, quando tal conceito foi formulado a partir do dia de acasalamento dos pássaros.

A primeira referência romântica que se conhece é o poema O Parlamento dos Pássaros, do inglês Geoffrey Chaucer (1343-1400). Ele relacionava o acasalamento das aves, que aconteceria perto do dia de São Valentim, a uma data particularmente auspiciosa para os amantes – amores entre damas e cavaleiros, o "amor cortês". A lenda foi crescendo e, no século 15 já se dizia que ele havia casado soldados para que não fossem para a guerra.

A Inglaterra é a grande responsável pela difusão da lenda, mas nem todos os países relacionaram São Valentim aos namorados. Na Grécia, ele é celebrado apenas como um mártir. Na Eslovênia, é o padroeiro dos criadores de abelhas. Na América Latina, o dia também vale para amigos. O costume já havia sido adotado antes da Revolução Industrial em países da Europa Ocidental. Israel tem o Dia do Amor (Tu B'Av) e a China tem o Festival do Amantes (Qing Ren Jie).

NO BRASIL, NADA DE ROMANTISMO
O conservadorismo brasileiro não permitia uma data de comemoração de namoro. O que havia era cada um em um canto do sofá, com a mãe no meio. Historiadores acreditam que somente a partir das décadas de 1920 e 1930 que o namoro começou a ser permitido. Somando isso à tradição de Santo Antônio, casamenteiro em Portugal e mencionado como mediador de parcerias, o costume de celebrar São Valentim nunca foi instalado por aqui.

Até 1948 ainda não existia data no calendário para festejar o romance entre namorados, pretendentes e apaixonados. Como o mês de junho era um mês fraco para o comércio, a extinta loja Clipper em São Paulo teria contratado uma agência de propaganda (Standart Propaganda) para melhorar suas vendas. O publicitário João Dória sugeriu, então, a mudança da data de 14 de fevereiro para 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio.

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E, assim, o Dia dos Namorados brasileiro se tornou uma data comercial, celebrada somente aqui.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dia de Reis

Obra de Andrea Mantegna (entre 1495 e 1505)
Segundo a mitologia cristã, hoje (6 de janeiro) teria sido o dia em que um recém-nascido Jesus Cristo recebera a visita de três reis vindos do Oriente com presentes. Seriam eles:
  • MELCHIOR ("meu Rei é luz"), um senhor de aproximadamente setenta anos, calvo com cabelos e barbas brancas, que veio da Mesopotâmia e entregou-Lhe ouro em reconhecimento a Sua realeza;
  • GASPAR ("aquele que vai inspecionar"), um robusto rapaz de uns vinte anos que veio de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio e entregou-Lhe incenso em reconhecimento a divindade e espiritualidade de Jesus como sacerdote; e
  • BALTASAR ("Deus manifesta o Rei"), um mouro, de barba cerrada e uns quarenta anos, que veio da região do Golfo Pérsico e entregou-Lhe mirra em reconhecimento a humanidade, mesmo que fosse um símbolo de imortalidade, já que era usada para embalsamar corpos.

Adoração aos Magos
obra de Murillo (entre 1655 e 1660)
Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, precisavam ser das três raças humanas (consideradas existentes na época) e em idades diferentes. Não se tem certeza se eles seriam reis, mas talvez sacerdotes ou conselheiros persas com habilidades em astronomia, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por essa razão, até a região onde nascera Jesus. Passaram a ser reverenciados como santos a partir do século VIII.

Apenas três presentes foram registrados no Evangelho segundo Mateus, então, diz-se tradicionalmente que tenham sido apenas três, embora haja um número específico. Desses presentes, surgiu a tradição de trocar presentes no Natal para celebrar o nascimento de Jesus. Em alguns países de língua espanhola, os presentes são trocados no dia 6 de janeiro e os pais se fantasiam de reis.

Nesta data, também se encerram os festejos natalícios, sendo o dia em que são desarmados os presépios e as árvores de Natal. A noite do dia anterior (5 de janeiro) e madrugada do dia 6 é conhecida como Noite de Reis.

