sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pan Ku

As forças subjacentes a tudo o que existe no universo chinês são o Yin e o Yang. São opostos, mas coexistem num delicado equilíbrio: mutuamente dependentes, mas complementares. E eles estavam contidos dentro de um ovo cósmico gigantesco que chocava no vazio caótico primordial, junto a Pan Ku. Com um machado, Pan Ku quebra o ovo ao meio: o leve Yin eleva-se e forma os céus com parte da casca e o pesado Yang afunda com a outra metade e se torna a terra.

Por 18 mil anos, trabalhou na criação, usando martelo e formão, ajudado apenas por um dragão, uma fênix, um unicórnio, um tigre e uma tartaruga. Ao morrer, tudo que era Pan Ku mesclou-se ao novo mundo:

  • seu hálito transformou-se no vento;
  • seus olhos, no sol (esquerdo) e na lua (direito);
  • sua voz, o trovão;
  • seu corpo, os relevos;
  • seu sangue, os rios;
  • seus pelos, a vegetação;
  • seus ossos, as rochas;
  • seu suor caiu como chuva; e
  • todos os seres de seu corpo - de bactérias a pulgas - povoaram a terra como animais e humanos.
O então considerado ser primordial chinês é também chamado de Pan Gu. Também é comparado a Hoen-Tsin, o caos primordial que gerou o ovo cósmico, mas parecem ser seres distintos. De acordo com um mito chinês, Hoen-Tsin cresceu 30km por dia durante 11,5 mil anos, até que ficou maior do que universo e morreu. Sua morte teria sido o estopim para Pan Ku quebrar o ovo cósmico.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Panteões

Cada mitologia tem um panteão, um conjunto de divindades. Deuses e deusas variam muito de uma cultura para outra. Podem ser parentes - quando um só gera todos os outros deuses - ou ter ascendência divina, se criados por mais de uma divindade.

Mesmo podendo parecer animais ou um híbrido zooantropomórfico, os deuses costumam agir como humanos, mas em escala monumental, tendo as mesmas paixões e conflitos que nós. Esse é um importante papel da mitologia que cria as bases para várias sociedades antigas. Por exemplo, uma família predominantemente inca diz-se descendente dos deuses para fortalecer sua posição social e sua autoridade.

Os deuses quase sempre possuem uma especialidade, desde a guerra à agricultura, e, às vezes, habitam uma parte do cosmo ou determinada região. Essas especialidades costumam se repetir em muitas mitologias:

  • A Grande Deusa ou o Deus supremo: Algumas das estatuetas mais antigas encontradas são figuras de mulheres grandes, de seios generosos - às vezes, em grande quantidade - que são considerados retratos primitivos da Grande Deusa. Chamada por vezes de Mãe-Terra, a Grande Deusa é comumente uma das criadoras do universo, associada à Lua e a fertilidade. No entanto, a maioria das civilizações antigas acreditava em um poderoso deus supremo, cercado por deuses menores que tinham funções determinadas. Esse deus era muitas vezes comparado às forças da natureza ou aos animais mais fortes e sábios.
  • Divindades do sol e da chuva: Os antigos não compreendiam os fenômenos da natureza - como as mudanças climáticas ou o movimento do sol -, mas dependiam deles. O sol poderia provocar colheita abundante ou seca fatal, assim como as chuvas poderiam beneficiar a agricultura ou destruir as plantações. Isso era dito como "humor divino", ou seja, seria necessária a realização de certos sacrifícios para garantir o favorecimento dos deuses. Quase todas as culturas tem divindades para os fenômenos naturais. Onde o calor do Sol era sentido com mais intensidade, como no Egito antigo e na América do Sul, o deus-sol costumava ser a mais importante divindade. Já onde a chuva era escassa, os deuses da chuva era importantes. Os deuses do trovão também eram poderosos e temidos, como Zeus, o grande deus grego, ou Thor, grande guerreiro escandinavo.
  • Da terra e do mar: Colinas, montes, rios, lagos e florestas também tinham seus deuses, dependendo sempre do tipo de cultura e geografia local. Muitos povos da Europa central, por exemplo, temiam os espíritos da floresta, enquanto a civilização marítima grega divinizava os mares através de Poseidon ou do titã Oceanus.
  • Fertilidade: Sendo a agricultura a principal forma de subsistência dos tempos remotos, deuses que protegiam as plantas e as colheitas eram comuns. Muitas vezes eram relacionados aos deuses climáticos, mas muitos tinham existência própria, como a Mulher do Milho das Grandes Planícies norte-americanas e achinesa Shen Nung, que ensinaram os homens a plantar. Algumas - como Pérsefone da mitologia grega - refletiam as estações do ano, tornando-se essenciais à agricultura. Outras, no entanto, como o deus mesopotâmico Telepino, eram quase cômicas: suas birras tolas arruinavam as colheitas.
  • Amor, casamento, parto: Estabelecer ligações e gerar filhos era tão fundamental para as sociedades antigas que algumas divindades do amor eram as mais populares. A deusa grega Afrodite, a egípcia Aset e a mesopotâmica Ishtar eram muito conhecidas e adoradas em lugares distantes de seus centros de culto. Normalmente, os poderes dessas divindades eram de ação rápida e notória: o Cupido grego e o Kama hindu disparavam flechas de desejo em suas vítimas. Deusas mais gentis, como a egípcia Taweret e a eslava Mokosh, ajudavam na hora do parto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Percy Jackson e o Ladrão de Raios

