quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uluru


No meio do inóspito deserto da Austrália central, há um monte colossal de arenito vermelho, o Uluru, um dos locais mais sagrados para os aborígenes australianos. Seu nome ocidental é Ayers Rock (em homenagem ao Primeiro-Ministro australiano Henry Ayers) ou, somente, A Rocha, que possui 8km de circunferência, 318 metros de altura e se estende por 2,5km de profundidade. A pedra obtém sua cor ferruginosa através da oxidação dos minerais que a impregnam - como feldspato - o que também causa a emissão de um brilho vermelho ao amanhecer e ao pôr-do-sol.

Muitos mitos secretos se passam nessa rocha, em cujas paredes inferiores e cavernas há pinturas antiquíssimas. Acredita-se que seja um portal para o Tempo do Sonho, ou até mesmo o próprio local. Outros dizem que foram os Ungambikulas que criaram a pedra ao brincar com a lama depois de um dilúvio. Após a criação do universo, os irmãos teriam voltado a Uluru e se tornaram pedregulhos.

Há várias histórias de turistas que levaram para casa um pedaço do Uluru e devolveram a lembrança alegando que foram amaldiçoados por levar uma parte do monumento sagrado. O Parque Nacional Australiano que administra o local diz receber um pacote por dia, enviado de várias partes do mundo, com uma amostra do Uluru e um pedido de desculpas.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O incompreendido Odin...

(clique para ampliar)

A tirinha acima é de Carlos Ruas, ilustrador de Niterói (RJ), responsável pelo blog Um sábado qualquer, que possui tirinhas que brincam com a religião. Na categoria Buteco dos Deuses, várias divindades aparecem conversando com Deus em situações mais do que inusitadas. Divertidíssimo!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Colagens espirituais

Saindo um pouco do eixo comum por aqui, resolvi mostrar para vocês algumas das belas colagens digitais do designer gráfico e ilustrador espanhol Luis Toledo - que também é conhecido como La Prisa Mata. Várias tem um tom místico e uma riqueza de detalhes ímpar. Vejam:

Festas do deus Dionísio

Senhor das categorias criadas: baseado em Ganesha.

Série Mnemosine: Polimnia sonha com Afrodite / Calíope

Panconstrução

Semshu Hor: os "semshu hor" eram os seguidos de Hórus. Esse conceito evoluiu com o tempo e vários reis místicos do Egito foram chamados dessa forma antes dos Faraós.

O caminho da criação à destruição: baseado na mitologia hindu.

Falso Profeta na Trindade: simetria entre a trindade católica (o Pai criador, o Filho salvador e o Espírito Santo iluminador) e sua trindade oposta (o destruidor Lúcifer, o tentador Anticristo e o Falso Profeta).

terça-feira, 16 de agosto de 2011

E como vai o entretenimento mitológico?

O filme Imortais (Immortals, 2011) tem recebido inúmeras críticas sobre sua semelhança com 300. Mas o diretor indiano Taseem Singh está dizendo que o filme é bem mais sombrio do que o trailer, com deuses sujando as mãos de sangue. Também disse que os deuses são jovem guerreiros porque nunca entendeu como alguém com poderes divinos e imortalidade gostaria de parecer um velhaco (até que isso faz sentido). Os atores estão falando que o diretor é um visionário e que a tecnologia 3D dará uma nova profundidade aos filmes.

A sequência de Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010) - marcada para março de 2012 - continua em pré-produção, com Sam Worthington (Perseu) falando que será melhor e mais profundo do que o primeiro. Que onda é essa de profundidade, hein?

Já a sequência de Thor ficou para julho de 2013, com Chris Hemsworth (Thor) e Idris Elba (Heimdall) garantidos por contrato. O diretor Brian Kirk foi procurado pela Marvel pela habilidade que demonstrou na série televisiva Game of Thrones de cuidar de um elenco grande em uma trama complexa. Parece que o novo filme deverá ser mais focado em Asgard, com um panteão muito maior de deuses e criaturas da mitologia nórdica, como Encantor, Skurge e Balder!

Oba!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pachacamac

Pachacamac é o deus inca dos terremotos (pacha = terra; camac = animador). Para a cultura limenha pré-inca, Pachacamac seria aquele que dá vida ao mundo.

Era simbolizado por um totem esculpido em madeira com cerca de 2 metros de altura, conservado em uma câmara escura do templo de Inti (para simbolizar sua invisibilidade), que era forrada de ouro e prata. Esse ídolo tinha duas faces opostas, uma delas decorada com serpentes, a outra com espigas de milho, que possivelmente representavam seus aspectos destruidor e criador, respectivamente. Também era representado em cerâmicas como um grifo (asas e rosto de condor e corpo de puma, duas das grandes divindades animais dos incas).

Existe um enorme sítio arqueológico que leva seu nome em Lima, no Peru (e eu visitei!). A arquitetura do lugar mostra características anti-sísmicas e o templo ao deus era enorme. Do topo, é possível ver duas ilhas rochosas no Pacífico que conta uma lenda...

Pachacamac teria se encantado pela beleza da curandeira Urpe, que vivia nas proximidades de seu templo. Como não podia vir ao reino dos mortais, o deus colocou seu sémen em uma lúcuma (fruta local) que chegou às mãos de Urpe. A curandeira engravidou e deu a luz ao semideus Vichama. Aos 3 anos, Vichama pediu para conhecer seu pai. Pachacamac ouviu as preces de seu filho e decidiu vir à Terra como um mendigo. Quando se apresentou, Urpe se desesperou ao ver que seu filho ficaria desamparado com um pai tão pobre e fugiu na direção do mar. Furioso, Pachacamac os transformou nas pedras que você vê na foto abaixo.


São as explicações humanas para os fenômenos da natureza. Por exemplo, depois da chegada dos conquistadores, Pachacamac acabou sendo sincretizado a um Jesus Cristo de pele escura por causa de vários terremotos a que a estátua sobreviveu (El Señor de los Temblores). Existem inúmeras pinturas de um "Cristo moreno" com histórias de milagres em terremotos, mas ninguém sabe onde está a precursora das lendas.