Bolo de Reis preparado na
Pâtisserie Douce France, em São Paulo
(Fotos: Folha de São Paulo)
Nesta época do ano, discos de massa folhada recheados de frangipane (pasta de manteiga, açúcar, ovos e farinha de amêndoa) ganham as ruas de Paris. Robusto e consistente, esse doce é chamado de galette de rois ou bolo de reis. A tradição diz que uma coroa dourada deve acompanhar o bolo. Ela será entregue a quem encontrar, em sua fatia, o brinde oculto em seu interior (geralmente uma estatueta). Depois de "coroado", o rei/rainha deve continuar o costume e oferecer um novo bolo aos seus companheiros. Em alguns locais, incrementa-se a massa do bolo com vinho do Porto, ou decora-se com laranja, cidra e figo cristalizados. No México católico é servido uma rosca recheada com frutas cristalizadas, acompanhada de uma xícara de chocolate quente.

Em alguns países, é estimulada entre as crianças a tradição de, antes de dormir, se deixar sapatos na janela com capim (ou outras ervas) para que os camelos dos Reis Magos possam se alimentar e retomar viagem. Em troca, eles deixariam doces. Em Portugal, é costume "cantar os reis" de porta em porta para receber guloseimas. Há ainda festivais com Companhias de Reis (grupo de músicos e dançarinos) que cantam músicas referentes ao evento. No Brasil, são conhecidos como Folia de Reis ou Terno de Reis.

A simpatia mais conhecida do dia é a das sementes de romã - que muitas vezes é feita no dia de Natal e/ou na virada dos anos:
  1. Pegue 3 sementes para cada rei (total de nove sementes).
  2. Faça um pedido para cada um dos reis (total de três pedidos).
  3. Jogue três semente pra trás, coma três e guarde outras três na carteira.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Falando em Páscoa...



Em alguns posts do blog, citei a Páscoa cristã:
  • QUARUP: quando mostro que o evento indígena representa a ressurreição;
  • CHOCOLATE: quando não falo absolutamente nada sobre a Páscoa, mas chocolate é chocolate (!!!);
  • ISHTAR: quando é apresentado um ritual a essa deusa babilônica que lembra a tradição dos ovos de Páscoa; e
  • CARNAVAL: quando se entende o calendário cristão.
A Páscoa ainda deve aparecer muito mais por aqui, porque já sabemos que suas ligações com rituais pagões são bem mais antigas do que essa historinha de 1913.
Fiquem ligados e feliz Páscoa para todos!

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval


A implantação da Semana Santa pela Igreja Católica no século XI redefiniu os feriados eclesiásticos ao colocar a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul)*. A Páscoa é antecedida por quarenta dias de jejum (Quaresma), que havia sido definido pelo papa Gregório I no início do século VII. Esse longo período de privações acabou por incentivar a reunião de diversas festividades nos três dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma, há exatos sete domingos da Páscoa. Esses três dias eram chamados de "dias gordos". E, assim, nasceu o Carnaval.
* Por essa razão tanto a data da Páscoa quanto a do Carnaval são móveis. Na década de 1970, empresários do ramo turístico e agentes hoteleiros iniciaram um movimento para determinar uma data fixa para a folia, sob a alegação que a mobilidade do calendário traz prejuízos econômicos, uma vez que dificulta o planejamento de viagens. Por enquanto, não houve sucesso e a tradição católica se mantém.
Embora de origem ainda incerta, a palavra "carnaval" (carnis valles em grego, ou carnem levare em latim medieval) está relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne antes do grande jejum. A "terça-feira gorda" é também conhecida pelo nome francês Mardi Gras, que se tornou referência de carnaval pelo mundo (mas não é um feriado reconhecido por lei).

As festividades podem ter se originado de rituais pagãos para homenagear o início do Ano Novo e o renascimento da natureza. Na Antiga Roma, o carnaval prolongava-se por sete dias em dezembro. Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período: os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.

Alguns consideravam o carnaval uma festa para celebrar a colheita, homenageando o deus Baco com bebida e sexo. O Rei Momo representava o deus. Essas festas seriam semelhantes às festas gregas para Dionísio.

No período do Renascimento, surgiram os bailes de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos, que – junto com as festividades de rua – acabaram se tornando os precursores do carnaval moderno. No século XIX, Paris e Nice foram as cidades francesas exportadoras das fantasias e alegorias carnavalescas.

