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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Tulungusaq

Tulungusaq (Tulungersak) era o deus inuíte da criação. Transformou-se num corvo e voou de sua casa no céu para fazer a terra seca. Enquanto vagava pela terra, fez uma figura alada igual a si próprio com argila, mas, por ser muito irriquieta, Tulungusaq a atirou no vazio, onde se transformou em um espírito mau. Refez a figura sem as asas e, assim, criou o homem. Em seguida plantou ervas, flores e criou os animais. Por fim, fez a mulher para ser a companhia do homem.

Disfarçado como humano, Tulungusaq ensinou à humanidade como usar os animais, pescar, fazer fogo e cuidar das crianças. É também conhecido como Pai Corvo.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Byelobog e Chernobog

Desde os primeiros tempos, pares de deuses opostos – bem e mal – são comuns na mitologia eslava. Um dos mais antigos é o par formado por Byelobog e Chernobog. Vestido de branco, Byelobog, que era a força do bem e da criação, estava sempre em conflito com Chernobog, senhor do mal e da destruição, sempre de preto.

Essa dupla pode ter chegado ao mundo eslavo da Ásia Ocidental e é semelhante a Ahura Mazda e Angra Mainyu, da Pérsia.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Napi

Napi era o deus criador da tribo Blackfoot (os Pés-Pretos), cujo nome significa “homem velho”. Tendo feito o mundo e os primeiros homem e mulher do barro, é dito que Napi se retirou para dentro de uma montanha, prometendo retornar no futuro. Enquanto isso, ele foi substituído por Natos, o deus-sol.

Em outras histórias, Napi é um deus trapaceiro capaz de grandes crueldades contra a humanidade. Uma lenda conta que, quando a primeira mulher perguntou a Napi se a humanidade viveria para sempre, Napi jogou um pedaço de madeira num rio, dizendo que, se a madeira flutuasse a morte viria em quatro dias; se afundasse, a morte seria o final. A madeira flutuou, mas a mulher pegou uma pedra, dizendo que, se a pedra flutuasse, eles viveriam para sempre; se ela afundasse, eles morreriam. A pedra afundou, e a morte é agora o final.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Mawu e Lisa

O povo Fon, do Benin, acreditava que o deus da criação Nana Buluku era também chamado de Mawu-Lisa, que poderia ser, na verdade, a divisão de seus gêneros ou os nomes de seus filhos gêmeos, Mawu e Lisa. Nana Buluku teria se retirado após a criação, deixando o controle do mundo a cargo de seus filhos.

Mawu, deusa da lua, vivia no oeste e regia a noite; Lisa, o deus-sol controlador do dia, vivia no leste. Durante um eclipse, eles se encontraram e geraram outros sete pares de deuses-gêmeos, entre eles os que governam a terra, as tempestades, o ferro e o mar. Cada par tem sua língua, conhecida só por ele e seus sacerdotes.

domingo, 25 de junho de 2017

Amma

O deus supremo dos povos Dogon de Mali, na África Ocidental, fez o Sol, a Lua, as estrelas, sendo o responsável pelos céus e pelas chuvas. Amma ficou só e se acasalou com a Terra. O primeiro filho foi Ogo (ou Yurugu).

Da segunda gestação, vieram os perfeitos gêmeos divinos, Nommo (ou Nummos), que se tornaram água e luz, a força vital do mundo. Eles acreditavam que as pessoas que nascessem sem um par ficavam com personalidade desequilibrada, como o chacal. Dali em diante, pediram para Amma criar o primeiro homem e a primeira mulher como almas gêmeas, para que todos fosse equilibrados.

O primeiro casal teve mais quatro pares de gêmeos, os antepassados dos Dogon, que roubaram de Amma macho e fêmea de cada animal do Céu e uma amostra de todas as plantas. Tudo foi colocado em uma pirâmide gigante que deslizou até a Terra em um arco-íris. O fogo foi trazido por uma linha presa à pirâmide e ao Sol.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Coatlicue

Coatlicue era a criadora da terra e da humanidade. Alimentava-se de cadáveres humanos, além de governar o fogo e a primavera. Era a esposa do deus da guerra Mixcoatl, com quem teve quatrocentos filhos (as estrelas do hemisfério sul) e uma filha, Coyolxauhqui, a lua.

