segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Hexa!
Pra não passar em branco, hoje esse blog faz 6 anos! Seja por e-mail ou Facebook, na correria de sempre! Com a Saga de Hércules chegando ao seu fim, devo voltar aos verbetes rápidos por um tempo. Mas vamos que vamos!
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HÉRCULES: Uma nova escravidão
O Rei Êurito da Ecália, mestre-arqueiro de Hércules, resolveu desafiar toda a Grécia a vencê-lo numa disputa de arco. O prêmio era sua filha Iole. O herói acabou por fazê-lo, mas o rei não quis que ele desposasse a princesa, porque, pessoalmente, ou por conselho de de seus filhos (exceto Ífito), temesse que Hércules viesse novamente a enlouquecer e matasse Iole. Acabou o próprio rei sendo morto e Iole levada.
Pouco tempo depois, Autólico, filho de Hermes e considerado o maior ladrão da mitologia heroica, roubou o rebanho real da Ecália. Usando de astúcia, pintou os animais para que não fossem reconhecidos e, em Tirinto, vendeu-os a Hércules como se fora o dono. Os filhos do falecido Êurito se convenceram que fora Hércules em vingança que roubara o rebanho e novamente Ífito se colocou contrário, decidindo provar sozinho a inocência do herói. O príncipe seguiu as marcas dos cascos e encontrou Hércules em um estábulo onde, sem acusá-lo, perguntou se ele havia visto o ladrão de gado. O herói disse que seria mais fácil encontrar os animais do que o ladrão e subiram até o alto da muralha de um castelo em Tirinto para ver ao longe. Lá em cima, avistaram o gado da Ecália, mas como estavam de outra cor, Ífito não os reconheceu e se deu por convencido de que Hércules era inocente. Porém, naquele momento, Hera novamente enviou Lyssa e Anoia para enlouquecer o herói e, sentindo-se acuado, jogou Ífito muralha abaixo.
Recuperada a razão, procurou novamente o Oráculo de Delfos para se purificar, porém, a pitonisa recusou-se a ajudar um homem que havia matado um inocente de forma covarde. Irado, o herói arrancou a trípode consagrada a Apolo e levou-a embora para fundar seu próprio templo. O próprio deus desceu furioso do Olimpo para enfrentá-lo e recuperar a trípode, mas Zeus interveio com seus raios e acalmou os ânimos. A resposta da pitonisa para o herói mais uma vez o colocou como escravo: devia ser vendido como escravo e o dinheiro de sua venda dado aos irmãos de Ífito como compensação mínima.
Hermes se encarregou de vendê-lo a Ônfale, rainha da Lídia. Por dois anos, Hércules realizou tarefas servis de forma humilde, até que a rainha decidiu dar tarefas heroicas assim como fez Euristeu:
Face a tanta coragem e vitórias gloriosas, Ônfale mandou investigar as origens de seu escravo. Ao saber que era filho de Zeus e da princesa Alcmena, libertou-o e se casou com ele, dando-lhe um filho, Lâmon, ou, segundo outras fontes, dois filhos, Agelau e Tirseno. Após esse período de servidão, Hércules viveu no ócio e na luxúria. Durante este tempo, Ônfale usava a pele do Leão da Nemeia, enquanto o herói trajava suas roupas reais femininas, fiando o linho aos seus pés.
Pouco tempo depois, Autólico, filho de Hermes e considerado o maior ladrão da mitologia heroica, roubou o rebanho real da Ecália. Usando de astúcia, pintou os animais para que não fossem reconhecidos e, em Tirinto, vendeu-os a Hércules como se fora o dono. Os filhos do falecido Êurito se convenceram que fora Hércules em vingança que roubara o rebanho e novamente Ífito se colocou contrário, decidindo provar sozinho a inocência do herói. O príncipe seguiu as marcas dos cascos e encontrou Hércules em um estábulo onde, sem acusá-lo, perguntou se ele havia visto o ladrão de gado. O herói disse que seria mais fácil encontrar os animais do que o ladrão e subiram até o alto da muralha de um castelo em Tirinto para ver ao longe. Lá em cima, avistaram o gado da Ecália, mas como estavam de outra cor, Ífito não os reconheceu e se deu por convencido de que Hércules era inocente. Porém, naquele momento, Hera novamente enviou Lyssa e Anoia para enlouquecer o herói e, sentindo-se acuado, jogou Ífito muralha abaixo.
