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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sedna

Sedna, por Susan Boulet 
O mito da deusa inuíte Sedna começa com uma bela jovem que não se interessava pelos homens da tribo que seu pai viúvo lhe apresentava. Um dia, um homem se apresentou oferecendo o melhor a ela. Ela aceitou se casar e se mudar com ele para sua ilha. Lá, ele se transformou em um albatroz e a escravizou, fazendo-a se alimentar somente de peixes e viver num sujo ninho. Em visita à filha, o pai de Sedna viu as péssimas condições em que ela estava e decidiu salvá-la. Ele matou o albatroz e partiu em seu caiaque com Sedna. Os amigos albatrozes viram o ocorrido e foram atrás dos dois. Com suas asas, criaram uma tempestade e atacaram o caiaque.

Temendo por sua vida, o pai de Sedna a jogou no mar na esperança de acalmar as aves. Quando Sedna tentou subir novamente no barco, seu pai cortou seus dedos. Ela ainda tentou subir mesmo com as mãos mutiladas, mas seu pai a cortou novamente e jogou seus pedaços no mar. Assim que seus pedaços afundavam, iam se transformando em peixes, focas, golfinhos, morsas e outras criaturas marinhas. Seu corpo atingiu chão do oceano e ganhou um cauda de peixe, tornando-se um espírito do mar tão poderoso que passou a governar o Adlivum, o mundo subterrâneo inuíte. Lá, foi responsável por enviar animais para a caça inuíte. Como a caça é o ritual mais importante para eles, Sedna se tornou Senhora da Vida e da Morte.

Mas em um outro mito, Sedna era a horrenda filha do deus criador Anguta. Ela devorou tudo que tinha na casa de seu pai e se casou com um cão. Furioso, Anguta a jogou no mar de seu barco. Ela tentou subir, mas o deus cortou seus dedos um a um até que ela afundasse. No fundo do mar, Sedna teria se tornado Rainha dos Monstros das Profundezas.

Também existem mitos que juntam as duas histórias: Sedna seria a tal moça que não quer casar, mas, com raiva das propostas initerruptas, teria se casado com um cão. O povo achou que isso traria azar, de modo que ela foi levada num barco para ser atirada na água. O resto segue igual. Existem outras variações como Sedna sendo uma mulher vaidosa que se achava muito bela para casar com qualquer um, ou trocando os albatrozes por corvos.

Quando está irritada, Sedna envia tempestades e esconde os animais. Cada animal morto na caça, precisa de um copo de água doce. Para garantir que Sedna continue abençoando a caça, xamãs precisam se transformar em peixes para descer ao Adlivun por um caminho congelado e tenebroso com almas mortas, focas em ebulição e ainda enfrentar um terrível cão que guarda a fina passagem para seu reino de ossos de baleia. Lá, os xamãs precisam lavar os cabelos da deusa sem mãos e massageá-la para garantir sua satisfação e a caça da tribo. Isso tudo - é claro - representa um jornada espiritual dos xamãs.

É também conhecida como Mãe dos Animais Marinhos e Mulher do Mar. Outras tribos do ártico a chamam de Sanna, Arnakuagsak, Arnarquagssaq, Nerrivik ou Nuliajuk.

Estátuas de Sedna.