Mostrando postagens com marcador mitologia asteca. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mitologia asteca. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Día de Los Muertos

A única certeza que todos os homens e mitologias sempre dividiram é a Morte. Causadora de tantos medos, ela é encarada de forma bem diferente dependendo da sua localização geográfica. Em muitos países, é motivo de choro e luto demorado. Em outros, os doentes e idosos fazem de tudo para morrer em determinado lugar. E existem os países que encaram a morte de frente. E com festa!


Día de Los Muertos comemora as vidas dos ancestrais, que nessa época voltam do outro mundo para visitar os vivos. Os povos indígenas mesoamericanos – há relatos da celebração em povos náuatles (astecas), maias, tarascanos e totonacas há, no mínimo, três mil anos – tinham cerca de um mês inteiro dedicado aos mortos: o nono do calendário asteca, equivalente ao nosso agosto. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacihuatl, a Dama de la Muerte, esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos.

Quando os espanhóis chegaram naquelas terras, se assustaram com esses costumes e logo trataram de cristianizar a celebração, que teve a data alterada para coincidir com o Dia de Finados católico. A festa como conhecemos é recente: em 1960, o governo criou um feriado nacional, incluiu a festa no currículo escolar e passou a incentivá-la como um ícone da identidade mexicana forma do pelo sincretismo religioso, que mistura Virgem Maria, crucifixos e vários elementos da crença asteca. Sua singularidade e importância cultural a fez ser reconhecida pela UNESCO, em novembro de 2003, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Segundo a crença popular, neste dia os mortos têm permissão divina para visitar seus parentes vivos. As ruas e as casas são enfeitadas com flores, velas e incensos. As tumbas são decoradas e os vivos levam oferendas aos mortos. As famílias preparam verdadeiros banquetes, as pessoas se enfeitam de fantasias e máscaras (a maioria como caveiras coloridas) e as crianças se divertem. Nos cemitérios. De noite. E com os mortos.


Entre oferendas e decorações, um arco de flores simboliza a passagem usada pelos espíritos. Algumas famílias têm o costume de abrir os túmulos e retirar os mortos para limpar os restos mortais deles. Depois colocam os mortos nas tumbas para mais um ano de descanso, claro.

Um dos símbolos mais tradicionais da festa é a caveira decorada, conhecida como La Catrina. O nome vem de uma gravura do artista José Guadalupe Posada, que mostra a caveira de uma mulher da alta sociedade, vestindo um enorme chapéu decorado com flores. A ideia é mostrar que mesmo tendo status e riqueza em vida, somos todos iguais após a morte.


Caveiras coloridas aparecem na decoração, nas fantasias, nas maquiagens e até mesmo em forma de doce, feita de açúcar. Essa guloseima é um presente para mortos e vivos, mas não é a única comida típica da época. Vale também levar a comida que o morto gostava, brinquedos para crianças e tequila para os adultos, tudo para animar a celebração. A festa tem até cronograma organizando a chegada dos antepassados: entre 31 de outubro e 1º de novembro, os mexicanos celebram as almas que morreram quando crianças, no Día de los Angelitos, ou Dia dos Anjinhos; já o dia seguinte é dedicado a quem foi para o outro mundo durante a vida adulta.

A festa dos mortos afeta vários aspectos da sociedade mexicana. Os jornais ficam cheios de charges e quadrinhos de esqueletos. E também são comuns as peças de teatro que contam a história de Don Juan Tenorio, drama escrito pelo espanhol José Zorrilla y Moral, mas que aparece de várias formas na cultura latina. Don Juan é um sujeito que vive para seduzir mulheres e lutar com homens.

Recentemente a animação Coco (A vida é uma festa, no Brasil), da Disney/Pixar apresentou diversas características desta celebração familiar.

PELO MUNDO
A grande comunidade mexicana no EUA levou as tradições do Día de Los Muertos para diversos estados, como Texas, Arizona e Los Angeles.

