sábado, 5 de março de 2011

Carnaval


A implantação da Semana Santa pela Igreja Católica no século XI redefiniu os feriados eclesiásticos ao colocar a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul)*. A Páscoa é antecedida por quarenta dias de jejum (Quaresma), que havia sido definido pelo papa Gregório I no início do século VII. Esse longo período de privações acabou por incentivar a reunião de diversas festividades nos três dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma, há exatos sete domingos da Páscoa. Esses três dias eram chamados de "dias gordos". E, assim, nasceu o Carnaval.
* Por essa razão tanto a data da Páscoa quanto a do Carnaval são móveis. Na década de 1970, empresários do ramo turístico e agentes hoteleiros iniciaram um movimento para determinar uma data fixa para a folia, sob a alegação que a mobilidade do calendário traz prejuízos econômicos, uma vez que dificulta o planejamento de viagens. Por enquanto, não houve sucesso e a tradição católica se mantém.
Embora de origem ainda incerta, a palavra "carnaval" (carnis valles em grego, ou carnem levare em latim medieval) está relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne antes do grande jejum. A "terça-feira gorda" é também conhecida pelo nome francês Mardi Gras, que se tornou referência de carnaval pelo mundo (mas não é um feriado reconhecido por lei).

As festividades podem ter se originado de rituais pagãos para homenagear o início do Ano Novo e o renascimento da natureza. Na Antiga Roma, o carnaval prolongava-se por sete dias em dezembro. Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período: os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.

Alguns consideravam o carnaval uma festa para celebrar a colheita, homenageando o deus Baco com bebida e sexo. O Rei Momo representava o deus. Essas festas seriam semelhantes às festas gregas para Dionísio.

No período do Renascimento, surgiram os bailes de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos, que – junto com as festividades de rua – acabaram se tornando os precursores do carnaval moderno. No século XIX, Paris e Nice foram as cidades francesas exportadoras das fantasias e alegorias carnavalescas.

O CARNAVAL NO BRASIL
Se hoje o Carnaval parece parte natural e essencial do que o Brasil efetivamente é, houve um tempo não muito distante em que a festa simplesmente não existia, ou acontecia somente com a timidez e o recato dos bailes europeus. Em meados do século XVII os primeiros bailes de máscara já eram registrados em solo brasileiro, mas as primeiras festas de rua só foram acontecer no século XIX.

Baile no Brasil Império.
O samba nasceu na Bahia, mas logo foi para o Rio, e se desenvolveu. O primeiro “rancho carnavalesco” – que daria origem, anos depois, aos blocos e às escolas de samba – foi o Reis de Ouro, fundado em 1893 no Rio de Janeiro pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira como uma derivação da festa da Folia de Reis. O Reis de Ouro apresentou novidades que até hoje permanecem, como a ideia de enredo, o uso de instrumentos de corda e de instrumentos africanos, como pandeiros, tantãs e ganzás, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Por mais que o samba e as festas de rua fossem criminalizados, as autoridades gostaram do Reis de Ouro, e no ano seguinte à sua fundação o rancho chegou a desfilar diante do presidente Deodoro da Fonseca. Porém, o apreço do presidente não tirou os desfiles da marginalidade, e Hilário foi preso algumas vezes.

Em 1889, acontecem os primeiros registros de blocos autorizados pela polícia – entre eles, o Grupo Carnavalesco São CristóvãoBumba meu BoiEstrela da MocidadeCorações de OuroRecreio dos InocentesUm Grupo de MáscarasNovo Clube TerpsícoroGuaraniPiratas do AmorBondengóZé PereiraLanceirosGuaranis da Cidade NovaPrazer da ProvidênciaTeimosos do CatetePrazer do LivramentoFilhos de Satã e Crianças de Família.

Por volta de 1907, nascia o que hoje ainda é uma das festas mais tradicionais e grandiosas do país: em Olinda, tinha início o Carnaval da cidade através do Clube Carnavalesco Misto Lenhadores e, em 1912 do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas – já trazendo o frevo como característica do Carnaval pernambucano. Os bonecos de Olinda apareceram pela primeira vez em 1932, com o aparecimento do “Homem da Meia-Noite” na festa.

