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domingo, 16 de novembro de 2025

Príapo

O deus conhecido por seu enorme pênis tem a paternidade questionada. Dizem que era filho de Afrodite com Zeus, Hermes, Adônis ou (por isso, ele é representado muitas vezes como um sátiro), ou de Dionísio com uma náiade. Porém, o mais comum é indicá-lo como filho de Afrodite com Dionísio.

Diz-se que Afrodite cedeu aos abraços de Dionísio, mas durante a expedição do deus à Índia, tornou-se infiel e viveu com Adônis. No retorno vitorioso de suas batalhas, Dionísio foi recebido ardorosamente por Afrodite, que logo o abandonou novamente. Ela foi para Lâmpsaco, no Helesponto, para dar à luz. Hera, insatisfeita com a conduta da deusa (e vingativa pela derrota no julgamento de Páris), deu um soco no ventre da deusa (outros dizem que ela lançou uma maldição) e fez com que a criança nascesse com extrema feiúra e genitais incomumente grandes, sendo visto como uma deformidade*. Com medo de que seu filho e ela própria fossem ridicularizados pelos deuses, Afrodite abandonou-o numa alta montanha, onde foi encontrado e criado por ninfas e pastores.

* Vale lembrar que na sociedade grega, pênis pequenos eram usados nas estátuas para representar controle dos instintos e civilidade, enquanto, pênis grandes e eretos representavam descontrole emocional e animalidade.

Durante seus anos de formação, entrou em contato com o grupo fervoroso de Pã, um bando de sátiros e ninfas conhecidos por seu comportamento animalesco e exibicionismo sexual descarado. Por conta de sua libertinagem e desregramento, tornou-se objeto de terror e repulsa na cidade de Lâmpsaco. A região foi tomada por uma epidemia e os habitantes viram nisso uma retaliação por não terem dado atenção ao filho de Afrodite. Fizeram rituais (dizem que virgens sentaram em falos gigantes de pedra) e pediram que ele ficasse entre eles.

Himeneu disfarçado de mulher durante um ritual a Príapo (óleo sobre tela de Nicolas Poussin, 1638).

Mesmo sem ter tido filhos e estudiosos dizerem que ele era infértil por conta de sua condição física, há motivos para crer que ele era considerado o promotor da fertilidade tanto da vegetação quanto de todos os animais ligados à vida agrícola. Era venerado como protetor dos rebanhos de ovelhas e cabras, das abelhas, dos vinhedos, de toda a produção hortícola e até mesmo da pesca. Como outras divindades que presidiam as atividades agrícolas, acreditava-se que ele possuía poderes proféticos, sendo por vezes mencionado no plural.

No entanto, Príapo não era considerado uma divindade importante na Grécia até tempos muito tardios – durante o período macedônico, por volta do século 4 a 2 a.C. Os primeiros poetas gregos, como Homero, Hesíodo e outros, por exemplo, não mencionam essa divindade. Estrabão afirma expressamente que foi apenas em tempos posteriores que ele foi honrado com culto divino, e que era adorado na região onde teria nascido, sendo chamado de Helespontíaco.

Ovídio escreveu sobre o quase estupro de Vesta (Héstia) pelo lascivo Príapo. A deusa teria caído em um sono profundo após um banquete no Monte Ida oferecido por Cibele. O deus a atacou, mas um jumento começou a zurrar sem parar e o espantou. O episódio fez com ele passasse a odiar os jumentos, amaldiçoando-os com sua natureza lasciva que permaneceria nesses animais.

Outra lenda conta que Príapo se apaixonou por Lótis, uma ninfa, filha de Poseidon. Desesperada com os cortejos do deus que considerava um monstro libidinoso, implorou aos deuses por ajuda e acabou transformada em uma árvore.

Por mais que Príapo desejasse e tentasse, nunca conseguia satisfazer seus desejos. Até que um dia, sua ereção não cedeu e ele não conseguia andar com seu pênis tão grande endurecido. Pã o carregou e o colocou na entrada da floresta como uma espécie de guardião. Sempre que visitantes indesejados passavam por ali, Príapo levantava sua túnica, mostrava seu membro e os espantava.

Por essa razão, estátuas de Príapo tornaram-se muito populares para guardar portões, propriedades, encruzilhadas e pomares. Era esculpido, principalmente, na forma de hermas (bustos sobre um pilar quadrado de pedra), com genitais eretos muito grandes (usualmente em relevo), carregando frutas em sua vestimenta, usando uma coroa de folhas de vinha (ou louro) e uma foice ou cornucópia na mão. Acreditava-se que os transeuntes deveriam “acariciar o pênis” para dar sorte. Sobre o monumento colocavam também cabeças animais (inclusive de jumentos) que os habitantes lhe ofereciam em sacrifício, assim como mel, leite, bolos e frutas.

Lendas áticas associam Príapo a seres sensuais e obscenos – conhecidos como Conisalo (“o lascivo”), Orthanes (“o ereto”) e Ticonde (“o produtor”, “o frutificador”) – que caminhavam pela corte de Afrodite.