O CARNAVAL NO BRASIL
Se hoje o Carnaval parece parte natural e essencial do que o Brasil efetivamente é, houve um tempo não muito distante em que a festa simplesmente não existia, ou acontecia somente com a timidez e o recato dos bailes europeus. Em meados do século XVII os primeiros bailes de máscara já eram registrados em solo brasileiro, mas as primeiras festas de rua só foram acontecer no século XIX.

Baile no Brasil Império.
O samba nasceu na Bahia, mas logo foi para o Rio, e se desenvolveu. O primeiro “rancho carnavalesco” – que daria origem, anos depois, aos blocos e às escolas de samba – foi o Reis de Ouro, fundado em 1893 no Rio de Janeiro pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira como uma derivação da festa da Folia de Reis. O Reis de Ouro apresentou novidades que até hoje permanecem, como a ideia de enredo, o uso de instrumentos de corda e de instrumentos africanos, como pandeiros, tantãs e ganzás, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Por mais que o samba e as festas de rua fossem criminalizados, as autoridades gostaram do Reis de Ouro, e no ano seguinte à sua fundação o rancho chegou a desfilar diante do presidente Deodoro da Fonseca. Porém, o apreço do presidente não tirou os desfiles da marginalidade, e Hilário foi preso algumas vezes.

Em 1889, acontecem os primeiros registros de blocos autorizados pela polícia – entre eles, o Grupo Carnavalesco São CristóvãoBumba meu BoiEstrela da MocidadeCorações de OuroRecreio dos InocentesUm Grupo de MáscarasNovo Clube TerpsícoroGuaraniPiratas do AmorBondengóZé PereiraLanceirosGuaranis da Cidade NovaPrazer da ProvidênciaTeimosos do CatetePrazer do LivramentoFilhos de Satã e Crianças de Família.

Por volta de 1907, nascia o que hoje ainda é uma das festas mais tradicionais e grandiosas do país: em Olinda, tinha início o Carnaval da cidade através do Clube Carnavalesco Misto Lenhadores e, em 1912 do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas – já trazendo o frevo como característica do Carnaval pernambucano. Os bonecos de Olinda apareceram pela primeira vez em 1932, com o aparecimento do “Homem da Meia-Noite” na festa.

O Homem da Meia-Noite
Em 1914 o Carnaval também já era popular em São Paulo, e foi nesse ano que Dionísio Barbosa, que havia morado no Rio e conhecido os primeiros ranchos cariocas, funda o Grupo Carnavalesco da Barra Funda, conhecido como o primeiro bloco da capital paulista. Em 1918, o mais antigo bloco ainda em atividade do Rio de Janeiro é fundado: o Cordão do Bola Preta, até hoje um dos maiores e mais populares da cidade e do mundo.

Em 1928, no Rio, a Deixa Falar surgiu para se tornar a primeira Escola de Samba do Brasil, diferenciando-se dos blocos, que já existiam. Seus membros ensinavam para a população e difundiam o samba de cada ano, e o desfile visitava outros bairros a fim de popularizar a agremiação. Fundada e batizada no bairro do Estácio por Ismael Silva, junto de outros grandes sambistas como Bidê e Marçal, o sucesso da Deixa Falar – que viria a se tornar a Estácio de Sá – serviu como estímulo para a fundação de outras escolas ainda na virada dos anos 1920 para os anos 1930, como a Cada Ano Sai Melhor, Estação Primeira (Mangueira), Vai como Pode (Portela), Vizinha Faladeira e Para o Ano sai Melhor.

O Carnaval só seria reconhecido, oficializado e autorizado pelas autoridades cariocas, porém, em 1935, através de um decreto do prefeito Pedro Ernesto. A essa altura as escolas já eram populares, a tal ponto que o jornal Mundo Esportivo, editado pelo jornalista Mário Filho (que dá nome ao estádio do Maracanã) organizou, em 1932, o primeiro desfile competitivo de escolas de samba, vencido pela Mangueira.

Os Desfiles de Escolas de Samba se tornaram o evento mais midiático do Carnaval do Rio de
Janeiro, porém, sua essência está na festa de rua. Nos anos 1950, gente fantasiada se misturava nas avenidas ao pessoal de paletó. No baile do Copacabana Palace não faltavam marmanjos cantando marchinhas de smoking, correndo atrás de colombinas da alta sociedade.