Dia de los Ñatitas (Dia das Caveiras) é um festival celebrado na Bolívia em novembro. Nos tempos pré-colombianos, indígenas andinos tinham o costume de partilhar um dia com os ossos de seus antecessores no terceiro ano após o sepultamento (hoje somente as caveiras são usadas). Tradicionalmente, a caveira de um ou mais membros da família são mantidas em casa para tomar conta da família e protegê-la durante o ano. No dia 9 de novembro, a família coroa a caveira com flores frescas, às vezes também as vestindo com peças de roupa, e fazendo oferendas de cigarros, folhas de coca, álcool, e vários outros itens em agradecimento pela proteção durante o ano. As caveiras também são, por vezes, levadas ao cemitério para uma missa especial e bênçãos.

No Haiti, as tradições vudus se misturam aos sincretismos da celebração. Tambores e músicas retumbantes são tocadas por toda a noite pelos cemitérios para acordar o Baron Samedi, Senhor dos Mortos, e seu descendente, o Gede.

República Tcheca, Portugal e Espanha também celebram o Dia de Finados com oferendas, doces e brinquedos, porém, o mais comum na Europa é a visitação aos túmulos para a colocação de flores e velas com rezas. Em algumas comunidades germânicas e anglo-saxãs, comida é deixada na mesa de uma sala aquecida como um jantar para as almas.

Nas Filipinas o feriado Araw ng mga Patay (Dia dos Mortos) é uma reunião familiar, quando as tumbas são limpas ou repintadas, velas são acesas e flores são oferecidas. As famílias acampam por um ou dois dias nos cemitérios, realizando atividades comuns junto às tumbas de seus parentes.

Durante o Festival da Vaca (Gai Jatra) no Nepal, toda família que perdeu um membro durante o ano anterior deve fazer uma construção de bambus, panos e papéis decorativos com retratos dos falecidos, chamada gai. Dependendo dos costumes locais, uma vaca viva ou uma réplica são usadas durantes os rituais de celebração, uma vez que que, tradicionalmente, é esse animal que guia o espírito do morto no outro mundo.

Japoneses (Bon Odori), coreanos (Chuseok) e chineses (Ching Ming) também realizam festivais de limpeza das sepulturas e oferendas.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Chicomecoatl e Cinteotl

Os astecas tinham várias divindades que protegiam a safra do milho. Entre elas Chicomecoatl, que representava a boa semente, estocada para o plantio seguinte, e Cinteotl, que podia assumir uma forma tanto masculina quanto feminina. Sacrifícios na primavera a essas divindades garantiam boas safras no final do ano.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Mictlantecuhtli

Mictlantecuhtli era o senhor tolteca do reino dos mortos e deus do mundo inferior (Mictlan), onde reinava com sua esposa, Mictecacihuatl.

O reino dos mortos tinha várias áreas. Para a parte gelada e sombria, iam os que não tinham o direito a nenhum lugar nos céus. Ali, eles comiam cobras venenosas, o único alimento disponível. Quando alguém morria de causas naturais, seu corpo era vestido com roupas finas e colocado sobre uma pira funerária com um pacote de alimento e um cão vermelho – previamente morto num ritual – e queimava por três dias, antes de entrar no Mictlan. Para chegar à parte pacífica e silenciosa, a alma da pessoa morta tinha de empreender uma perigosa viagem com ajuda do cão através de oito florestas sombrias, oito desertos, oito montanhas e um rio caudaloso e traiçoeiro.

A aparência do deus indicava claramente seu papel: era representado como um esqueleto de ossos muito brancos, dentes muito salientes num crânio descarnado, e coberto de manchas de sangue. Freqüentemente homenageado com penas de corujas e ornamentos de papel na cabeça, ele usava um colar de olhos.

Os presentes mais comuns oferecidos ao deus no mundo inferior eram tiras de pele humana arrancadas dos corpos, e durante a festa, no templo Tlalxicco, o suposto umbigo do mundo, um homem que representava o papel do deus era sacrificado à noite. Os astecas adotaram o culto a esse deus dos toltecas.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Coatlicue

Coatlicue era a criadora da terra e da humanidade. Alimentava-se de cadáveres humanos, além de governar o fogo e a primavera. Era a esposa do deus da guerra Mixcoatl, com quem teve quatrocentos filhos (as estrelas do hemisfério sul) e uma filha, Coyolxauhqui, a lua.