Apolo enfrenta Hércules que rouba a trípode. Pintura em cerâmica. |
Hermes se encarregou de vendê-lo a Ônfale, rainha da Lídia. Por dois anos, Hércules realizou tarefas servis de forma humilde, até que a rainha decidiu dar tarefas heroicas assim como fez Euristeu:
Relevo em Templo de Paestum. |
- OS CÉRCOPES: Os Cércopes eram Silo e Tribalo, dois altos e fortes salteadores de estrada, filhos da oceânida Teia, que assaltavam e matavam os viajantes. Sua mãe alertava para não cair na mão de um certo “Melampigio” (melampygos, homem de nádegas cobertas por pelos escuros, sinal de força para os antigos gregos). Certa vez, encontraram Hércules dormindo embaixo de uma árvore. Insultaram-no e o atacaram, mas foram facilmente dominados, ficando amarrados com os pés juntos de cabeça para baixo. Começaram a chorar, berrando que Hércules era tal homem de nádegas escuras. O herói se pôs a rir e os libertou com a promessa de não voltarem ao banditismo. Entretanto, o juramento não durou e ambos pilharam e mataram novamente. Só que dessa vez, irritaram Zeus e acabaram transformados em macacos.
- SILEU: Filho de Poseidon, Sileu obrigava aqueles que passassem por suas terra a trabalhar até à morte em suas vinícolas. Hércules colocou-se a seu serviço, mas, ao invés de cultivar as videiras, arrancou todas e matou Sileu com um golpe de enxada. Seu irmão, Diceu, hospedou Hércules, que ainda desposou sua filha. Esta mulher se apaixonou de tal forma pelo heroi que, em uma de suas ausências, morreu de amor.
- LITIERSES: Assim, como Sileu, Litierses (filho de Midas) era conhecido como Ceifeiro Maldito, uma vez que obrigava todo estrangeiro a debulhar o trigo de suas terra e os decapitava ao final. Hércules novamente se colocou à altura do desafio e matou o gigante vilão. O pastor Dafnis ficou com as terras de Litierses.
- OS ITONEUS: Para livrar a Lídia dos Itoneus, Hércules contou com o exército de Ônfale. Em guerra sangrenta, o herói apoderou-se de Itona, cidade dos saqueadores e, após destruí-la, levou os sobreviventes como escravos.
Face a tanta coragem e vitórias gloriosas, Ônfale mandou investigar as origens de seu escravo. Ao saber que era filho de Zeus e da princesa Alcmena, libertou-o e se casou com ele, dando-lhe um filho, Lâmon, ou, segundo outras fontes, dois filhos, Agelau e Tirseno. Após esse período de servidão, Hércules viveu no ócio e na luxúria. Durante este tempo, Ônfale usava a pele do Leão da Nemeia, enquanto o herói trajava suas roupas reais femininas, fiando o linho aos seus pés.
Hércules e Ônfale. Óleo de François Lemoyne, 1724. |
Hércules e Ônfale. Óleo de Johann Heinrich Tischbein, 1754. |
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Gigantomaquia
A queda dos gigantes. Óleo de Francisco Bayeu, 1764. Museu do Prado. |
Os Gigantes foram gerados por Gaia (a partir do sangue de Urano que caiu sobre ela após o castramento de Cronos) para vingar os Titãs, que Zeus havia lançado no Tártaro após a Titanomaquia. Eram seres imensos, prodigiosamente fortes, de espessa cabeleira e barba hirsuta, o corpo horrendo, cujas pernas tinham a forma de serpente. Mesmo tendo origem divina, eram mortais, porém só pereciam se fossem atacados simultaneamente por um deus e um mortal.
Tão logo nasceram, começaram a jogar para o céu árvores inflamadas e rochedos imensos. os deuses prepararam-se, então, para o combate. Como Gaia havia produzido uma erva mágica capaz de curar os gigantes (pharmakon), Zeus pediu que Helio, Selene e Eos parassem de brilhar para dificultar a busca pela planta e colheu todas as mudas. O primeiro ataque partiu dos raios de Zeus e da lança de Atena. Porém, sabendo da impossibilidade de matá-los, os deuses convocaram Hércules para auxiliá-los.
Os mitógrafos destacam catorze gigantes neste combate, mas seu número foi bem maior (entre quarenta e mais de cem):
- ÁGRIO: Foi criado com Toas para se oporem às Moiras. Acabou morto pelas maças de bronze das três irmãs.
