segunda-feira, 31 de maio de 2010

Olokun

Olokun (ou Olocum, do iorubá, Olóòkun, "proprietário do oceano") é a divindade iorubá do mar, considerada em Ilê-Ifé (Nigéria) e no Brasil como do sexo feminino, e em Benin como do sexo masculino. Na verdade, sua força é ainda maior ao ser considerada a divindade das águas do Universo.

Casada com Oduduwa, Olokun era triste e infeliz e se largou na escuridão ao se separar. Pediu, então, para Olodumaré transformá-la em água. O deus - que já vagava pelo mundo quando somente havia pedras e fogo - transformou o vapor das chamas vulcânicas em uma grande quantidade de nuvens que se precipitaram sob a forma de chuva: era Olokun, que ocupou os espaço da Terra e formou os oceanos. Poderosa, tornou-se Rainha dos Iorubás. Dizia-se que morava no fundo do mar em um vasto palácio, e que tinha humanos e peixes como criados.

Olukun é, às vezes, representada por uma serpente gigante presa por Obatalá e, uma dia, irá subir a terra e se mostrar aos homens. Portanto, é a escuridão do mar, sombria, dona das ondas e a fúria do oceano, capaz de engolir a Terra. Mas também tinha seu lado bondoso (Olokun Seniade), que, vestida de branca, mandava mensagens de responsabilidade, pureza, respeito, honra e caráter, dançava majestosamente e lançava búzios de riqueza em forma de benção. Em sua versão masculina, vestia-se de corais e cada perna era um rabo de peixe.

Com Olokun vivem dois espíritos: Samugagawa (vida) e Acaró (morte), ambos representados em suas "ferramentas", às vezes, como lagartos. Tem ligações com os eguns (espíritos dos ancestrais), pois têm um papel crítico na morte, na vida e na transição de humanos e espíritos entre as duas existências.

Uma lenda conta que Olokun e Olorun eram casados e criaram tudo. Mas se separaram numa disputa de poder e viveram em guerra (separação do céu e da terra). Certa vez, Olokun invadiu a Terra para destruir a humanidade e demonstrar seu poder (dilúvio?). Olorun salvou parte da humanidade lançando uma corrente para os homens subirem. Com essa mesma corrente, Olorun atou Olokun ao fundo do mar. Olokun mandou uma gigantesca serpente marinha engolir a lua, mas Olorun disse que sacrificaria um humano por dia para acalmar a deusa. Assim, todo dia uma pessoa se afoga no mar.

No Brasil, é comparado a Iemanjá, mas, Iemanjá representaria o mar cristalino e visível, de beleza inimaginável, enquanto Olokun representaria o mar desconhecido, escuro, do fundo do oceano. Alguns terreiros a consideram mãe de Iemanjá e a homenagem nas festas de sua filha, mas não se incorpora. Iemanjá assumiu seu papel como deusa do mar. Na Nigéria, Iemanjá é uma divindade do Rio Ogun, enquanto Olokun é a mãe de todas as águas. Em Cuba, diz-se que é andrógino, casado com 11 olosas e olonas (espíritos femininos do mar), pai e mãe de Iemanjá e senhor das profundezas do mar. Suas cores são azul-marinho, negro e branco.

Olokun desempenhava um papel importante na religião iorubá: vinha logo depois de Orixála, o deus criador em pessoa, relação semelhante a Zeus e Poseidon na mitologia grega. Também tinha relação com Oiá (divindade da mudança repentina). Era padroeiro dos descendentes de africanos levados para as Américas. Oferecem-lhe milho cozido com alho, cebola e manteiga, feijões, doce de coco, melado, inhame cozido, carne de porco, bananas verdes fritas e outras iguarias envolvidas em pano azul e levadas ao mar dentro de uma cesta. Recebe sacrifícios de galo branco, frangos, pombas, ganso, pato e da tartaruga Jicotea.

