Clãs do norte da Austrália falam de um trio de deuses - duas irmãs, Djanggau e Djunkgao, e um irmão, Bralbral - chamados Djanggawuls que chegaram a Terra por Beralku (ou Bralgu), a ilha dos espíritos mortos.
Dizia-se que as irmãs viviam grávidas por estupros de seu irmão. Elas iam gerando animais, plantas e os primeiros humanos enquanto andavam pela Terra. A cada nascimento, partes de suas vulvas caíam no solo e se tornavam objetos sagrados. Seu irmão recolheu os objetos, destituíndo-as de seus poderes divinos. As duas preferiram a reclusão ao sul da Austrália.
Outra lenda diz que elas eram Miralaid e Bildjiwararoju, as rubras e plumadas filhas do deus-sol. Elas modelaram a paisagem usando ranggas (bastões sagrados especiais), que depois foram deixados em locais sagrados. Também eram consideradas deusas da fertilidade, possivelmente numa relação incestuosa com o pai.
Quanto mais leio nesse blog sobre as diferentes mitologias, das diversas civilizações, mais entendo porque Freud era fascinado pelos Mitos e fez uso deles para dar sentido às ações humanas.
ResponderExcluirOs mitos da Criação geralmente estão envoltos em violência (como esse australiano), o que me leva a concluir que ela é inerente ao homem e que nem as pinceladas de "civilização" conseguiram contê-la (é só olhar a nossa volta).
Segundo o psicanalista riograndense Jair Knijnik, "Freud salientava que os mitos mostram uma "ignorância consciente e uma sabedoria inconsciente". Os Gregos utilizavam duas expressões para definir palavra ou conhecimento: logos, equivalente à razão e mythos, que significa definir com um enunciado decisivo, sem se justificar, como nas religiões. O ser humano precisa desses dois sistemas de apreensão da realidade para sobreviver emocionalmente. O mito é simbólico, oculta e revela simultaneamente".
Não sou da área psi mas quero crer que os mitos, simbolicamente, põem a nu quem realmente somos.
Amei seu blog. Adoro mitologia. Tenho uns livros digitalizados bem bacanas se vc quiser.
ResponderExcluirBkok... vou ler com calma. Parabéns!