As hermas de Príapo na Itália eram geralmente pintadas de vermelho (cinábrio ou zarcão), razão pela qual o deus é chamado de Ruber ou Rubicundus. Também foi confundido pelos italianos com Mutunus (Tutunus ou Mutinus/Tutinus), o falo que personificava o poder frutificador na natureza e o mais poderoso repelente de demônios e de todo o mal resultante do orgulho e da arrogância. Um Mutunus público, isto é, um falo marcado na parede, afastava o mal da cidade de Roma e da república. Tinha um santuário na parte alta de Velia, que existiu até a época de Augusto, quando foi transferido para fora da cidade. Foi muito popular em Pompeia, onde existia a crença “goze enquanto pode, pois a vida é muita curta” e, portanto, vivia a sexualidade de forma livre e natural.

Curiosidades

Priapismo é uma condição médica geralmente dolorosa e potencialmente danosa na qual o pênis ereto não retorna ao seu estado flácido, apesar da ausência de estimulação física e psicológica. A ereção dura em média 4 horas, e pode levar à impotência sexual definitiva. É uma emergência médica e o recomendando é procurar atendimento de emergência prontamente.

Priapeia é uma coleção de 95 poemas latinos sobre assuntos referentes ao Príapo. Foram compilados por um editor desconhecido a partir de obras literárias e inscrições nas esculturas do deus (epigramas)

Vários gestos manuais que representavam o ato sexual foram associados à sorte e ao afugentar o mau olhado por conta de Príapo, como, por exemplo, cruzar os dedos (sobrepor os dedo médio sobre o dedo indicador), dar uma banana (segurar o bíceps e flexionar o braço com o punho fechado), fazer a figa (colocar o polegar entre os dedos) e levantar o dedo médio (símbolo fálico) ou mesmo o polegar (símbolo de positivo). Depois que a Igreja Católica foi aceita no Império Romano, começaram os tabus e o puritanismo a respeito da sexualidade humana.

No entanto, desde 1979, em Montreal, Canadá, existe o Templo do Príapo Sagrado, com seguidores que acreditam que o falo é a fonte da vida, da beleza, da alegria e do prazer. Os rituais envolvem masturbação e sexo entre homens.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Príapo

Deus da fertilidade, Príapo era filho de Afrodite e, segundo as lendas, de Hermes, Dionísio ou Zeus. Quando o príncipe troiano Paris escolheu Afrodite como a mais bela deusa, ela estava grávida de Príapo. Enciumada porque Paris não a escolhera, Hera usou de mágica para deformar o bebê no ventre de Afrodite, fazendo com que fosse feio e mal-humorado. Os deuses o atiraram na terra, onde se tornou companheiro de . Sua luxúria era tanta que mal podia se mover. Uma vez tentou conquistar a virginal Héstia, que, com ajuda de um asno, conseguiu escapar.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Krampus (Perchta)

O Krampus ("garras") é um ser mítico maligno muito conhecido das populações das aldeias e cidadezinhas dos Alpes, que também habita a imaginação germânica. Apesar de muito antigo e limitado geograficamente aos Alpes, sua influência afeta alguns costumes natalinos: ele seria o contraponto do Papai Noel. Portanto, ao invés de dar presentes, Krampus invade as casas e leva as crianças que foram más, mentiram e fizeram pirraça! Dependendo da tradição local, ele enfia as crianças em um saco e as afogoa em um rio, ou as devora ou as leva direto para o inferno.

Ele também aparece lado a lado com São Nicolau: enquanto um distribui presentes às crianças, o outro às pune. Dependendo do lugar, limita-se a deixar pedaços de carvão em vez dos presentes, ou uma vara como aviso de que, se não melhorarem de comportamento, o ajudante diabólico de São Nicolau virá castigá-los. Isso servia como um freio social, como um lembrete de que as crianças precisam ser boazinhas e comportadas para ganharem presentes de Natal. Também ajuda a manter o maniqueísmo que equilibrava as forças do bem e do mal.


Sua aparência é bem diabólica, uma figura antropomórfica híbrida de demônio com bode, ficando com chifres e cascos no lugar dos pés, além da longa língua vermelha. Carregava correntes e galhos para assustar as crianças e se vestia com trapos. Por volta de 1890, sua imagem começou a aparecer nos cartões de Natal acompanhando São Nicolau, normalmente com os dizeres Gruss vom Krampus (saudações de Krampus) ou Brav Sein! (Comporte-se!).

Na verdade, Krampus é a inserção nas festividades natalinas cristãs de uma divindade pagã conhecida na região alpina: Perchta, que aparecia na forma de uma sedutora belíssima, branca como a neve, ou como um demônio em trapos. A ela cabia a vigilância dos animais no início do inverno e a visita às casas para se certificar de que a fiação da lã estava sendo feita corretamente. Já no século IV da nossa era, o Papa Gregório permitiu que esse personagem pagão fosse incorporado às festividades desde que fosse rebatizado. Bartl, Schmutzli (Sujo, na Suíça) Ruprecht e Knecht Ruprecht (Ruperto ou Servo Ruperto, na Alemanha) são alguns dos muitos outros nomes de Krampus. O demônio também está relacionado ao grego e ao celta Cernunnos.

Durante as primeiras duas semanas de dezembro (começando na noite do dia 5 de dezembro, um dia antes do Dia de São Nicolau), jovens rapazes das regiões da Baviera (sul da Alemanha) – e também da Áustria, República Tcheca, Hungria, Croácia e algumas cidades do norte da Itália – se vestem como o horrendo Krampus, enchem a cara e saem às ruas para assustar as crianças, às vezes batendo nelas com ramos de bétula. Para acalmar o Krampus, ele ganha uma dose de schnapps, a aguardente típica da região.