Existe uma outra lenda que coloca Pachacamac como criador do primeiro homem e da primeira mulher da Terra. No entanto, o deus esqueceu de alimentá-los e o homem morreu de fome. A mulher, então, amaldiçoou Pachacamac e rezou para Inti para engravidar. Furioso, Pachacamac matou o menino que nasceu e o esquartejou. De cada pedaço, surgiu uma fruta ou uma planta comestível. O segundo filho da mulher foi Vichama que escapou da morte. Pachacamac matou, então, a mulher. Vichama vingou-se de sua mãe, vencendo o deus em batalha. Jogou seus pedaços no oceano, que se tornaram peixes. Por essa razão, alguns acreditam que Pachacamac também seja o deus dos peixes e da pesca.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

100 anos de Machu Picchu


Machu Picchu (“pedra velha”) é um lugar incomparável no mundo. Suas construções com pedras enormes encaixadas milimetricamente ainda se encontram preservadas, ocultando técnicas utilizadas há mais de 500 anos. Sua história mistura o real e o imaginário, fazendo com que cada pessoa tenha sua própria interpretação dos fatos que cercam esta misteriosa Cidade Perdida. Em 2011, comemora-se os 100 anos da descoberta dessa maravilha pelo antropólogo, historiador – ou simplesmente, explorador aficcionado da arqueologia – Hiram Bingham.

E é pra lá que eu vou!
Não importa muito, de todo modo, qual tenha sido a origem da fortaleza, ou melhor, é mais fácil deixar o debate para os arqueólogos. O que é inegável, entretanto, o mais importante, é que temos à nossa frente uma expressão pura da mais poderosa raça indígena das Américas, intocada pelo contato com a civilização invasora e cheia de tesouros imensamente evocativos em suas paredes, paredes que morreram em decorrência do tédio de não mais existir… (Ernesto CHE Guevara)
Por isso que os últimos posts foram sobre mitologia inca e vamos ficar sem notícias por algum tempinho. Mas voltarei com histórias e fotos sobre esse local divino! Enquanto isso, cliquem na imagem e curtam o giro 360º por Machu Picchu!

Até!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pacha Mama

Pacha Mama (Pachamama ou Mama Pacha) é a "Mãe do Mundo", deusa da terra e da fertilidade, que dava vida à tudo na terra. Era adorada como campos, montanhas e rios, assim como, as estações e o tempo. Diz-se que, na primavera, surge como uma uma índia de estatura baixa com pés grandes, usando um sombreiro e acompanhada por um cachorro preto muito feroz, que vai envelhecendo ao passar das estações. Alguns dizem que ela tem a forma de um dragão que vive sob a terra, fornecendo alimento ao povo inca. Terremotos eram sinais de seu mau humor.

Logo após seu marido Inti, o deus-sol, era principal divindade do panteão inca. Dizem que é ciumenta e vingativa, mas nunca deixa de favorecer aqueles que ganham a sua simpatia. Ela interfere em todos os atos da vida e os demais deuses lhe deviam obediência. Ela era a síntese dos três mundos divididos por Viracocha. Era também considerada uma deusa da morte, já que para a terra todos os seres acabam voltando, e, por isso, podia ser representada com duas caras.

Quando os incas chegaram pela primeira vez à capital Cuzco, os pulmões inflados de um lhama foram erguidos acima da cidade. Depois disso, os lhamas passaram a ser sacrificados como símbolo da deusa. Para garantir uma boa colheita, espalhava-se farinha de trigo na plantação. Uma outra forma de sacrifício era oferecer folha de coca à deusa para trazer sorte ao se construir uma nova casa. Os viajantes deixavam oferendas nas encruzilhadas antes de iniciarem suas caminhadas para evitar o mal de alturas ou a queda nos precipícios (castigos que a deusa infligia àqueles que a desrespeitavam ou ofendiam suas criaturas). As terças de Carnaval são consideradas dias da homenagear a deusa.
“A natureza, ou Pachamama, onde a vida é reproduzida e existe, tem o direito de existir, persistir, manter e gerar os seus ciclos vitais, estruturas, funções e os seus processos na evolução”. (Texto da Constituição do Equador)
Tem relações com as grandes deusas-mães da natureza, como Gaia. A conversão católica a associou à figura da Virgem Maria.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Inti

Inti (Intu ou Apu-Punchau) era o poderoso deus inca do Sol, irmão e marido de Mama-Quilla, a deusa da Lua, e filho de Viracocha e Mama Cocha. Também foi casado com Pacha Mama, deusa da Terra. Sua importância era tamanha que alguns o adoravam como deus supremo e criador de tudo e invertiam a genealogia, colocando-o como pai de Viracocha.

Inti cruza os céus diariamente, proporcionando luz e calor, até mergulhar no mar ocidental. Após seu mergulho subterrâneo e subaquático, ele resurge toda manhã. Quando havia eclipses, achavam que Inti estava zangado. Costuma ser retratado como um um disco solar de ouro com face humana tendo raios e chamas ao redor. Aparece nas bandeiras da Argentina e do Uruguai.

Depois da criação, enviou seu filho Manco Capac para ser rei e ensinar às pessoas a arte da civilização. Todos os reis incas posteriores se diziam descendentes de Manco Capac e eram adorados como parte da família do próprio Sol, protetor da casa real. Inti tinha um templo enorme na capital inca, Cuzco, no Peru, onde as múmias dos imperadores eram colocadas quando morriam. As muralhas do templo eram forradas de ouro, que os incas acreditavam ser o suor do sol.

