segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

São Nicolau

Pintura de São Nicolau
Igreja de Velikiy Novgorod (Rússia, 1924)
Muitos acreditam que a lenda de Papai Noel tenha vindo de São Nicolau. Mas tem muito mais por trás deste personagem... até mesmo intransigente!

Nascido na Ásia (estimativamente 250-326 d. C.), teria sido filho de nobres muito ricos que, desde criança, praticava caridade por meio de doações anônimas aos necessitados (como deixar brinquedos nas residências de famílias pobres, o que lhe deu o nome de "amigo das crianças"). Foi consagrado bispo da cidade grega de Mira (hoje Demre, na Turquia) ainda muito jovem. Continuou seu ministério religioso na Palestina e no Egito, por ter sido expulso (e depois perdoado) do Concílio de Nicéia por esbofetear Ário, que pregava que o Filho e o Espírito Santo eram criaturas, não pessoas da Trindade divina. Os documentos oficiais de Nicéia, porém, não citam o incidente nem mencionam um Nicolau entre os bispos presentes. Também teria sido o responsável pela destruição de um magnífico templo de Ártemis na cidade.

Em sua história mais conhecida no Ocidente, Nicolau ajudou as três filhas de um comerciante falido, que pretendia forçá-las à prostituição, jogando um saco de ouro que serviu ao pai de dote para casar a filha mais velha. Depois jogou outro para a segunda filha. O pai o descobriu quando jogou o terceiro e lhe pediu perdão. Em honra dessa lenda, São Nicolau foi geralmente representado na heráldica por três moedas de ouro.

Suas lendas também incluem um estranho milagre: teria ressuscitado três crianças assassinadas por um açougueiro, picadas em pedaços e jogadas num barril para serem servidas como carne salgada durante uma época de fome. Isso tudo gerou uma fama de "justiceiro" a Nicolau (seu nome viria de nikos, vitória, e laos, povo).

Cartão-postal com São Nicolau e Krampus (1901)
Nos países católicos da Europa Central (Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Áustria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Croácia), dizia-se que São Nicolau era acompanhado por "ajudantes" que usavam máscaras e roupas pretas (ou pintavam a cara de preto), peles de bode ou outros adereços supostamente "diabólicos": os Krampus. Eles se encarregam de ameaçar ou assustar as crianças que se comportaram mal durante o ano.

A fama de Nicolau, então, tornou-se um tanto ambígua. Em alemão, nickel pode ser uma contração de Nikolaus, e significa o "capeta". O nome original do metal níquel era Kupfernickel (cobre do capeta), por ser visto como a falsificação da prata por um malicioso duende das minas. Em inglês, Nick ou Old Nick também é sinônimo de capeta.

Um de seus principais papéis é o de patrono dos marinheiros e pescadores, pois sua família possuía uma frota de pesca. Isso explica sua popularidade na Grécia, na cidade italiana de Bari (da qual é patrono e onde seus restos mortais foram levados) e até mesmo na Holanda medieval, mas não em terras distantes do mar.

Como defensor dos injustiçados e oprimidos, teria aparecido em sonho ao imperador Constantino para intervir em favor de três de seus servidores que, embora inocentes, haviam sido condenados à morte. O governante, em seguida, os teria absolvido. É principalmente por esse atributo que Nicolau é venerado na Rússia, da qual também é patrono.

Também era protetor dos estudantes. É principalmente nessa qualidade que ele é conhecido e festejado em Portugal, seguindo uma tradição medieval comum na Europa Ocidental. Suas festas, as Nicolinas, constituem-se de desfiles, danças, músicas e coletas tradicionais que se estendem de 29 de novembro a 7 de dezembro. O ponto culminante é o romântico ritual das maçãs. Rapazes disfarçados e ajudados por "escudeiros" levantam com vigor uma enorme lança enfeitada com laços previamente pedidos às garotas, que por meio de cores, símbolos e mensagens dão suas "dicas" para os rapazes. Com a ponta da lança, maçãs são oferecidas às jovens que esperam nas varandas e devolvem o gesto trocando-as por uma prenda, às vezes com significado especial. Quando acabam as maçãs, a lança é oferecida àquela que o rapaz escolher - por ter lhe dado uma fita "atraente", ou por já ser sua namorada. Caso esta não exista, a lança é oferecida à mãe.

Nicolau é festejado em 6 de dezembro, data de seu falecimento. Um fato curioso: a maioria dos santos da Antiguidade são celebrados na data de seu martírio, mas Nicolau foi um dos poucos a morrer na cama.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Bem que tentou...

Então o mundo não acabou, né? Mas não foi por falta de tentativa...





Sempre Ruas!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Acaba ou não acaba?

E, então? O mundo acaba ou não acaba hoje? Eu sei que a data marcada pelos maias é dia 21 de dezembro... mas como estou postando isso à meia-noite e considerando o horário de verão no GMT (horário a partir do Meridiano de Greenwich), será que o mundo já começou a acabar nas Ilhas Marshall? Ou seria em Tuvalu? Ou na Nova Zelândia? Por que tem que ser da direita pra esquerda?