Um dia, enquanto varria sua casa – que era Tula, a montanha das serpentes –, a deusa foi engravidada por um punhado de penugem de beija-flor, e seus filhos a decapitaram para puni-la por aquela aparente desonra. Mas Huitzilopochtli, o deus-sol, irrompeu armado do corpo da deusa e matou os irmãos e a irmã, transformando-se assim o dia em noite. Essa batalha épica era celebrada regularmente no grande templo em Tenochtitlan (atual cidade do México), onde as mulheres eram jogadas degraus abaixo até morrer, em memória da morte da deusa.

Uma grande estátua de Coatlicue, que originalmente ficava no grande templo, confirma a aparência assustadora e odiosa da deusa. Seus pés eram enormes garras e ela vestia uma saia de cobras. Os seios, grotescamente caídos, estão entre um medonho colar de mãos e corações humanos cortados, com um crânio como pingente. Treze cordões de ouro decorados com caracóis caem pelas costas da deusa, simbolizando o céu mítico. No lugar da cabeça e das mãos, cobras trêmulas emergem da sua garganta cortada e dos pulsos, e duas enormes serpentes de sangue contornam sua face.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Tonatiuh

No antigo mito centro-americano dos Cinco Sóis (as cinco eras mundiais), Tonatiuh representava a Quinta Era. Esse deus governava o mundo de Tonatiuhican, o céu asteca, um paraíso espiritual reservado apenas aos mais dignos, como os guerreiros mortos em batalhas e as mulheres que morriam ao dar à luz.

Como deus do oriente e do sol, seu poder era constantemente desafiado pela luta enfrentada em seu nascimento diário, com sua passagem pelos céus durante o dia e sua morte à noite. Feroz e belicoso, Tonatiuh era também uma divindade guerreira que fortalecia os soldados no calor e nos esforços das batalhas.

As esferas de influência de Tonatiuh indicavam que seu poder sofria ameaças constantes. A humanidade só poderia mantê-lo se exercitasse a virtude de elevada moral – junto com um ciclo interminável de sacrifícios humanos. Os apetites do deus estão graficamente representados em suas imagens. Seu corpo, no centro de um grande disco solar cheio de raios, é vermelho, e ele usa um cocar de penas de águia. Sua língua tem a forma da faca sacrifical que os sacerdotes astecas usavam para arrancar o coração das vítimas vivas – oferenda que as presas gigantes de Tonatiuh seguram firmemente. A violência deste deus era tão grande que os astecas atribuíram seu nome ao mais cruel dos conquistadores espanhóis, Pedro de Alvarado.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ometeotl

Criador supremo na mitologia asteca, Ometeotl morava na parte mais alta do paraíso, Omeyocan (Lugar da Dualidade). Ele assumia várias formas, inclusive uma encarnação dupla: Ometecuhtli (homem) e Omecihuatl (mulher). Esse casal primevo produziu os quatro grandes deuses criadores astecas: Tezcatlipoca, Huitzilopochtli, Xipe Totec e Quetzalcoatl.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Huehueteotl

As origens do deus do fogo, Huehueteotl, remontam ao tempo da civilização olmeca, que floresceu no México mais de 2000 anos antes dos astecas. Por esse motivo, ele era adotado como o deus asteca mais antigo. Huehueteotl aparece como um velho desdentado, com um braseiro na cabeça. Sua relação com o fogo e o fogão o tornou um deus muito popular.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Chalchiuhtlicue

Deusa dos rios, fontes e lagos, Chalchiuhtlicue podia provocar redemoinhos e furacões. Seu nome significa "Saia de Jade". Era mulher do deus Tlaloc. Chalchiuhtlicue era adorada também como deusa do parto e protetora das crianças, por causa da bolsa de água que se rompe antes de uma mulher dar à luz.

domingo, 31 de maio de 2015

Xolotl

Quetzalcoatl tinha um irmão gêmeo, Xolotl, que assumiu a forma de um cão deformado. Ele ajudou a criar a humanidade, mas sua natureza imprevisível o tornou ressentido com sua própria criação. Por isso, passou a trazer infelicidade às pessoas. O símbolo dos infortúnios que sofrera era ter um olho furado. Era adorado como deus do jogo de bola. Quando se rezava para Xolotl, a reação do deus dependia da direção de suas orelhas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Xipe Totec


Filho de Ometeotl, Xipe Totec era o misterioso deus das plantas, da agricultura, da primavera e das estações do ano, símbolo da morte e do renascimento da Natureza. Dizia-se que ele se esfolava para dar de alimento aos humanos, assim como o milho perde suas casca antes de cair na terra e se tornar uma semente ou como as cobras que trocam de pele.