O Inti Rami, o Festival do Sol, era celebrado no solstício de inverno. Uma vez que Inti regia as estações do ano e o ciclo agrícola, ofereciam-lhe uma fogueira, onde queimavam uma vítima em sacrifício, junto com folhas de coca e milho, para dar boas-vindas.

domingo, 3 de julho de 2011

Faz parte de nós

No dia 14 de junho de 1957, a Dra. Nise da Silveira foi recebida por Carl Jung em sua residência na Suíça. Sentada diante de seu mestre, falou-lhe do desejo de aprofundar seu trabalho no hospital psiquiátrico e de suas dificuldades como autodidata. Ele a ouviu muito atento e perguntou:
— Você estuda mitologia?
— Não. – respondeu Nise.
— Pois se você não conhecer mitologia nunca entenderá os delírios de seus doentes, nem penetrará na significação das imagens que eles desenhem ou pintem.
Essa história está em um dos painéis expostos no Museu de Imagens do Inconsciente - que fica no Instituto Municipal de Assitência à Saude Nise da Silveira, na zona Norte do Rio de Janeiro. O trabalho deste museu merecia BEM mais destaque (minha opinião sobre isso está no meu outro blog).

O painel é ilustrado pela tema mítico do dragão-baleia, uma das mais antigas variações do mito do herói. Em vez de percorrer longas extensões da terra em busca de aventuras, de combater e matar dragões, aqui o herói é devorado pelo monstro. O drama do encontro com o monstro exprime a situação perigosa para o indivíduo de ser tragado pelo inconsciente. O painel ainda completa dizendo que os mitos são manifestações originais da estrutura básica da psique e, por isso, seu estudo deveria ser fundamental para a prática psiquiátrica.

Na verdade, esse post é pra mostrar que mitologia não é apenas um monte de historinhas fantásticas e/ou religiosas. É muito mais do que isso. Faz parte da concepção do ser enquanto indivíduo e parte de uma sociedade complexa como a humanidade.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Chaska


Criada a partir do sol, Chaska era considerada uma das donzelas de Inti (o supremo deus-sol). Protegia as jovens virgens e as princesas, sendo homenageada no amanhecer e no entardecer dos dias. A bela jovem de cabelos ondulados também era protetora dos flores e da primavera.

Chaska foi o nome dado para o planeta Vênus pelos incas, que observavam os movimentos do astro para diversas ações cotidianas. Existe uma grande confusão relacionada a Chaska e Chaska-Qoylor. É possível que sejam a mesma divindade. Alguns dizem que eles são casados, mas, na verdade, não se sabe a real razão da similaridade dos nomes, nem mesmo seus gêneros.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

E nos quadrinhos, a mitologia vai de vento em popa!

As mitologias do mundo sempre foram um prato cheio para a literatura e para o mundo dos quadrinhos. Vejam, por exemplo, o recente filme de Thor que foi baseado na mitologia nórdica contada pela Marvel Comics. Ou, então, o próximo filme do Hércules que está sendo baseado em uma HQ.

A Bluewater Productions resolveu investir pesado em enredos mitológicos para suas HQs. A editora é especializada em quadrinhos biográficos e adaptações, como por exemplo, a coleção Ray Harryhausen Presents, que traz o primeiro filme de Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 1981) no papel - e ainda continua sua história -, assim como o filme Jasão e os Argonautas (Jason and the Argonauts, 1963) - que ainda tenho que falar por aqui. Também tem em seu catálogo duas revistas mensais: The legend of Isis e 10th Muse.


Em The legend of Isis, a deusa egípcia Ísis foi deslocada 5 mil anos no futuro e está presa no corpo de uma mulher. Agora ela precisa se adaptar ao século 21 e, com a ajuda de uma equipe mística, enfrentar o mal antigo que resisitiu ao tempo. No próximo arco de histórias a ser lançado em setembro (The First Flight of Horus), Ísis descobrirá que seu filho Hórus está de volta e nada satisfeito.

Já em 10th Muse, a mitologia grega é abordada. Sabemos que são nove Musas, então, como a comum Emma se tornou a misteriosa décima musa? E em setembro, será lançada uma derivada desta revista que conta a história de uma nova Medusa! Depois de se cortar na lâmina da espada que decapitou a Medusa original, Gloria Merrick se transforma na nova Medusa e vira alvo de Esteno e Euríale, górgonas e irmãs da criatura mitológica. Resta saber se ambas estão caçando Merrick para matá-la ou se querem fazer com que ela continue o trabalho da irmã morta há tempos.

Acho que os quadrinhos irão aparecer com mais frequência por aqui...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

As últimas da Grécia no cinema

Nos últimos dias, saíram duas informações sobre a mitologia grega no cinema, mostrando que - junto com as HQs e os super-heróis - está se tornando o novo filão hollywoodiano por sua capacidade de fazer filmes gradiosos, épicos.

O filme Immortals teve divulgado seu trailer com legendas em português e vai se chamar literalmente Imortais, a estreiar no fim de novembro deste ano. Assistam o trailer e reparem que o ator Luke Evans está se especializando em deuses, já que foi um Apolo censurado no novo Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010) e agora fará um jovem Zeus!



O novo filme de Percy Jackson ganhou um diretor de nome divino: Thor Freudenthal (quem?). Chris Columbus, diretor anterior, será apenas o produtor da série que, a princípio, adaptará o segundo livro da série, O Mar de Monstros. Considerando o que foi feito no primeiro e as possíveis dificuldades na recontratação de atores (uma vez que somente Logan Lerman, o Percy, possui contrato), teremos muitas mudanças por aí. A começar pela premissa principal dos livros: Cronos! Ele não aparece no primeiro filme, mas é peça-chave em todos os livros. Já nem falo da idade dos atores, mas as profecias deverão cair por terra também. A premissa do livro é o Velocino de Ouro e acredito que isso, junto com todos os monstros da Odisséia serão mantidos.