O Homem da Meia-Noite
Em 1914 o Carnaval também já era popular em São Paulo, e foi nesse ano que Dionísio Barbosa, que havia morado no Rio e conhecido os primeiros ranchos cariocas, funda o Grupo Carnavalesco da Barra Funda, conhecido como o primeiro bloco da capital paulista. Em 1918, o mais antigo bloco ainda em atividade do Rio de Janeiro é fundado: o Cordão do Bola Preta, até hoje um dos maiores e mais populares da cidade e do mundo.

Em 1928, no Rio, a Deixa Falar surgiu para se tornar a primeira Escola de Samba do Brasil, diferenciando-se dos blocos, que já existiam. Seus membros ensinavam para a população e difundiam o samba de cada ano, e o desfile visitava outros bairros a fim de popularizar a agremiação. Fundada e batizada no bairro do Estácio por Ismael Silva, junto de outros grandes sambistas como Bidê e Marçal, o sucesso da Deixa Falar – que viria a se tornar a Estácio de Sá – serviu como estímulo para a fundação de outras escolas ainda na virada dos anos 1920 para os anos 1930, como a Cada Ano Sai Melhor, Estação Primeira (Mangueira), Vai como Pode (Portela), Vizinha Faladeira e Para o Ano sai Melhor.

O Carnaval só seria reconhecido, oficializado e autorizado pelas autoridades cariocas, porém, em 1935, através de um decreto do prefeito Pedro Ernesto. A essa altura as escolas já eram populares, a tal ponto que o jornal Mundo Esportivo, editado pelo jornalista Mário Filho (que dá nome ao estádio do Maracanã) organizou, em 1932, o primeiro desfile competitivo de escolas de samba, vencido pela Mangueira.

Os Desfiles de Escolas de Samba se tornaram o evento mais midiático do Carnaval do Rio de
Janeiro, porém, sua essência está na festa de rua. Nos anos 1950, gente fantasiada se misturava nas avenidas ao pessoal de paletó. No baile do Copacabana Palace não faltavam marmanjos cantando marchinhas de smoking, correndo atrás de colombinas da alta sociedade.

Vassourinhas de Pernambuco seria fundamental no nascimento de outra marca fundamental do Carnaval brasileiro: o surgimento dos trios-elétricos em Salvador. Foi vendo um desfile do Vassourinhas com uma banda de fanfarra pelas ruas de Salvador, diante da animação que contagiou o povo baiano no ano de 1950, que Dodô e Osmar decidiram subir em um carro, ligar um violão e um protótipo de guitarra na bateria do automóvel e tocar frevo pela cidade. O arremedo de trio incendiou o povo, e, em 1952, através de um patrocínio, a dupla elétrica já estava em um carro maior. Em 1953, com o surgimento de outros grupos, o termo “Trio Elétrico” se consolidaria.

O "trio elétrico" em 1952.
A marca da marginalização e perseguição policial ficou para trás, e hoje o Carnaval é, em todo o país, uma festa de dimensões gigantescas que movimenta uma indústria. Em 2012, o Galo da Madrugada, bloco fundado no Recife em 1978, e o carioca Bola Preta teriam reunido cerca de 2,5 milhões de pessoas, e o Galo acabou recebendo o título de maior bloco do mundo pelo Guinness Book, que também declarou o carnaval do Rio de Janeiro como o maior carnaval do mundo.

O CARNAVAL NO MUNDO
NA AUSTRÁLIA
Mais que uma celebração hedonista, o Mardi Gras LGBT de Sydney é um festival multifacetado, que além de parada gay tem mostra de filmes e painéis de debates sobre a condição dos homossexuais.

NA ÁUSTRIA
Em Nassereith, uma pequena vila austríaca com pouco mais de 2 mil pessoas próximo à fronteira com a Alemanha, há registros de uma folia desde 1740. É o Schellerlaufen, com dois personagens principais: alguém fantasiado de urso representando a primavera que chega, e um caçador simbolizando o inverno.

NO CANADÁ
Conhecido como o maior carnaval de inverno do mundo, a folia na cidade de Quebec dura três semanas com concertos musicais, esculturas de neve, paradas noturnas e atividades esportivas, como competição de canoas e pesca no gelo. Mesmo com 10 graus negativos o carnaval do Canadá atrai milhares de pessoas do mundo.