Inspirado na série de livros best-seller de Rick Riordan (publicados no Brasil pela Editora Intrínseca), o filme Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & The Olympians: The Lightning Thief, da 20th Century Fox) adapta o primeiro livro da série. Os outros livros são: Mar de Monstros, A maldição do Titã, A batalha do labirinto e O último olimpiano.

Iremos acompanhar as aventuras de Perseu "Percy" Jackson (Logan Lerman), garoto de 12 anos que já foi expulso de seis escolas diferentes. Seus problemas aumentam quando ele descobre ser um semideus, filho do deus Poseidon com uma mortal, como na mitologia grega. A partir daí o garoto - com ajuda do sátiro Grover Underwood e da filha de Atena, Annabeth Chase - recebe a missão de resgatar sua mãe e devolver a Zeus os seus poderosos raios que foram roubados, para, assim, impedir uma guerra entre o deuses.



Dirigido por Chris Columbus (de Esqueceram de Mim e Harry Potter), o filme também tem no elenco Sean Bean (Zeus), Kevin McKidd (Poseidon), Melina Kanakaredes (Atena) Steve Coogan (Hades), Ray Winstone (Ares), Catherine Keener (Sally Jackson), Pierce Brosnan (o centauro Chiron/Quíron), Uma Thurman (Medusa, chamada erradamente de Hera em um dos cartazes), Rosario Dawson (Perséfone), entre outros.



O filme abre a potencial franquia no cinema (tentando entrar no vácuo que será deixado pelo Harry Potter) e apresenta a mitologia grega para a nova geração. Sua estreia acontecerá em 12 de fevereiro de 2010, simultaneamente, nos EUA e no Brasil. Vamos todos ao cinema conferir!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Temas recorrentes para a criação

Há semelhanças entre as muitas histórias que falam sobre a criação do universo e da humanidade, batalhas divinas, a destruição do cosmo, dilúvios, deuses ardilosos e aventuras heróicas. O que é dito como bem e mal difere de uma sociedade para a outra, mas todas as mitologias incluem seres que trazem dor e problemas às pessoas, assim como aquelas que as protegem e confrontam. Um monstro maligno será derrotado pela coragem, força e astúcia, onde as ações dos heróis e vilões servem para mostrar aos povos os benefícios de escolher entre o comportamento o bom e o mau, a recompensa e o castigo.

Em geral, os mitos da criação do mundo e do universo começam com o caos, uma escuridão vazia e infinita. Desse vazio surgem ou o criador primevo (como o deus egípcio Ptah ou a deusa finlandesa Ilmater) ou dois seres primordiais. São esses criadores que dão forma ao universo, ordenando o movimento das estrelas, da Lua, e criando a Terra de variadas maneiras. Por sua vez, os primeiros criadores cedem lugar a outras divindades, que continuam o processo de criação, fazendo as plantas, os animais e a raça humana.

O ovo cósmico
Antes da criação do universo, as divindades primevas permanecem inertes, à espera do momento inicial. Os mitos falam muitas vezes de deuses ou de forças criativas confinados dentro de um imenso ovo cósmico que parte ao meio no devido momento. Uma das metades forma o céu e a outra se torna a terra. Os criadores saem da casca e começam a dar à luz outros deuses, ou a criar a humanidade. Os chineses, os astecas, o povo dogon da África e diversas tribos do Pacífico possuem variações desse mito. O criador chinês Pan Ku, por exemplo, morre depois de tremendo esforço para separar o céu da terra, mas Rangi e Pao, o céu e a terra dos maori, sobrevivem e produzem divindades e seres humanos.



