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segunda-feira, 2 de maio de 2011

O universo interativo de Thor

A Marvel divulgou um interessante guia interativo para o universo de Thor. Viaje abaixo para Midgard (Terra), Asgard, Jotunheim, a Ponte do Arco-Íris e conheça os personagens do filme através de imagens e clipes. Ao final, você será recompensado com uma imagem inédita do observatório de Heimdall.

domingo, 1 de maio de 2011

Filme dos deuses!


Essa semana aqui no blog foi toda voltada para a mitologia escandinava porque ela culminaria no filme Thor (Thor, 2011) que estreou nesta sexta-feira. Assim, tanto eu quanto os leitores do blog poderiam ter informações bem frescas das lendas que inspiraram a produção.

A primeira crítica que havia lido do filme caía em cima das incongruências mitológicas, dizendo que o filme era só mais um blockbuster de super-heróis. Fiquei meio apreensivo, mas a proposta do filme é adaptar o personagem mitológico dos quadrinhos Marvel (criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby, em 1962) e não a divindade escandinava. Nada que me impedisse de ir ao cinema para ver mitologia e quadrinhos: três das coisas que mais gosto nessa vida! Então... vamos lá! Será difícil omitir alguns detalhes do filme que são fundamentais, portanto, preparem-se para alguns spoilers.

Frigg e Sif

  • Jane Foster não era uma cientista nas HQS, mas uma enfermeira. A idéia era colocar uma mulher que ajudava pessoas doentes ensinando a humildade necessária a Thor. Mas a transformação dela em astrofísica caiu como uma luva nos objetivos do filme e de suas continuações.
  • Donald Blake, o ex-namorado de Jane Foster no filme, é, na verdade, o alter ego de Thor na Terra dos quadrinhos. Quando ele é banido por Odin e perde seus poderes, ele tem sua alma fundida ao terráqueo e seu martelo Mjolnir se transforma em uma begala. Ao bater a bengala no chão, Don vira Thor com todos os seus poderes e martelo.
  • A questão sanguínea de Loki está nas HQs e na mitologia, mas ficar azul-Avatar é novidade. Provavelmente para dar um chamariz visual ao filme.
  • O sono de Odin do filme é muito rápido. Nos quadrinhos, é bem longo. Aliás, foi uma premissa repetida para as aventuras do herói, uma vez que, durante o descanso do Todo-Poderoso, todos os inimigos queriam atacar Asgard. Desconheço esse sono na mitologia. Pesquisarei quando falar sobre o deus.
  • Esperava um Volstagg bem mais obeso. E a Marvel já conseguiu deixar um ator forte bem gordo em seus filmes (veja o Blob de Kevin Durand no filme Wolverine). Pelo menos a fome compulsiva aparece em um dos momentos do filme.
  • Fandral (Josh Dallas) está ótimo... mas Hogun (Tadanobu Asano) asiático? E com sotaque??? Essa cota racial politicamente correta gerou uma discussão intensa no momento que escalaram o ator negro Idris Elba para fazer Heimdall. Se a mitologia é NÓRDICA, como ter asiáticos e negros entre suas divindades? A melhor explicação dada é que deuses estão além da cor da pele, assim como Jesus não seria branco europeu por ter nascido numa área predominantemente árabe. Tá... com Heimdall funcionou, porque Idris Elba segurou as pontas do personagem. Mas Hogun não.

Hogun, Fandral, Vostagg e Heimdall
  • O post de ontem sobre Yggdrasil e os nove mundos vale a pena ser lido antes do filme. Dá uma boa contextualizada. Inclusive é o momento do filme onde Thor diz que tecnologia e magia se unem, mas na verdade é uma explicação para juntar o deus com o Homem de Ferro no vindouro filme d'Os Vingadores. Aliás, o que realmente parece unir tecnologia e magia no filme é Bifrost, a ponte dimensional do filme que é aberta pela espada de Heimdall e pode levar qualquer um pra qualquer lugar. Bom... Bifrost é a ponte que leva de Asgard a Midgard e só. Heimdall é só o sentinela que a tudo vê e ouve. Jotunheim e os outros reinos eram alcançados por meio de longas jornadas, tanto na mitologia quanto nas HQs. Entendo que a necessidade de adaptação transformou a ponte - que, por sinal, ficou bem interessante num acrílico furta-cor, mesmo que sua representação seja a de um arco-íris mesmo.
  • Os gigantes do gelo azuis não são referência pra mim. Que eu saiba tanto na mitologia quanto nos quadrinhos, eram de pele alva. A idéia de armas de gelo foi muito boa, considerando que as representações de barbas e cabelos sempre eram congeladas.
  • A armadura Destruidor é das HQs. Sempre muito poderosa foi muito bem representada na telona. Assutadora. E aquela girada que ela dá na Sif (Jamie Alexander) foi de tirar o fôlego!
  • Ver Sleipnir (o cavalo de oito patas de Odin) e Caixa do Inverno Eterno foi um brinde extra inesperado por mim. Um brinde mitológico... porque também teve o brinde quadrinístico na pele do Gavião Arqueiro (o agente Barton e fica com uma flecha apontada para Thor numa parte do filme).

