Os maias adoravam um deus do milho, Yum Kaax, ou “Senhor das Florestas”. Retratado como um belo jovem de testa larga com uma espiga de milho na coroa, esta divindade também desempenhou importante papel como protetor da agricultura.
Pode ser comparado ao deus asteca do milho Cinteotl, ao qual as pessoas ofereciam seu sangue no mês de abril. Juncos eram mergulhados no sangue e colocados do lado de fora das casas para assegurar um fornecimento regular de alimento o longo de todo o ano.
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quarta-feira, 11 de abril de 2018
terça-feira, 12 de setembro de 2017
Ekchuah
Com seus olhos pintados de preto, lábio inferior caído e uma longa cauda de escorpião, Ekchuah era um dos deuses mais surpreendentes do panteão maia, com dois papéis bastante diferentes e quase conflitantes: por um lado, protegia comerciantes e viajantes, carregando um saco de mercadoria nas costas como um vendedor ambulante; e, por outro, era o Líder da Guerra Negra – esse é o significado de seu nome –, uma divindade feroz e violenta, responsável por todos os que morriam nas batalhas.
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domingo, 9 de agosto de 2015
Ixtab
Ixtab, deusa maia guardiã dos suicidas, presidia o Paraíso dos Abençoados. Reunia todos os que tinham se suicidado por enforcamento e enviava seus espíritos diretamente para o paraíso. Lá, juntamente com os soldados que haviam morrido nos campos de batalha ou como vítimas de sacrifícios, as mulheres que pereceram durante o parto e membros do sacerdócio, eles levavam uma vida de prazeres, premiados com comidas e bebidas deliciosas e repousando sob a sombra de uma árvore agradável (Iaxche), livres de todos os desejos.
A aparência de Ixtab indica sua função: ela é retratada como uma mulher enforcada, pendurada no céu, com uma corda ao redor do pescoço. Seus olhos fechados e as bochechas mostram os primeiros sinais de decomposição.
A aparência de Ixtab indica sua função: ela é retratada como uma mulher enforcada, pendurada no céu, com uma corda ao redor do pescoço. Seus olhos fechados e as bochechas mostram os primeiros sinais de decomposição.
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sábado, 22 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Acaba ou não acaba?
E, então? O mundo acaba ou não acaba hoje? Eu sei que a data marcada pelos maias é dia 21 de dezembro... mas como estou postando isso à meia-noite e considerando o horário de verão no GMT (horário a partir do Meridiano de Greenwich), será que o mundo já começou a acabar nas Ilhas Marshall? Ou seria em Tuvalu? Ou na Nova Zelândia? Por que tem que ser da direita pra esquerda?
Espero que vocês estejam acompanhando este blog (aqui, aqui, aqui e - principalmente - aqui) para não perderem tempo com isso e aproveitarem o novo ciclo que se iniciará.
Espero que vocês estejam acompanhando este blog (aqui, aqui, aqui e - principalmente - aqui) para não perderem tempo com isso e aproveitarem o novo ciclo que se iniciará.
OBS.: A convenção de iniciar cada dia à meia-noite tem origem com os romanos: Plutarco comentou sobre a dificuldade de determinar o início do dia pelo nascimento do Sol e o começo da noite pelo pôr do Sol, devido ao fato de não haver uma definição clara de quando ocorre isto, se é quando aparecem ou desaparecem os primeiros e últimos raios de Sol ou quando o centro do Sol toca no horizonte.
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terça-feira, 24 de julho de 2012
In loco
Pirâmide de Kukulcán em Chichen Itzá |
Ano passado, por ocasião dos 100 anos de Machu Picchu, estive na belíssima cidade inca que, junto com Chichén Itzá, são duas das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Este ano, com tanto papo sobre a cultura maia por causa das errôneas previsões do fim do mundo, é pra lá que eu vou! Por isso, este blog andou focando bastante na mitologia maia!
Aguardem um pouco que voltarei com histórias e fotos de mais um local mágico! Dêem uma olhada no que tem por aqui sobre o assunto que eu volto já!
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sexta-feira, 20 de julho de 2012
Camazotz
Camazotz ("morcego mortal") era o Deus dos morcegos, um vampiro com dentes afiados, asas, garras e nariz de folha. Monstros-morcego (vampiros) eram chamados pelo mesmo nome e enfrentaram os irmãos gêmeos no Xibalba. O deus em si arrancou a cabeça de Hunahpu e a fez de bola para o jogo de pelota.
Também chamado de Cama-Zots e Zotz, pensa-se que seu mito foi inspirado num morcego hematófago (Desmodus rotundus) que vivia no México e na Guatemala, hoje extinto. Era associado à noite e à sacrifícios e vivia na sua caverna no Xibalba, chamada Zotzilaha.
Também chamado de Cama-Zots e Zotz, pensa-se que seu mito foi inspirado num morcego hematófago (Desmodus rotundus) que vivia no México e na Guatemala, hoje extinto. Era associado à noite e à sacrifícios e vivia na sua caverna no Xibalba, chamada Zotzilaha.
