segunda-feira, 30 de novembro de 2015

HÉRCULES: Os Doze Trabalhos - O Cinturão de Hipólita

Hércules obtém o cinturão de Hipólita, óleo de Nikolaus Knüpfer
Cada vez mais irritada, Hera soprou no ouvido de Admete, filha de Euristeu e sua sacerdotisa, que ela teria muito poder e sabedoria se obtivesse o cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras Amazonas, filha de Ares. Euristeu resolveu fazer, então, com que o nono trabalho de Hércules fosse conseguir a peça. O cinturão é descrito como um cinto de couro dada a ela por Ares por ser a melhor guerreira entre as Amazonas. Acredita-se que Hipólita o usava cruzando seu peito para carregar sua espada e sua lança, mas não há representações dele.

Conhecendo as habilidades das Amazonas, o herói decidiu organizar uma expedição às misteriosas terras ao norte do Cáucaso, próximas ao Mar Negro, onde ficava Temiscira, capital do reino das guerreiras. Entre os voluntários, estavam Telamon, Teseu e Peleu.

Na primeira parada na ilha de Paros, Hércules pediu que dois de seus companheiros fossem buscar água com o Rei Alceu. Os rudes filhos do Rei Minos (Nefálion, Eurimedonte, Crises e Filolau) que estavam hospedados na ilha desrespeitaram as leis que protegiam os estrangeiros e assassinaram os dois. Hércules viu a cena do convés e pulou pra terra e matou os quatro. Os habitantes da ilha se revoltaram e atacaram o herói e seus companheiros sem saber quem eram. Quando se deram conta, pararam de enfrentá-los e disseram para o herói escolher dois guerreiros para substituir os que foram mortos pelos filhos de Minos. Hércules chamou o Rei Alceu e seu irmão Estênelo.

Viajando para o Norte, passaram pelo o Helesponto (estreito de Dardanelos próximo a Turquia) e pelo Bósforo e saíram no Mar Negro. Seguindo a costa da Ásia Menor, aportaram na Mísia, onde o Rei Lico os recebeu calorosamente com um grande banquete. Durante a celebração, os bébrices invadiram a nação, pilhando e destruindo tudo no caminho. Hércules e seus companheiros rapidamente se prontificaram e acabaram com os invasores, recebendo tantas provisões quantas couberam em seu navio como recompensa.

Depois de mais uma longa jornada, finalmente chegaram a Temiscira. Armados até os dentes, ficaram surpresos com a recepção calorosa das Amazonas quando seu navio chegou à foz do rio Thermodon. Até mesmo Hipólita parecia estar encantada com os heróis. Hércules contou à rainha a razão daquela expedição e Hipólita ofereceu o cinturão como presente. Ao ouvir isso, Hera tomou a forma de uma amazona e começou a espalhar o rumor que o herói queria sequestrar a rainha.


A destemida Aela atirou suas flechas em Hércules, mas a pele impenetrável do Leão da Nemeia as fez ricochetear. Já a flecha de Hércules matou a amazona de uma vez. A saguinária Prótoe matou três companheiros do herói antes de ser morta por ele com um só golpe de sua espada. Hércules derrubou outras sete amazonas com sua clava. Teseu, Telamon, Alceu e Estênelo derrotaram outras guerreiras, mas o combate só chegou ao fim quando Hércules matou Hipólita com sua espada de bronze e tomou o cinturão. As amazonas derrotadas se viram abandonadas à sua própria sorte.*
* Numa versão desta tarefa, Hipólita não é morta. A luta só termina quando Hércules faz a Rainha Melanipe como sua prisioneira. Ele a troca pelo cinturão. Teseu ainda rapta a Rainha Antíope, irmã de Hipólita, e se casa com ela. Em outra versão, Teseu, na verdade, rapta e estupra Antíope, o que marca o início da luta entre as amazonas e os guerreiros de Hércules. Essa versão é pouco utilizada por macular a aura de herói de Teseu. Percebam que eram três rainhas, pois acredita-se em três tribos diferentes de amazonas, sendo Hipólita a governante-mor.
Hércules vence Hipólita, estátua em mármore de Lorenzo Mattielli
Na viagem de volta, Hércules salvou Hesíone, filha de Laomedonte, de ser sacrificada por um monstro marinho enviado por Poseidon. Laomedonte, rei de Troia, havia se recusado a pagar aos deuses Poseidon e Apolo pela construção das poderosas muralhas ao redor da cidade. Apolo enviou uma praga e Poseidon um monstro marinho, que só cessariam suas destruições se Hesíone fosse sacrificada. Laomedonte chegou a tentar usar filhas de pessoas do povo, mas em um sorteio saiu o nome da princesa. Hércules passou pela cidade e se ofereceu para salvar a princesa e matar o monstro em troca dos dois corcéis brancos que andavam sobre as águas, dados ao rei por Zeus em troca do jovem Ganimedes. O herói chegou a ser engolido pelo monstro, permanecendo em seu estômago por três dias até rasgar seu caminho para a liberdade, mas o velhaco Laomedonte novamente não pagou o prometido e expulsou o herói, que jurou vingança.

Hércules liberta a filha de Laomedonte, óleo de Louis de Silvestre.
No porto de Tassos, Hércules e seus companheiros encontraram trácios selvagens que devastavam a ilha. Após expulsar os inimigos, o herói deixou a ilha nas mãos de Alceu e Estênelo como recompensa pela participação na jornada. Chegando a Micenas, cada um seguiu seu rumo e Hércules levou o cinturão para Admete.


PARTE: I - II - III - IV - V
TRABALHO: I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII
PARTE: VI - VII - VIII - IX - X - XI - XII - XIII - Livro

Um comentário:

  1. Lendo um a um os trabalhos de Hércules não ha como não se fazer uma comparação com os atos humanos atuais. Parece presságio com séculos de antecedência. Acordos desfeitos, traições, comportamentos escusos, violência para resolver o que poderia ser resolvido com negociação, sequestros, explosões de ódio. Enfim, não há mudanças, apenas permanências do que a índole humana sempre foi.

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