Espero que vocês estejam acompanhando este blog (aqui, aqui, aqui e - principalmente - aqui) para não perderem tempo com isso e aproveitarem o novo ciclo que se iniciará.
OBS.: A convenção de iniciar cada dia à meia-noite tem origem com os romanos: Plutarco comentou sobre a dificuldade de determinar o início do dia pelo nascimento do Sol e o começo da noite pelo pôr do Sol, devido ao fato de não haver uma definição clara de quando ocorre isto, se é quando aparecem ou desaparecem os primeiros e últimos raios de Sol ou quando o centro do Sol toca no horizonte.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Acho melhor acabar logo...

A proposta desse blog é mostrar a vasta cultura do mundo em relação às necessidades humanas de entender a natureza e seus fenômenos, a criação e a morte, através de deuses e religiões. Ficamos, então, conhecendo um pouco mais sobre a história do homem e da civilização para entender melhor o contexto coletivo do que existe hoje e - quem sabe - respeitar ainda mais o próximo. Mas isso é utópico. Já manifestei aqui (também aqui e aqui) meu repúdio a alguns atos não-laicos do Estado brasileiro, mas começo a achar que o problema é com um fanatismo extremo que está indo além da ignorância.

Leiam a máteria que saiu no G1, sobre intolerantes alunos no Amazonas que se recusaram a apresentar um trabalho sobre cultura africana:
Cerca de 14 alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima protestaram na frente da instituição nesta sexta-feira (9) contra a temática proposta na sétima feira cultural realizada anualmente na escola. De acordo com um dos alunos, Ivo Rodrigo, de 16 anos, o tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade", vai de encontro aos preceitos religiosos em que acredita. "A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a idéia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único", afirmou o aluno.

Para a professora coordenadora do projeto, Raimunda Nonata, a feira cultural tem o objetivo, através da literatura, de valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação. "Através deste projeto podemos proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira. Mas não foi isso que aconteceu", disse a professora. Segundo a professora, os alunos se recusaram a ler livros clássicos como 'Ubirajara', 'Iracema', 'O mulato', 'Tenda dos Milagres', 'O Guarany', 'Macunaíma', entre outros, por apresentarem questões como "homosexualidade, umbanda e candomblé".

Segundo a diretora da escola, professora Isabel da Costa Carvalho, os alunos montaram uma barraca sem a autorização da direção na qual abordaram outra temática que fugia à proposta inicialmente. "Eles montaram uma tenda com o nome 'Missões na África' na qual abordavam a evangelização do povo africano em seu próprio território", explicou a diretora. A diretora afirmou ainda que a atitude dos alunos desrespeita as normas e o plano de ensino da escola.
A conclusão dessa história é que os alunos tiraram notas baixas e os pais foram reclamar... Não quero condenar toda uma religião e seus fiéis nesses atos infames, mas, pra mim, esconder o passado e evangelizar povos me lembra algumas coisas que acabaram em genocídio:

  • Os conquistadores europeus que destruiram civilizações inteiras pelo mundo;
  • A Inquisição;
  • As Cruzadas;
  • O nazismo de Hitler.

Fora isso, imagino que esses alunos medíocres (que deveriam usar antolhos) não podem estudar nada sobre a história do próprio país, muito menos ler quaisquer clássicos da nossa literatura. Na boa, acho melhor esse mundo acabar logo...

domingo, 16 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Um futuro para Hades

Em 2554, a Terra está mais dividida do que nunca entre os muito ricos e os muito pobres. As viagens espaciais não foram bem sucedidas e cabe à casta mais pobre minerar os poucos recursos restantes no planeta. Entre eles está Liam, que, logo após perder sua família, aceita participar na escavação mais profunda já tentada na história.

Por acidente, Liam acaba chegando ao inferno da mitologia grega, e desperta o próprio Deus dos Mortos. Mas Hades está enfraquecido, e sua esposa Perséfone desapareceu. Assim, ele faz um acordo com Liam: se conseguir encontrar a deusa, ele terá sua própria família de volta!

Essa é a premissa de Unbound: The Awakening, HQ que Kyle Stephens e Mariah Wall pretendem lançar através de financiamento coletivo. O projeto já atingiu sua meta inicial e terá três arcos: The Awakening, The Rise e The Fall. Dificilmente chegará no Brasil, mas vale ficar atento a iniciativa que pode parar nas telonas.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Moai

Ahu Tongariki, maior altar com 220 metros de comprimento e 15 moais, restaurado em 1996.
Os famosos e impressionantes Moais são únicos no mundo. As 887 estátuas que decoram toda a costa e o interior da Ilha de Páscoa são os únicos vestígios da misteriosa e ancestral cultura dos antigos habitantes da Ilha: a cultura Rapa Nui. Acredita-se que antigos habitantes polinésios dedicaram gerações inteiras aos gigantes de pedra entre os séculos XII e XV. Esse termo "Rapa Nui" significa "ilha grande" em um dialeto taitiano antigo e é também o nome da ilha.

