quarta-feira, 23 de junho de 2010

Bragi

Filho de Odin e Frigg (ou de Gunnlud), Bragi (Bragui ou Braggar) era escritor, poeta, protetor dos trovadores e deus da eloquência. Recebeu este dom quando seu pai talhou as antigas runas em sua língua. Ele agia, portanto, como porta-voz e mensageiro dos deuses. Sua outra função era receber os guerreiros mortos, recém-chegados aos salões de Valhalla, com poemas nos quais enaltecia seus atos de heroísmo.
Oferecia aos poetas, o hidromel da poesia (feito a partir do sangue de Kvasir), que os inspirava em suas criações e lhes dava o bragarmal, o dom da poesia. Em funerais de reis e chefes guerreiros, eram feitos brindes e juramentos solenes sobre uma taça de bebida chamada de bragarfull, "Taça de Bragi".

Bragi com harpa, de Carl Wahlbom (1810-1858)
Marido da deusa Idun, ficou a seu lado tocando harpa quando ela desmaiou aos pés de Yggdrasil, á árvore da vida. Só saiu de seu lado, quando ela se recuperou e trouxe a primavera novamente. Essa história acontece todo ano, e Bragi está sempre ao lado de Idun. Em uma passagem do Edda Prosaica (livro completo sobre a Mitologia Nórdica, escrito por Snorri Sturluson), Bragi é chamado de efeminado por Loki, e Idun, ao tentar acalmar os ânimos foi chamada de lasciva.

Apesar de casado com a deusa guardiã das maças da juventude, era descrito como um velho sábio com barba (branca, na maioria das vezes). Taças e harpas são associadas a ele, assim como todos os pássaros canoros.

Acredita-se que originalmente Bragi não seria um deus. Ele seria o poeta Bragi Boddason do século IX, que teria servido a inúmeros reis escandinavos e sido alçado à divindade por outros poetas de séculos seguintes graças a sua capacidade literária.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Íris

Íris, em cartaz de Guy Head
Íris era a personificação divina do arco-íris, filha do titã Thaumas e da ninfa oceânide Electra, irmã das horrendas harpias. O vento oeste Zéfiro seria seu consorte.

Muito prestativa, era uma das deusas que serviam os deuses no Olimpo e, às vezes, ajudava mortais em apuros. Era ela quem preparava o banho de Hera, quem lhe prestava serviços dia e noite, estando sempre à sua disposição.

Como o arco-íris parecia unir o céu e a terra, era considerada mensageira dos deuses e associada ao feminino de Hermes. Viajava com a velocidade do vento: podia ir de um canto do mundo a outro, ao fundo do mar ou às profundezas do mundo subterrâneo. Era a única capaz de trazer as águas do Rio Estige para os deuses se benzerem contra os malefícios. Sempre com um lado positivo, simbolizava também uma benção divina.

Íris e Eros aparecem para Morfeu
Costumava ser retratada com uma jovem virgem com asas de ouro vestida com uma longa túnica (branca quando servia os deuses, multicolorida quando saía para cumprir suas tarefas), que carregava um caduceu e um vaso dourado de água. Em sua cabeça, podia haver uma halo de luz. Poucas vezes aparecia com sandálias semelhantes às de Hermes.

Existe uma versão mitológica que coloca Eros como seu filho, e não de Afrodite. No Tarô, é representada pela Temperança.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fukurokuju

Fukurokuju veio do budismo chinês para ser um dos Sete Deuses da Sorte do xintoísmo japonês. É o deus da sabedoria, vida longa e virilidade. Seu nome é composto pelos ideogramas fuku (prosperidade), roku (felicidade) e ju (vida longa).

Baseia-se no sábio chinês Lao Tzu, que mantinha arquivos para a corte imperial da dinastia Sung, e encarna a Estrela Polar do Sul. Ele era famoso por fazer milagres, especialmente no campo da longevidade e prosperidade, sendo capaz até de ressuscitar mortos. Durante sua encarnação humana, era considerado um sennin, um filósofo capaz de viver sem comida, que adorava xadrez. Pode ser também a unificação das Três Estrelas Chinesas, Fu Lu Shou.

É representado como um velho calvo com uma alongada cabeça, corpo mirrado (cabeça e corpo teriam o mesmo tamanho) e uma longa barba branca, significando a grande sabedoria passada de gerações para gerações. Carrega um bastão com um hebi (pergaminho mágico com toda a sabedoria do mundo) amarrado em uma mão e um ogi (leque cerimonial). Se aparecer com um tokkuri (cabaça para saquê), significa que está sendo confundido com outro deus da sorte, Jurojin, uma vez que suas representações são extremamente semelhantes. Anda acompanhado de um grou, um cervo ou uma tartaruga, símbolos de longevidade.

Dizem que quem ganha uma estatueta ou pintura de Fukurokuju se torna popular e tem uma vida longa. Passar a mão na sua pontuda cabeça melhora a inteligência.


OBS.: Os outros deuses da sorte são: Benten, Bishamon, Daikoku, Ebisu, Hotei e Jurojin.

terça-feira, 15 de junho de 2010

K'uei Hsing

Deus dos exames e da burocracia, K'uei Hsing (Kui Xing) foi muito popular nos tempos imperiais, quando os exames eram um requisito importante para um bom emprego no poderoso funcionalismo público chinês. Era auxiliar do deus da literatura, Wen Chang, junto com Chu Yi.

As lendas dizem que o professor Chung K'uei passou com excelência em seus exames de qualificação, mas teve suas honras (uma rosa dourada) e direitos negados pelo imperador quando este viu sua feiúra. Deprimido, tentou se suicidar, atirando-se ao mar, mas acabou sendo salvo por um animal marinho (tartaruga ou peixe).

Um outra lenda, diz que seu talento era equivalente a sua feiúra. Pensando em seus estudos constantemente, distraiu-se e caiu de um penhasco, mas foi salvo por um dragão e recebeu o título de Ministro da Negociação Literária.

Em geral, aparece como um homem baixo e feio (muitas vezes, um anão corcunda), equilibrando-se em um pé sobre a cabeça de uma criatura marinha. Segura uma caneta tinteiro (para sublinhar os nomes dos bem sucedidos) e um alqueire (para medir o talento dos competidores). Dizem que também carrega o selo oficial do Imperador de Jade, Yu Ti.

É referenciado como uma estrela da constelação de Ursa Maior e, por isso, seu nome significaria "chefe estelar". Hoje, dizem que seria a divindade responsável pelas máquinas de fax e pelos e-mails.

Imagens de K'uei Hsing

sábado, 12 de junho de 2010

Ushas

Deusa da alvorada, filha do céu e irmã da noite, Ushas era adorada como o elo entre o céu e a Terra. A jovem e bela deusa renascia a cada manhã (e, por isso, muitas vezes era tratada no plural, as alvoradas), quando atravessava o céu em sua carruagem de ouro puxada por sete vacas (que representariam os sete dias da semana) e vestida com um robe laranja avermelhado e um véu amarelo-açafrão.

Ushas também é descrita como "o meio do despertar", ou seja, através dela, deuses evoluiam em seus caminhos para iluminação plena. Essa descrição pode ser pelo fato da alvorada anteceder a chegada do Sol, da luz para o mundo após a escuridão. Chegava a ser o sopro da vida para os Vedas. Também é representada por sete pombas brancas que afastam os maus espíritos. Seus dedos seriam serpentes em tons róseo-dourados que simbolizavam grande sabedoria e seus raios de luz.

Eos (grego) e Aurora (romana) são suas representações em outras mitologias.