NA COLÔMBIA
Na cidade de Bogotá acontecem uma série de eventos típicos e espetáculos em ritmos folclóricos. A festa foi considerada pela Unesco como “Obra Mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade”, tem o clímax com a Batalha das Flores, onde as flores utilizadas para enfeitar os carros alegóricos são jogadas no público.

NO EQUADOR
No Equador, o carnaval dura duas semanas. As pessoas festejam indo para as praias jogar balões de água em amigos e também em pessoas desconhecidas. Acontecem desfiles com carros alegóricos feitos por todos os tipos de flores e frutas.

NA ESLOVÊNIA
O carnaval esloveno é diversificado e rico. O personagem mais popular da folia é o Kurent, uma fantasia com uma máscara monstruosa e demoníaca. Acontecem desfiles numa mistura de celebrações ocidentais e o antigo paganismo eslavo. Na quarta-feira de cinzas ocorre o enterro do pust, um boneco que simboliza todos os males.

NOS EUA
Em vez de samba, muito jazz. No lugar da cachaça, aguardiente de Ojén (bebida espanhola à base de anis). Mas o Carnaval de New Orleans tem semelhanças com o brasileiro pela influência da cultura negra – que se mistura com ícones da mitologia grega –, uma terça-feira gorda e até um tipo de Rei Momo. A festa tem um apelo internacional tão forte que o número de pessoas na cidade dobra nos dias dessa celebração americana.

Em Louisiana, a graça – além de se embebedar – é mendigar comida dos sítios da região para engrossar um gumbo (guisado típico) do bloco de fantasiados. Ganhar uma galinha viva é motivo de comemoração. O costume caipira tem origens na Europa Medieval, quando pobres se juntavam em datas próximas a festividades religiosas para pedir alimento nos castelos – cantando e dançando em retribuição à generosidade dos abonados.

Cabeções franceses.
NA FRANÇA
Os pontos altos do carnaval na cidade de Nice são os bonecos gigantescos de papel machê (semelhantes aos de Olinda) e a célebre Batalha das Flores na Riviera Francesa, quando foliões em carros alegóricos ou no chão mesmo atiram flores de todas as cores em quem estiver por perto.

NO HAITI
Carnaval no Haiti é época de marchar, cantar, dançar, se divertir, relaxar e um momento em que a sociedade aceita qualquer e quase todos os tipos de comportamento. Na ocasião acontecem canções para protestar a respeito de algo. Com a abertura política no país, a sátira carnavalesca se tornou ainda mais escancarada.

NA ITÁLIA
É na época do carnaval que Veneza recebe o maior número de turistas. A cidade ganha um aspecto de baile de máscaras a “céu aberto”, quando ricos e pobres se unem. As festas são celebradas no interior de palácios antiquíssimos com direito a fantasias super requintadas. A famosa máscara de nariz proeminente e pontiagudo representa o personagem “médico da peste”, inspirada numa proteção inventada no século XVII pelo médico Charles de Lorme para evitar que se infectasse com as doenças de seus pacientes.

NO JAPÃO
O festival Asakusa Samba Carnival tem carros alegóricos, ala das baianas, samba cantado em português e até passistas vestindo roupas importadas do Brasil! Muitas pessoas saem nas ruas para curtir a folia com samba no pé. O interessante é a presença de vários brasileiros, principalmente em lugares de destaque como nos carros alegóricos e puxadores de samba.

NA REPÚBLICA DOMINICANA
O carnaval dominicano é um verdadeiro show de identidade cultural sem limites para o colorido. O mais apreciado em muitas cidades é a brincadeira tradicional dos demônios espectadores que perseguem as pessoas que se aventuram em seu caminho.

NA SUÍÇA
O carnaval na Suíça tem início na segunda-feira, antes da quarta de cinzas, aproximadamente às 4h da manhã, com o Morgestraich, quando todas as luzes se apagam e várias pessoas desfilam com lanternas pelo centro da cidade ao som de músicas carnavalescas com flautas e tambores.

referência 1

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nana Buluku e Aido-Hwedo

Acrílica de Suzanne Iles.
O povo Fon acreditava que, antes da Terra ser criada por Nana Buluku, o deus criador gerou o dragão macho e fêmea Aido-Hwedo como sua companhia. O dragão multicor era capaz de se mover tanto pela terra quanto pelos céus com a mesma habilidade, e carregava Nana Buluku em sua boca. Viajaram juntos por todos os cantos, criando tudo que conhecemos. Acredita-se que o relevo da terra tenha sido feito pela boca do dragão e seus excrementos.