Vassourinhas de Pernambuco seria fundamental no nascimento de outra marca fundamental do Carnaval brasileiro: o surgimento dos trios-elétricos em Salvador. Foi vendo um desfile do Vassourinhas com uma banda de fanfarra pelas ruas de Salvador, diante da animação que contagiou o povo baiano no ano de 1950, que Dodô e Osmar decidiram subir em um carro, ligar um violão e um protótipo de guitarra na bateria do automóvel e tocar frevo pela cidade. O arremedo de trio incendiou o povo, e, em 1952, através de um patrocínio, a dupla elétrica já estava em um carro maior. Em 1953, com o surgimento de outros grupos, o termo “Trio Elétrico” se consolidaria.

O "trio elétrico" em 1952.
A marca da marginalização e perseguição policial ficou para trás, e hoje o Carnaval é, em todo o país, uma festa de dimensões gigantescas que movimenta uma indústria. Em 2012, o Galo da Madrugada, bloco fundado no Recife em 1978, e o carioca Bola Preta teriam reunido cerca de 2,5 milhões de pessoas, e o Galo acabou recebendo o título de maior bloco do mundo pelo Guinness Book, que também declarou o carnaval do Rio de Janeiro como o maior carnaval do mundo.

O CARNAVAL NO MUNDO
NA AUSTRÁLIA
Mais que uma celebração hedonista, o Mardi Gras LGBT de Sydney é um festival multifacetado, que além de parada gay tem mostra de filmes e painéis de debates sobre a condição dos homossexuais.

NA ÁUSTRIA
Em Nassereith, uma pequena vila austríaca com pouco mais de 2 mil pessoas próximo à fronteira com a Alemanha, há registros de uma folia desde 1740. É o Schellerlaufen, com dois personagens principais: alguém fantasiado de urso representando a primavera que chega, e um caçador simbolizando o inverno.

NO CANADÁ
Conhecido como o maior carnaval de inverno do mundo, a folia na cidade de Quebec dura três semanas com concertos musicais, esculturas de neve, paradas noturnas e atividades esportivas, como competição de canoas e pesca no gelo. Mesmo com 10 graus negativos o carnaval do Canadá atrai milhares de pessoas do mundo.

NA COLÔMBIA
Na cidade de Bogotá acontecem uma série de eventos típicos e espetáculos em ritmos folclóricos. A festa foi considerada pela Unesco como “Obra Mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade”, tem o clímax com a Batalha das Flores, onde as flores utilizadas para enfeitar os carros alegóricos são jogadas no público.

NO EQUADOR
No Equador, o carnaval dura duas semanas. As pessoas festejam indo para as praias jogar balões de água em amigos e também em pessoas desconhecidas. Acontecem desfiles com carros alegóricos feitos por todos os tipos de flores e frutas.

NA ESLOVÊNIA
O carnaval esloveno é diversificado e rico. O personagem mais popular da folia é o Kurent, uma fantasia com uma máscara monstruosa e demoníaca. Acontecem desfiles numa mistura de celebrações ocidentais e o antigo paganismo eslavo. Na quarta-feira de cinzas ocorre o enterro do pust, um boneco que simboliza todos os males.

NOS EUA
Em vez de samba, muito jazz. No lugar da cachaça, aguardiente de Ojén (bebida espanhola à base de anis). Mas o Carnaval de New Orleans tem semelhanças com o brasileiro pela influência da cultura negra – que se mistura com ícones da mitologia grega –, uma terça-feira gorda e até um tipo de Rei Momo. A festa tem um apelo internacional tão forte que o número de pessoas na cidade dobra nos dias dessa celebração americana.

Em Louisiana, a graça – além de se embebedar – é mendigar comida dos sítios da região para engrossar um gumbo (guisado típico) do bloco de fantasiados. Ganhar uma galinha viva é motivo de comemoração. O costume caipira tem origens na Europa Medieval, quando pobres se juntavam em datas próximas a festividades religiosas para pedir alimento nos castelos – cantando e dançando em retribuição à generosidade dos abonados.