Laufey, rei dos gigantes de gelo, a armadura Destruidor e Loki com a Caixa do Inverno Eterno.
  • A beleza dos cenários de Asgard no filme impressiona. Os céus são incríveis! Até Jotunheim (que alguns momentos parece mais Niflheim) ficou bem feita. Mas acho que eles gastaram tanto nesses cenários construídos digitalmente que os cenários “reais” são de filme B.

Asgard, Bifrost e Jotunheim
  • Não gostei muito da edição do filme. Achei os cortes muito óbvios e duros. Alguns momentos parecem corridos demais. No entanto, todas as cenas fazem sentido para a história. Assim como Odin, o diretor Kenneth Branagh parece ter um propósito por trás de todas as cenas.
  • Natalie Portman deu uma entrevista logo após seu merecido Oscar por Cisne Negro (Black Swan, 2010), falando que fazer este filme foi a salvação de sua vida, pois ela estava nos primeiros meses de sua gravidez e completamente travada emocionalmente depois da intensidade da bailarina que protagonizou. E ela faz bem a doçura a Jane Foster. Nada demais. Aliás, nenhuma atuação merece destaque, mesmo com as presenças de Anthony Hopkins (Odin) e Rene Russo (Frigg). Talvez o britânico Tomas Hiddleston que faz Loki. Quem conhece o personagem sabe que a cara de cínico que o ator emprega é perfeita! É possível ver toda a fragilidade psicológica do deus.
  • Mas... cá entre nós... Chris Hemsworth é Thor! Em gênero, número e grau! Quase como Robert Downey Jr. é Tony Stark no Homem de Ferro (Iron Man, 2008). Sua cena principal é quando não consegue reerguer o martelo e depois se desculpa com Loki. O praticamente-estreante-em-Hollywood deu conta do recado.

Thor arrogante e Thor frustrado.
  • Darcy (Kat Dennings) foi escalada para ser o alívio cômico. Até consegue... mas, pra mim, a melhor piada esta na referência cruzada dos asgardianos na Terra com personagens da ficção: Xena, Robin Hood...
  • Interessante como americano é bobo. Falar "eu te amo" é quase pedir em casamento. Um beijo na boca é a chave para todo o amor do mundo. E beijar a mão de uma mulher, deixa até Natalie Portman com cara de idiota! Americanos tem problemas sérios.
  • Vi 2D mesmo... 3D não presta! É palhaçada pra vender ingresso mais caro e você fica perdido procurando tridimensionalidade ao invés de se preocupar com a história. Ah... e fiquem até o final! Tem uma ceninha importante para o filme d'Os Vingadores no pós-créditos!

É isso. Fiquei feliz com a película porque ela faz o possível para respeitar o público de cinema, o de quadrinhos e o de mitologia. Vale o ingresso! Pra mim, vale o DVD na estante com certeza!