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sexta-feira, 13 de julho de 2012
Kinich-Ahau
O deus-sol dos maias era Kinich-Ahau, o Senhor do Olho do Sol. Como tantos outros deuses do sol, de dia tinha uma identidade diferente da noturna. Durante o dia, enquanto viajava pelo céu, Kinich-Ahau podia aparecer tanto na forma jovem quanto na velha, mas em geral era retratado vesgo com um grande nariz aquilino. Alguns diziam que nesse momento, ele seria o avatar diurno de Itzamna, o Pássaro Dourado (Arara) Flamejante, o Dragão Celeste. Era também deus da música e da poesia, relacionando-se com os cervos, os colibris (energia sexual) e as águias (caráter guerreiro).
Mas à noite, em sua viagem noturna pelo mundo subterrâneo, transformava-se no Deus Jaguar, governante maior do Xibalba, símbolo de poder do rei e da fertilidade da terra. Essa transição diária também o colocava como o Criador do Tempo, a Origem do Porvir.
Em seu lado irado, era o patrono das doenças, das guerras e da seca na terra. Sacerdotes vestiam a pele do jaguar e traziam essas qualidades de volta à vida em cerimônias (muitas próximas do Ano Novo) destinadas a curar, a trazer chuvas ou a levar sucesso às caçadas e aos combates.
Mas à noite, em sua viagem noturna pelo mundo subterrâneo, transformava-se no Deus Jaguar, governante maior do Xibalba, símbolo de poder do rei e da fertilidade da terra. Essa transição diária também o colocava como o Criador do Tempo, a Origem do Porvir.
Em seu lado irado, era o patrono das doenças, das guerras e da seca na terra. Sacerdotes vestiam a pele do jaguar e traziam essas qualidades de volta à vida em cerimônias (muitas próximas do Ano Novo) destinadas a curar, a trazer chuvas ou a levar sucesso às caçadas e aos combates.
Possível escultura de Kinich Ahau no Templo das Máscaras em Kohunlich, sítio arqueológico na península de Yucatán. |
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domingo, 8 de julho de 2012
Ah Puch
Ah Puch, o Descarnado, é um dos soturnos governantes do Xibalba, o inferno maia. Associado àmorte, à noite, à guerra e aos sacrifícios, era o responsável pelo Mitnal, o último nível do submundo, o mais profundo e desagradável. Era também chamado de Kisín (o flatulento), Hun Ahau (morte única), Yum Kimil (senhor morte) e Vucub Camé (sete mortes).
Muito temido pelos maias, dizia-se que Ah Puch escondia-se de modo assutador na casa dos mortos e moribundos, pronto para levar suas almas, como um ceifador. Acreditava-se que a única maneira de escapar de suas atenções era gritando e gemendo de uma forma bem convincente para que o deus acreditasse que o moribundo já estivesse recebendo alguma punição de seus demônios menores. Assim, ele sairia triste por não levar uma alma, porém feliz de saber que a tortura estava sendo realizada.
Muan, era sua coruja-mensageira que levava as más notícias à humanidade. Até hoje persiste a lenda que, quando uma coruja pia, alguém próximo morre. Se você a ouvir, respire fundo e conte até dez. Aliás, Ah Puch é patrono do número dez. Também era visto com cachorros e morcegos.
Normalmente era representado como um esqueleto em estado de putrefação. Seus chapéus são bem variados: ou a cabeça de um jaguar, ou de um boi ou de uma coruja, que podiam ser adornados com olhos humanos. Cascavéis aparecem enroladas em seu corpo ou como cabelos, com seus chocalhos representados como sinos. No Poço de Sacríficios de Chichen Itzá (sagrada cidade maia), foram encontradas inúmeras cascavéis de bronze e de ouro, provavelmente, dos corpos imolados em nome dos deuses.
Ah Puch é a antítese de Itzamna, o complemento das forças da vida que harmonizavam o dinamismo cósmico. É identificado com o Mictlantecuhtli dos astecas, enquanto o Mitnal parece nos trazer uma representação de inferno próximo ao que Dante Alighieri criou na Divina Comédia, com nove círculos, sendo o nono o mais profundo.
Muito temido pelos maias, dizia-se que Ah Puch escondia-se de modo assutador na casa dos mortos e moribundos, pronto para levar suas almas, como um ceifador. Acreditava-se que a única maneira de escapar de suas atenções era gritando e gemendo de uma forma bem convincente para que o deus acreditasse que o moribundo já estivesse recebendo alguma punição de seus demônios menores. Assim, ele sairia triste por não levar uma alma, porém feliz de saber que a tortura estava sendo realizada.
Muan, era sua coruja-mensageira que levava as más notícias à humanidade. Até hoje persiste a lenda que, quando uma coruja pia, alguém próximo morre. Se você a ouvir, respire fundo e conte até dez. Aliás, Ah Puch é patrono do número dez. Também era visto com cachorros e morcegos.