Quanto mais melhor!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Irmão Urso

Hoje trago a vocês o desenho animado Irmão Urso (Brother Bear, 2003), a 45ª animação dos Estúdios Disney. Em busca de vingança por um de seus irmãos ter sido morto por um urso, o jovem Kenai acaba sendo amaldiçoado pelos espíritos da floresta. Obrigado a viver transfornado em um urso, Kenai começa a ver a realidade sob o ponto de vista dos animais e percebe que as coisas são bem mais complicadas do que imaginava. Logo faz amizade com outro urso, Koda, mas se vê em apuros quando seu próprio irmão começa a caçá-lo.

Essa é a sinopse básica dessa animação original que fala sobre companheirismo, fraternidade e amizade através de lendas dos povos inuítes. É passada há 10.000 anos, numa região fictícia na costa do Pacífico a noroeste do continente norte-americano ao final da Era Glacial. As paisagens são belíssimas com destaque para a Aurora Boreal, que seria a representação dos espíritos inuítes.


Ainda vemos os totens que mostram a enorme importância dos animais nas mitologias dos povos com ligação estreita com a natureza, como os inuítes, os indígenas brasileiros e norte-americanos, os aborígenes autralianos e as tribos africanas, entre outros. Nos extras do DVD, tem a apresentação de três lendas inuítes referentes a ursos. São elas:

DE ONDE VEM OS URSOS
Há muito tempo, vivia um garoto que passava seus dias andando na floresta. Um belo dia, ele chegou a frente do seu povo e disse que, se eles jejuassem por 7 dias, eles poderiam viver na floresta sem ter que trabalhar e com comida abundante. Eles aceitaram e logo depois seguiram o jovem. Com o tempo, eles se tornaram os ursos.

A CAÇADA AO GRANDE URSO
Um grande e poderoso urso aterrorizava os vilarejos. Quatro guerreiros levaram um cão para caçá-lo. A perseguição chegou a uma montanha que os levou aos céus, formando a constelação de Ursa Maior.

O MENINO QUE VIVIA COM URSOS
Um menino iroquois foi aprisionado por um tio malvado em uma caverna. Acabou sendo adotado por uma família de ursos. Muito tempo depois, o tio reviu seu sobrinho entre os ursos e pediu perdão por seu ato. O menino aceitou voltar para sua tribo se seu tio admitisse a importância dos ursos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É lenda!


Cinco lendas brasileiras foram abordadas no encarte Globinho do último sábado, num período do ano que o folclore nacional é festejado. Vou transcrever aqui a interessante matéria de Leonardo Cazes com ilustrações de André Melo:
Desde muito, muito tempo atrás, os homens criam histórias para tentar compreender as coisas ao seu redor. Por que a Lua possui quatro fases? Como surgiu o guaraná? Se hoje temos o Google para tirar nossas dúvidas, eles contavam apenas com a própria imaginação. E assim nasceram as lendas, transmitidas de pai para filho por gerações, até os tempos atuais.

No Brasil, houve uma grande mistura de lendas dos índios, que já viviam aqui, com outras africanas e europeias trazidas pelos escravos e colonizadores. Alguns personagens ficaram mais conhecidos, como a Cuca e o Saci Pererê, principalmente por sua divulgação na obra de Monteiro Lobato. Mas existem muitas outras, como o Carbúnculo e o Uirapuru, que você pode conhecer melhor aqui ao lado, em resumos que fizemos a partir do livro "As 100 melhores lendas do folclore brasileiro".

O autor da obra, A. S. Franchini, explica que as lendas brasileiras tem um papel parecido com a mitologia na Grécia Antiga, pois são uma forma de interpretar o mundo. Há milhares de anos, por exemplo, quando uma chuva alagava toda a cidade, os gregos acreditavam que era um castigo dos deuses, chateados com as atitudes dos homens na Terra.

— As lendas brasileiras são, de certo modo, a nossa mitologia, já que lidam com divindades indígenas e com mitos que falam da nossa nacionalidade. Todos lidam com os mesmos temas, comuns a todas as raças e povos, como amor, morte, sobrevivência, ambição, generosidade - explica Franchini.

Se você já escutou mais de uma versão sobre uma lenda, não se assuste. Essa é, inclusive, uma de suas características. Por serem transmitidas oralmente, elas assumem diferentes formas de acordo com a época e o lugar.

— Isso não só é natural e inevitável, como vital para a sobrevivência das lendas - diz o autor.

CARBÚNCULO
Ele é um lagarto mágico que, reza a lenda, vive no Rio Grande do Sul e possui um diamante na cabeça. O carbúnculo tem o poder de dar riqueza infinita a quem o possui e, à noite, transforma-se em uma bela mulher. Até hoje ele vive com seu único dono, um ex-sacristão, nos morros que ficam na divisa do Brasil com o Uruguai.

A ESCADA DE FLECHAS
Os índios kaigangs contam que seus ancestrais construíram uma escada de flechas pra chegar aos céus. O objetivo era fugir das onças que aterrorizavam a aldeia. O deus Tupã até ajudou, criando degraus de cipó. Mas, quando os índios foram subir, viram que os felinos já estavam lá em cima. Para evitar que as onças descessem e fizessem mais vítima, um casal valente foi até o céu, cortou a escada e nunca mais foi visto.

UIRAPURU
Moema e Juçara eram muito amigas, mas disputavam o amor de Peri, o índio mais bonito da aldeia. Para decidir com quem se casaria, ele sugeriu um duelo: quem acertasse com uma flecha o pássarp apontado por ele, seria sua esposa. Juçara venceu, e Moema fugiu para a mata, lamentando. O deus Tupã, com pena dele, resolveu transformá-la numa ave que teria o canto mais belo, o Uirapuru, que em tupi significa "pássaro que nao é pássaro". Quando o Uirapuru canta, a floresta toda fica em silêncio.

NEGRINHO DO PASTOREIO
Negrinho era um escravo encarregado de cuidar dos cavalos de um fazendeiro. Os animais são roubados, o menino leva uma surra e é obrigado a procurar os bichos. Sem sucesso, leva outra surra e morre. O fazendeiro manda, então, jogar o corpo num formigueiro. Dias depois, quando volta ao local, vê o garoto, sem nenhum machucado, se levantar e montar um cavalo. Daí em diante, o Negrinho vaga pelos campos e ajuda pessoas a encontrar coisas perdidas. Essa lenda prega contra a escravidão.