PS.: Pra terminar: alguém tem aí um Mjolnir pra me dar? Não sei se sou digno, mas o martelo é muito legal, não?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Yggdrasil e os nove mundos


Acredita-se que os mitos escandinavos tenham surgido na Islândia, terra de fogo e gelo, neve e vulcão. Eles falam de um universo complexo, na qual diferentes reinos foram construídos para os deuses, mortais, os gigantes, elfos e anões. Eram nove diferentes reinos localizados em volta de um grande freixo chamado Yggdrasil, a Árvore da Vida:

  1. NIFLHEIM: A terra congelada de Niflheim exisita antes do universo conhecido ser criado. Localizava-se entre as raízes de Yggdrasil e era envolta em escuridão ("Reino das Névoas"). Em seu centro, havia uma fonte gelada (Hvergelmir), mãe de vários rios. Tornou-se o reino de Hel, deusa dos mortos (Helheim). Lá também morava a serpente Nidhogg, bem aos pés do freixo, que se alimentava da carne dos cadáveres da encosta Nastrond e roía as raízes da árvore para destrui-la.
  2. MUSPELLHEIM: Governada pelo gigante de fogo Surt, Muspellheim era a região ardente que existia junto com Niflheim antes de Odin criar o universo. Era uma terra árida e flamejante ("Reino da Desolação"). No início, seu calor fez o gelo de Niflheim derreter e criar Ymir e Audumla. Alguns corpos celestes foram criados a partir de faíscas de Muspellheim.
  3. ASGARD: "Mundo dos Ases", lar dos deuses Aesires. Situava-se no topo da árvore, cercado por uma muralha enorme. No meio de Asgard, ficava a Planície de Idavoll, onde os deuses se reuniam em fortalezas para definir questões importantes. Para entrar e sair, os deuses construíram Bifrost, uma ponte de arco-iris feita de três fios de fogo trançados que ligava Asgard a Midgard. Apenas os deuses podiam atravessar a ponte guardada pelo deus Heimdall. Os únicos mortais que podiam entrar em Asgard pela ponte eram os mortos a caminho do Valhalla.
  4. VANAHEIM: "Reino dos Vanes", morada dos Vanires. Ficava ao nível de Asgard, no topo de Yggdrasil. É possível que Asgard na verdade seja uma cidadela dentro de Vanaheim, explicando ainda mais os conflitos entre as duas raças divinas.
  5. ALFHEIM: É o reino dos elfos, onde foi construído o palácio do deus Freyr, que repatriou essas criaturas como elfos de luz.
  6. MIDGARD: Entre os galhos de Yggdrasil, em sua parte central, ficava Midgard ("mundo do meio"), a morada dos humanos protegida por uma fortaleza mágica construída pelos deuses contra os gigantes.
  7. JOTUNHEIM: O lar dos gigantes de gelo e pedra, governado por Thrym em sua fortaleza Utgard. Ligava-se a Asgard pelo rio Iving, que nunca se congelava. Lá ficava o Poço da Sabedoria (Mimisbrunnr) de Mimir, abaixo da raiz de Yggdrasil mais próxima de Midgard.
  8. SVARTALFHEIM: A terra dos elfos negros (ou duendes). Fica no nível de Midgard.
  9. NIDAVELLIR: O reino subterrâneo dos anões. Também fica no nível de Midgard e Svartalfheim.

O esquilo Ratatösk vivia nos galhos de Yggdrasil. Ele passava o tempo todo subindo e descendo a árvore, levando mensagens desaforadas de Nidhogg para o galo (ou águia) dourado Gullinkambi que morava em Asgard.

Na base de Yggdrasil, viviam as Nornes. Elas guardavam o Poço do Destino (Urdarbrunnr), que, freqüentemente, recebia a visita dos deuses em momentos de grandes decisões. Outra função das governantes do destino era curar as raízes devoradas por Nidhogg. Na base do freixo, também viviam quatro cervos dos ventos, alimentando-se de seus frutos. Sustentando a Árvore da Vida, a gigantesca Jormungand, a serpente do mundo.

Os nove mundos de Yggdrasil, gravura de Friedrich Wilhelm Heine

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aesires e Vanires

Gravura da guerra entre Aesires e Vanires (1882), de Karl Ehrenberg (1840-1914)

Aesir é o nome dado para a principal raça celeste de deuses nórdicos. Viviam na paradisíaca Asgard, com o Odin como líder supremo, Pai de Todos. Incluiam Balder, Bragi, Forseti, Heimdall, Höd, Honir, Loki, Magni, Mimir, Thor, Tyr, Ull, Vili, Ve, Vidar e Frigg, entre outros. Eram, em sua maioria, deuses com particularidades guerreiras.