- ALCIONEU: Atena aconselhou Hércules a empurrar o poderoso Alcioneu para longe de sua cidade natal, porque ele recobrava as forças por tocar a terra de onde nascera (assim como Anteu). Em seguida, um ataque conjunto dos meio-irmãos, derrubou o gigante que fora criado para se opor a Hades. Seu corpo foi enterrado sob o Monte Vesúvio. Se vencesse os deuses, receberia Ártemis como esposa. Alguns mitógrafos colocam Alcioneu em um encontro anterior com Hércules. Diz-se que o gigante teria tentado roubar do herói o rebanho de Gerião. Outros dizem que o gigante começou a guerra ao atacar Helio e levar seu gado solar.
- CLÍTIO: Criado para drenar a energia de Hécate, terminou massacrado pela deusa com golpes de tocha.
- EFIALTES: Esse gigante afugentou Ares, mas foi morto por um flecha de Apolo no olho esquerdo uma de Hércules no olhos direito.
- ENCÉLADO: Era o menor e mais fraco dos gigantes, porém o mais inteligente. Usava três lanças e deveria governar o mar e desposar Atena se a vitória fosse sua. Chegou a ser queimado por Dioniso e eletrocutado por Zeus, mas nada o derrubava, até que enfrentou a própria Atena. Ao ver que não seria capaz de vencer seu nêmese, tentou fugir, mas a deusa jogou sobre ele a ilha de Sicília, aprisionando-o. Diz-se que, enterrado sob a ilha, o Encélado ainda se contorce e estremece causando terremotos.
- ÊURITO: Foi empalado pelo tirso de Dioniso com ajuda de seus sátiros.
- GRÁTION: Opunha-se a Selene e terminou flechado por Ártemis e Hércules.
- HIPÓLITO: Foi apunhalado por seu nêmese Hermes, que usava o capacete de invisibilidade de Hades.
- PALAS: Foi esfolado por Atena que se serviu da pele do gigante como armadura (possivelmente daí vem o epíteto Palas Atena). O resto de seu corpo foi transformado em pedra pela cabeça da medusa presa no escudo da deusa.
- PERIBEIA: Giganta criada para derrotar Afrodite, mas a deusa desferiu um golpe mortal com seu espelho.
- POLIBOTES: Após ser acertado por um raio de Zeus, Polibotes correu para a ilha de Kós. Poseidon atirou seu tridente mas errou o alvo, cortando um pedaço da ilha. O deus continuou perseguindo o gigante criado para se opor a ele, até pegar o pedaço da ilha e esmagá-lo (nascendo a ilha de Nísiro).
- PORFÍRIO: Criado como um rei entre seus pares para se opor a Zeus, desposaria Hebe se vencesse os deuses. No entanto, Porfírio atacou Hera, uma vez que Zeus causou-lhe desejo ardente pela deusa. Enquanto rasgava-lhe as vestes para estuprá-la, Zeus o fulminou com um raio ao mesmo tempo que Hércules disparava suas flechas envenenadas. Nem mesmo essa ajuda fez com que Hera desistisse de perseguir o herói: pelo contrário, a deusa se sentiu humilhada e fortaleceu seu desejo de vingança.
- MIMAS: Criado para se opor a Hefesto foi queimado com uma saraivada de ferro em brasa. Alguns mitógrafos dizem que foi incinerado por um raio de Zeus, e outros dizem que foi morto por Ares ou até mesmo Afrodite. Foi enterrado na Prócida.
- TOAS (TOON): Foi criado com Ágrio para se oporem às Moiras. Acabou morto pelas maças de bronze das três irmãs.
Hécate contra Clítio. Detalhe do Altar de Pergamo. |
Fonte de Encélado. Versailles, França. |
Poseidon ataca Polibotes com seu tridente e a ilha no ombro. Pintura em cerâmica. |
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
HÉRCULES: Vingador expedicionário
Estátua de bronze de Hércules lutando com Aquelôo em forma de serpente. |
Com Dejanira teve vários filhos, sendo Hilo, seu primogênito. Viveram algum tempo na Etólia, até que o herói matou acidentalmente Êunomo, copeiro e parente do rei Eneu. Mesmo perdoado pelo infortúnio, Hércules preferiu se exilar com sua família em Tráquis, na Fócida.
Hércules e Dejanira. Óleo de Jan Gossaert (1517). |
Hércules e o centauro Nesso. Estátua em mármore de Giambologna, que é um clássico, porém, não retrata corretamente a lenda. |
Hércules e Dejanira com Nesso aos seus pés. Estátua em terracota de Pietro Finelli. |
Em Tráquis, foram acolhidos por seu Ceix, seu primo, sobrinho de Anfitrião. Hércules viveu algum tempo na região e teve mais filhos com Dejanira antes de partir em quatro expedições vingadoras.