Depois de tudo pronto, os dois pararam para descansar. Nana Buluku achou que a Terra não suportaria o próprio peso e pediu para Aido-Hwedo ficar sob ela, sustentando o mundo em seu corpo enrolado. Para que o dragão não morresse de calor ou de sede, Nana Buluku encheu os oceanos. O deus criou também dois macacos vermelhos que ficariam trazendo barras de ferro como alimento para o dragão. Diz-se que, quando os macacos não encontram ferro, Aido-Hwedo se desespera de fome e tenta comer o próprio rabo. A dor é tão intensa que gera desastres naturais, como terremotos, erupções vulcânicas e maremotos. O povo Fon acredita que, um dia, Aido-Hwedo irá consumir o subterrâneo e a Terra será destruída.

Forma de ouroboros.
Pelo seu formato alongado, muitos citam Aido-Hwedo como uma serpente alada multicolorida, criatura que aparece em várias outras mitologias, como a australiana e a asteca. Existem relatos que a relacionam com o deus Oxumaré de outros povos africanos (e também do Brasil).

Nana Buluku também é chamado de Mawu-Lisa, que seria, na verdade, os nomes de seus filhos gêmeos ou a divisão de seus gêneros. Ele se retirou após a criação, deixando o controle do mundo a cargo de outros deuses.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Percy Jackson - O mar de monstros

Perdão se volto ao assunto dos livros da série de Percy Jackson, mas comecei a lê-los e pretendo terminá-los (um dia...). Não vou desvendar o segundo volume das aventuras do garoto semideus como fiz com o primeiro e com o filme adaptado. Mas gostaria de citar alguns pontos mitológicos, tentando não contar segredos.

O segundo livro se baseia em duas grandes aventuras da mitologia grega: a Odisseia e os Argonautas. A Odisseia é um poema épico de Homero que conta a viagem de Ulisses de volta para casa. No caminho, inúmeros perigos como Caribdis, o ciclope Polifemo e os tais lotófagos que pareceram no Cassino em Las Vegas do primeiro livro/filme. Os Argonautas são um grupo de heróis que se juntaram a Jasão para recuperar seu trono indo atrás do Velocino de Ouro na Cólquida. Dito isso, fica meio óbvio quais serão os perigos e qual é o objetivo, não?

Temos vários personagens novos e alguns que já apareceram, mas são mais desenvolvidos pelo autor (como Clarisse, filha de Ares). Fala-se em: lestrigões, Ganimedes, Hermes, ciclopes, cavalos marinhos gregos (que são cavalos com rabo de peixe), sereias (com uma descrição que me surpreendeu), harpias, Circe, Píton, centauros e por aí vai. Percy, Annabeth, Grover e Quíron estão de volta, assim como o traidor Luke.

A linha dos livros parece realmente seguir bem de perto a série Harry Potter. Neste livro, continuam as tentativas de reviver o titã Cronos (Voldermort?) e ficamos sabendo de uma profecia que coloca Percy como uma arma que pode se virar contra os deuses. Fora isso... vocês já perceberam que também temos um trio de protagonistas: Percy (Harry, o deslocado herói), Annabeth (Hermione, a inteligente) e Grover (Ron, o alívio cômico)?

Continua sendo interessante ver como o autor transpõe a mitologia grega para os dias atuais, como, por exemplo, Hermes sendo o verdadeiro mensageiro dos deuses com camisa do correio e um caduceu que vira um celular, ou o Mar de Monstros do título que é o misterioso Triângulo das Bermudas. A entrada de Tântalo também é muito boa. No entanto, esse volume me deu a impressão de que é preciso ter algum conhecimento de mitologia para realmente entender as subtramas, pois muita coisa é explicada superficialmente e acaba ficando distorcido na transposição. Mesmo assim, é um bom ponto de entrada para os jovens no mundo da mitologia grega.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Fortuna

De início, ela era somente a personificação da riqueza, mas, com o tempo, Fortuna se tornou a deusa romana da sorte (fosse boa ou má) e da esperança. Tinha uma influência poderosa na vida das pessoas, porém imprevisível e aleatória, uma vez que ela costumava estar de olhos vendados. Dizia-se que ela girava sua roda constantemente, controlando a prosperidade dos povos, mas ignorando as ações humanas. E, assim, tornou-se uma deusa do desitno, dos caprichos da vida.