POR QUE ONÇA NÃO GOSTA DE GENTE?
Os índios kayapós explicam de uma maneira curiosa o porquê das onças não gostarem de gente. Na sua tradição, os animais dominavam o fogo e o arco e flecha, ainda desconhecidos pelos indígenas. Um dia, uma onça levou um índio até sua casa e ensinou a ele tudo o que sabia. Ambicioso, este voltou para a aldeia, contou o que aprendeu e voltou para roubar toda a carne que o animal tinha caçado com seus instrumentos. Reza a lenda que o bicho nunca aceitou a trição, e passou a perseguir os homens.
Bem legal! Não só as lendas (não conhecia algumas) como o texto todo!

sábado, 11 de junho de 2011

O herói perdido

Rick Riordan não aguentou e retornou a série de Percy Jackson e os Olimpianos com o livro O herói perdido (The lost hero). Lançado em outubro de 2010, o livro iniciou uma nova série, Os heróis do Olimpo, e chegou ao Brasil pela Editora Intrínseca este mês.

A sinopse oficial diz que, "depois de salvar o Olimpo do titã Cronos, Percy Jackson e seus amigos trabalharam duro para reconstruir o Acampamento Meio-Sangue. É lá que a próxima geração de semideuses terá de se preparar para enfrentar uma nova e aterrorizante profecia. Os novos campistas seguirão firmes na inevitável jornada, mas, para sobreviver, precisarão contar com a ajuda dos semideuses dos quais todos já ouvimos falar".
Sete meios-sangues responderão ao chamado.
Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado.
Um juramento a manter com um alento final,
E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.
Mas essa sinopse parece esconder algumas diferenças cruciais que já estão sendo comentadas por aí:
  • Percy está desaparecido e só é citado no livro (o título meio que já entrega isso, não?)!
  • Sendo assim, o livro é escrito na terceira pessoa (Percy era o narrador anteriormente).
  • Teremos um novo trio de protagonistas e parece que um novo acampamento!
  • É mais juvenil do que infanto-juvenil, com mais ação e humor mais pontual.
  • A abordagem mitológica será bem mais greco-romana do que somente grega.
O autor também já confirmou o segundo livro, The Son of Neptune (O Filho de Netuno) para o final do ano, mostrando que Percy pode (ou não) reaparecer.

E lá vamos nós!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ipilya


Ipilya na marca Australian Indigenous Health Info Net,
criada pela artista aborígene Donna Lei Rioli
Em um gigantesco pântano, vive Ipilya, uma gigantesca lagartixa responsável pelas tempestades e trovoadas do período das monções. Diz-se que ela engole água e lama para em seguida esguichá-las nos céus, criando as nuvens de chuva. Feliz com o resultado, Ipilya se move entre as nuvens como os raios e seu rugido dá som aos trovões.

Passada as chuvas, Ipilya descansa. É uma entidade pacífica, porém, ataca os desavisados que invadem seu pântano. As tribos do norte da Austrália temiam os répteis que viviam em poços e costumam realizar inúmeras cerimônias para agradá-los.

O interessante é que as lagartixas são um dos dos poucos lagartos que realmente produzem som vocal, mas obviamente não chega a um rugido.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Lupa cinematográfica

Agora vocês podem saber tudo sobre mitologia no cinema indo direto na lupa específica sobre o assunto. É essa aí do lado que também é a última na listagem.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Wakahirume

Wakahirume era a grande tecelã responsável pelas roupas dos deuses. Diz-se também que tecia sonhos e visões e enviava aos homens em seu sono.

Seus mitos estão ligados aos de Amaterasu, a Grande Deusa do Sol. Quando o deus Susanoo atirou um cavalo morto na sala onde as duas teciam, Wakahirume acabou caindo do tear e morreu, levando Amaterasu a se esconder em uma caverna (e desencadear um dos maiores mitos japoneses).

Por vezes, Wakahirume é considerada a Deusa do Sol Nascente, irmã mais nova de Amaterasu, ou então uma versão jovem da deusa, imediatamente anterior ao mito da caverna.

sábado, 28 de maio de 2011

A fúria deveria ser dos deuses!


Ontem tive a oportunidade de assistir as cenas deletadas do filme Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010) que já falei por aqui em algumas ocasiões. Fiquei com a impressão que a fúria deveria ser dos deuses, porque TODAS... eu disse TODAS as cenas em que os outros deuses do Olimpo apareciam com alguma importância foram cortadas! Eles viraram somente um pano de fundo para as atuações de Liam Neeson (Zeus) e Ralph Fiennes (Hades)! A cena que Hades entra no Olimpo, tinha texto pra quase todos os deuses! Até Héstia (Jane March) aparecia, mostrando que eles fizeram o panteão grego e não o romano!


E também vi o final alternativo do filme que vou revelar aqui. Primeiro precisamos considerar que esse outro final só tem validade com as cenas que foram deletadas. Digo isso porque Apolo (Luke Evans), por exemplo, tinha suma importância! Para quem viu o filme, sabe que tem uma cena onde Zeus desce do Olimpo para ter uma conversinha com Perseu (Sam Worthington). Originalmente, quem descia era Apolo! Inclusive, se vocês perceberem, a moeda que Zeus dá para Perseu entrar no Mundo Subterrâneo é uma moeda solar: era Apolo, deus do sol, que dava a moeda!

No fim, quando Perseu se lança ao mar para salvar Andrômeda, eles se beijam num boca-a-boca submarino com uma certa química, que dá a entender que eles se aproximariam do final onde eles ficam juntos. Ou seja, nada de trazer a Io (Gemma Arterton) de volta - o que teria até mais sentido se falássemos do release que saiu sobre o possível segundo filme.