Estátua de cerâmica
Protetor dos ourives e do ponto cardeal Oeste, foi um dos quatro deuses criadores astecas – junto a seus irmãos Teacatlipoca, Quetzalcoatl e Huitzilopochtli. Por sua aparência sempre cheia de feridas e pele ensanguentada e descascada, alguns acreditavam que ele era o responsável por guerras e doenças (pragas, cegueira, feridas, tumores, bolhas etc.). Mas quando estava com sua pele nova, brilhava como ouro. Frequentemente era representado com listras verticais descendo da testa até o queixo. Carregava um escudo amarelo e um recipiente cheio de sementes.

Era também chamado de Senhor dos Esfolados e Deus das Torturas, porque, em suas festas, as vítimas eram esfoladas vivas e depois sacrificadas. A pela retirada era usada como um casaco pelos sacerdotes por 20 dias até apodrecer e cair, num sinal de vida nova na primavera. Muitos astecas guardavam a pele apodrecida acreditando em suas propriedades curativas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Xochiquetzal


Chamada de "preciosa pena florida", Xochiquetzal é a representação do arquétipo da mulher jovem em pleno vigor sexual. É a divinização da amante, uma deusa essencialmente feminina e seu âmbito é o amor, a volúpia, a sensualidade, o desejo sexual e o prazer em geral. Sua ação também abrange o jogo, o canto, a dança, a alegria, as flores, enfim, tudo aquilo que envolve beleza. Por essas razões, também rege as atividade artísticas: é a patrona de pintores, bordadeiras, tecelãs e escultores. Conta a lenda que as mulheres nascidas no dia regido por ela podiam ter atividades extremas: tanto serem boas bordadeiras como serem prostitutas. Servia também como protetora das jovens mães, tornando-se padroeira do nascimento e da parturiência.

Irmã gêmea de Xochipilli, foi esposa de Tlaloc, mas também desposou Tezcatlipoca, Centeotl, Ixotecuhtli e Mixcoatl (com esse, foi mãe de Quetzalcoatl). Conta-se que ela realizou o primeiro ato sexual e que de seus cabelos formou-se a primeira "mulher-deusa" para que esta se casasse com Piltzintecuhtli, de cuja união nasceu o Centeotl.

É sempre retratada como uma mulher sedutora e juvenil ricamente vestida que carrega um buquê de malmequeres, sendo simbolicamente associada à vegetação e às flores em particular. Pássaros (como beija-flores) e borboletas costumavam acompanhá-la em comitiva. Uma jaguatirica também a rondava. Sua ligação com a fertilidade do homem e a beleza das flores, também a associou a fertilidade da terra.

Vivia em Tamoanchan, a "Árvore Florida", um verdadeiro paraíso sobre uma motanha bem próxima do céu, onde permanecia um determinado tempo, mas depois retornava ao subterrâneo, onde governava uma área reservada aos guerreiros mortos em combate e às mulheres que morriam dando à luz filhos homens. Qualquer homem que tocasse em uma flor de seu jardim, transformava-se em um amante passional.

A cada oito anos, uma animada festa era realizada em sua honra, onde os celebrantes usavam máscaras de animais e flores como calêndulas. Era também considerada deusa da música, dos jogos e da dança.

Originalmente, foi associada à lua, mas também existem lendas que a colocam como sendo mulher de Coxocox, e ambos foram os únicos sobreviventes do grande dilúvio ao se agarrarem num tronco de árvore. O casal precisaria repovoar o mundo, mas seus filhos nasciam mudos. Um pombo encantado devolveu-lhes o dom da fala, mas cada um começou a falar em uma língua diferente.

Sua equivalência direta é com a deusa Flora, dos romanos, mas também possui ligações com as deusas Afrodite, Deméter e Pérsefone da mitologia grega.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Coyolxauhqui

Disco com representação de Coyolxauhqui desmembrada

Coyolxauhqui é a antiga deusa da lua asteca. É filha de Mixcoatl e Coatlicue, irmã e líder dos malígnos Centzonuitznaua.