Era representada com uma roda de fiar (ou um timão) para guiar a vida das pessoas e a Cornucópia, um chifre que produzia abundância de riquezas. Esse chifre seria aquele que Júpiter quebrou da cabra Amaltéia - que foi sua ama de leite - e deu para sua filha Fortuna. Em alguns casos, aparecia como uma deusa alada.

Na Divina Comédia, Dama Fortuna aparece no Quarto Círculo do Inferno, onde ficavam os ambiciosos e perdulários, uma vez que ela era responsável pelos bens materiais. No entanto, não era vista como maligna ou culpada pelas ações incorretas dos homens.

Possui correspondência com a deusa grega Tiché.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

THOR!!!


Pra quem não sabe ainda, o deus escandinavo do trovão, Thor, terá sua versão dos quadrinhos Marvel transformada em um filme (2D e 3D) que estréia no dia 19 de abril aqui no Brasil (e uma semana depois nos EUA).



Thor é interpretado por Chris Hemsworth. Anthony Hopkins é seu pai Odin e Tom Hiddleston é seu meio-irmão Loki. A incrível Natalie Portman fará Jane Foster, interesse humano do deus. E ainda teremos Heimdall (Idris Elba, que está dando polêmica por ser negro), Lady Sif (Jaimie Alexander), Volstagg (Ray Stevenson), Hogun (Tadanobu Asano), Fandral (Josh Dallas), Frigga (Rene Russo), Laufey (Colm Feore) e os gigantes do gelo. A direção é de Kenneth Branagh, com um roteiro semelhante às HQs:
O poderoso Thor é o filho arrogante de Odin, rei dos deuses de Asgard, o céu escandinavo. Ele é banido para a Terra (ou Midgard) por suas ações intempestivas. Lá ele precisa conhecer a humildade para ser aceito nos salões divinos novamente. É onde ele conhece Jane Foster, uma cientista que pesquisa as dimensões. Seu meio-irmão, o traiçoeiro Loki, decide aproveitar a oportunidade para matá-lo e dominar Asgard com ajuda de criaturas de gelo e de uma armadura cósmica.


Nem preciso dizer que estarei presente e falarei por aqui, né?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Yarilo


Yarilo (Erilo ou Jarilo) seria o filho perdido de Perun, seu décimo filho que teria nascido na noite da mudança de ano e roubado por Veles, arquiinimigo do deus. Veles teria criado Yarilo no Mundo Inferior, que teria ficado coberto de vegetação enquanto o deus esteve por lá (isso poderia ser uma referência à diferença de estações entre os hemisférios norte e sul). Yarilo tornou-se um belo jovem deus associado à agricultura e à primavera. Não se sabe dizer se ele tinha traços humanos ou se era um centauro.

Sobre as estações, duas são as possibilidades de leitura do mito de Yarilo. Uma seria que ele passaria metade do ano no hemisfério norte (com Perun no "céu") e a outra metade no hemisfério sul (com Veles no "inferno"). Essa leitura se assemelha a lenda grega de Perséfone e Deméter.

Outra leitura diz que, um dia, ele voltou cavalgando do além-mar, trazendo a primavera consigo. Sua irmã gêmea Morana (Marzanna), também uma deusa da natureza, notou sua chegada e se apaixonou. Ambos começaram um cortejo divino que terminou em um celebrado casamento que selou momentos de paz entre Perun e Veles e trouxe um período harmônico à Terra. No entanto, Yarilo era um deus lascivo e infiel, sendo considerado deus não só da fertilidade da terra, mas também da paixão e do sexo. Ele traiu sua esposa-irmã e acabou morto, mas não se sabe se foi Perun ou um de seus irmãos que o esquartejou. Morana tornou-se um deusa fria e mortal (referência ao inverno), até morer de desgosto no fim do ano. Sendo deuses da natureza, tanto Yarilo e Morana são cíclicos e renascem na virada do ano, iniciando o processo novamente.

