Sua lenda pode ter se baseado em parte dos contos biográficos sobre a figura histórica de Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar anonimamente quem estivesse em dificuldades financeiras, colocando um saco com moedas de ouro na chaminé das casas. Faleceu no dia 6 de dezembro, tornando este seu dia. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Por causa da proximidade de sua festa com a data do nascimento de Cristo, acabou-se transferindo lentamente a tradição de presentear as crianças para o dia 25 de dezembro. Os pais costumavam dizer que era São Nicolau quem trazia os presentes do céu.
Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia. O Dia de São Basílio (1º de janeiro) é considerado a época de troca de presentes na Grécia. Alguns dizem que sua origem está em Odin, divindade nórdica, pois o folclore escandinavo conta sobre um homem velho (Tomte ou Nisse) que entregava presentes para as crianças na Dinamarca.
Ilustração de John Leech para Um conto de Natal de Charles Dickens (1943). |
Em 1822, Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova York, escreveu para seus filhos o poema A visit from St. Nicholas (A visita de São Nicolau), que acabou conhecido como The night before Christmas (A véspera do Natal), onde estabelece várias tradições natalinas e faz uma descrição de Papai Noel:
Era véspera de Natal, e nada na casa se movia,Atualmente Papai Noel costuma ser retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto. Essa imagem se tornou popular nos EUA e Canadá no século XIX, criada pelo caricaturista alemão e cartunista político Thomas Nast, na edição natalina da revista Harper's Weeklys, em 1863, e se manteve por meio da mídia publicitária, principalmente pela Coca-Cola (que se aproveitou de suas cores semelhantes a partir de 1913 para divulgar sua marca no período de inverno onde suas vendas caem).
Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na esperança de que Papai Noel logo chegasse;
As crianças aconchegadas, quietinhas em suas fronhas,
Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe com seu lenço, e eu com meu gorro,
Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
Para fora da janela como um raio eu voei,
Abri as persianas, e subi pela cortina.
A lua no colo da recém-caída neve,
Davam um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um trenó miniatura, e oito renas pequeninas,
Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu soube, na mesma hora, que era o Noel.
Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E assobiava, e gritava, e as chamava pelo nome;
"Agora, Dasher! Agora, Dancer! Agora Prancer e Vixen!
Venha, Comet! Venha, Cupid! Venham, Donner e Blitzen!
Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora fora, depressa! Fora todos, bem depressa!"
Como folhas revoltosas antes do furacão,
Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão alto, acima do telhado voaram,
O trenó cheio de brinquedos, e Papai Noel nele também.
E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo a chaminé Papai Noel vinha resoluto
Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco de brinquedos em suas costas,
Parecia um mascate ao abrir o saco.
Seus olhos – como brilhavam! Suas alegres covinhas!
Suas bochechas como rosas, seu nariz como uma cereja!
Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha o rosto redondo e uma barriga grande,
Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
Uma piscada de olhos e um meneio de cabeça,
Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E recheou todas as meias; então virou no pé,
E colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para longe voaram, como pétlas de dente-de-leão.
Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
"Feliz Natal a todos, e para todos uma Boa Noite!"
Conforme a lenda, Papai Noel mora no extremo norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Pólo Norte, enquanto na versão britânica freqüentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Lá ele vive com sua esposa, Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos que o auxiliam na oficina e suas renas voadoras que puxam seu trenó. No livro The life & adventures of Santa Claus, escrito por L. Frank Baum em 1902, o Papai Noel foi um bebê humano criado por fadas que ganhou imortalidade e diversas capacidades de espíritos mágicos superiores, para completar seu trabalho. Diz-se que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento para entregar presentes a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo – às vezes, carvão às crianças mal-comportadas (ou seria o Krampus) – na noite da véspera de Natal. Preocupadas com seu comportamento anual, as crianças passaram a escrever cartas para contar sobre si mesmas com seus pedidos. Essas histórias influenciaram J. R. Tolkien a expandir algumas lendas do personagem.
Sobre a chaminé, é possível que seja porque várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano. Na versão britânica, a história da chaminé vem da Finlândia, uma vez que as casas dos antigos lapões tinham sua entrada pelo telhado.
Sobre as renas, Clark Moore descreveu-as como sendo originalmente oito: Dasher (Corredora), Dancer (Dançarina), Prancer (Empinadora), Vixen (Raposa), Comet (Cometa), Cupid (Cupido), Donner (Trovão) e Blitzen (Relâmpago). Existe uma lenda de 1939 que diz que Rudolph (Rodolfo) teria entrado para equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante que ajudaria a guiar as outras renas durante as tempestades.
Há bastante tempo existe certa oposição a que se ensine crianças a acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos dizem que a tradição de Papai Noel desvia das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal. Outros críticos se opõem a Papai Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais. Outros apontam a tradição de Noel como um bom exemplo de como as crianças podem aprender que podem ser deliberadamente enganadas pelos mais velhos. Mas é de consenso geral que a figura do Papai Noel é um ícone na cultura mundial que agrada a todos.
Veja como o Papai Noel é chamado em outros países:
- Alemanha: Nikolaus ou Weihnachtsmann ("homem do Natal")
- Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai, Peru e Uruguai: Papá Noel
- Chile: Viejito Pascuero
- Croácia: Djed Mraz
- Dinamarca: Julemanden
- Eslovênia: Božiček
- Estados Unidos e México: Santa Claus
- Finlândia: Joulupukki
- França: Père Noël
- Itália: Babbo Natale
- Japão: Santa Kurosu (do inglês Santa Claus)
- Macedônia: Dedo Mraz
- Países Baixos: Kerstman ("homem do Natal")
- Portugal: Pai Natal
- Reino Unido: Father Christmas
- Rússia: Ded Moroz
- Suécia: Jultomte
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