terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fúria de Titãs!

Outro dia falei da adaptação dos livros de Percy Jackson para os cinemas, mas não podia deixar de citar o remake de Fúria de Titãs (Clash of the Titans) que estreia no dia 26 de março nos EUA.

O filme original é de 1981, com Harry Hamlin (Perseu), Ursula Andress (Afrodite) e Laurence Olivier (Zeus), e se baseia no mito de Perseu.

Um resumo da história: Zeus ordena que o titã Kraken destrua Argos, depois que o Rei Acrísio tentou matar sua filha Danae e seu neto Perseu, filho de Zeus. Argos e destruída, mas ambos são salvos na Fenícia. Já adulto, Perseu tenta desposar Andrômeda, filha da Rainha Cassiopéia e prometida de Calibos, filho monstruoso da deusa Tétis. Furiosa, Tétis solta o Kraken sobre a cidade, colocando Andrômeda como sacrifício. Perseu sai em busca de um meio de derrotar o titã: a cabeça da Medusa. Por aí se desenvolve o filme.


Foi o último trabalho de animação e efeitos especiais feito pelo mestre do stop motion, Ray Harryhausen. Eu tenho o DVD e independente da diferença que temos hoje com a tecnologia ainda é incrível ver o que ele foi capaz de fazer. Veja um pedacinho, onde Calibos que se vingar de Perseu e fura o saco onde está a cabeça de Medusa para que do sangue da górgona nasçam os escorpiões gigantes:


No novo filme, Perseu é Sam Worthington (queridinho atual de Hollywood após Exterminador do Futuro 4 e Avatar) e ainda tem Liam Neeson e Ralph Fiennes, como Zeus e Hades respectivamente. A história muda um pouco: Perseu nasce entre os deuses, mas passa a viver entre os mortais. Quando perde sua família para Hades, Perseu decide enfrentar o deus do submundo e acaba se metendo em uma guerra entre ele e Zeus, que pode resultar na destruição da Terra.


Veja um trailer que mostra os escorpiões bem vitaminados e a monstruosidade do Kraken:


Uma curiosidade: Kraken, chamado de titã no filme, na verdade é um monstro da mitologia escandinava.

Parece que os cinemas gostam de Perseu... afinal "Percy" seria diminutivo de Perseu. Bom... independente da história, do mito, do herói, é mitologia nos cinemas! Vamos lá!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Perun

Deus do trovão e dos raios da mitologia eslava pré-cristã, Perun era particularmente venerado pelos russos, que chegaram a compará-lo ao Zeus grego. De acordo com as primeiras crônicas russas, Perun era a divindade máxima do panteão pagão antes da cristianização em 988 por St. Vladimir I, Grande Príncipe de Kiev. Por isso, suas associações eram inúmeras: ao firmamento, ao fogo, ao carvalho, às montanhas e às águias. O número 9 é relacionado a ele, mas não se sabe se haviam nove versões do deus ou se eram nove filhos.

Filho de Svarog e Lada, irmão de Kalvis, Stribog, Svarozvich, Tiermes, Ursula e Milda, Perun fazia serviços para seu pai na Terra. Perun e Tiermes usavam seus irmãos para conseguir favores de seus pais e pareciam ser os mais fortes dentre eles e, dessa forma, Perun teria subjulgado seu pai para se tornar o maior deus do panteão russo. No entanto, ao seduzir a deusa dos rios Ros (possivelmente daonde veio o nome "Rússia"), seu filho com ela, Dazhbog, acabaria por subjulgá-lo, tornando-se deus das tempestades.

Em seu papel de deus da guerra, cavalgava os céus numa carruagem puxada por um bode gigantesco (semelhante ao deus nórdico do trovão Thor), empunhando um arco de pedra que atirava seus raios (ditos como flechas de pedra ou meteoritos) e seu martelo (ou machado) do trovão, que sempre voltava para sua mão quando lançado contra o mal. Podia usar também poderosas maças douradas que eram, na verdade, bolas de raios (um raro fenômeno atmosférico). Armas de pedra e de metal eram associadas a ele.

Gromoviti znaci, ou marcas do trovão, como essas, são antigos símbolos de Perun que eram gravados nos telhados das casados para proteger das tempestades. Esse formato hexagonal pode ser um sinal da existência das maçãs do trovão e, portanto, do fenômeno das bolas de raios.