São inúmeras suas associações:

  • um grande jarro de barro ou cerâmica, de cor preta ou azulada, onde seus atributos são encontrados vivos na água do mar
  • representações náuticas, como barcos, lemes, âncoras, correntes etc.
  • uma sereia com uma cobra em uma mão e uma máscara na outra
  • conchas, cavalos marinhos e estrelas do mar
  • tudo sobre o oceano feito de chumbo e prata

8 comentários:

  1. A riqueza da mitologia afro-brasileira em boa hora está sendo valorizada. Durante muito tempo foi vista como algo menor, coisas de Umbanda e Candomblé e, portanto de religiões ligadas a "povos inferiores".
    Tenho aprendido muito com essas postagens e a de agora, tratando de Olokun, foi mais uma de minhas aprendizagens. Curiosamente, do pouquíssimo que sei a respeito, vi nessa divindade algumas semelhanças com outra, provavelmente nigeriana, chamada Logun Ede da qual só ouvi falar, há muitos anos, numa visita inesquecível à mais famosa Mãe de Santo da Bahia: Mãe Menininha do Gantois. Segundo ela um familiar meu era filho dessa entidade e que teria grandes ligações com o mar.
    Será verdade? Vale pesquisar.

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  2. Ah claro, você transou com o mar então para seu filho ser filho de Olokun, a mitologia brasileira indiana é maravilhosa, principalmente quando diferenciamos ela da realidade, e outra coisa, ela com certeza disse qual quer coisa para te agradar... sem ofensas, mas é A verdade

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    1. caro anônimo, peço que vc leia suas palavras antes de escrever/falar qq coisa aqui neste blog. permiti que seu comentário aparecesse pq vc merece uma aula.

      primeiro, ser filho de um orixá não significa ter transado com ele. significa ter nascido sob sua influência. portanto, da próxima vez que pensar em ofender alguém com a sua ignorância, recolha-se ao silêncio. dizer "sem ofensas", não o exime de responsabilidade.

      segundo, não existe "mitologia brasileira indiana". "indiana" refere-se ao país Índia, onde dizemos "mitologia hindu" por ser a religião q carrega as tradições da cultura indiana. imagino que vc queria dizer "indígena", onde falamos da cultura dos índios. no entanto, caso vc saiba realmente ler, deve ter percebido que falamos da cultura AFRO-brasileira, e, portanto, da cultura negra.

      terceira, "A" verdade só existe para Platão e seu Mundo das Idéias. filosoficamente existem pelo menos três verdades: a minha, a sua e a realidade. lembre-se q estamos falando de mitologia, onde nada é verdade, mas sim uma tentativa de nossos antepassados entenderem o mundo e seus fenômenos. ou seja, é uma tentativa humana, assim como todas as religiões e seus rituais e livros.

      pra finalizar, tenha respeito não só pela crença dos outros como também pela opinião dos outros. assim será possível respeitar a sua opinião, mesmo quando ela carece de argumentação e inteligência, ok? "sem ofensas", tá?

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  3. Parabéns pelo blog e pela excelente postagem.

    Adorei sua resposta ao "anônimo".
    Infelizmente existem pessoas que acham que com preconceito e ignorância chegarão a algum lugar ou poderão intimidar àqueles que são adeptos ou simpatizantes das coisas do Santo.
    Mero engano.

    Abraços.

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    1. obrigado, soraya! preconceito e ignorância são normalmente excluídos deste blog... a não ser que mereçam uma resposta à altura (como foi este caso) rsrsrs
      continue por aqui e curta-nos no facebook!

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    2. Sigo este blog faz um tempo e agora vou acompanhá-lo também pelo Facebook.

      Grata pela atenção.

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  4. Fichagas, não é "índio" é indígena �� tentou lacrar com o outro anônimo e lacrou errado.

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    1. tem razão, errei no termo. obrigado pela correção. mas não invalida nada do que foi falado.

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