segunda-feira, 8 de outubro de 2012

É lei!

A Constituição da República em seu artigo 19, inciso I protege a liberdade de crença, o livre exercício dos cultos religiosos e o faz da seguinte forma:
Art. 5. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Nada mais a declarar.

domingo, 7 de outubro de 2012

Ignorância mitológica

Um caso bizarro está se desenrolando em Petrolina, Pernambuco. O escultor Ledo Ivo, com autorização da Marinha, instalou uma escultura da Mãe d'Água, figura da mitologia indígena brasileira, nas águas do rio São Francisco.


Por conta disso, o vereador evangélico Osinaldo Sousa fez então um discurso inflamado, acusando a estátua de estar representando, na verdade, Iemanjá, e que por este orixá ser dos cultos afro-brasileiros, também é o demônio e uma blasfêmia a Deus-Todo-Poderoso!

A gritaria na cidade foi tanta que Ledo Ivo acabou vendendo a estátua para uma pessoa instalá-la em sua fazenda!

Vamos lá... caro, seu "dotô" Osinaldo:
  • Pra começar, são duas mitologias diferentes e, assim, duas entidades diferentes.
  • Consideremos também que a Mãe d'Água não é uma divindade e sim um personagem folclórico próximo a uma sereia (que já expliquei AQUI).
  • Orixás e demônios também são de mitologias diferentes...
  • Cada um deposita sua fé onde bem entender. O senhor, por exemplo, acredita em arcas gigantes, mares que abrem no meio, chuva de sangue e pessoas que andam sobre as águas.
  • Você sabia que o Brasil é pura miscigenação cultural, racial e religiosa? O sincretismo está intrínseco as bases fundamentais deste país.
  • E, por último, e talvez mais importante o Estado deve ser laico, ou seja, nenhum político pode acionar as leis em nome de questões religiosas. Ele até poderia usar de argumento que não se pode utilizar dinheiro público para levantar monumentos a quaisquer religiões, mas seria facilmente refutado com o fato da Mãe d'Água não ser uma deusa e, portanto, não ser digna de adoração.
Lamentável. Esse blog repudia manifestações religiosas de qualquer tipo, principalmente as ignorantes. Aproveitem o dia de hoje e votem corretamente.
(Via Tony Góes)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lá vai São Francisco!

Pelo dia de hoje, Dia de São Francisco de Assis:



Ney Matogrosso cantando São Francisco no belíssimo musical infantil A Arca de Noé (1980), com composições de Vinícius de Moraes! Época boa...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Invocando Anfitrite

Um belo video de Damien Krisl (do Eclumes Studio na Suíça) inspirado em Anfitrite, deusa submarina, esposa de Poseidon.

sábado, 29 de setembro de 2012

Hebe

Hebe, estátua de Antonio Canova esculpida
entre 1800-1805. (Museu Hermitage, Rússia)
Filha de Zeus e Hera, Hebe ("puberdade") era a deusa da juventude e das jovens noivas antes do casamento. Era também a copeira dos deuses: cumpria no Olimpo diversas obrigações "domésticas", como preparar o banho de seu irmão Ares, ajudar Hera a atrelar seu carro e servir néctar e ambrosia aos deuses. Em festas dançava com as Musas e as Horas, ao som da lira de Apolo.

Uma lenda diz que Hebe era somente filha de Hera, que, ao comer alface selvagem em um banquete do deus Apolo, teria engravidado da deusa. A verdura é, inclusive, associada à jovem.

Um dia, quando servia aos deuses em um banquete, caiu numa posição inconveniente. Alguns olimpianos puseram-se a rir sem parar e a jovem, envergonhada, negou-se a continuar servindo-os. Foi substituída, então, pelo mortal Ganímedes, trazido por Zeus para a função.

Por ser aquela que alimentava os deuses, Hebe era vista como a deusa da imortalidade, assim como a deusa escandinava Idun. Ela seria responsável por conceder a força para os deuses não envelhecerem e permanecerem com a aparência jovial. Uma lenda conta que Hebe deu sua juventude por um dia ao herói Iolaus para ele derrotar seu inimigo, Euristeu.

Muitos também a adoravam como uma deusa da beleza por conta de sua juventude. Por essa razão, era frequentemente associada a Afrodite, fosse como sua companheira ou sua mensageira (espalhando juventude e suas paixões). Costumava ser retratada como uma bela jovem de vestido sem mangas ou de peito nu.

Pintura do casamento de Hebe e Hércules em vaso.
Foi a terceira esposa de Hércules (a primeira divina), depois que ele foi imortalizado, para reconciliar o herói com Hera, a responsável pelos famosos doze trabalhos. Com ele, teve dois filhos, Alexiares e Aniceto. Uma outra tradição cultural, diz que Hebe foi mãe de Kentauros com Apolo e foi dada à Hércules em casamento numa tentativa de selar a paz entre o algoz da espécie.