Seus inimigos mortais eram os Vanires, deuses, em sua maioria, da natureza selvagem, do mar e de fertilidade que viviam em Vanaheim. Foram considerados os portadores de saúde, juventude, sorte e riqueza, e os mestres da magia. Incluiam Njörd, Nerthus, Freyr, Freya, Gullveig, Heid, Idun e Sif entre outros.

A guerra se instalou quando Aesires torturaram a deusa vanir Gullveig que só queria saber de ouro. Eles a amarraram no salão de Odin, a perfuraram com lanças e a queimaram três vezes numa pira mágica, mas ela sempre renascia. Os Vanires pediram reparação e direitos iguais, mas os Aesires preferiram atacar acreditando em sua força guerreira. No entanto, os Vanires se mostraram resistentes e começaram a ganhar terreno na batalha.

Após anos de guerras e fantásticos contos de trapaças, as duas raças divinas decidiram por uma trégua: cada lado cuspiu em um jarro de barro e, da saliva, nasceu o gigante Kvasir, o sábio. Os vanires Njord, Freyr e Freya se mudaram para Asgard para viver com os Aesires como símbolo da amizade criada. Enquanto Honir e Mimir foram morar em Vanaheim. A princípio, os Vanires acharam que o acordo valeu a pena, pois acreditavam que os dois aesires que estavam com eles eram os mais sábios de todos. Ao perceberem que estavam enganados, decapitaram Mimir e mandaram de volta a Asgard. Os Aesires decidiram não retribuir e permitiram que os Vanires morassem em Asgard.

Aesir pode ser derivada da antiga palavra teutônica "ase", palavra comum para "deus". Também são chamados de Ases, Aesares e Aisares. Os Vanires (ou Vanes) são, às vezes, comparados a elfos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Freya

Gravura de Feya-Mardöll, por Jenny Nyström (1854-1964)

Freya é a deusa mãe da dinastia Vanir na mitologia nórdica. Filha de Njörd e Skadi, e irmã gêmea de Freyr, ela é a deusa do sexo e da sensualidade, fertilidade, do amor, da beleza e da atração, da luxúria, da música e das flores. É também a padroeira da colheita e do nascimento, da magia e da adivinhação.

De caráter arrebatador, teve vários deuses e mortais como amantes e é representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um belíssimo colar mágico de âmbar e rubis (Brisingamen, que obteve dormindo com os Brisings, quatro anões que o fizeram, Alfrigg, Berling, Dvalin e Grerr) e um manto de penas chamado Valhamr (que a permitia se transformar em falcão). Andava em uma carruagem puxada por dois gatos azuis, na companhia de Hildesvini (seu amante mortal Ottar transformado em um javali de batalha com presas de ouro). Teria sido vista também como uma porca ou uma cabra.


Freya se mudou para Asgard para viver com os Aesires como símbolo da amizade criada depois da grande guerra. Lá ela mora no palácio Folkvang (Campo do Povo) com sua criada Fulla. Ela compartilhava os mortos de guerra com Odin: metade dos homens e todas as mulheres mortos em batalha iriam para seu salão Sessrumnir no Valhalla. Tornou-se líder das Valquírias. Quando cavalgava os céus com sua armadura, tornava-se a Aurora Boreal.

Diz a lenda que ela estava sempre procurando, no céu e na terra, por Odur, seu marido perdido, enquanto derramava lágrimas que se transformavam em ouro na terra e âmbar no mar. Por isso, podia ser a deusa da riqueza. Com Odur, foi mãe de Hnossa (jóia) e Gersimni (preciosa). Mas tinha uma suposta e secreta paixão por Loki e era desejada pelos gigantes. A demora em encontrar Odur fez com que ela se tornasse promíscua. Quando o encontrou, Odur havia se tornado um horrendo monstro marinho, mas ela se manteve a seu lado até sua morte acidental. Ela o reclamou no Valhalla, onde ele vive em Sessrumnir.

Freya também é chamada de Fréia, Freja, Freyja, Frauja, Fremantle, Frowa e Froya. E ainda tinha os epitetos: Vanadis (deusa dos Vanir), Mardöll (brilho do mar), Hörn (cabelos de ouro), Gefn (dadivosa) e Syr (semeadora). Já sabemos de sua confusão com a deusa Frigg, mas agora vemos suas distinções. Ela também é associada a inúmeras deusas gregas e egípcias, mas nenhuma é tão abrangente quanto ela.

