quinta-feira, 28 de abril de 2011

Yggdrasil e os nove mundos


Acredita-se que os mitos escandinavos tenham surgido na Islândia, terra de fogo e gelo, neve e vulcão. Eles falam de um universo complexo, na qual diferentes reinos foram construídos para os deuses, mortais, os gigantes, elfos e anões. Eram nove diferentes reinos localizados em volta de um grande freixo chamado Yggdrasil, a Árvore da Vida:

  1. NIFLHEIM: A terra congelada de Niflheim exisita antes do universo conhecido ser criado. Localizava-se entre as raízes de Yggdrasil e era envolta em escuridão ("Reino das Névoas"). Em seu centro, havia uma fonte gelada (Hvergelmir), mãe de vários rios. Tornou-se o reino de Hel, deusa dos mortos (Helheim). Lá também morava a serpente Nidhogg, bem aos pés do freixo, que se alimentava da carne dos cadáveres da encosta Nastrond e roía as raízes da árvore para destrui-la.
  2. MUSPELLHEIM: Governada pelo gigante de fogo Surt, Muspellheim era a região ardente que existia junto com Niflheim antes de Odin criar o universo. Era uma terra árida e flamejante ("Reino da Desolação"). No início, seu calor fez o gelo de Niflheim derreter e criar Ymir e Audumla. Alguns corpos celestes foram criados a partir de faíscas de Muspellheim.
  3. ASGARD: "Mundo dos Ases", lar dos deuses Aesires. Situava-se no topo da árvore, cercado por uma muralha enorme. No meio de Asgard, ficava a Planície de Idavoll, onde os deuses se reuniam em fortalezas para definir questões importantes. Para entrar e sair, os deuses construíram Bifrost, uma ponte de arco-iris feita de três fios de fogo trançados que ligava Asgard a Midgard. Apenas os deuses podiam atravessar a ponte guardada pelo deus Heimdall. Os únicos mortais que podiam entrar em Asgard pela ponte eram os mortos a caminho do Valhalla.
  4. VANAHEIM: "Reino dos Vanes", morada dos Vanires. Ficava ao nível de Asgard, no topo de Yggdrasil. É possível que Asgard na verdade seja uma cidadela dentro de Vanaheim, explicando ainda mais os conflitos entre as duas raças divinas.
  5. ALFHEIM: É o reino dos elfos, onde foi construído o palácio do deus Freyr, que repatriou essas criaturas como elfos de luz.
  6. MIDGARD: Entre os galhos de Yggdrasil, em sua parte central, ficava Midgard ("mundo do meio"), a morada dos humanos protegida por uma fortaleza mágica construída pelos deuses contra os gigantes.
  7. JOTUNHEIM: O lar dos gigantes de gelo e pedra, governado por Thrym em sua fortaleza Utgard. Ligava-se a Asgard pelo rio Iving, que nunca se congelava. Lá ficava o Poço da Sabedoria (Mimisbrunnr) de Mimir, abaixo da raiz de Yggdrasil mais próxima de Midgard.
  8. SVARTALFHEIM: A terra dos elfos negros (ou duendes). Fica no nível de Midgard.
  9. NIDAVELLIR: O reino subterrâneo dos anões. Também fica no nível de Midgard e Svartalfheim.

O esquilo Ratatösk vivia nos galhos de Yggdrasil. Ele passava o tempo todo subindo e descendo a árvore, levando mensagens desaforadas de Nidhogg para o galo (ou águia) dourado Gullinkambi que morava em Asgard.

Na base de Yggdrasil, viviam as Nornes. Elas guardavam o Poço do Destino (Urdarbrunnr), que, freqüentemente, recebia a visita dos deuses em momentos de grandes decisões. Outra função das governantes do destino era curar as raízes devoradas por Nidhogg. Na base do freixo, também viviam quatro cervos dos ventos, alimentando-se de seus frutos. Sustentando a Árvore da Vida, a gigantesca Jormungand, a serpente do mundo.