Normalmente, no início da primavera, as aldeias coroavam uma virgem como rainha de Yarilo, na esperança de que as sementes recém-plantadas dessem frutos abundantes. As músicas desses rituais contavam que o deus estava retornando de uma terra distante através do oceano para trazer a primavera e abençoar as plantações (referenciando a primeira leitura de seu mito).

Yarilo foi associado ao São Jorge cristão, sendo ele o cavaleiro montado no cavalo branco que mata o dragão (Veles). Alguns estudiosos acham que várias de suas características se aproximam a Dionísio da mitologia grega.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Arte digital sobre mitos e lendas

Um post diferente hoje. A revista digital Revolutionart Magazine lançou hoje sua edição 28 com o tema Mitos e Lendas.


Ela é em PDF e seu download é gratuito. Seu objetivo é ser uma plataforma revolucionária, uma propaganda massiva para comunicar mensagens globais e fazer as pessoas pensarem. Quer servir como uma fonte de inspiração para artistas, modelos, publicitários, fotógrafos, designers e comunicadores em geral que desejam explorar novas alternativas de expressão por meio de amostras de design gráfico, fotografia, ilustração, anúncios, moda, música e geral das artes visuais.

Eu tô lá pela página 75 com o trabalho De onde vem os mitos!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ishtar / Inanna e Tammuz

Ishtar é a deusa babilônica da fertilidade e do amor sexual. Considerada a Grande Mãe, também era chamada de Deusa dos Deuses e Luz do Mundo por ter sido responsável por criar tudo que existe. Controlava a menstrução e o prazer, mas também era a deusa da guerra, mostrando a força das emoções nos combates. Assemelha-se em alguns pontos a Afrodite dos gregos e a Ísis dos egípcios.

Acredita-se que na Antiga Babilônia, Ishtar tenha sido inicialmente uma deusa da lua ligada à vegetação. No entanto, os sumérios a identificaram com alguns mitos de sua deusa Inanna e a alçaram ao mais alto panteão. Por essa razão, suas relações familiares eram bastante confusas. Pode ser tanto filha de deuses da lua quanto do todo-poderoso An - que também é descrito como seu marido. Seria irmã gêmea de Shamash, ou então, irmã de Marduk e Ereshkigal.

Ishtar tinha inúmeras aventuras amorosas, como Marduk e o herói Gilgamesh. Seu epíteto "A Virgem" seria pelo fato de nunca ter se casado - e esse epíteto também pode ter ligação com a Virgem Maria. Seu parceiro mais importante foi seu irmão/filho Tammuz (ou Dumuzi), deus da vegetação.

O mito que descreve as estações possui algumas leituras relacionadas ao casal. Em uma delas, Ishtar teria ido ao Mundo Inferior para ficar com seu amado falecido. Chegando às portas do reino de Ereshkigal, Ishtar ordenou que o guardião a deixasse passar pelos sete portões. O guardião a avisou que ela teria que tirar uma parte de sua roupa a cada portão que passasse e Ishtar acabou chegando nua ao trono de Ereshkigal para negociar. Enquanto isso, com a ausência da deusa, toda a atividade sexual no mundo cessou. O deus Ea, então, criou o andrógino Asu-shu-namir para reviver Ishtar. A criatura desceu como enviado do rei dos deuses e exigiu que Ereshkigal utilizasse as àguas da vida para reviver Ishtar, que voltaria a cada seis meses para revê-lo. Outros dizem que seu pai Sin, deus da lua, enviou um exército para salvá-la junto com Tammuz.

Estudiosos estão revendo este mito nos escritos antigos. Ainda não se saberia a verdadeira razão da descida de Ishtar ao Mundo Inferior. Uma regra de Ereshkigal dizia que para ela sair, como ordenado por Ea, ela teria que enviar alguém para seu lugar. Assim, demônios acompanharam o retorno de Ishtar até sua casa, onde encontrou seu marido Tammuz se divertindo ao invés de estar em luto. Ishtar o indicou e os demônios o levaram. A irmã de Tammuz, Geshtinanna (ou Belili) se desesperou e ofereceu ficar metade do ano no Mundo Inferior.