Cabeções franceses.
NA FRANÇA
Os pontos altos do carnaval na cidade de Nice são os bonecos gigantescos de papel machê (semelhantes aos de Olinda) e a célebre Batalha das Flores na Riviera Francesa, quando foliões em carros alegóricos ou no chão mesmo atiram flores de todas as cores em quem estiver por perto.

NO HAITI
Carnaval no Haiti é época de marchar, cantar, dançar, se divertir, relaxar e um momento em que a sociedade aceita qualquer e quase todos os tipos de comportamento. Na ocasião acontecem canções para protestar a respeito de algo. Com a abertura política no país, a sátira carnavalesca se tornou ainda mais escancarada.

NA ITÁLIA
É na época do carnaval que Veneza recebe o maior número de turistas. A cidade ganha um aspecto de baile de máscaras a “céu aberto”, quando ricos e pobres se unem. As festas são celebradas no interior de palácios antiquíssimos com direito a fantasias super requintadas. A famosa máscara de nariz proeminente e pontiagudo representa o personagem “médico da peste”, inspirada numa proteção inventada no século XVII pelo médico Charles de Lorme para evitar que se infectasse com as doenças de seus pacientes.

NO JAPÃO
O festival Asakusa Samba Carnival tem carros alegóricos, ala das baianas, samba cantado em português e até passistas vestindo roupas importadas do Brasil! Muitas pessoas saem nas ruas para curtir a folia com samba no pé. O interessante é a presença de vários brasileiros, principalmente em lugares de destaque como nos carros alegóricos e puxadores de samba.

NA REPÚBLICA DOMINICANA
O carnaval dominicano é um verdadeiro show de identidade cultural sem limites para o colorido. O mais apreciado em muitas cidades é a brincadeira tradicional dos demônios espectadores que perseguem as pessoas que se aventuram em seu caminho.

NA SUÍÇA
O carnaval na Suíça tem início na segunda-feira, antes da quarta de cinzas, aproximadamente às 4h da manhã, com o Morgestraich, quando todas as luzes se apagam e várias pessoas desfilam com lanternas pelo centro da cidade ao som de músicas carnavalescas com flautas e tambores.

referência 1

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Papai Noel

O Papai Noel é uma figura lendária das culturas ocidentais – intimamente ligada ao folclore europeu/germânico – que traz presentes aos lares de crianças bem-comportadas na noite da Véspera de Natal, o dia 24 de dezembro. Em francês, Noël quer dizer "natal".

Sua lenda pode ter se baseado em parte dos contos biográficos sobre a figura histórica de Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar anonimamente quem estivesse em dificuldades financeiras, colocando um saco com moedas de ouro na chaminé das casas. Faleceu no dia 6 de dezembro, tornando este seu dia. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Por causa da proximidade de sua festa com a data do nascimento de Cristo, acabou-se transferindo lentamente a tradição de presentear as crianças para o dia 25 de dezembro. Os pais costumavam dizer que era São Nicolau quem trazia os presentes do céu.

Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia. O Dia de São Basílio (1º de janeiro) é considerado a época de troca de presentes na Grécia. Alguns dizem que sua origem está em Odin, divindade nórdica, pois o folclore escandinavo conta sobre um homem velho (Tomte ou Nisse) que entregava presentes para as crianças na Dinamarca.

Ilustração de John Leech para Um conto de
Natal
 de Charles Dickens (1943).
Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo (em alguns lugares da Europa esse retrato episcopal ainda aparece), originalmente Papai Noel tinha roupas em tons de marrom e costumava usar uma coroa de azevinhos na cabeça. No folclore inglês, Father Christmas aparecia em trajes esverdeados de lenhador.

Em 1822, Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova York, escreveu para seus filhos o poema A visit from St. Nicholas (A visita de São Nicolau), que acabou conhecido como The night before Christmas (A véspera do Natal), onde estabelece várias tradições natalinas e faz uma descrição de Papai Noel:
Era véspera de Natal, e nada na casa se movia,
Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na esperança de que Papai Noel logo chegasse;
As crianças aconchegadas, quietinhas em suas fronhas,
Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe com seu lenço, e eu com meu gorro,
Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
Para fora da janela como um raio eu voei,
Abri as persianas, e subi pela cortina.
A lua no colo da recém-caída neve,
Davam um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um trenó miniatura, e oito renas pequeninas,
Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu soube, na mesma hora, que era o Noel.
Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E assobiava, e gritava, e as chamava pelo nome;
"Agora, Dasher! Agora, Dancer! Agora Prancer e Vixen!
Venha, Comet! Venha, Cupid! Venham, Donner e Blitzen!
Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora fora, depressa! Fora todos, bem depressa!"