Depois, Perseu sobe ao Olimpo com Pégaso e entra no salão dos deuses (alguém aí viu/leu Percy Jackson? Pois é...). Zeus manda todos saírem e os dois discutem sobre a relação homem / deuses. Rola uma tensão com todo mundo achando que vai sair uma porradaria, mas Perseu finca sua espada no meio daquele "chão terrestre" e derruba todas aquelas miniaturas de humanos que os deuses usavam para jogar com a humanidade (quem viu o filme de 1981 entende isso melhor) numa metáfora do tipo "os deuses não nos controlam mais". No filme que saiu nos cinemas, as estátuas são destruídas com a chegada do Kraken, que afeta até o Olimpo.


Aliás, uma das cenas deletadas mostra que o Kraken também enfraquecia os deuses ao fazer com que os humanos tivessem medo deles e não devoção. Todo esse medo é canalizado por Hades que sairia poderoso dessa história... se não fosse Perseu e a Medusa.

Bom... confesso que as cenas divinas que foram cortadas estavam beirando a canastrice, mas acho que a trama seria melhor amarrada. Agora é esperar o próximo com mais liberdade de roteiro para saber o que vão inventar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nammu

Nos mitos sumérios, o mar primevo (abzu ou engur) é representado por Nammu (ou Namma). Ela é uma deusa sem cônjuge, o ventre de auto-procriação do universo, a matéria primordial, a grande mãe de todas as fontes de vida e fertilidade e de todos os deuses, que deu à luz An (o céu) e Ki (a terra). É a deusa que nutre e preserva. Seu nome tem o mesmo símbolo que os sumérios usavam para a palavra "mar", e era também chamada de A Deusa do Mar Doce.

Poderosa e afável, alguns diziam que ela foi à inspiração criativa para a humanidade. Exorcistas recorriam a ela para livrar possuídos do domínio de demônios. Sua representação era de uma mulher nua com cabeça de serpente, amamentando um de seus filhos divinos. Seus ombros largos significavam proteção e um triângulo púbico aludia à fertilidade, à vida.

É importante destacar como era comum encontrar esse tipo de divindade feminina (a força da Grande Deusa) nas mitologias das primeiras civilizações. Por exemplo, Nammu corresponde (e até se confunde em alguns pontos) a Tiamat na mitologia babilônica.

Mudando um pouquinho...

Está difícil manter uma regularidade por aqui... às vezes, os bons ventos me ajudam. Mas vou tentar me compromissar com pelo menos uma postagem por semana. Enquanto isso, percebam algumas novidades... (além do visual, né?)
  • Agora aí em cima temos duas abas (Biblio+Graphos e +Links) que possuem livros e sites que foram usados para fazer as postagens deste site. Anteriormente, estas informações ficavam na lateral do blog e ficavam meio atravancadas e perdidas. Com isso, ganham o devido destaque.
  • Outra modificação é na lupa de Mitologia Africana. No início, era chamada de Mitologia Afro-Brasileira, considerando que muitas lendas africanas se mesclavam nas religiões negras de nosso país. No entanto, também existia a lupa para Mitologia Brasileira, onde estavam as lendas de nosso folclore, mais voltadas para a cultura "indígena". Resolvi, então, renomear tal lupa: a partir de agora, histórias que pertençam tanto a mitologia brasileira quanto a africana receberão as duas tags e serão encontradas pelas duas lupas. Garanto que sua pesquisa ficará bem mais rica.
É válido lembrar que cada postagem nova tem seus links revistos: se uma postagem nova se relaciona com uma postagem antiga, haverá links entre elas, ou seja, a postagem antiga ganhará um link para a nova postagem. Caso mais alguma modificação seja feita, ou até mesmo alguma atualização em um post que já foi escrito, eu avisarei em um post exclusivo, ok?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Min

Min é um deus criador do Antigo Egito adorado como deus da sexualidade e da reprodução. Costumava ser representado com a pele negra segurando seu pênis ereto na mão esquerda e um mangual (ou chicote) na mão direita. Em sua cabeça, uma coroa de penas ou chifres de touro. Seus símbolos eram o touro branco, uma flecha farpada, e uma cama de alface egípcia, vegetal que os egípcios acreditavam ser um poderoso afrodisíaco por ser alta, retilínea e liberar uma substância leitosa quando friccionada (características superficialmente semelhantes as do pênis).

Como um deus da potência sexual masculina, era homenageado durante os ritos de coroação, quando o faraó era esperado para semear a sua semente - geralmente se pensa ter sido sementes de alface egípcia, embora se acredite que o faraó era esperado para demonstrar que ele poderia ejacular - e assim garantir a inundação anual do Nilo. No início da época de colheita, sua imagem era levada para fora do templo e levada para abençoar os campos, enquanto jogos nus eram realizados em sua homenagem. Muitas de suas estátuas e imagens foram destruídas com a chegada do Cristianismo.

Alguns estudiosos encontraram um lado destrutivo do deus, com representações suas carregando um raio (ou flecha farpada), como se fosse um deus da guerra. Mas hoje acredita-se em erro de traduções. Também foi ligado a Khnum por sua força criadora e fertilizadora no Nilo e até mesmo a Horus. Por conta dos rituais orgásticos em seu nome, foi associado a , na mitologia grega.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ananta

Vishnu descansa sobre Ananta rodeado de outros deuses

Segundo os mitos, Ananta era uma gigantesca serpente de várias cabeças que ficava enrodilhada no fundo do mar, onde Vishnu descansava sobre seu corpo. Seu nome significa "infinito" em sânscrito e simbolizava, portanto, a eternidade e a ausência de tempo. Por essa razão, também é dito que Ananta é na verdade um epíteto de Vishnu: o Infindável. Era dito que o fogo de suas várias bocas seria o responsável por destruir o mundo ao final de cada era cósmica.