O culto a Ishtar tinha alguns rituais de caráter sexual, libações e outras ofertas corporais. A dança do ventre oriental pode ser derivada das danças a Ishtar. Era dito que todo ano novo (revisto no calendário lunar), o rei precisava "se casar" com a deusa em uma grande orgia com suas sacerdotisas. Outro ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Embora não exista uma prova concreta associando os dois rituais, é possível que seja o antigo ritual pagão que deu originou os ovos da Páscoa cristã. Aliás, na Bíblia, encontra-se os nomes de Ishtar e Inanna associados à prostitutas e a Torre de Babel seria uma descrição de um Templo de Ishtar.

O leão era o animal sagrado da deusa, que muitas vezes era representada como uma bela e voluptosa mulher cavalgando o felino. Imagens do animal adornavam a Porta de Ishtar, na entrada da Babilônia. Uma estrela de oito pontas em seu cinto (uma roseta) também é seu símbolo, portanto, é relacionada aos dois lados do planeta Vênus: a Estrela Vespertina (do amor, do romance, do sexo) e a Estrela da Manhã (a emoção da guerra). Tammuz podia ser representado como um cordeiro ou um touro. É interessante notar a relação predatória entre os animais que representam o casal.

Algumas de suas representações primevas a colocavam próxima a uma árvore sagrado com uma serpente e vários pássaros. Essa representação pode ter dado origem a inúmeras lendas de serpentes voadoras divinas em outras culturas, assim como, ter influenciado a história de Adão e Eva. As asas que costumam aparecer podem ser referentes à essas representações ou ao mito de sua descida ao Mundo Inferior, mostrando que ela era capaz de ir e vir aonde bem entendesse. Como deusa da guerra, segurava um arco e uma adaga curva.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desvendando PJ: Livro 1 - Capítulos 21 e 22... o fim!

Chegamos ao último post, o fim do livro e do filme. Se vocês chegaram até aqui, já sabem que as obras são diferentes, com personagens distintos que alteram o enredo. Então, mais SPOILERS neste final - que tenta aproximar novamente filme do livro -, mas acho que os grandes mistérios já foram resolvidos...

NO LIVRO:
  • O trio pega um avião para Nova York, mas somente Percy vai para o Empire States. Annabeth e Grover vão para o acampamento contar os últimos acontecimentos a Quíron. Percy precisa pegar o elevador desde baixo até o 600º andar.
  • Antes de chegar ao palácio dos deuses, Percy caminha pela cidade no Monte Olimpo com as musas, náiades, sátiros, o Velocino de ouro e outras coisas mais.
  • No salão principal, só dois deuses: Zeus (de terno risca de giz azul-escuro e barba grisalha bem aparada) e Poseidon (de sandálias, blusa estampada e pele curtida de sol como um pescador).
  • Percy devolve o raio, conta toda a história e descobre a influência de CRONOS nos acontecimentos! Assim como Voldermort e as Horcruxes (se você não sabe o que estou falando, você está fora de sintonia com o mundo pop dos últimos 5 ou mais anos), Cronos quer voltar a vida depois de ter seu corpo espalhado pelo mundo.
  • Zeus vai embora e Poseidon tem uma rápida conversa com Percy (sem muita emoção) onde diz que Sally, sua mãe, está em casa (porque Hades aceitou o elmo e cumpriu sua palavra) e que a cabeça de Medusa - que ele havia enviado pelo correio para o Olimpo - está na sua cama.
  • Percy volta pra casa e encontra sua mãe. Os dois tem uma conversa franca e Percy decide ir para o acampamento, enquanto Sally transforma Gabe (o padrasto) numa estátua e acaba se transformando numa artista (nada mal, hein? Você mata uma pessoa e se dá bem em um livro infanto-juvenil!).
  • No acampamento, tudo se dá normalmente com uma longa passagem de tempo. Grover - com chifres maiores - se despede após conseguir sua licença como buscador para procurar . Percy precisa decidir se vai passar o ano todo no acampamento ou se vai tirar férias com a mãe.
  • Percy vai treinar para espairecer e encontra Luke com a Mordecostas, uma espada de bronze celestial e aço temperado, ou seja, atinge mortais e imortais. Os dois começam a conversar, até que Luke se revela como o ladrão a mando de Cronos. Ele mandou os monstros atrás de Percy e amaldiçoou os tênis voadores para arrastá-lo ao Tártaro. Sua cicatriz vem da tentativa de roubar um pomo do Jardim das Hespérides.
  • Luke faz uma mágica e um escorpião das profundezas ataca Percy. Luke continua entregando seus planos e foge. Percy não consegue se curar na água, mas Annabeth o leva para a enfermaria onde néctar e ambrosia o salvam.
  • As profecias nesses últimos capítulos tornam-se importantes, pois sã elas que, na verdade, revelam que Luke é o ladrão. Ao longo do livro ficamos sabendo que Annabeth também tem uma profecia importante, mas só parte dela que conhecemos (sobre sair em missão com Percy), mas o resto parece ser segredo para os próximos volumes da série.
  • Percy e Annabeth decidem passar as férias com seus familiares mortais (como Harry Potter ao fim de cada ano).