Freya, pintura à óleo de John Bauer (1882-1918)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Frigg


Rainha dos Aesires de Asgard e deusa da chuva e da fertilidade, Frigg era a personificação tanto da terra cultivada quanto do mundo civilizado. Filha de Fiorgoin e Gialp, foi uma das esposas de Odin (a mais amada) e mãe de Balder, Thor, Tyr, Hermod, Bragi e Hoder. Era patrona do casamento e do amor materno, mas alguns estudiosos encontraram texto que mostram Loki apontando-a como amante dos irmãos de Odin, Vili e Ve.

Em Asgard, a alta, bela e imponente Frigg ficava no salão Fensalir (Salão das Águas) com suas doze criadas (Eir, Fulla, Gefjon, Gna, Hlí­n, Lofn, Saga, Sjöfn, Snotra, Syn, Vár e Vör) e era a única que tinha o privilégio de sentar no trono (Hlidskialf) ao lado de Odin. Seu animal sagrado era o ganso. Sexta-feira em inglês é friday e pode ser em homenagem a deusa (frigadagr). Também estava associada à véspera do ano novo, quando tecia o que vinha a seguir e usava um cinturão de chaves. Acredita-se também que ela deu à luz a Balder, o deus do Sol amado por todos, na virada do ano.

Usava um turbante com penas de garça e um manto que parecia uma nuvem, cuja cor escurecia e clareava segundo seu humor. Algumas representações a colocavam com uma vassoura na mão para "varrer" as nuvens do céu, o que poderia ligá-la aos conceitos medievais de bruxaria. Outras diziam que ela costurava as nuvens e o destino, colocando-a como deusa dos tecelões e das fiandeiras.

Previa, portanto, o futuro, mas não costumava revelá-lo, pois não tinha poderes para alterá-lo. Quando seu amado filho Balder sonhou que teria um triste fim, Frigg pediu a tudo o que havia na criação para não machucá-lo. Mas ela não pediu ao visgo, e Balder foi morto com uma lança feita de um arbusto dessa planta em um embuste de Loki. Essa história alimentou a superstição da sexta-feira 13.

Existe uma grande confusão entre as deusas Frigg e Freya, que em muitas casos são vistas como a mesma pessoa, a figura feminina mais importante do panteão, sendo Frigg o lado materno Aesir e Freya o lado mulher Vanir. Optei por separá-las em indivíduos distintos também por causa de seus parentescos.

Além disso, Frigg é chamada de vários nomes, como Friga, Frig, Frygga, Friggja, Frigida, Fria, Frika, Fricka, Frige, Bertha e Holda. É comparada a Hera / Juno para os greco-romanos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A saga de Biorn

Na mitologia escandinava, morrer em batalha é uma honra! O objetivo é entrar em Valhalla, o salão de ouro de Asgard. Lá eles eram recebidos por Odin e as valquírias. Sendo assim, todo guerreiro viking procurava esse tipo de morte... até mesmo o velho Biorn... o problema é que ser um herói honrado tem as suas consequências...



Muito legal essa animação do estúdio dinamarquês The Animation Workshop.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

THOR!!!


Pra quem não sabe ainda, o deus escandinavo do trovão, Thor, terá sua versão dos quadrinhos Marvel transformada em um filme (2D e 3D) que estréia no dia 19 de abril aqui no Brasil (e uma semana depois nos EUA).



Thor é interpretado por Chris Hemsworth. Anthony Hopkins é seu pai Odin e Tom Hiddleston é seu meio-irmão Loki. A incrível Natalie Portman fará Jane Foster, interesse humano do deus. E ainda teremos Heimdall (Idris Elba, que está dando polêmica por ser negro), Lady Sif (Jaimie Alexander), Volstagg (Ray Stevenson), Hogun (Tadanobu Asano), Fandral (Josh Dallas), Frigga (Rene Russo), Laufey (Colm Feore) e os gigantes do gelo. A direção é de Kenneth Branagh, com um roteiro semelhante às HQs:
O poderoso Thor é o filho arrogante de Odin, rei dos deuses de Asgard, o céu escandinavo. Ele é banido para a Terra (ou Midgard) por suas ações intempestivas. Lá ele precisa conhecer a humildade para ser aceito nos salões divinos novamente. É onde ele conhece Jane Foster, uma cientista que pesquisa as dimensões. Seu meio-irmão, o traiçoeiro Loki, decide aproveitar a oportunidade para matá-lo e dominar Asgard com ajuda de criaturas de gelo e de uma armadura cósmica.