Um dia, enquanto varria sua casa – que era Tula, a montanha das serpentes –, a deusa foi engravidada por um punhado de penugem de beija-flor, e seus filhos a decapitaram para puni-la por aquela aparente desonra. Mas Huitzilopochtli, o deus-sol, irrompeu armado do corpo da deusa e matou os irmãos e a irmã, transformando-se assim o dia em noite. Essa batalha épica era celebrada regularmente no grande templo em Tenochtitlan (atual cidade do México), onde as mulheres eram jogadas degraus abaixo até morrer, em memória da morte da deusa.

Uma grande estátua de Coatlicue, que originalmente ficava no grande templo, confirma a aparência assustadora e odiosa da deusa. Seus pés eram enormes garras e ela vestia uma saia de cobras. Os seios, grotescamente caídos, estão entre um medonho colar de mãos e corações humanos cortados, com um crânio como pingente. Treze cordões de ouro decorados com caracóis caem pelas costas da deusa, simbolizando o céu mítico. No lugar da cabeça e das mãos, cobras trêmulas emergem da sua garganta cortada e dos pulsos, e duas enormes serpentes de sangue contornam sua face.

sábado, 1 de outubro de 2016

Yu Huang Shang Ti

Durante a dinastia Shang (1500 a 1050 a.C.), o deus mais poderoso do panteão chinês era Yu Huang Shang Ti (Shang Di). Como divindade suprema, ele eclipsava o sol, a lua e a terra com seus poderes e reinava nos céus como um governante dinástico. Controlava as forças naturais celestes: o trovão, os relâmpagos, o vento e a chuva. Acreditava-se que teria criado o universo a partir do caos e atuava como seu princípio unificador.

Mantendo-se afastado das vidas humanas, era uma inteligência abstrata controladora sem presença física, e por isso as imagens deste deus são raras. Os primeiros missionários cristãos que chegaram à China consideraram Yu Huang Shang Ti próximo a seu deus único e supremo.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Welsit Manatu

O criador do povo lenape é Welsit Manatu ("espírito bom"). Ele fez tudo o que há no mundo: criou a Terra do barro, formou os humanos e plantou ervas úteis para o povo comer e usar como remédio. Também ajudou as pessoas matando ou transformando seres nocivos. Por exemplo, reduziu o enorme esquilo que comia gente a um tamanho pequeno. Seu trabalho é desfeito pelo cruel Mahtantu, que criou plantas venenosas e morcegos.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ometeotl

Criador supremo na mitologia asteca, Ometeotl morava na parte mais alta do paraíso, Omeyocan (Lugar da Dualidade). Ele assumia várias formas, inclusive uma encarnação dupla: Ometecuhtli (homem) e Omecihuatl (mulher). Esse casal primevo produziu os quatro grandes deuses criadores astecas: Tezcatlipoca, Huitzilopochtli, Xipe Totec e Quetzalcoatl.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ataensic

A primeira ancestral dos povos Iroquois e Huron das florestas orientais norte-americanas. Ela é filha do Povo dos Céus – deuses que desceram à Terra – que morreu dando a luz aos gêmeos, Hahgwehdiyu e Hahgwehdaetgah. Seu corpo foi usado por Hahgwehdiyu para criar a Terra. Ela é considerada tanto a Mulher do Céu quanto a Mãe Terra.

sábado, 20 de junho de 2015

Nzambi

Nzambi é o deus-sol do povo bacongo, no Zaire. Em Angola, Nzambi era reverenciado como deus criador.

Fonte de bondade, governa e sustenta o universo, “a maravilha das maravilhas”. Protege e dirige os homens, vinga injustiças e mostra-se gentil com todos, até mesmo com os mais destituídos de boas maneiras. É também o supremo juiz após a morte. O deus-sol, por ser inacessível, não tem culto.

Segundo uma lenda, Nzambi criou o primeiro casal mortal e deu-lhe a inteligência. No início, esse casal era um ser andrógino com forma de uma palmeira e depois se separou em dois. Por essa razão, frequentemente o casal é esculpido em madeira, com rosto feminino e seios de um lado do corpo, e barba do outro.