Com sua barba cobreada, era uma divindade criativa que trazia fertilidade e chuva aos campos. Mas as chuvas eram também a representação da batalha divina entre Perun e seu arqui-inimigo Veles. A deusa do sol era casada com ambos. O tempo escuro e chuvoso seria uma manifestação tanto da raiva de Perun quanto dos poderes de Veles que tentava se esconder de Perun para atacá-lo. Os raios e os trovões seriam os ataques de Perun e o fim da chuva significava que Veles tinha sido derrotado. Essa dicotomia "bem contra o mal" facilitou a cristianização.

Era comumente representado por uma estátua de madeira com cabeça prateada e bigode de ouro. Galos e bodes eram sacrificados a ele, mas também ursos e touros em florestas de carvalho, quando os rituais eram maiores. Prisioneiros de guerra podiam ser sacrificados a ele durante sua festa sagrada que durava nove dias de verão.

Era comparado a Perkons (Letônia) e a Perkunas (Lituânia), variações da raiz proto-eslava perk-/perg- ("atacante") ou de perkwu ("carvalho"), uma vez que seu nome pouco aparecia na literatura. Povos búlgaros possuíam diversos nomes de entidades naturais a partir de Perun: Pirin, Perunac, Perunovac, Perunika, Perunička Glava, Peruni Vrh, Perunja Ves, Peruna Dubrava, Perunuša, Perušice, Perudina e Perutovac. Após a conversão ortodoxa russa, Perun foi sincretizado ao profeta Elias que atravessava os céus em sua carruagem de fogo. Na Roma católica, Perun seria o arcanjo Miguel. Perun também apareceu em histórias em quadrinhos da Marvel Comics como parte de um grupo soviético de protetores que ficavam entre o heroísmo patriótico comunista e a vilania capitalista, seguindo a Guerra Fria.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pan Ku

As forças subjacentes a tudo o que existe no universo chinês são o Yin e o Yang. São opostos, mas coexistem num delicado equilíbrio: mutuamente dependentes, mas complementares. E eles estavam contidos dentro de um ovo cósmico gigantesco que chocava no vazio caótico primordial, junto a Pan Ku. Com um machado, Pan Ku quebra o ovo ao meio: o leve Yin eleva-se e forma os céus com parte da casca e o pesado Yang afunda com a outra metade e se torna a terra.

Por 18 mil anos, trabalhou na criação, usando martelo e formão, ajudado apenas por um dragão, uma fênix, um unicórnio, um tigre e uma tartaruga. Ao morrer, tudo que era Pan Ku mesclou-se ao novo mundo:

  • seu hálito transformou-se no vento;
  • seus olhos, no sol (esquerdo) e na lua (direito);
  • sua voz, o trovão;
  • seu corpo, os relevos;
  • seu sangue, os rios;
  • seus pelos, a vegetação;
  • seus ossos, as rochas;
  • seu suor caiu como chuva; e
  • todos os seres de seu corpo - de bactérias a pulgas - povoaram a terra como animais e humanos.
O então considerado ser primordial chinês é também chamado de Pan Gu. Também é comparado a Hoen-Tsin, o caos primordial que gerou o ovo cósmico, mas parecem ser seres distintos. De acordo com um mito chinês, Hoen-Tsin cresceu 30km por dia durante 11,5 mil anos, até que ficou maior do que universo e morreu. Sua morte teria sido o estopim para Pan Ku quebrar o ovo cósmico.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Panteões

Cada mitologia tem um panteão, um conjunto de divindades. Deuses e deusas variam muito de uma cultura para outra. Podem ser parentes - quando um só gera todos os outros deuses - ou ter ascendência divina, se criados por mais de uma divindade.

Mesmo podendo parecer animais ou um híbrido zooantropomórfico, os deuses costumam agir como humanos, mas em escala monumental, tendo as mesmas paixões e conflitos que nós. Esse é um importante papel da mitologia que cria as bases para várias sociedades antigas. Por exemplo, uma família predominantemente inca diz-se descendente dos deuses para fortalecer sua posição social e sua autoridade.