Um antiga pintura da Ilha de Páscoa feita em uma pedra, mostra um deus com cabeça de pássaro segurando o ovo cósmico.


A serpente do mundo
Às vezes é dito que que as forças fantásticas envolvidas na criação do mundo foram geradas por um poderoso animal mítico, como a Serpente do Mundo. Essa serpente colossal habitaria as profundezas do oceano e conteria energia criativa em seu corpo fabuloso. Um mito egípcio nos conta como a serpente Amduat foi a fonte de toda a criação, uma vez que o deus-sol nasceu de seu corpo. A Serpente do Mundo pode ser incubada no ovo cósmico, como acontece na antiga lenda grega de Ófion, ou pode ser a Cobra Arco-Íris, criatura comum tanto em mitos africanos quanto australianos - uma criadora de animais ou de rios e oceanos. Na mitologia hindu, Vishnu está descansando sobre a serpente Ananta quando uma flor de lótus surge de seu umbigo. A flor desabrocha e o deus Brahma criador surge de dentro dela.


Nesta pintura asteca, vemos o deus Tezcatlipoca usando o seu pé como isca para tirar a Serpente do Mundo do fundo do mar. O monstro se feriu e de seu corpo foi feita a terra.



A formação do cosmo
O primeiro ato da criação - a ruptura do ovo cósmico ou o nascimento do criador primevo - pode ocorrer de forma rápida, mas o restante da criação em geral se dá durante um longo período. O processo às vezes envolve muitas gerações de deuses e deusas, cujas famílias acabam formando grandes panteões. A terra, então, torna-se habitável com a criação de rios, oceanos, plantas e animais, antes que seja criada a humanidade. Em muitas mitologias, o processo de criação é repetido sem descanso por muito tempo. Mitos astecas e dos índios norte-americanos falam de uma sucessão de diferentes eras, nas quais o mundo é recriado num ciclo interminável, sempre repetido com ligeiras variantes. Esses atos de criação produzem uma espantosa variedade de mundos mitológicos. Em muitos mitos africanos, os quatro pontos cardeais tinham grande importância e estavam associados aos elementos (água, terra, ar e fogo), explicando porque o universo é como é.

Povoamento do mundo
Quase sempre o ser humano aparece relativamente tarde no processo de criação. Pode-se dizer que a chegada da humanidade é uma idéia que chega após o trabalho prioritário de criar o cosmo e as divindades. Em geral, é um ato deliberado de deuses e deusas, que pode ser descrito por meio de alguma atividade humana familiar. Por exemplo, em muitos mitos africanos, os deuses moldaram a primeira pessoa do barro, como se fosse um pote de cerâmica. A mitologia chinesa descreve o surgimento do primeiro ser humano de modo parecido. Às vezes, a criação dos humanos é descrita como um acidente resultante de alguma outra ação dos deuses. Na mitologia do Antigo Egito, os humanos foram criados pelas lágrimas derramadas pelo deus-sol quando reencontrou seus filhos Chu e Tefnut. A criação dos índios norte-americanos, descreve as pessoas sendo atraídas para a superfície terrestre vindas do subterrâneo. Os antigos gregos tinham um mito semelhante que dizia que Pelasgo, o primeiro homem, nascera do solo da Arcádia. Existiram até mitos que diziam que a humanidade cresceu como plantas.


Sozinha, a deusa chinesa Nu Wa começou a moldar o homem e a mulher em barro. Em seguida, soprou vida dentro dos moldes e a humanidade começou a se formar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tezcatlipoca

Tezcatlipoca é uma das três grandes divindades de algumas mitologias na América Centro-Sul e uma das mais temidas do panteão asteca. Também chamado de Senhor do Espelho Fumegante (significado aproximado de seu nome), foi comparado às passagens para o mundo sobrenatural e, portanto, tornou-se um deus do mundo inferior, dos magos e necromantes.