NO FILME:
  • Se vocês leram o post anterior, já sabem que o Percy, Annabeth e Sally chegam ao topo do Empire States em forma de poeira por causa das pérolas de Perséfone.
  • Assim que chegam, são atacados por Luke - que nós já sabíamos desde o Mundo Inferior que é o Ladrão de Raios, ou seja, O vilão. Rola um combate onde Percy utiliza seus poderes ao máximo pela primeira vez e derrota Luke (será que alguém pode me dizer pra onde foi toda a água usada nesse combate???). Se você leu a parte de cima sobre o livro, viu que só temos um combate entre Percy e Luke no último capítulo!
  • Uma porta especial no topo do Empire States leva ao elevador para o Olimpo. Nada de subir desde o térreo.
  • Sally não pode sair do elevador, mas Percy e Annabeth chegam ao salão com os Doze Olimpianos em discussão. Mas nada de roupas atuais: todos estão vestidos com armaduras. Percy devolve o raio e entrega Luke. Hermes, pai do ladrão, faz cara de surpreso. Depois, Percy pede que Grover seja retirado do Mundo Inferior.
  • Segue uma conversa pai e filho entre Poseidon e Percy, tentando esclarecer ressentimentos. Poseidon diz que seu afastamento se deve a lei que Zeus criou após ele se tornar "humano demais" por ficar com Sally e Percy. Um pouco de emoção, orgulho... e fim.
  • Sally deixa Percy no acampamento, dizendo que Gabe saiu da vida deles para sempre. No acampamento, Percy reencontra Grover com seus primeiros chifres e termina treinando espadas com Annabeth num momento cheio de "química".
  • A cena pós-créditos é Gabe voltando pra casa depois de Sally trocar as fechaduras e encaixotar todas as suas coisas. Ela sai, deixando-o com vontade de beber cerveja. Mas a geladeira está trancada com um cadeado e tem um bilhete de Percy, avisando para não abrir em hipótese alguma. Claro que Gabe ignora e acaba petrificado, pois a cabeça da Medusa estava lá (nada de envio postal para o Olimpo).

SOBRE MITOLOGIA...
  • Fala-se em purificar o raio nas águas de Lemnos para remover a mácula humana de seu metal. Lemnos é uma ilha... possivelmente, a ilha das Amazonas, e, por isso, a idéia de purificação tenha algum sentido. Aliás... já falei aqui que desconheço essa história de "raio-mestre" de Zeus? Que eu saiba, ele tem um cetro e só. Preciso pesquisar essa história de armas individuais dos deuses e de espadas com nomes.
  • Escorpiões das profundezas? Nunca ouvi falar, mas tem essa criatura nos filmes Fúrias de Titãs, tanto no antigo quanto no novo.
  • A cabeça da Medusa realmente funciona após sua morte.

Bom... é isso. Nos últimos capítulos, quase toda parte mitológica já havia sido desenvolvida. Eu sei que é necessário fazer uma adaptação dos livros para o cinema e vários roteiros são escritos. Mas eu me pergunto pra quê tanta mudança. Algumas eu entendo (como a saída do poodle rosa), mas outras não. A entrada de Perséfone e as saídas de Ares e Cronos não me convenceram e, inclusive, ficou parecendo que a Fox não tinha objetivo nenhum de transformar Percy Jackson em uma sequência a la Harry Potter. Podiam ter se aproximado mais e talvez o filme não fosse o fiasco de bilheteria que foi.

Agora a mitologia de todo o mundo continua por aqui. Já tenho recebido comentários sobre o assunto nesses posts do livro e em breve a mitologia grega ganhará novos tags.