Rios e matas, / passarela da ilusão, / muitas são as máscaras / do desfile de assombração.
Caçador, muito cuidado / com o que irás caçar, / se for branco, o veado, / é melhor não atirar.
Se de olhos afogueados / nem lhe deite um olhar, / pois é alma do outro lado, / é o encantado Anhangá.
Se quiseres boa caça, / faz à ela um agrado: / na ponta de uma vara, / deixa um pouco de tabaco, / os fósforos e a mortalha, / para que faça seu cigarro.
Anhangá quando fuma, / deixa de assoviar, / caçador vai à caça, / foi o trato com Anhangá. / Anhangá, Anhangá, Anhangá!
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Pode assumir nomes diferentes de acordo com a forma física que se corporifica: humano (Mira-anhangá), tatu (Tatu-anhangá), anta (Tapira-anhangá) ou peixe (Pirarucu-anhangá). Mas sua forma mais comum era a de um veado branco (Suaçú-anhangá) com enorme galhada, uma cruz na testa e olhos flamejantes que enlouqueciam. Sua presença pode ser detectada por um assobio e depois disso, o animal que estava sendo caçado, simplesmente desaparece. Em noites de lua cheia, o luar iluminava o pêlo alvo do Anhangá e seria possível vê-lo.
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Na obra clássica "Contribuição Indígena ao Brasil - lendas e tradições, usos e costumes, fauna e flora, vocabulário", do Irmão Marista José Gregório, numa edição de 1980, verifiquei que quer entre os primeiros cronistas da Terra Brasiliis como Jean de Lèry, Hans Staden e Fernão Cardim (citado acima), quer na literatura brasileira, o nome Anhangá está ligado à alma errante, gênio da floresta, assombração, fantasma, diabo, demônio.
ResponderExcluirSó como exemplo:
"Este gentio...tem grande medo do demônio, ao qual chamam...Anhanga" - Fernão Cardim.
"O poder de Anhanga cresce com a noite: solta de noite o mau, seus maus ministros...". - Gonçalves Dias em "os Timbiras", Canto II
Curiosamente, quando Anhanga está associado ao "veado branco com olhos de fogo", a referência já é outra:
"Era Anhanga entre os selvagens, o deus da caça, o protetor dos animais contra as pilhagens e as vexações do caçador". Visconde de Ouro Preto (Afonso Celso)
É claro que tudo isso está sendo considerado no universo do tronco linguístico Tupi-Guarani. Desconheço se Anhanga existe nos outros troncos linguísticos dos grupos indígenas.
Foi muito instigante pesquisar um pouco sobre a mitologia brasileira.
acho que há um erro na associação de tapira com boi...pois tapira é anta...e também mais condizente com um animal da floresta.
ResponderExcluirVocê tem razão, Maurício. Correção feita. Obrigado.
ExcluirAlguém tem a fonte do resto?
ResponderExcluirAlguém pode me passar a fonte do texto? Tô tentando descobrir o real significado de Anhanguera... Até agora encontrei transliteracões como espírito antigo ou demônio velho...
ResponderExcluirTodos os textos deste blog são escritos a partir de fontes na internet. Sites e livros consultados estão nos links acima, Links+ e Biblio+Graphos, respectivamente.
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