Sua mãe Coatlicue ficou magicamente grávida quando uma bola de penas de beija-flor tocou seu colo. Acreditando que isso seria a desonra da família, Coyolxauhqui juntou seus irmãos e irmãs para matá-la e impedir o nascimento de seu irmão bastardo, Huitzilopochtli. Coatlicue acelerou, então, o nascimento do deus que saiu já crescido e armado para a batalha. O deus decapitou todos os irmãos e os atirou aos céus para que sua mãe - que reprovou tamanha violência - se confortasse vendo seus filhos: Coyolxauhqui tornou-se a lua e deusa da Via Láctea, ainda líder de seus irmãos que se tornaram as 400 estrelas meridionais. Como Huitzilopochtli se tornou o deus-sol, acredita-se que o combate entre irmãos acontece sempre, na passagem do dia para a noite. Os rituais de sacrifício à deusa ocorriam da mesma forma que ocorreu com ela: primeiro, cortava-se mãos e pernas e, em seguida, tirava o coração e decapitava.

O nome de Coyolxauhqui significa "face pintada com sinos", devido aos minúsculos sinos de ouro que usava no rosto. Dizia-se que, quando a lua surgia grande e vermelha, era possível ver os sinos. Suas representações costumam ser apenas de sua cabeça em forma de disco, com marcações nas bochechas dos sinos, brincos com o ano solar e bolas aladas na testa. Se representada de corpo inteiro, utiliza um cinto de caveiras que seriam as cabeças de seus irmãos.

Alguns estudiosos acreditam que Coyolxauhqui possa ter sido uma divindade ainda mais primitiva, ligada à fertilidade da terra e dos homens. Seu irmão seria um deus da guerra e a disputa entre os dois seria uma forma de um culto guerreiro assumir a liderança política e social da população.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Chocolate


Como sou um chocólatra assumido, resolvi investigar o mito divino do chocolate, afinal o nome científico do cacaueiro é Theobroma cacao e theobroma significa "alimento dos deuses" em grego. Mesmo com sua origem remetendo a mais de 1000 anos antes de Cristo, o nome da planta só foi dado em 1729 pelo botânico sueco Lineu, mas a razão fica óbvia!

Muito antes dos espanhóis chegarem às Américas - possivelmente 1500 a.C. -, os olmecas foram o primeiro povo a utilizar o fruto do cacaueiro, o "cacahuaquchtl". Com ele, faziam um líquido escuro - chamado de xocoatl (xococ = "amargo" + atl = "água") - temperado com baunilha e pimenta que combatia o cansaço e a diarréia. A parte branca que envolve os grãos de cacau era usada como fonte de açúcares fermentáveis para uma bebida alcoólica. Documentos maias dizem que o xocoatl também era usado por sacerdotes para fins cerimoniais e medicinais, e também era misturado a milho moído para fazer um mingau. Posteriormente, os astecas - acreditando que as sementes eram do deus Quetzalcoatl - prensavam o cacau em massas de pequenos tamanhos para que pudessem servir de alimento em expedições. O imperador asteca Montezuma apreciava a bebida amarga em copos de ouro sempre novos. A cada vez que esvaziava um copo, ele o jogava fora, para mostrar que valorizava mais a bebida que o ouro.

Cristóvão Colombo teria sido o responsável por levar o cacau para a Europa - que não conhecia o fruto - em 1502, em virtude de sua quarta viagem às Américas. Mas o rei Fernando II não teria prezado muito essa descoberta no meio de tantas outras riquezas.

Em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortez chegou ao México com suas intenções camufladas por um pacifismo comercial e foi recebido pelo imperador asteca Montezuma. Cortez, então, conheceu o valor monetário do cacau e, após a dominação, obrigou os nativos a plantarem cacau. Em 1528, ao retornar a Espanha, Cortez levou seus lucros (um escravo africano valia cem grãos de cacau!) e as ferramentas necessárias para o preparo da bebida amarga (um lenda conta que a receita da bebida foi literalmente arrancada de um sacerdote, pois estava tatuada na virília dele! ui...). Os espanhóis trataram de adocicar e esquentar a bebida que - aí sim - caiu no gosto da nobreza. Ao longo dos 150 anos seguintes, a novidade se espalhou pelo resto da Europa, e vários ingredientes foram agregados: vinho, cerveja, outras especiarias etc., mas sempre para consumo da elite. As colônias americanas (do continente e as ilhas de Trinidad e Haiti) e africanas (Costa do marfim, Gana, Nigéria e Camarões) continuaram com as plantações.