Ananta era uma das nagas da mitologia hindu. Acreditava-se que as nagas eram uma raça primeva de serpentes antropomorfizadas. Formou-se uma religião muito forte em torno das nagas, ao ponto delas serem consideradas símbolos de sabedoria. É confundida com outras nagas, como Sesha e Vasuki.

Vishnu reclinado sobre Ananta (1780-1790)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Percy Jackson - O último olimpiano

E cheguei finalmente ao último livro da série Percy Jackson & Os olimpianos. O livro é a batalha final do início ao fim, de sua preparação à sua conclusão. Assim como os livros anteriores tinha um "herói-base", neste a história de Aquiles e Tróia são a referência.

O bom desse livro é que ele faz de tudo para não deixar ponta solta. Todas as relações são explicadas (mesmo que demoradamente) e amarradas de forma a fechar esse ciclo e possibilitar um novo, seja com esses personagens ou com outros. O autor faz de tudo para citar praticamente todos os personagens que passaram pela série e - de sobra - termina por caracterizar todos os 12 (13) olimpianos.

Por ser um livro infanto-juvenil, o final chega a ser previsível, com poucas novidades interessantes. A mortal Rachel Dare e os líderes dos chalés ganham destaque. Os deuses entram em combate, mas ficam em segundo (ou terceiro) plano. Ficamos conhecendo alguns outros deuses (chamados de deuses menores) e muitos outros titãs. Nenhum personagem surpreendente dessa vez, mas gostei de como foi escrito o tal "último olimpiano".

O que me incomodou foi a forma como foi tratada a relação entre realidade e mitologia que sempre foi bem resolvida nos livros anteriores. A batalha ocorre em toda a ilha de Manhattan, que é praticamente destruída. Um poderoso monstro devasta parte dos EUA. Tudo isso é transformado em tempestades naturais, enquanto o mundo não sabe o que acontece por causa de alguns "feitiços". Toda hora eu ficava me perguntando: "e os humanos? Como a Névoa modifica isso?". Pra mim, a barra foi forçada.

Bom... no fim das contas, é uma boa série para introduzir adolescentes no mundo da mitologia e da leitura. Pra quem se interessa, clique nos links a seguir para ver as postagens sobre cada livro ou na tag para ver tudo que já foi fala do sobre Percy Jackson por aqui.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Filme hercúleo

É... depois de achar o filão dos quadrinhos, Hollywood realmente resolveu se entremar pelo terreno da mitologia... Parece que o próximo será Hércules. E junta os dois assim como Thor!

O novo filme tenta se afastar de todas as outras versões cinemtográficas anteriores. Ele seria baseado na graphic novel Hercules: The Thracian Wars, que narra a história de um Hércules amargurado, sem família e que encontra em batalhas sangrentas um motivo para viver. Ao longo dos anos, ele se une a seis outros lutadores que rodam o mundo em busca de lutas bem pagas, onde podem liberar seus demônios interiores. Quando o rei da Trácia os contrata para ensinarem o exército real a lutar, eles são obrigados a ver o quanto desceram e o que se tornaram graças à sede de sangue do grupo. Escrita em 2008 por Steve Moore e Admira Wijaya, a HQ já estava na mira de grandes produtoras e o público tem se mostrada receptivo a este tipo de filme nos últimos anos.

Pelo roteiro, teremos pouca mitologia em si e mais porradaria a la 300, algo mais sombrio e realista. Deve haver algum tipo de menção aos famosos trabalhos do herói, já que ele é desenhado coberto com a pele do Leão da Neméia. Se o projeto for pra frente, teremos Hércules na telona em 2014.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Trailer imortal

E a mitologia está com tudo na telona mesmo. Recentemente falei dos novos cartazes para o filme Immortals. Agora, vocês podem ver o trailer:



Totalmente 300, né? E essa capacete do Mickey Rourke (Hipérion)? Bom... pelo menos, dessa vez parece que veremos deuses em ação!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O universo interativo de Thor

A Marvel divulgou um interessante guia interativo para o universo de Thor. Viaje abaixo para Midgard (Terra), Asgard, Jotunheim, a Ponte do Arco-Íris e conheça os personagens do filme através de imagens e clipes. Ao final, você será recompensado com uma imagem inédita do observatório de Heimdall.

domingo, 1 de maio de 2011

Filme dos deuses!


Essa semana aqui no blog foi toda voltada para a mitologia escandinava porque ela culminaria no filme Thor (Thor, 2011) que estreou nesta sexta-feira. Assim, tanto eu quanto os leitores do blog poderiam ter informações bem frescas das lendas que inspiraram a produção.

A primeira crítica que havia lido do filme caía em cima das incongruências mitológicas, dizendo que o filme era só mais um blockbuster de super-heróis. Fiquei meio apreensivo, mas a proposta do filme é adaptar o personagem mitológico dos quadrinhos Marvel (criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby, em 1962) e não a divindade escandinava. Nada que me impedisse de ir ao cinema para ver mitologia e quadrinhos: três das coisas que mais gosto nessa vida! Então... vamos lá! Será difícil omitir alguns detalhes do filme que são fundamentais, portanto, preparem-se para alguns spoilers.