Nem preciso dizer que estarei presente e falarei por aqui, né?

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Papai Noel

O Papai Noel é uma figura lendária das culturas ocidentais – intimamente ligada ao folclore europeu/germânico – que traz presentes aos lares de crianças bem-comportadas na noite da Véspera de Natal, o dia 24 de dezembro. Em francês, Noël quer dizer "natal".

Sua lenda pode ter se baseado em parte dos contos biográficos sobre a figura histórica de Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar anonimamente quem estivesse em dificuldades financeiras, colocando um saco com moedas de ouro na chaminé das casas. Faleceu no dia 6 de dezembro, tornando este seu dia. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Por causa da proximidade de sua festa com a data do nascimento de Cristo, acabou-se transferindo lentamente a tradição de presentear as crianças para o dia 25 de dezembro. Os pais costumavam dizer que era São Nicolau quem trazia os presentes do céu.

Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia. O Dia de São Basílio (1º de janeiro) é considerado a época de troca de presentes na Grécia. Alguns dizem que sua origem está em Odin, divindade nórdica, pois o folclore escandinavo conta sobre um homem velho (Tomte ou Nisse) que entregava presentes para as crianças na Dinamarca.

Ilustração de John Leech para Um conto de
Natal
 de Charles Dickens (1943).
Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo (em alguns lugares da Europa esse retrato episcopal ainda aparece), originalmente Papai Noel tinha roupas em tons de marrom e costumava usar uma coroa de azevinhos na cabeça. No folclore inglês, Father Christmas aparecia em trajes esverdeados de lenhador.

Em 1822, Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova York, escreveu para seus filhos o poema A visit from St. Nicholas (A visita de São Nicolau), que acabou conhecido como The night before Christmas (A véspera do Natal), onde estabelece várias tradições natalinas e faz uma descrição de Papai Noel:
Era véspera de Natal, e nada na casa se movia,
Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na esperança de que Papai Noel logo chegasse;
As crianças aconchegadas, quietinhas em suas fronhas,
Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe com seu lenço, e eu com meu gorro,
Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
Para fora da janela como um raio eu voei,
Abri as persianas, e subi pela cortina.
A lua no colo da recém-caída neve,
Davam um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um trenó miniatura, e oito renas pequeninas,
Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu soube, na mesma hora, que era o Noel.
Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E assobiava, e gritava, e as chamava pelo nome;
"Agora, Dasher! Agora, Dancer! Agora Prancer e Vixen!
Venha, Comet! Venha, Cupid! Venham, Donner e Blitzen!
Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora fora, depressa! Fora todos, bem depressa!"

Como folhas revoltosas antes do furacão,
Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão alto, acima do telhado voaram,
O trenó cheio de brinquedos, e Papai Noel nele também.
E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo a chaminé Papai Noel vinha resoluto
Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco de brinquedos em suas costas,
Parecia um mascate ao abrir o saco.
Seus olhos – como brilhavam! Suas alegres covinhas!
Suas bochechas como rosas, seu nariz como uma cereja!
Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha o rosto redondo e uma barriga grande,
Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
Uma piscada de olhos e um meneio de cabeça,
Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E recheou todas as meias; então virou no pé,
E colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para longe voaram, como pétlas de dente-de-leão.
Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
"Feliz Natal a todos, e para todos uma Boa Noite!"
Atualmente Papai Noel costuma ser retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto. Essa imagem se tornou popular nos EUA e Canadá no século XIX, criada pelo caricaturista alemão e cartunista político Thomas Nast, na edição natalina da revista Harper's Weeklys, em 1863, e se manteve por meio da mídia publicitária, principalmente pela Coca-Cola (que se aproveitou de suas cores semelhantes a partir de 1913 para divulgar sua marca no período de inverno onde suas vendas caem).