Os nove mundos de Yggdrasil, gravura de Friedrich Wilhelm Heine

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aesires e Vanires

Gravura da guerra entre Aesires e Vanires (1882), de Karl Ehrenberg (1840-1914)

Aesir é o nome dado para a principal raça celeste de deuses nórdicos. Viviam na paradisíaca Asgard, com o Odin como líder supremo, Pai de Todos. Incluiam Balder, Bragi, Forseti, Heimdall, Höd, Honir, Loki, Magni, Mimir, Thor, Tyr, Ull, Vili, Ve, Vidar e Frigg, entre outros. Eram, em sua maioria, deuses com particularidades guerreiras.

Seus inimigos mortais eram os Vanires, deuses, em sua maioria, da natureza selvagem, do mar e de fertilidade que viviam em Vanaheim. Foram considerados os portadores de saúde, juventude, sorte e riqueza, e os mestres da magia. Incluiam Njörd, Nerthus, Freyr, Freya, Gullveig, Heid, Idun e Sif entre outros.

A guerra se instalou quando Aesires torturaram a deusa vanir Gullveig que só queria saber de ouro. Eles a amarraram no salão de Odin, a perfuraram com lanças e a queimaram três vezes numa pira mágica, mas ela sempre renascia. Os Vanires pediram reparação e direitos iguais, mas os Aesires preferiram atacar acreditando em sua força guerreira. No entanto, os Vanires se mostraram resistentes e começaram a ganhar terreno na batalha.

Após anos de guerras e fantásticos contos de trapaças, as duas raças divinas decidiram por uma trégua: cada lado cuspiu em um jarro de barro e, da saliva, nasceu o gigante Kvasir, o sábio. Os vanires Njord, Freyr e Freya se mudaram para Asgard para viver com os Aesires como símbolo da amizade criada. Enquanto Honir e Mimir foram morar em Vanaheim. A princípio, os Vanires acharam que o acordo valeu a pena, pois acreditavam que os dois aesires que estavam com eles eram os mais sábios de todos. Ao perceberem que estavam enganados, decapitaram Mimir e mandaram de volta a Asgard. Os Aesires decidiram não retribuir e permitiram que os Vanires morassem em Asgard.

Aesir pode ser derivada da antiga palavra teutônica "ase", palavra comum para "deus". Também são chamados de Ases, Aesares e Aisares. Os Vanires (ou Vanes) são, às vezes, comparados a elfos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Freya

Gravura de Feya-Mardöll, por Jenny Nyström (1854-1964)

Freya é a deusa mãe da dinastia Vanir na mitologia nórdica. Filha de Njörd e Skadi, e irmã gêmea de Freyr, ela é a deusa do sexo e da sensualidade, fertilidade, do amor, da beleza e da atração, da luxúria, da música e das flores. É também a padroeira da colheita e do nascimento, da magia e da adivinhação.

De caráter arrebatador, teve vários deuses e mortais como amantes e é representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um belíssimo colar mágico de âmbar e rubis (Brisingamen, que obteve dormindo com os Brisings, quatro anões que o fizeram, Alfrigg, Berling, Dvalin e Grerr) e um manto de penas chamado Valhamr (que a permitia se transformar em falcão). Andava em uma carruagem puxada por dois gatos azuis, na companhia de Hildesvini (seu amante mortal Ottar transformado em um javali de batalha com presas de ouro). Teria sido vista também como uma porca ou uma cabra.


Freya se mudou para Asgard para viver com os Aesires como símbolo da amizade criada depois da grande guerra. Lá ela mora no palácio Folkvang (Campo do Povo) com sua criada Fulla. Ela compartilhava os mortos de guerra com Odin: metade dos homens e todas as mulheres mortos em batalha iriam para seu salão Sessrumnir no Valhalla. Tornou-se líder das Valquírias. Quando cavalgava os céus com sua armadura, tornava-se a Aurora Boreal.

Diz a lenda que ela estava sempre procurando, no céu e na terra, por Odur, seu marido perdido, enquanto derramava lágrimas que se transformavam em ouro na terra e âmbar no mar. Por isso, podia ser a deusa da riqueza. Com Odur, foi mãe de Hnossa (jóia) e Gersimni (preciosa). Mas tinha uma suposta e secreta paixão por Loki e era desejada pelos gigantes. A demora em encontrar Odur fez com que ela se tornasse promíscua. Quando o encontrou, Odur havia se tornado um horrendo monstro marinho, mas ela se manteve a seu lado até sua morte acidental. Ela o reclamou no Valhalla, onde ele vive em Sessrumnir.