Frigg e Sif

  • Jane Foster não era uma cientista nas HQS, mas uma enfermeira. A idéia era colocar uma mulher que ajudava pessoas doentes ensinando a humildade necessária a Thor. Mas a transformação dela em astrofísica caiu como uma luva nos objetivos do filme e de suas continuações.
  • Donald Blake, o ex-namorado de Jane Foster no filme, é, na verdade, o alter ego de Thor na Terra dos quadrinhos. Quando ele é banido por Odin e perde seus poderes, ele tem sua alma fundida ao terráqueo e seu martelo Mjolnir se transforma em uma begala. Ao bater a bengala no chão, Don vira Thor com todos os seus poderes e martelo.
  • A questão sanguínea de Loki está nas HQs e na mitologia, mas ficar azul-Avatar é novidade. Provavelmente para dar um chamariz visual ao filme.
  • O sono de Odin do filme é muito rápido. Nos quadrinhos, é bem longo. Aliás, foi uma premissa repetida para as aventuras do herói, uma vez que, durante o descanso do Todo-Poderoso, todos os inimigos queriam atacar Asgard. Desconheço esse sono na mitologia. Pesquisarei quando falar sobre o deus.
  • Esperava um Volstagg bem mais obeso. E a Marvel já conseguiu deixar um ator forte bem gordo em seus filmes (veja o Blob de Kevin Durand no filme Wolverine). Pelo menos a fome compulsiva aparece em um dos momentos do filme.
  • Fandral (Josh Dallas) está ótimo... mas Hogun (Tadanobu Asano) asiático? E com sotaque??? Essa cota racial politicamente correta gerou uma discussão intensa no momento que escalaram o ator negro Idris Elba para fazer Heimdall. Se a mitologia é NÓRDICA, como ter asiáticos e negros entre suas divindades? A melhor explicação dada é que deuses estão além da cor da pele, assim como Jesus não seria branco europeu por ter nascido numa área predominantemente árabe. Tá... com Heimdall funcionou, porque Idris Elba segurou as pontas do personagem. Mas Hogun não.

Hogun, Fandral, Vostagg e Heimdall
  • O post de ontem sobre Yggdrasil e os nove mundos vale a pena ser lido antes do filme. Dá uma boa contextualizada. Inclusive é o momento do filme onde Thor diz que tecnologia e magia se unem, mas na verdade é uma explicação para juntar o deus com o Homem de Ferro no vindouro filme d'Os Vingadores. Aliás, o que realmente parece unir tecnologia e magia no filme é Bifrost, a ponte dimensional do filme que é aberta pela espada de Heimdall e pode levar qualquer um pra qualquer lugar. Bom... Bifrost é a ponte que leva de Asgard a Midgard e só. Heimdall é só o sentinela que a tudo vê e ouve. Jotunheim e os outros reinos eram alcançados por meio de longas jornadas, tanto na mitologia quanto nas HQs. Entendo que a necessidade de adaptação transformou a ponte - que, por sinal, ficou bem interessante num acrílico furta-cor, mesmo que sua representação seja a de um arco-íris mesmo.
  • Os gigantes do gelo azuis não são referência pra mim. Que eu saiba tanto na mitologia quanto nos quadrinhos, eram de pele alva. A idéia de armas de gelo foi muito boa, considerando que as representações de barbas e cabelos sempre eram congeladas.
  • A armadura Destruidor é das HQs. Sempre muito poderosa foi muito bem representada na telona. Assutadora. E aquela girada que ela dá na Sif (Jamie Alexander) foi de tirar o fôlego!
  • Ver Sleipnir (o cavalo de oito patas de Odin) e Caixa do Inverno Eterno foi um brinde extra inesperado por mim. Um brinde mitológico... porque também teve o brinde quadrinístico na pele do Gavião Arqueiro (o agente Barton e fica com uma flecha apontada para Thor numa parte do filme).

Laufey, rei dos gigantes de gelo, a armadura Destruidor e Loki com a Caixa do Inverno Eterno.
  • A beleza dos cenários de Asgard no filme impressiona. Os céus são incríveis! Até Jotunheim (que alguns momentos parece mais Niflheim) ficou bem feita. Mas acho que eles gastaram tanto nesses cenários construídos digitalmente que os cenários “reais” são de filme B.

Asgard, Bifrost e Jotunheim
  • Não gostei muito da edição do filme. Achei os cortes muito óbvios e duros. Alguns momentos parecem corridos demais. No entanto, todas as cenas fazem sentido para a história. Assim como Odin, o diretor Kenneth Branagh parece ter um propósito por trás de todas as cenas.
  • Natalie Portman deu uma entrevista logo após seu merecido Oscar por Cisne Negro (Black Swan, 2010), falando que fazer este filme foi a salvação de sua vida, pois ela estava nos primeiros meses de sua gravidez e completamente travada emocionalmente depois da intensidade da bailarina que protagonizou. E ela faz bem a doçura a Jane Foster. Nada demais. Aliás, nenhuma atuação merece destaque, mesmo com as presenças de Anthony Hopkins (Odin) e Rene Russo (Frigg). Talvez o britânico Tomas Hiddleston que faz Loki. Quem conhece o personagem sabe que a cara de cínico que o ator emprega é perfeita! É possível ver toda a fragilidade psicológica do deus.
  • Mas... cá entre nós... Chris Hemsworth é Thor! Em gênero, número e grau! Quase como Robert Downey Jr. é Tony Stark no Homem de Ferro (Iron Man, 2008). Sua cena principal é quando não consegue reerguer o martelo e depois se desculpa com Loki. O praticamente-estreante-em-Hollywood deu conta do recado.

Thor arrogante e Thor frustrado.
  • Darcy (Kat Dennings) foi escalada para ser o alívio cômico. Até consegue... mas, pra mim, a melhor piada esta na referência cruzada dos asgardianos na Terra com personagens da ficção: Xena, Robin Hood...
  • Interessante como americano é bobo. Falar "eu te amo" é quase pedir em casamento. Um beijo na boca é a chave para todo o amor do mundo. E beijar a mão de uma mulher, deixa até Natalie Portman com cara de idiota! Americanos tem problemas sérios.
  • Vi 2D mesmo... 3D não presta! É palhaçada pra vender ingresso mais caro e você fica perdido procurando tridimensionalidade ao invés de se preocupar com a história. Ah... e fiquem até o final! Tem uma ceninha importante para o filme d'Os Vingadores no pós-créditos!

É isso. Fiquei feliz com a película porque ela faz o possível para respeitar o público de cinema, o de quadrinhos e o de mitologia. Vale o ingresso! Pra mim, vale o DVD na estante com certeza!

PS.: Pra terminar: alguém tem aí um Mjolnir pra me dar? Não sei se sou digno, mas o martelo é muito legal, não?