Mostrando postagens com marcador mitologia romana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mitologia romana. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Flora / Clóris

Flora (1913), óleo de Louise Abbéma.

Flora é a deusa romana que encarna toda a natureza e cujo nome se converteu na designação de todo o reino vegetal. Cuidava da primavera e fazia plantas e árvores darem flores, sendo assim, adorada por todos os agricultores. Seus festivais (as Floralias) aconteciam no fim de abril com muitos rituais de fecundidade e danças de acasalamento.

Possuía uma flor que engravidava toda mulher. Teria sido dessa forma que Juno deu à luz Marte sem ajuda de seu marido Júpiter, após uma crise de ciúmes por ele sozinho ter dado à luz Minerva. Flora também teria ofertado o mel e as sementes florais aos homens.

Para os romanos, as rosas foram uma criação da deusa. Quando uma de suas ninfas morreu, Flora a transformou em flor com ajuda de outros deuses: Febo deu a vida, Baco jorrou o néctar e Pomona criou seu fruto. Abelhas se sentiram atraídas pela flor e Cupido atirou suas flechas para espantá-las. As flechas se transformaram em espinhos e, assim, criou-se a rosa.

É identificada com a ninfa Clóris da mitologia grega e, assim, teria sido amante de Zéfiro, o vento oeste. Após o casamento público, foi Zéfiro quem a nomeou rainha de todas as flores e lhe concedeu o poder de germinar as sementes das flores de cultivo e ornamentais. Formaram um casal de deuses alegres e jovens que deslizavam pelos céus, enfeitados com coroas de flores, e tocavam com suas asas os casais de namorados nos dias frescos de primavera.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Jano

Busto de Jano no Museu do Vaticano
Com duas cabeças olhando para direções opostas, Jano é o deus romano das entradas, portões e começos. Era o porteiro celestial - toda porta tem dois lados -, representando os términos e começos, passado e futuro.

Era o responsável por abrir os anos (deu seu nome ao mês de Janeiro - januarius) e costumava ser o primeiro deus a ser mencionado nas cerimônias religiosas. Era adorado no início da época de colheita, plantio, casamento, nascimento, e outros tipos de origens, especialmente os começos de acontecimentos importantes na vida de uma pessoa. Também representa a transição entre a vida primitiva e a civilização, entre o campo e a cidade, a paz e a guerra, e o crescimento dos jovens.

Seu santuário mais famoso foi um portal sobre o Fórum Romano, através do qual os legionários romanos entraram em guerra. Em seus templos, as portas principais ficavam abertas em tempos de guerra e eram fechadas em tempos de paz. Tornou-se, então, patrono dos exércitos.

Originalmente, uma face possuía barba e a outra não, e, às vezes, era masculino e feminino - provavelmente um representação do sol e da lua (Janus e Jana). No entanto, é mais fácil encontrar duas faces com barba. Existem, no entanto, em alguns locais, representações suas com quatro faces. Raramente, mostravam seu corpo, mas se fosse feito possuía uma chave na mão direita. A cabeça dupla face aparece em muitas moedas romanas, então, é dito que ele teria inventado o dinheiro.

Uma lenda romana conta que teria chegado a Tessália, onde foi saudado pela princesa Camese do Lácio. Casaram-se, dividiram o reino e tiveram vários filhos, dentre os quais Tiberinus (o deus do rio Tibre). Após a morte de Camese tornou-se o único governante e trouxe as pessoas um tempo de paz e bem-estar, a Idade de Ouro. Ele introduziu o dinheiro, o cultivo dos campos, e as leis. Também teria abrigado Saturno, quando este fugia de Júpiter e, como recompensa, ganhou o poder de enxergar passado e futuro. Após sua morte, foi deificado. Quando Rômulo e seus companheiros raptaram as virgens sabinas, Roma foi atacada. Mas Janus fez um geiser fervente irromper da terra e os agressores fugiram da cidade. Tornou-se então protetor da cidade. Posteriormente, passou a ser símbolo da cidade de Gênova.

Mesmo não tendo representações análogas em outras mitologias, muitas vezes os romanos associavam Janus com a divindade etrusca Ani e com os gregos Zeus e Hermes. É possível, que suas representações o liguem a São Pedro, "porteiro" no Cristianismo, mas seu nome pode ter derivado o nome do profeta bíblico Jonas (Yonah, em hebraico) e ter a origem na mesopotâmica Uanna.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Héstia / Vesta

Filha de Cronos e Réia, Héstia é a mais velha dos Doze Olimpianos e a primeira a ser engolida por seu pai. Como os outros, também foi resgatada por seu irmão Zeus.

Esteve sempre acima ou fora das intrigas e rivalidades dos seus parentes e sempre evitou ser tomada pelas paixões do momento. Sua serenidade e retidão causavam estranheza e inveja no Monte Olimpo. Tanta que Afrodite resolveu instigar desejo em Poseidon e Apolo para que eles cortejassem Héstia e retirassem sua virgindade. Mas a deusa jurou castidade perante Zeus e dele recebeu a honra de ser venerada em todos os lares, ser incluída em todos os sacrifícios e permanecer em paz, em seu palácio cercada do respeito de deuses e mortais. Nem mesmo Afrodite seria capaz de dominar, persuadir, seduzir ou provocar nela um desejo de prazer. Tornou-se uma das três virgens olimpianas, ao lado de Ártemis e Atenas.