Freya também é chamada de Fréia, Freja, Freyja, Frauja, Fremantle, Frowa e Froya. E ainda tinha os epitetos: Vanadis (deusa dos Vanir), Mardöll (brilho do mar), Hörn (cabelos de ouro), Gefn (dadivosa) e Syr (semeadora). Já sabemos de sua confusão com a deusa Frigg, mas agora vemos suas distinções. Ela também é associada a inúmeras deusas gregas e egípcias, mas nenhuma é tão abrangente quanto ela.

Freya, pintura à óleo de John Bauer (1882-1918)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Frigg


Rainha dos Aesires de Asgard e deusa da chuva e da fertilidade, Frigg era a personificação tanto da terra cultivada quanto do mundo civilizado. Filha de Fiorgoin e Gialp, foi uma das esposas de Odin (a mais amada) e mãe de Balder, Thor, Tyr, Hermod, Bragi e Hoder. Era patrona do casamento e do amor materno, mas alguns estudiosos encontraram texto que mostram Loki apontando-a como amante dos irmãos de Odin, Vili e Ve.

Em Asgard, a alta, bela e imponente Frigg ficava no salão Fensalir (Salão das Águas) com suas doze criadas (Eir, Fulla, Gefjon, Gna, Hlí­n, Lofn, Saga, Sjöfn, Snotra, Syn, Vár e Vör) e era a única que tinha o privilégio de sentar no trono (Hlidskialf) ao lado de Odin. Seu animal sagrado era o ganso. Sexta-feira em inglês é friday e pode ser em homenagem a deusa (frigadagr). Também estava associada à véspera do ano novo, quando tecia o que vinha a seguir e usava um cinturão de chaves. Acredita-se também que ela deu à luz a Balder, o deus do Sol amado por todos, na virada do ano.

Usava um turbante com penas de garça e um manto que parecia uma nuvem, cuja cor escurecia e clareava segundo seu humor. Algumas representações a colocavam com uma vassoura na mão para "varrer" as nuvens do céu, o que poderia ligá-la aos conceitos medievais de bruxaria. Outras diziam que ela costurava as nuvens e o destino, colocando-a como deusa dos tecelões e das fiandeiras.

Previa, portanto, o futuro, mas não costumava revelá-lo, pois não tinha poderes para alterá-lo. Quando seu amado filho Balder sonhou que teria um triste fim, Frigg pediu a tudo o que havia na criação para não machucá-lo. Mas ela não pediu ao visgo, e Balder foi morto com uma lança feita de um arbusto dessa planta em um embuste de Loki. Essa história alimentou a superstição da sexta-feira 13.

Existe uma grande confusão entre as deusas Frigg e Freya, que em muitas casos são vistas como a mesma pessoa, a figura feminina mais importante do panteão, sendo Frigg o lado materno Aesir e Freya o lado mulher Vanir. Optei por separá-las em indivíduos distintos também por causa de seus parentescos.

Além disso, Frigg é chamada de vários nomes, como Friga, Frig, Frygga, Friggja, Frigida, Fria, Frika, Fricka, Frige, Bertha e Holda. É comparada a Hera / Juno para os greco-romanos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Falando em Páscoa...



Em alguns posts do blog, citei a Páscoa cristã:
  • QUARUP: quando mostro que o evento indígena representa a ressurreição;
  • CHOCOLATE: quando não falo absolutamente nada sobre a Páscoa, mas chocolate é chocolate (!!!);
  • ISHTAR: quando é apresentado um ritual a essa deusa babilônica que lembra a tradição dos ovos de Páscoa; e
  • CARNAVAL: quando se entende o calendário cristão.
A Páscoa ainda deve aparecer muito mais por aqui, porque já sabemos que suas ligações com rituais pagões são bem mais antigas do que essa historinha de 1913.
Fiquem ligados e feliz Páscoa para todos!