CONTRA TROIA
Sem se esquecer da traição de Laomedonte, partiu para sua vingança. Ajudado pelo exército de Telamon, rei de Salamina, conquistou a cidade, matou Laomedonte e seus filhos. A princesa troiana Hesíone foi dada a Telamon para casamento (ou escrava) e ela pediu que o caçula Podarces fosse poupado em troca de um véu de ouro bordado por ela. O pequeno ficou conhecido como Príamo, que significaria “comprado” ou “resgatado”, o futuro e mítico rei de Troia.
Hércules e Antágoras. Estátua de bronze em Kós. |
Uma variante desta história, diz que o barco de Hércules foi recebido de forma hostil pela população da ilha, achando que eram piratas. Zeus teria acordado no meio desta luta e visto Hércules sangrar. Ao perceber que tudo fora obra de sua esposa, desceu do Olimpo e tratou dos ferimentos de seu filho. Tomado de raiva, amarrou os braços de Hera com correntes de ouro e pendurou-a nas nuvens. Ainda colocou duas bigornas em seus pés para aumentar a agonia. Nenhum deus se atreveu a tirar Hera de seu sofrimento com medo da fúria de Zeus. Enquanto isso, o herói tomou o reino de Eurípilo e desposou a princesa Calciopeia.
Após esse episódio, Hércules foi convocado por Zeus e Atena a participar da Gigantomaquia, onde, com suas flechas certeiras, auxiliou a vitória dos deuses sobre os gigantes da vingativa Gaia.
CONTRA NELEU E AUGIAS
Hércules mata os Moliônides. Gravura de Albert Dürer. |
Hércules atleta vitorioso. Estátua romana de mármore. |
CONTRA ESPARTA
Em Esparta reinava Hipocoonte e seus vinte filhos, os hipocoôntidas, após exilar seu irmão, Tíndaro. O motivo alegado para essa guerra foi de repor no trono o príncipe afastado, mas Hércules queria vingança por Hipocoonte ter ajudado Neleu e por seus filhos terem espancado Eono (Oeonus), sobrinho de Alcmena, até à morte pelo rapaz ter apedrejado o cão deles que o atacava. Com o exército da Arcádia, Hipocoonte e os hipocoôntidas foram mortos, porém a vitória sangrenta terminou de forma amarga: seu irmão Íficles, o Rei Cefeu e seus vinte filhos pereceram em combate. Após o reestabelecimento de Tíndaro no poder, Hércules se dirigiu ao templo de Deméter em Taígeto, onde foi curado por Asclépio de um grave ferimento na mão. Por fim, mandou erguer em Esparta dois templos, um em honra a Atena e outro em homenagem a Hera, que nenhuma atitude hostil tomara contra ele nesta campanha.
Morte de Eono. Afresco em Florença. |
CONTRA OS LÁPITAS E OS DRÍOPES
Egímio, rei dos Dórios, pediu ajuda a Hércules para derrotar os violentos Lápitas comandados por Corono que ameaçavam seu reino. Como prêmio, Egímio prometeu ⅓ de tudo que tinha. O herói se prontificou a ajudá-lo porque os Lápitas estavam aliados aos Dríopes, cujo rei Teiódamas não só recusou comida para a família de Hércules durante sua saída de Cálidon como feriu Dejanira no embate. Hércules contou com a ajuda de Apolo que queria se vingar de Laógoras, novo líder dos Díopes, que havia profanado um de seus templos. Assim, o herói facilmente se livrou dos guerreiros, mas pediu que sua recompensa fosse dada a seu primogênito, Hilo, o que foi cumprido à risca posteriormente.
Diz-se que no retorno à Lídia, Hércules ainda passou em Ormínion, no Monte Pélion, para tomar a cidade de Amintor pelo simples fato do rei não ter dado passagem ao herói. Uma variante dessa história, diz que Hércules pedira em casamento Astidâmia, filha do rei, que não consentiu as núpcias por estar o herói unido a Dejanira. Irado, Hércules tomou a cidade e a princesa, com quem teve Ctesipo e Lépreas. Enquanto Ctesipo aparece na Odisseia, diz-se que Lépreas desafiava constantemente o próprio pai, porém Hércules foi sempre vencedor. No entanto, num acesso de embriaguez colérica, acabou morto em combate pelo pai, que declarou legítima defesa dos desafios.
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