Recebia o epíteto de Basileia ("princesa") e Dia ("brilhante"), e os romanos a chamaram de Juventas. Em Flios, sul da Grécia, existiu um templo dedicado a ela, com galos e galinhas (animais sagrados a ela e a Hércules). O símbolo do signo de Aquário é uma representação da deusa despejando o néctar dos deuses.

Hebe, deusa da mocidade, estátua em mármore de Giulio Starace (1887-1952), 1934

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fora do ar...

Problemas técnicos me tiraram da internet, do computador, do tempo... mas volto na semana que vem. Aguardem!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Mitologia dos quadrinhos para a TV

O canal estadunidense Fox vai adaptar para a TV a HQ Headache, de Lisa Joy e Jim Fern. Intitulada Athena, a trama da série terá como foco uma jovem de 23 anos que descobre ser Atena, a deusa grega da sabedoria e da estratégia. A cada semana ela deverá manter sua identidade secreta enquanto enfrenta monstros da mitologia, buscando descobrir qual dos outros deuses do Olimpo estão tramando contra ela para tomar controle da Terra.

sábado, 8 de setembro de 2012

Perto dela

Fui até a Praia de Botafogo e tirei fotos de Awilda, a Iemanjá de 12 metros do espanhol Jaume Plensa.

O nome completo da obra é Olhar nos meus sonhos (Awilda).
As oferendas pra Iemanjá costumam ser feitas em barquinhos.
Para Awilda, as oferendas são em tamanho real!
Referência de tamanho. Pena que o Pão de Açúcar estava encoberto...

No display explicativo, fica-se sabendo que Awilda é, na verdade, a filha de um rei escandinavo do século V que se tornou uma mulher pirata, mas que o artista chama carinhosamente de Iemanjá. Ela ficará até 2 de novembro convivendo com barcos e pessoas.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Iemanjá está em praias cariocas!

O artista espanhol Jaume Plensa inaugurou hoje, na Praia de Botafogo, na Zona Sul do Rio, a escultura do rosto gigante de uma mulher, feita em fibra de vidro. Segundo o escultor, trata-se de uma homenagem a Iemanjá, orixá do qual ele diz ser devoto, e foi construída ao longo dos quatro meses que o artista está no Brasil (desde novembro). Intitulada Awilda, a obra ficará instalada na beira do mar por dois meses. A obra faz parte da mostra de arte pública OIR - Outras Ideias para o Rio.

(Matéria do Globo.com e foto de Renata Soares)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lua Azul

A Lua azul vista hoje na Acrópole
Quem olhar para o céu hoje à noite vai ver um evento que só acontece, em média, a cada três anos: a Lua Azul. Mas não se engane com o nome, pois não tem nada a ver com a cor do astro. Ela é, na verdade, o acontecimento de duas luas cheias em um mesmo mês. Só isso. A primeira foi no dia 2 de agosto e tivemos outra hoje, dia 31.

As últimas luas azuis ocorreram em 31 de maio de 2007 e 31 de dezembro de 2009. As próximas deverão ocorrer em julho de 2015, janeiro e março de 2018, outubro de 2020, agosto de 2023, maio de 2026, dezembro de 2028... e assim por diante.

O registro da Lua Azul não é considerado um evento da astronomia. Ele ocorre por causa da falta de sincronização entre o calendário de fases da Lua (29,5 dias) e o calendário gregoriano (meses de 30 ou 31 dias, menos fevereiro), adotado na maior parte do mundo. "É mais um evento popular, que os místicos gostam de invocar, e não tem importância astronômica", diz Gustavo Rojas, astrônomo e físico da Universidade Federal de São Carlos.

Fevereiro é o único mês que não pode ter a Lua Azul, mesmo em anos bissextos. Inclusive é possível um ano não ter nem uma lua cheia no mês de fevereiro, nesses anos, acontece uma Lua Cheia no final de janeiro e a outra no início de março, ou seja duas Luas Azuis no mesmo ano. Isto ocorre em média a cada 35 anos.

De acordo com alguns historiadores, o nome Lua Azul foi criado no século XVI, porque algumas pessoas diziam que viam a lua azulada, enquanto outras a viam cinza. Muitas discussões ocorreram até se concluir que era impossível a Lua ser azul. Criou, assim, uma espécie de expressão linguística que passou a ser sinônimo de algo impossível ou difícil. O termo ganhou força principalmente nos EUA e algumas frases como "só me caso com você se a lua estiver azul" foram rapidamente popularizadas.

Segundo Rojas, a escolha do nome "Lua Azul" para descrever duas luas no mesmo mês foi infeliz porque a expressão já era usada na astronomia para descrever anos tropicais com 13 luas cheias, onde pelo uma das estações do ano tem quatro luas cheias, em vez de três. O novo uso da expressão surgiu em 1946, por erro de um astrônomo amador, que acabou se perpetuando.