Na mitologia tolteca, acreditava-se que ele governava o primeiro sol e foi abatido e transformado em jaguar por Quetzalcoatl, dando início ao segundo ciclo solar. Mais tarde, Tezcatlipoca consegui corromper Quetzalcoatl e apressou sua queda ao terceiro ciclo solar. Essa constante batalha entre as divindades é a representação das lutas entre bem e mal, matéria e espírito.

Tezcatlipoca e Quetzalcoatl (Codex Borbonicus, p. 3)

É o deus do céu noturno, da lua e das estrelas; senhor do fogo e da morte; senhor dos ladrões e dos magos; protetor de reis e guerreiros; criador do mundo e vigilante das consciências. Imagens de Tezcatlipoca o mostram como uma serpente emergindo de um espelho de obsidiana polida (usado para predizer o futuro) ou como um crânio negro com olhos de espelho negro e listras amarelas pintadas na face – o que reflete sua ligação com o jaguar, o rei asteca dos animais. Os sacrifícios a esse deus eram importantes para o alimento dos outros deuses: o chalchihuatl, substância presente somente no sangue humano.

Agora vejam essa animação de Robin George, usando a Sinfonia nº10 do balé "Lago dos cisnes" de Tchaikovsky, que foi um projeto final de graduação que levou um ano e meio para ficar pronto:


Incrível.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Fábula e mito, por Leonardo Boff

Para o teólogo e filósofo Leonardo Boff, FÁBULA é uma narrativa imaginária cujos personagens são, via de regra, animais, plantas ou a personificação de qualidades, virtudes e vícios, com o objetivo de transmitir lições morais ou tornar concreta uma verdade abstrata, como a raposa e as uvas de Jean de La Fontaine (1621-1695).

Já MITO é algo mais complexo por conta das ambiguidades que encerra. Assemelha-se à ideologia. Designa, portanto, clichés e crenças coletivos acerca de temas relevantes (pessoas, situações, acontecimentos) que circulam na cultura. Pode equivaler à mera fantasia ou a uma interpretação distorcida da realidade. A antropologia e a filosofia colocam que o mito constitui uma forma autônoma de pensamento, diferente da razão, próxima a uma inteligência emocional que utiliza de imagens, símbolos, parábolas ou contos para evocar sentimentos profundos e expressar o que dá valor ao ser humano. Então, o mito utiliza representações poderosas (como deuses e deusas, confrontos cósmicos etc) para expressar situações verdadeiras, carregadas de dramaticidade e significação, e configurar um consciência coletiva.

Entenderam a diferença? Tenho dificuldade... me parecem tão semelhantes. Parece que a presença de personagens humanos é que faz a diferença. Sei lá... alguém explica?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Os deuses do Olimpo

Os deuses olimpianos, gravura de Monsiau.
(séc. XVIII)
Vários eram os deuses que viviam no Olimpo, um majestoso monte na Grécia onde ficava instalada em seu pico a esplendorosa corte da mitologia grega com palácios de ouro. O sol iluminava os palácios com a mais pura luz sem que nenhuma sombra, chuva ou vento os atingisse. O clima era sempre ameno: nem quente, nem frio.

Para receber os visitantes, logo à sua entrada, ficavam as três lindas Horas. Quando os deuses saíam, as Horas cobriam os palácios com nuvens. Durante as reuniões, os deuses comiam ambrosia e tomavam néctar, desfrutando sua eterna juventude e imortalidade. As Graças e as Musas dançavam e cantavam de forma harmoniosa e deixavam os deuses estáticos. Elas sempre terminavam de se apresentar com um cântico de louvor a Zeus, o rei dos deuses. Hera, sua esposa e rainha dos deuses, ocupava o trono de ouro à direita de Zeus. À sua esquerda, sentavam-se a pacífica Irene e a deusa alada da vitória, Niké. Têmis, deusa das leis, também estava sempre por perto do governante.

Existiam duas grandes ânforas de cerâmica na entrada do Olimpo: uma com sementes do bem e outra com sementes do mal. Delas Zeus semeava à humanidade, após ouvir as três Parcas, suas filhas. A deusa Fortuna também andava cega e errante pelo Olimpo despejando riqueza e felicidade ao acaso.