Embora não apareça com frequência nas histórias mitológicas, era admirada por todos os deuses. Tornou-se a deusa do lar, a personificação da moradia estável, onde as pessoas se reuniam para orar e oferecer sacrifícios aos deuses. Era adorada como protetora das cidades, das famílias e das colônias, e representava a perenidade das civilizações.

Em Roma, era cultuada como Vesta e o fogo sagrado era o símbolo da perenidade do Império. Suas sacerdotisas eram chamadas Vestais, faziam voto de castidade e deveriam servir à deusa durante trinta anos.

Nos lares gregos, muitas vezes, era ligada a Hermes. Nas casas de família, a lareira central, simbolizando Héstia, ficava na parte central da casa, enquanto o pilar fálico de Hermes ficava na entrada. Nos templos, essas divindades também estavam ligadas. Em Roma, por exemplo, o santuário de Mercúrio (Hermes) ficava do lado direito das escadas que levavam ao templo de Vesta. Embora estivessem relacionados, cada qual tinha uma função distinta: Héstia era o santuário que unia a família ao redor dela, enquanto Hermes era o protetor do portal, guia, companheiro no mundo e mensageiro dos deuses.

Os registros de poeta Homero diziam que Héstia inicialmente vivia no Olimpo, quando foi oferecida uma posição à Dionísio. Ela gentilmente preferiu sair para que não ficassem treze tronos de deuses principais, o que daria um enorme azar. Mas Zeus ordenou que fosse feita uma lareira circular central que permanecesse sempre acesa para representá-la entre eles. O deus sol Hélio que a acendeu. Essa interferência, provavelmente foi feita pelos romanos que, ao tomarem a religião grega para si, deram maior importância a Baco (Dionísio) do que a Vesta.

Sua chama sagrada, então, brilhava continuamente nos lares e templos e devia ser conseguida direto do sol. Em Delfos, era conservada a chama perpétua com a qual se acendiam outros altares. Nem o lar nem o templo ficavam santificados até que Héstia entrasse. Ela era tanto uma presença espiritual como o fogo sagrado que proporcionava iluminação, calor, aconchego e aquecimento para o alimento. É a "alma" dos locais. Inúmeros eram os rituais a Héstia:

  • Para que uma casa se tornasse um lar, a presença de Héstia era solicitada. Quando um casal se unia, a mãe da noiva acendia uma tocha em sua casa e a transportava diante do casal recentemente casado até sua nova casa, para que acendessem a primeira chama em seu lar. Este ato consagrava o novo lar. Portanto, onde quer que um novo casal se aventurasse a estabelecer um novo lar, Héstia vinha com eles com o fogo sagrado, ligando o lar antigo com o novo, talvez simbolizando continuidade e ligação, consciência compartilhada e identidade comum.
  • Depois que a criança nascia, acontecia um segundo ritual. Quando a criança tinha cinco dias de vida, era levada ao redor da lareira para simbolizar sua admissão na família. Então seguia-se um festivo banquete sagrado. Também presidia a outorga de nomes às crianças.
  • Cada cidade-estado grega tinha uma lareira comum com um fogo sagrado no edifício principal, onde os convidados se reuniam oficialmente. Cada colônia levava o fogo sagrado de sua cidade natal para acender o fogo da nova cidade.
  • Forasteiros precisam pedir permissão da deusa e conseguir o fogo da cidade para poderem viver no novo ambiente.

Era representada como uma mulher jovem, com uma larga túnica e um véu sobre a cabeça e ombros. O fogo central em uma lareira é seu maior símbolo, normalmente em círculo. O animal mais sagrado à deusa é o asno, pois um desses animais terai ajudada a deusa a escapar das investidas indesejáveis do deus Príapo. Os primeiros lares e templos que lhe foram dedicados eram circulares.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vertumno

Estátua em chumbo de Vertumno e Pomona no Hyde Park Corner, em Londres

Inicialmente uma divindade etrusca, o culto a Vertumno chegou a Roma por volta de 300 a.C., tendo um templo construído no Monte Aventino. Dia 13 de agosto acontecia seu festival, as Vertumnalias. Era patrono dos jardins e das árvores frutíferas.

Como deus da mudança das estações e do amadurecimento da vida vegetal, Vertumno transformava as cores das folhas a cada outono. Amava a ninfa Pomona, visitando-a sob diversas formas na tentativa de seduzi-la. Pomona sempre rejeitava suas formas, até que Vertumno apareceu em sua forma real e ela se apaixonou na hora. É também chamado de Vertumnus.

É um mito interessante sobre como às vezes tentamos ser pessoas diferentes para conquistar pessoas e espaços, quando de repente o mais importante é ser nós mesmos.

Vertumno, de Giuseppe Arcimboldo (também considerado o retrato de Rodolfo II da Hungria)