Conforme a lenda, Papai Noel mora no extremo norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Pólo Norte, enquanto na versão britânica freqüentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Lá ele vive com sua esposa, Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos que o auxiliam na oficina e suas renas voadoras que puxam seu trenó. No livro The life & adventures of Santa Claus, escrito por L. Frank Baum em 1902, o Papai Noel foi um bebê humano criado por fadas que ganhou imortalidade e diversas capacidades de espíritos mágicos superiores, para completar seu trabalho. Diz-se que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento para entregar presentes a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo – às vezes, carvão às crianças mal-comportadas (ou seria o Krampus) – na noite da véspera de Natal. Preocupadas com seu comportamento anual, as crianças passaram a escrever cartas para contar sobre si mesmas com seus pedidos. Essas histórias influenciaram J. R. Tolkien a expandir algumas lendas do personagem.



Sobre a chaminé, é possível que seja porque várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano. Na versão britânica, a história da chaminé vem da Finlândia, uma vez que as casas dos antigos lapões tinham sua entrada pelo telhado.

Sobre as renas, Clark Moore descreveu-as como sendo originalmente oito: Dasher (Corredora), Dancer (Dançarina), Prancer (Empinadora), Vixen (Raposa), Comet (Cometa), Cupid (Cupido), Donner (Trovão) e Blitzen (Relâmpago). Existe uma lenda de 1939 que diz que Rudolph (Rodolfo) teria entrado para equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante que ajudaria a guiar as outras renas durante as tempestades.

Há bastante tempo existe certa oposição a que se ensine crianças a acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos dizem que a tradição de Papai Noel desvia das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal. Outros críticos se opõem a Papai Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais. Outros apontam a tradição de Noel como um bom exemplo de como as crianças podem aprender que podem ser deliberadamente enganadas pelos mais velhos. Mas é de consenso geral que a figura do Papai Noel é um ícone na cultura mundial que agrada a todos.

Veja como o Papai Noel é chamado em outros países:
  • Alemanha: Nikolaus ou Weihnachtsmann ("homem do Natal")
  • Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai, Peru e Uruguai: Papá Noel
  • Chile: Viejito Pascuero
  • Croácia: Djed Mraz
  • Dinamarca: Julemanden
  • Eslovênia: Božiček
  • Estados Unidos e México: Santa Claus
  • Finlândia: Joulupukki
  • França: Père Noël
  • Itália: Babbo Natale
  • Japão: Santa Kurosu (do inglês Santa Claus)
  • Macedônia: Dedo Mraz
  • Países Baixos: Kerstman ("homem do Natal")
  • Portugal: Pai Natal
  • Reino Unido: Father Christmas
  • Rússia: Ded Moroz
  • Suécia: Jultomte

F E L I Z   N A T A L !

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Forseti

Forseti julgando em Glitnir, gravura de Carl Emil Doepler (1881).

Forseti (que significa "anfitrião") era o deus aesir da justiça, da meditação e do conhecimento interior. De acordo com a lenda nórdica, ele nunca contou nem contaria nenhuma mentira, e sempre conseguia fazer com que os envolvidos em disputas chegassem a um acordo ou realizava um julgamento considerado justo por todos, fossem homens ou deuses. Acreditava-se que o gentil Forseti era imparcial em relação a tudo, pois só assim a verdadeira justiça seria alcançada. Mas, às vezes, ele falava tanto que os deuses aceitavam suas decisões por puro tédio.

Filho de Balder e Nanna, vivia em Glitnir ("brilhante" ou "salão do esplendor"), um palácio com teto de prata e pilares de ouro vermelho que irradiava uma luz capaz de ser vista a grandes distâncias. É também chamado de Fosite pelos germânicos e possui algumas ligações com o Poseidon grego.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Bragi

Filho de Odin e Frigg (ou de Gunnlud), Bragi (Bragui ou Braggar) era escritor, poeta, protetor dos trovadores e deus da eloquência. Recebeu este dom quando seu pai talhou as antigas runas em sua língua. Ele agia, portanto, como porta-voz e mensageiro dos deuses. Sua outra função era receber os guerreiros mortos, recém-chegados aos salões de Valhalla, com poemas nos quais enaltecia seus atos de heroísmo.
Oferecia aos poetas, o hidromel da poesia (feito a partir do sangue de Kvasir), que os inspirava em suas criações e lhes dava o bragarmal, o dom da poesia. Em funerais de reis e chefes guerreiros, eram feitos brindes e juramentos solenes sobre uma taça de bebida chamada de bragarfull, "Taça de Bragi".