Mas dentre todos os que viviam no Olimpo, doze eram os mais importantes - tanto que, por essa adoração, a religião é grega é conhecida como Dodekatheon, ou doze deuses. São eles: Zeus, Hera, Poseidon, Ares, Hermes, Hefestos, Afrodite, Atena, Apolo, Ártemis, Deméter e Dionísio. Sua importância vem da vitória dos deuses sobre os titãs. Também viviam no Olimpo outros deuses, semideuses e heróis, como Íris, Hebe, Helios, Héstia, Ganimedes e Hércules, entre outros. A deusa Pérsefone só podia viver metade do ano no Olimpo com sua mãe Deméter e a outra metade com seu marido Hades, deus do submundo.

Existe aqui uma história interessante: os registros de poeta Homero diziam que Héstia fazia parte do grande panteão olimpiano. Quando foi oferecida uma posição à Dionísio, Héstia preferiu sair para que não ficassem treze deuses principais, o que daria um enorme azar. Essa interferência, provavelmente foi feita pelos romanos que, ao tomarem a religião grega para si, deram maior importância a Baco (Dionísio) do que a Vesta (Héstia).

Aos poucos, vou falar sobre cada um deles e muito mais.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O poder do mito

Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.

Não poderia deixar de citar aqui o grande Joseph Campbell, pesquisador de línguas, mitologias e religiões. Seus estudos são referência. Seu exaustivo trabalho de quatro volumes As Máscaras de Deus (Mitologia Primitiva, Mitologia Ocidental, Mitologia Oriental e Mitologia Criativa) cobre a mitologia através do mundo, da mitologia antiga à moderna, focando nas variações históricas e culturais do monomito*. Já O Herói de Mil Faces foca nas idéias elementares da mitologia. Em outras palavras, enquanto que O Herói de Mil Faces baseia-se principalmente na psicologia, As Máscaras de Deus baseia-se mais na antropologia e história.

As idéias de Campbell fizeram sucesso nos anos 70, quando se tornou um ícone para os hippies que pregavam o compromisso social com tolerância e respeito ao outro e paz como metáfora religiosa e elemento de ligação entre o ser e o mistério. Não por acaso, Campbell é o autor que inspirou George Lucas na saga Guerra nas Estrelas – e o ponto culminante do primeiro filme, quando Luke Skywalker vai destruir a Estrela da Morte e os equipamentos falham, é a “voz da consciência” do herói que pede que ele não acredite nos aparelhos (assim como não deveríamos acreditar nas histórias míticas ou no que diz qualquer pretenso salvador) e acredite em si mesmo. As histórias mitológicas deveriam servir como metáforas para nossas vidas. Mas o poder de alguns homens sobre as religiões subverte essa dinâmica.

Após sua morte, a Fundação Joseph Campbell mantém os estudos e a preserva seu trabalho.

* Monomito é o conceito da "jornada do herói" criado por Campbell. Para ele, todos os mitos seguem uma estrutura dividida em três grandes seções: Partida, Iniciação e Retorno. O termo foi cunhado por James Joyce, autor preferido de Campbell.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Uma introdução...

Contados, repetidos e em constante evolução através das gerações, os mitos que conhecemos hoje formam um elo vivo com o surgimento da Terra e as origens da humanidade. Por toda a parte, da Ásia a África, das Américas a Oceania, um sem-número de narradores transmitiu a seus descendentes lendas épicas sobre as grandes peripécias de seus hérois, deuses e seres sobrenaturais, numa tentativa de explicar os mistérios do mundo: a criação e a catástrofe, a vida e a morte.

A palavra "mito" vem de palavra grega mythos, que significa "história escrita ou falada". As pessoas costumam entender mito como uma simples história, mas não é a completa definição. Um mito é uma história com uma finalidade. Geralmente, tenta explicar como é o mundo ou as relações entre deuses e os seres humanos. Embora os eventos, na maioria das vezes, pareçam impossíveis, a mensagem por trás deles podem ter um significado religioso ou social, separando-os das histórias comuns.

Antes do advento da luz elétrica, do rádio e da televisão, contar histórias era quase o único divertimento possível. Às vezes, essas histórias formava também a base de uma religião e as regras de uma sociedade. Algumas lendas fazem parte até hoje da base de algumas religiões. Outras pertencem a culturas há muito desaparecidas, como o Antigo Egito ou o Império Romano.

Lupa

A imagem que está presente no título do blog é uma simulação de uma lupa medieval com duas hastes para melhor segurá-la na leitura. Criei este símbolo para a minha monografia de graduação e acredito que funcionará muito bem aqui, uma vez que o objetivo daquele trabalho e deste blog e aumentar nosso conhecimento sobre as mitologias de todo o mundo.