Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.
Não poderia deixar de citar aqui o grande Joseph Campbell, pesquisador de línguas, mitologias e religiões. Seus estudos são referência. Seu exaustivo trabalho de quatro volumes
As Máscaras de Deus (Mitologia Primitiva, Mitologia Ocidental, Mitologia Oriental e Mitologia Criativa) cobre a mitologia através do mundo, da mitologia antiga à moderna, focando nas variações históricas e culturais do monomito*. Já
O Herói de Mil Faces foca nas idéias elementares da mitologia. Em outras palavras, enquanto que
O Herói de Mil Faces baseia-se principalmente na psicologia,
As Máscaras de Deus baseia-se mais na antropologia e história.
As idéias de Campbell fizeram sucesso nos anos 70, quando se tornou um ícone para os hippies que pregavam o compromisso social com tolerância e respeito ao outro e paz como metáfora religiosa e elemento de ligação entre o ser e o mistério. Não por acaso, Campbell é o autor que inspirou George Lucas na saga
Guerra nas Estrelas – e o ponto culminante do primeiro filme, quando Luke Skywalker vai destruir a Estrela da Morte e os equipamentos falham, é a “voz da consciência” do herói que pede que ele não acredite nos aparelhos (assim como não deveríamos acreditar nas histórias míticas ou no que diz qualquer pretenso salvador) e acredite em si mesmo. As histórias mitológicas deveriam servir como metáforas para nossas vidas. Mas o poder de alguns homens sobre as religiões subverte essa dinâmica.
Após sua morte, a
Fundação Joseph Campbell mantém os estudos e a preserva seu trabalho.
* Monomito é o conceito da "jornada do herói" criado por Campbell. Para ele, todos os mitos seguem uma estrutura dividida em três grandes seções: Partida, Iniciação e Retorno. O termo foi cunhado por James Joyce, autor preferido de Campbell.