Outra lenda diz que uma vez Nzambi caiu do céu e morou na terra, mas depois ficou com medo dos homens e voltou ao céu, subindo por uma teia de aranha.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Papa e Rangi

Os dois deuses supremos da criação maori são o casal Papa e Rangi, a terra e o céu. Rangi tomou Papa num forte abraço no começo do tempo. Os outros deuses que ficaram encurralados dentro do ventre de Papa forçaram a separação entre os dois (ver Tane). Rangi ficou arrasado com a separação e suas lágrimas caíram sobre a terra na forma de chuva. A carne de Papa se tornou vermelho-sangue, enquanto os deuses fugiam e espalhavam a vida por toda superfície terrestre.

domingo, 17 de maio de 2015

Amotken

Amotken, o deus criador dos selish na costa noroeste norte-americana, é muito velho, sábio e gentil. Zela pelo bem estar da humanidade. Ele criou o paraíso (onde mora sozinho), a Terra, e o Subterrâneo - todos os três sustentados por um gigantesco poste.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Chuku

O supremo criador do povo ibo foi o deus chamado Chuku (Grande Espírito). Ele teria enviado um cão à terra com a tarefa de dizer às pessoas que, quando alguém morresse, deveriam pôr o corpo do morto no chão e salpicá-lo com cinzas. Assim, a pessoa ressuscitaria. Porém, o cão foi muito lento, de modo que Chuku mandou uma ovelha. Mas a ovelha não entendeu direito o recado e disse às pessoas que enterrassem seus mortos. E foi assim que a morte chegou ao mundo.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Haja criação!

Em um dos módulos do curso que estou fazendo no Instituto Atena, falamos sobre os mitos de criação. Por essa razão, fiz uma rápida pesquisa neste blog e vi que já tinha 39 postagens marcadas como criação. Dentre livros e postagens gerais, temos mais de 30 histórias, sendo que são 20 as civilizações aqui abordadas. Com isso em mente, fiz uma varredura nessas postagens e percebi o que já estava tendo certeza no curso.

A maioria das civilizações antigas sofria alterações em suas mitologias por conta de forças geopolíticas ou conquistas. Um dos casos mais claros é o Egito. Cada momento da antiga história egípcia, uma cidade esteve no poder e cada uma delas tinha um deus supremo. Nesses momentos, os deuses principais iam sendo amalgamados numa força única: Amon, Atum e são descritos como um só e até seus nomes são unidos.

Outro caso interessante é dos maias. Quando estive em Chichen Itzá (aliás... não falei sobre a viagem aqui e ninguém me cobrou!), fiquei sabendo que a civilização maia original era pacífica com uma mitologia voltada para os astros e para a agricultura. Depois de conquistados pelos olmecas, a cultura guerreira teria levado aos maias os rituais de sacrifício e sangue. Isso alterou profundamente a mitologia maia.

É possível que, no futuro, essas postagens sofram alguma alteração por aqui também.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Aditi

Brahma e Aditi (ilustração do séc. XIX)
Aditi (ou Aditya) é a Grande Mãe do Céu, o inconsciente, o passado e o futuro, o infinito visível, o que existe no espaço sem fim acima da terra, além das nuvens, acima dos céus. Seu nome significa "sem limite" e está associada às vacas sagradas indianas.

Era uma força que sustentava e dava vida, venerada como a mãe dos deuses, do sol, da lua, da noite e do dia (dos Devas e dos Adityas), mas não tinha uma forma física definida. Deusa da fertilidade e da maternidade, teve 12 filhos deuses, um para cada mês do ano (entre eles, Surya). Alguns diziam que ela era a força cósmica criadora, associando-a ao Big Bang.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Nefertum

Na mitologia egípcia, Nefertum (ou Nefertem) era uma divindade primeva da cidade de Mênfis, deus solar dos perfumes. Seu nome poderia ser traduzido como "o Todo ressurgiu" ou "o recém-surgido é completo". De acordo com um mito de criação antigo, Nefertum teria surgido do oceano primevo sobre um botão azul de lótus, tornando-se "aquele que traz a luz", o primeiro raio de sol.

Acredita-se que Nefertum possa ser a criança que, ao amadurecer, se torna o deus . Ou, então, seria a flor sobre o nariz desse deus, perfumando e iluminando seus caminhos. No Livro dos Mortos está escrito:
Levanta-te como Nefertem do lótus azul, para as narinas de Ra, o deus solar criador, e saia no horizonte a cada dia.
Alguns egiptólogos acreditam que a influência do deus foi reduzida posteriormente, e ele teria se unido a Horus para formar uma única divindade solar.

Na cosmogonia de Heliópolis, o deus era associado a Atum, sendo visto como a manifestação deste deus quando criança que saiu da flor de lótus que apareceu no monte primordial que emergiu das águas. De acordo com o relato, as lágrimas derramadas por este menino deram origem à humanidade. O nome nefer-tum seria "belo Atum".