Na Inglaterra - que tinha suas plantações nas Índias Ocidentais -, a bebida podia ser comprada por qualquer um. E foi em Londres que, em 1657, foi inaugurada a primeira chocolateria do mundo! Em 1689, o médico escocês Hans Sloane estava na Jamaica e colocou leite na bebida, tornando-se (talvez) o maior responsável pelo o que é o chocolate hoje. No início do século XVIII, as chocolaterias já rivalizavam com as tradicionais casas de chá e café inglesas. Em 1765, foi fundada a primeira fábrica de chocolate nos EUA, então colônia inglesa. Os holandeses também se tornaram fabricantes de chocolate ao plantarem em suas colônias nas Índias Orientais (Indonésia).

Até a Revolução Industrial, o processo de fabricação da bebida era o mesmo e, em 1795, os ingleses criaram máquinas à vapor para espremer os grãos cacau que permitiram a produção em larga escala da bebida. Trinta anos depois - mais precisamente em 1828 - um fabricante holandês de chocolate, Conrad van Houtten, desenvolveu uma prensa hidráulica para extrair a gordura dos grãos de cacau moídos e transformá-la em manteiga de cacau. Depois os pedaços duros de cacau remanescentes eram novamente moídos e transformados em um pó, que se dissolvia facilmente na água quente. Daí ao desenvolvimento de bebidas achocolatadas foi um passo rápido. Em 1847, a firma inglesa Fry and Sons começou a desenvolver chocolate em barras com a manteiga de cacau. Mas foi em 1895 que um fabricante suíço misturou leite fresco à manteiga de cacau e deu início ao vício mundial. No Brasil, a primeira fábrica foi fundada em 1891 pelos irmãos Franz e Max Neugebauer em Porto Alegre.

Essa história é a mais citada por aí, mas encontrei uma outra história... bom... parece piada, mas vou postar assim mesmo: em suas viagens pela Ásia, o explorador italiano Marco Polo teria conhecido o cacau, ainda sem nome. Ao ser recebido por Kublai Khan, ofertou alguns frutos que teriam sido entregues ao cozinheiro Xang K. Kal. O cozinheiro experimentou todas as possibilidades do fruto, fazendo sucos, pudins, cremes, molhos e uma pasta. O imperador Khan se lambuzou das iguaris ficando realmente encantado pela pasta, a qual teria batizado de "manteiga de K. Kal".

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tezcatlipoca

Tezcatlipoca é uma das três grandes divindades de algumas mitologias na América Centro-Sul e uma das mais temidas do panteão asteca. Também chamado de Senhor do Espelho Fumegante (significado aproximado de seu nome), foi comparado às passagens para o mundo sobrenatural e, portanto, tornou-se um deus do mundo inferior, dos magos e necromantes.

Na mitologia tolteca, acreditava-se que ele governava o primeiro sol e foi abatido e transformado em jaguar por Quetzalcoatl, dando início ao segundo ciclo solar. Mais tarde, Tezcatlipoca consegui corromper Quetzalcoatl e apressou sua queda ao terceiro ciclo solar. Essa constante batalha entre as divindades é a representação das lutas entre bem e mal, matéria e espírito.

Tezcatlipoca e Quetzalcoatl (Codex Borbonicus, p. 3)

É o deus do céu noturno, da lua e das estrelas; senhor do fogo e da morte; senhor dos ladrões e dos magos; protetor de reis e guerreiros; criador do mundo e vigilante das consciências. Imagens de Tezcatlipoca o mostram como uma serpente emergindo de um espelho de obsidiana polida (usado para predizer o futuro) ou como um crânio negro com olhos de espelho negro e listras amarelas pintadas na face – o que reflete sua ligação com o jaguar, o rei asteca dos animais. Os sacrifícios a esse deus eram importantes para o alimento dos outros deuses: o chalchihuatl, substância presente somente no sangue humano.

Agora vejam essa animação de Robin George, usando a Sinfonia nº10 do balé "Lago dos cisnes" de Tchaikovsky, que foi um projeto final de graduação que levou um ano e meio para ficar pronto:


Incrível.