Mostrando postagens com marcador mitologia australiana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mitologia australiana. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bunjil e Bellin-Bellin

Foto de Hyeongchol Kim

O deus-águia Bunjil foi responsável por decorar a terra com vegetação variando de musgo e grama para as altas árvores. Ao ver a flora estática, enquanto a vida animal corria por todos os lados, Bunjil se deu conta que tinha esquecido de dar-lhes vida. Então, pensou:
"Deve haver movimento, pois a vida é um estado pulsante de incessante atividade. Deve ter movimento do ar para correr as nuvens em suas costas, ventos fortes para dobrar as árvores e uma brisa intermitente para que as aves flutuem e tornem-se fortes."
Chamou o astuto deus-corvo Bellin-Bellin - de cor arroxeada que caregava um saco amarrado no pescoço com todos os ventos - e pediu que liberasse alguns dos ventos. Bellin-Bellin cautelosamente abriu um canto da bolsa e uma brisa suave correu através das terras ocidentais, outra para o leste, outra para o sul, e um feroz vento mais frio para o norte. As árvores começaram a balançar seus ramos e os pásssaros e os insetos cantaram em louvor.

Bunjil pediu um último vento, mais forte e mais frio, para desafiar todos os seres a serem corajosos em tempestades violentas e prepará-los para os anos ruins. Bellin-Bellin abriu um pouco mais o saco e um vento congelante rugiu em direção ao sul. Tão forte era o vento que dobrou as árvores mais altas e levou suas folhas. Bunjil também foi levado pelo vento junto com sua família (suas duas esposas e seu filho Binbeal, deus do arco-íris) para fora do mundo e montou um casa permanente no céu (viraram estrelas).

Bunjil e Bellin-Bellin são muitas vezes vistos como os dois lados da mesma moeda, o bem e o mal, o construtor e o destruidor. Alguns povos australianos, inclusive, separam-se em dois grupos que só podem se relacionar entre si.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uluru


No meio do inóspito deserto da Austrália central, há um monte colossal de arenito vermelho, o Uluru, um dos locais mais sagrados para os aborígenes australianos. Seu nome ocidental é Ayers Rock (em homenagem ao Primeiro-Ministro australiano Henry Ayers) ou, somente, A Rocha, que possui 8km de circunferência, 318 metros de altura e se estende por 2,5km de profundidade. A pedra obtém sua cor ferruginosa através da oxidação dos minerais que a impregnam - como feldspato - o que também causa a emissão de um brilho vermelho ao amanhecer e ao pôr-do-sol.

Muitos mitos secretos se passam nessa rocha, em cujas paredes inferiores e cavernas há pinturas antiquíssimas. Acredita-se que seja um portal para o Tempo do Sonho, ou até mesmo o próprio local. Outros dizem que foram os Ungambikulas que criaram a pedra ao brincar com a lama depois de um dilúvio. Após a criação do universo, os irmãos teriam voltado a Uluru e se tornaram pedregulhos.

Há várias histórias de turistas que levaram para casa um pedaço do Uluru e devolveram a lembrança alegando que foram amaldiçoados por levar uma parte do monumento sagrado. O Parque Nacional Australiano que administra o local diz receber um pacote por dia, enviado de várias partes do mundo, com uma amostra do Uluru e um pedido de desculpas.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ipilya


Ipilya na marca Australian Indigenous Health Info Net,
criada pela artista aborígene Donna Lei Rioli
Em um gigantesco pântano, vive Ipilya, uma gigantesca lagartixa responsável pelas tempestades e trovoadas do período das monções. Diz-se que ela engole água e lama para em seguida esguichá-las nos céus, criando as nuvens de chuva. Feliz com o resultado, Ipilya se move entre as nuvens como os raios e seu rugido dá som aos trovões.

Passada as chuvas, Ipilya descansa. É uma entidade pacífica, porém, ataca os desavisados que invadem seu pântano. As tribos do norte da Austrália temiam os répteis que viviam em poços e costumam realizar inúmeras cerimônias para agradá-los.

O interessante é que as lagartixas são um dos dos poucos lagartos que realmente produzem som vocal, mas obviamente não chega a um rugido.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Altjira


Altjira é o Pai Celestial para os aborígenes da Austrália Central. É também considerado o Governante do Tempo do Sonho (Alchera). Diz-se que ele criou a Terra e depois se retirou para os céus, mantendo indiferença pela humanidade. É descrito como um homem com pés de avestruz. Suas esposas e filhas possuem pé de cachorro.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Djanggawuls

Clãs do norte da Austrália falam de um trio de deuses - duas irmãs, Djanggau e Djunkgao, e um irmão, Bralbral - chamados Djanggawuls que chegaram a Terra por Beralku (ou Bralgu), a ilha dos espíritos mortos.

Dizia-se que as irmãs viviam grávidas por estupros de seu irmão. Elas iam gerando animais, plantas e os primeiros humanos enquanto andavam pela Terra. A cada nascimento, partes de suas vulvas caíam no solo e se tornavam objetos sagrados. Seu irmão recolheu os objetos, destituíndo-as de seus poderes divinos. As duas preferiram a reclusão ao sul da Austrália.

Outra lenda diz que elas eram Miralaid e Bildjiwararoju, as rubras e plumadas filhas do deus-sol. Elas modelaram a paisagem usando ranggas (bastões sagrados especiais), que depois foram deixados em locais sagrados. Também eram consideradas deusas da fertilidade, possivelmente numa relação incestuosa com o pai.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ungambikulas do Tempo do Sonho

Espíritos do Tempo do Sonho, pintura acrílica de Collen Wallace Nungari

A mitologia dos aborígenes australianos gira em torno do Tempo do Sonho. No início, a Terra era plana e escura. Não havia vida ou morte, sol, lua ou estrelas. Todos dormiam embaixo da Terra, junto aos ancestrais eternos. Um dia, o sol se levantou e todos os outros acordaram de sua eternidade para viajar por todo território, fazendo rios e planícies, andando como homens, animais, plantas ou seres híbridos, espalhando guruwari, a semente da vida.

Dois deles - os Ungambikulas, que haviam se criado a partir do nada - começaram a enxergar pessoas parcialmente criadas pelos ancestrais, que jaziam disformes, inacabadas, semitransformadas, híbridas de animais ou plantas. Então, com suas facas de pedra, a dupla começou a esculpir cabeça, corpo e membros terminando a obra. Por essa razão, acredita-se que todo ser humano possui um totem ou animal ou vegetal de onde foi esculpido.

Tudo finalizado, todos os ancestrais voltaram ao Tempo do Sonho. Alguns se transformaram em rochas e árvores para marcar o caminho sagrado que eles uma vez fizeram. O Tempo do Sonho não é só um período da história passada. Ele está sempre presente, manifestando-se em rituais sagrados. Sacerdotes tornam-se ancestrais nessas cerimônias para contar essas viagens pelo território australiano.