Já no Delta do Nilo, ele seria o filho original de Wadjet, uma deusa-serpente que assume a forma de leão.

Pertence a uma tríade junto a seu pai Ptah e sua mãe Sekhmet, a deusa-leoa. É representado por vezes com uma cabeça de leão ou como um jovem sentado sobre uma flor que desabrocha. Veste uma coroa em forma de lótus, ornada por duas plumas e dois colares, símbolos de fertilidade. Por vezes ele próprio está sobre um leão inclinado, carregando um sabre. Foram encontrados diversos amuletos com a figura do deus.

É considerado patrono da artes cosméticas, das flores curativas (inclusive dos narcóticos e afrodisíacos) e da aromaterapia. Por ser o raio de sol de todas as manhãs, também era associado ao renascimento e, portanto, patrono de vários ingredientes utilizados no processo de mumificação.

A lótus azul (Nymphaea caerulea)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ciranda Coraci

A criação do mundo "indígena" é recriada repleta de cor e movimento na HQ Ciranda Coraci (Ed. Nemo, 2011), através de um texto poético de Wellington Srbek e das belíssimas imagens de Will.

Coraci (o sol) é o fio condutor da história. Jaci (a lua) obviamente aparece, mas com uma história diferente.

É um livro com aplicação escolar sem um tom didático, mesmo que nele a escola passe a ser um personagem da trama, já que o narrador conta a história para alunos em uma sala de aula.

Aprendi coisas bem bacanas como a representação do "Criador de Todas as Coisas" e a sombra abandonada de Coraci. Aliás - que eu saiba - Coraci é também chamado de Coaraci, mas investigarei melhor quando falar especificamente da divindade solar do nosso Brasil.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ukko


Na mitologia finlandesa, Ukko (ou Uku) é o deus do céu que controla o clima e a fertilidade das colheitas. É pai de Ilmatar, a deusa do ar e da criação. É também chamado de Ylijumala, o alto deus, por preceder todas as coisas. Também era responsável por boa sorte nas caças.

Ele faz todas as suas aparições em mitos unicamente por efeitos naturais, quando solicitado. Sempre que dormia com sua esposa Akka ou dirigia sua carruagem celeste, acontecia uma tempestade. Inclusive, a palavra finlandesa para tempestade é ukkonen. Equivale a uma mistura de Zeus (grego) e Odin (escandinavo). No Cristianismo, foi sincretizado ao próprio Deus.

Dizia-se que ele era a fonte de uma misteriosa bebida celeste, um líquido doce como o mel porém com propriedades adesivas (hidromel). Sua arma era um martelo em forma de barco chamado Ukonvasara, mas também era representado como um machado ou um machado, sempre simbolizando os raios. Um víbora serpenteando como um raio era um símbolo do deus.

sábado, 21 de abril de 2012

Wakan-Tanka

Para o povo Lakota, Wakan-Tanka (Grande Mistério ou Grande Espírito) era uma poderosa força criativa que vivia na escuridão (Han). Sentindo-se solitário, decidiu criar companheiros a partir de si mesmo. Sua primeira criação foi a rocha (Inyan). Com a rocha, criou a Terra (Maka). Em seguida, Wakan-Tanka cruzou com a Terra e gerou os céus (Skan). Misturando a Terra, os céus e a rocha, criou o Sol (Wi).

Por conter em sua essência a força criativa de Wakan-Tanka, essas quatro divindades elementais criaram outros a partir de si mesmos: a Lua (Hanhepi-Wi), o Vento (Tate), o Trovão (Wakinyan) e a Mulher-Búfalo Branco (Wohpe). Por sua vez, esses quatro se espalharam na criação do Tufão (Yumni), do Búfalo (Tatanka, e os seres de quatro pernas), do Urso (Hununpa, e os seres de duas pernas) e das Quatro Direções (Tate tob). Juntos, todos criaram as quatro partes da alma: o sobrenatural (Tonwan), o intelecto (Sicun), o sopro de vida (Niya) e o espírito da morte (Nagi).

Acredita-se, então, que Wakan-Tanka está em tudo, pois sua força foi se dividindo progressivamente por toda a criação. Tudo tem wakan. O termo também é utilizado para simbolizar o panteão de deuses em geral. Os xamãs tentam canalizar a energia de Wakan-Tanka para o bem do mundo. É também chamado de Wakanda ou Wakonda.