Os deuses quase sempre possuem uma especialidade, desde a guerra à agricultura, e, às vezes, habitam uma parte do cosmo ou determinada região. Essas especialidades costumam se repetir em muitas mitologias:

  • A Grande Deusa ou o Deus supremo: Algumas das estatuetas mais antigas encontradas são figuras de mulheres grandes, de seios generosos - às vezes, em grande quantidade - que são considerados retratos primitivos da Grande Deusa. Chamada por vezes de Mãe-Terra, a Grande Deusa é comumente uma das criadoras do universo, associada à Lua e a fertilidade. No entanto, a maioria das civilizações antigas acreditava em um poderoso deus supremo, cercado por deuses menores que tinham funções determinadas. Esse deus era muitas vezes comparado às forças da natureza ou aos animais mais fortes e sábios.
  • Divindades do sol e da chuva: Os antigos não compreendiam os fenômenos da natureza - como as mudanças climáticas ou o movimento do sol -, mas dependiam deles. O sol poderia provocar colheita abundante ou seca fatal, assim como as chuvas poderiam beneficiar a agricultura ou destruir as plantações. Isso era dito como "humor divino", ou seja, seria necessária a realização de certos sacrifícios para garantir o favorecimento dos deuses. Quase todas as culturas tem divindades para os fenômenos naturais. Onde o calor do Sol era sentido com mais intensidade, como no Egito antigo e na América do Sul, o deus-sol costumava ser a mais importante divindade. Já onde a chuva era escassa, os deuses da chuva era importantes. Os deuses do trovão também eram poderosos e temidos, como Zeus, o grande deus grego, ou Thor, grande guerreiro escandinavo.
  • Da terra e do mar: Colinas, montes, rios, lagos e florestas também tinham seus deuses, dependendo sempre do tipo de cultura e geografia local. Muitos povos da Europa central, por exemplo, temiam os espíritos da floresta, enquanto a civilização marítima grega divinizava os mares através de Poseidon ou do titã Oceanus.
  • Fertilidade: Sendo a agricultura a principal forma de subsistência dos tempos remotos, deuses que protegiam as plantas e as colheitas eram comuns. Muitas vezes eram relacionados aos deuses climáticos, mas muitos tinham existência própria, como a Mulher do Milho das Grandes Planícies norte-americanas e achinesa Shen Nung, que ensinaram os homens a plantar. Algumas - como Pérsefone da mitologia grega - refletiam as estações do ano, tornando-se essenciais à agricultura. Outras, no entanto, como o deus mesopotâmico Telepino, eram quase cômicas: suas birras tolas arruinavam as colheitas.
  • Amor, casamento, parto: Estabelecer ligações e gerar filhos era tão fundamental para as sociedades antigas que algumas divindades do amor eram as mais populares. A deusa grega Afrodite, a egípcia Aset e a mesopotâmica Ishtar eram muito conhecidas e adoradas em lugares distantes de seus centros de culto. Normalmente, os poderes dessas divindades eram de ação rápida e notória: o Cupido grego e o Kama hindu disparavam flechas de desejo em suas vítimas. Deusas mais gentis, como a egípcia Taweret e a eslava Mokosh, ajudavam na hora do parto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Percy Jackson e o Ladrão de Raios

Inspirado na série de livros best-seller de Rick Riordan (publicados no Brasil pela Editora Intrínseca), o filme Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & The Olympians: The Lightning Thief, da 20th Century Fox) adapta o primeiro livro da série. Os outros livros são: Mar de Monstros, A maldição do Titã, A batalha do labirinto e O último olimpiano.

Iremos acompanhar as aventuras de Perseu "Percy" Jackson (Logan Lerman), garoto de 12 anos que já foi expulso de seis escolas diferentes. Seus problemas aumentam quando ele descobre ser um semideus, filho do deus Poseidon com uma mortal, como na mitologia grega. A partir daí o garoto - com ajuda do sátiro Grover Underwood e da filha de Atena, Annabeth Chase - recebe a missão de resgatar sua mãe e devolver a Zeus os seus poderosos raios que foram roubados, para, assim, impedir uma guerra entre o deuses.



Dirigido por Chris Columbus (de Esqueceram de Mim e Harry Potter), o filme também tem no elenco Sean Bean (Zeus), Kevin McKidd (Poseidon), Melina Kanakaredes (Atena) Steve Coogan (Hades), Ray Winstone (Ares), Catherine Keener (Sally Jackson), Pierce Brosnan (o centauro Chiron/Quíron), Uma Thurman (Medusa, chamada erradamente de Hera em um dos cartazes), Rosario Dawson (Perséfone), entre outros.



O filme abre a potencial franquia no cinema (tentando entrar no vácuo que será deixado pelo Harry Potter) e apresenta a mitologia grega para a nova geração. Sua estreia acontecerá em 12 de fevereiro de 2010, simultaneamente, nos EUA e no Brasil. Vamos todos ao cinema conferir!