Como folhas revoltosas antes do furacão,
Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão alto, acima do telhado voaram,
O trenó cheio de brinquedos, e Papai Noel nele também.
E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo a chaminé Papai Noel vinha resoluto
Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco de brinquedos em suas costas,
Parecia um mascate ao abrir o saco.
Seus olhos – como brilhavam! Suas alegres covinhas!
Suas bochechas como rosas, seu nariz como uma cereja!
Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha o rosto redondo e uma barriga grande,
Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
Uma piscada de olhos e um meneio de cabeça,
Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E recheou todas as meias; então virou no pé,
E colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para longe voaram, como pétlas de dente-de-leão.
Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
"Feliz Natal a todos, e para todos uma Boa Noite!"
Atualmente Papai Noel costuma ser retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto. Essa imagem se tornou popular nos EUA e Canadá no século XIX, criada pelo caricaturista alemão e cartunista político Thomas Nast, na edição natalina da revista Harper's Weeklys, em 1863, e se manteve por meio da mídia publicitária, principalmente pela Coca-Cola (que se aproveitou de suas cores semelhantes a partir de 1913 para divulgar sua marca no período de inverno onde suas vendas caem).

Conforme a lenda, Papai Noel mora no extremo norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Pólo Norte, enquanto na versão britânica freqüentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Lá ele vive com sua esposa, Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos que o auxiliam na oficina e suas renas voadoras que puxam seu trenó. No livro The life & adventures of Santa Claus, escrito por L. Frank Baum em 1902, o Papai Noel foi um bebê humano criado por fadas que ganhou imortalidade e diversas capacidades de espíritos mágicos superiores, para completar seu trabalho. Diz-se que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento para entregar presentes a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo – às vezes, carvão às crianças mal-comportadas (ou seria o Krampus) – na noite da véspera de Natal. Preocupadas com seu comportamento anual, as crianças passaram a escrever cartas para contar sobre si mesmas com seus pedidos. Essas histórias influenciaram J. R. Tolkien a expandir algumas lendas do personagem.



Sobre a chaminé, é possível que seja porque várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano. Na versão britânica, a história da chaminé vem da Finlândia, uma vez que as casas dos antigos lapões tinham sua entrada pelo telhado.

Sobre as renas, Clark Moore descreveu-as como sendo originalmente oito: Dasher (Corredora), Dancer (Dançarina), Prancer (Empinadora), Vixen (Raposa), Comet (Cometa), Cupid (Cupido), Donner (Trovão) e Blitzen (Relâmpago). Existe uma lenda de 1939 que diz que Rudolph (Rodolfo) teria entrado para equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante que ajudaria a guiar as outras renas durante as tempestades.

Há bastante tempo existe certa oposição a que se ensine crianças a acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos dizem que a tradição de Papai Noel desvia das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal. Outros críticos se opõem a Papai Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais. Outros apontam a tradição de Noel como um bom exemplo de como as crianças podem aprender que podem ser deliberadamente enganadas pelos mais velhos. Mas é de consenso geral que a figura do Papai Noel é um ícone na cultura mundial que agrada a todos.

Veja como o Papai Noel é chamado em outros países:
  • Alemanha: Nikolaus ou Weihnachtsmann ("homem do Natal")
  • Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai, Peru e Uruguai: Papá Noel
  • Chile: Viejito Pascuero
  • Croácia: Djed Mraz
  • Dinamarca: Julemanden
  • Eslovênia: Božiček
  • Estados Unidos e México: Santa Claus
  • Finlândia: Joulupukki
  • França: Père Noël
  • Itália: Babbo Natale
  • Japão: Santa Kurosu (do inglês Santa Claus)
  • Macedônia: Dedo Mraz
  • Países Baixos: Kerstman ("homem do Natal")
  • Portugal: Pai Natal
  • Reino Unido: Father Christmas
  • Rússia: Ded Moroz
  • Suécia: Jultomte

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