Bragi com harpa, de Carl Wahlbom (1810-1858)
Marido da deusa Idun, ficou a seu lado tocando harpa quando ela desmaiou aos pés de Yggdrasil, á árvore da vida. Só saiu de seu lado, quando ela se recuperou e trouxe a primavera novamente. Essa história acontece todo ano, e Bragi está sempre ao lado de Idun. Em uma passagem do Edda Prosaica (livro completo sobre a Mitologia Nórdica, escrito por Snorri Sturluson), Bragi é chamado de efeminado por Loki, e Idun, ao tentar acalmar os ânimos foi chamada de lasciva.

Apesar de casado com a deusa guardiã das maças da juventude, era descrito como um velho sábio com barba (branca, na maioria das vezes). Taças e harpas são associadas a ele, assim como todos os pássaros canoros.

Acredita-se que originalmente Bragi não seria um deus. Ele seria o poeta Bragi Boddason do século IX, que teria servido a inúmeros reis escandinavos e sido alçado à divindade por outros poetas de séculos seguintes graças a sua capacidade literária.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Audumla

Manuscrito do século XVIII
A vaca Audumla foi o segundo ser da criação escandinava. Ela se originou da geada que ocorreu em Ginnungagap (o abismo da criação) a partir do encontro entre Muspelheim (terra do fogo) e Niflheim (terra do gelo), assim como o gigante primevo Ymir. De seu úbere corriam quatro rios de leite que forneciam alimento para o gigante e seu filho de seis cabeças.

Audumla se alimentava do sal congelado nas pedra, que ela lambia avidamente. Certa vez, enquanto lambia, apareceu a cabeça de um homem. Ela continuou a lamber até que, depois de três dias, um homem inteiro foi libertado do gelo: o belo e forte Buri, avô de Odin, Vili e Ve.

É possível que Audumla se assemelhe a deusa egípcia Hathor e com a cabra Amaltéia da mitologia grega.

O mito da criação: Ymir, o primeiro gigante, se alimenta de Audumla, que lambeo gelo de onde sai Buri (de Nicolai Abraham Abildgaard, 1790)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Idun

Loki e Idun, ilustração de John Bauer (1911)
Deusa vanir da primavera, Idun era a guardiã do pomar sagrado cujas maçãs davam a juventude eterna e restaurava os males de quem as comesse. Portanto, os deuses eram mortais mas ela era responsável pela imortalidade deles, fornecendo uma maçã por dia, vinda de seu eski, um cofre de madeira de freixo.

Os gigantes vivam tentando roubar as maçãs. O gigante Thiazi, por exemplo, capturou Loki e disse que só o soltaria se o deus o ajudasse a roubá-las. Loki atraiu Idun até a floresta e o gigante pode capturá-la metamorfoseado em águia. Quando os deuses começaram a envelhecer, descobriram as ações de Loki. Obrigaram-no, então, a resgatar Idun, e Loki utilizou o manto de penas de falcão de Freya para tirá-la de Thiazi, transformando-a numa noz. Esta história é uma metáfora para a chegada do inverno, onde Thiazi (Deus do Inverno) seqüestra Idun (Deusa da Vegetação) com ajuda de Loki - que representa o vento quente de verão. O retorno de Idun como um noz é o retorno da primavera, o rejuvenescimento dos deuses.

Bragi tocando harpa para Idun de pé,
de Nils Blomeér (1846)
Outra parábola sobre essa passagem de estação é a do desmaio de Idun aos pés de Yggdrasil, a árvore da vida. Desacordada, Idun caiu em Niflheim, o mundo subterrâneo e ficou paralisada com o que viu (chegada do outono). Os deuses foram atrás dela com peles de lobo branco, mas não conseguiram movê-la e a cobriram com as peles (neve). Seu marido Bragi ficou tocando harpa e cantando ao seu lado até ela se recuperar - e trazer a primavera.

Ao que parece, Idun não tinha culto regular, sendo uma deusa mais figurativa. Na mitologia grega, foi comparada a Hebe, e suas maçãs os pomos dourados dos Jardins das Hespérides. Pode ser chamada de Iduna, Ithun e Iounn, que significa "sempre jovem" ou "rejuvenescedor".