Moai vem da expressão rapanui moai aringa ora, que significa “rosto vivo dos ancestrais”. Eles representam, de modo estilizado, um torso humano masculino de orelhas longas, sem pernas, com tatuagens tribais polinésias. Em sua maioria, medem entre 4,5 a 6 metros e pesam até 80 toneladas. O maior deles, entretanto, está inacabado na pedreira e tem mais de 20 metros de altura! Alguns possuem pukaos em suas cabeças: cilindros de pedra vermelha pesando até 12 toneladas, possivelmente representando os coques que os nobres polinésios usavam (ou um cocar de penas vermelhas comum entre a nobreza rapanui). Acredita-se que originalmente todos os moais possuíam o pukao.


Alguns crêem que as estátuas representavam os antepassados. Por essa razão, os moais eram montados sobre plataformas ceremoniais (ahus), todos voltados ("olhando") para o interior da ilha, para que os espíritos dos mortos canalizassem seu maná (energia vital) para as aldeias de seus descendentes e os protegessem. Mas existe um grupo de sete moais que estão voltados para o exterior da ilha. Parecem representar os sete exploradores enviados por Hotu Motu'a, o primeiro rei da ilha. precedendo assim aos primeiros colonizadores europeus.

Perto de um dos vulcões (Rano Raraku) que formam a ilha, encontra-se a pedreira de onde foram retiradas as rochas formadas por cinzas para a construção da maioria dos gigantes. Nela existem quase 400 esculturas em diferentes estágios de construção. Aparentemente, em pleno processo de construção, os escultores abandonavam repentinamente as obras. Ainda não se tem certeza de como conseguiam cortar a pedra vulcânica, talhá-las (possivelmente com ferramentas de obsidiana e basalto na própria pedreira) e transportá-las a seus lugares definitivos. As pedras vermelhas utilizadas para os pukaos eram porosas, retiradas do vulcão Puna Pau, extinto e aberto à visitação.

Membros do Museu Kon Tiki realizaram um experimento, mediante o qual provaram que eram necessários, pelo menos, 20 homens, munidos de cordas e armações de madeira, para poder mover um moai de 9 toneladas! Os caminhos de transporte dos moais também é um mistério: todos tem um forma em V com um profundo sulco central e fileiras de pedras encravadas em solo rochoso. Especula-se que eram parte de algum engenhoso mecanismo que permitia levar as estátuas caminho acima. A teoria mais aceita é a da "geladeira": três grupos de homens os faziam "caminhar" com cordas amarradas na cabeça; um grupo puxava para a esquerda, outro para a direita e um terceiro para trás, evitando que a estátua tombasse para frente.

Até meados do século XX, não havia nenhuma estátua de pé. Todas foram derrubadas no séc. XVIII, durante guerras internas entre os clãs que habitavam a ilha. Acredita-se que pequenas rochas vermelhas de obsidiana ou coral que ficavam nos globos oculares das estátuas foram arrancadas e atiradas no mar durante as lutas tribais (foram encontradas em mergulhos próximas à costa da ilha). Em recentes escavações do Easter Island Statue Project (começaram em 1988, pararam e retornaram em 2011), descobriu-se que alguns dos moais estavam enterrados, ou seja, o que se via da cabeça era só uma parte de toda a escultura. Descobriu-se, então, o entalhe de corpos e hieróglifos da escrita local (rongorongo, ainda não totalmente decifrada)


A Ilha da Páscoa é uma ilha localizada no Oceano Pacífico, anexada ao Chile em 1888. É Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1995, e tanto seu governo como sua administração são regidos por estatutos e leis especiais. A antiga denominação dessas terras era Te Pito O Te Henua (“O Umbigo do Mundo“), por ser o lugar habitado mais isolado do planeta e o centro espiritual de seu mundo na Polinésia. Para o ocidente, a ilha foi descoberta pelo holandês Jakob Roggeveen em 5 de abril de 1722, no feriado da Páscoa. A primeira impressão do holandês, vista de seu navio, era de que se tratava de uma terra de gigantes: pensou que os moais eram pessoas. Após conhecer o povo da ilha, descreveu-o como um povo amistoso de pele clara e cabelos vermelhos com bonitas mulheres e homens amáveis.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Camiseteria

Dezembro chegou e o Natal se aproxima... você não sabe o que pedir ou o que dar de presente? Que tal divertidas camisas com temas mitológicos?

Mito ou Realidade?
Medusa e as serpentes amestradas
The Legend
Gostaram? É do site Camiseteria, uma "democracia fashionista", como eles gostam de dizer. Os membros do site enviam estampas que são votadas por outros membros e as melhores são transformadas em camisetas de alta qualidade e acabamento. E eu comprovo porque tenho várias! Inclusive uma da ossada de centauro!

Post NÃO patrocinado!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ah... Medusa!

Não tem jeito: Medusa nos fascina. E essa ilustração digital de Rob Shields é linda!