Normalmente era representado como um esqueleto em estado de putrefação. Seus chapéus são bem variados: ou a cabeça de um jaguar, ou de um boi ou de uma coruja, que podiam ser adornados com olhos humanos. Cascavéis aparecem enroladas em seu corpo ou como cabelos, com seus chocalhos representados como sinos. No Poço de Sacríficios de Chichen Itzá (sagrada cidade maia), foram encontradas inúmeras cascavéis de bronze e de ouro, provavelmente, dos corpos imolados em nome dos deuses.
Ah Puch é a antítese de Itzamna, o complemento das forças da vida que harmonizavam o dinamismo cósmico. É identificado com o Mictlantecuhtli dos astecas, enquanto o Mitnal parece nos trazer uma representação de inferno próximo ao que Dante Alighieri criou na Divina Comédia, com nove círculos, sendo o nono o mais profundo.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Vucub-Caquix e seus filhos
No Popol Vuh - antigo documento quechua -, Vucub-Caquix ("sete araras") era um monstruoso e gigantesco pássaro-demônio que pretendia ser o astro-rei da antiga criação (antes da atual, logo depois do dilúvio). Carregava um falso sol em seu bico, causando infelicidade pelo mundo.*
O demoníaco abutre foi abatido pelos irmãos gêmeos heróis, Xbalanque e Hunahpu, que o atingiram com dardos de zarabatanas. O monstro caiu dos céus em chamas para o Xibalba (inferno maia) e se tornou um deus da morte.
Outra lenda conta que os gêmeos herói se irritaram com a arrogância do deus-demônio e dediriam matá-lo. Para tal, se esconderam sob a árvore favorita dele e o atacaram com suas zarabatanas. Enfurecido, Vucub-Caquix arrancou o braço de Hunahpu e escapou. Os gêmeos, então, convenceram um casal de idosos para posar como curandeiros, oferecendo-se para curar seus olhos e dentes. O velho casal enganou o pássaro, dizendo-lhe que precisaram substituir seus olhos de metal e seus dentes de jóias e turquesas. O abutre concordou, e eles substituíram por grãos de milho. Vucub Caquix perdeu seu poder e morreu rapidamente.
É também chamado de Vucab-Cakix, Vucub-Came e Gucup-Caquix.
Com sua esposa Chimalmat, teve dois filhos tão malignos quanto ele: os gigantes montanhosos Cabrakán, deus dos terremotos, e Zipacná, o empilhador de terra. Ambos também tiveram seu fim pelas armadilhas dos gêmeos. Cabrakán foi enterrado depois de comer galinhas envenenadas e Zipacná foi esmagado por uma montanha enquanto comia um caraguejo preparado pelos heróis.
O demoníaco abutre foi abatido pelos irmãos gêmeos heróis, Xbalanque e Hunahpu, que o atingiram com dardos de zarabatanas. O monstro caiu dos céus em chamas para o Xibalba (inferno maia) e se tornou um deus da morte.
Outra lenda conta que os gêmeos herói se irritaram com a arrogância do deus-demônio e dediriam matá-lo. Para tal, se esconderam sob a árvore favorita dele e o atacaram com suas zarabatanas. Enfurecido, Vucub-Caquix arrancou o braço de Hunahpu e escapou. Os gêmeos, então, convenceram um casal de idosos para posar como curandeiros, oferecendo-se para curar seus olhos e dentes. O velho casal enganou o pássaro, dizendo-lhe que precisaram substituir seus olhos de metal e seus dentes de jóias e turquesas. O abutre concordou, e eles substituíram por grãos de milho. Vucub Caquix perdeu seu poder e morreu rapidamente.
É também chamado de Vucab-Cakix, Vucub-Came e Gucup-Caquix.
Com sua esposa Chimalmat, teve dois filhos tão malignos quanto ele: os gigantes montanhosos Cabrakán, deus dos terremotos, e Zipacná, o empilhador de terra. Ambos também tiveram seu fim pelas armadilhas dos gêmeos. Cabrakán foi enterrado depois de comer galinhas envenenadas e Zipacná foi esmagado por uma montanha enquanto comia um caraguejo preparado pelos heróis.
* Uma curiosidade: acredita-se que esse monstro esteja representado na constelação de Cygnus (Cisne), onde em seu "bico" existe uma estrela misteriosa (X-1) que se tornou uma supernova e, consequentemente, um buraco negro.
domingo, 1 de julho de 2012
Mensagem sobre o fim
Transcrevo aqui parte da matéria da Veja On Line sobre a descoberta de uma escadaria maia com inscrições sobre o último dia de 2012, dia 21 de dezembro:
Ou seja, como já havia dito em outras postagens (aqui, aqui e aqui), podemos relaxar e planejar o ano que vem.
Uma escadaria com mensagens hieroglíficas de mais de 1.300 anos da civilização maia, com menção ao “último dia”, 21 de dezembro de 2012, foi encontrada no sítio arqueológico de La Corona, na Guatemala.
O texto, escrito em 56 hieróglifos nos degraus de uma escadaria, é considerado a descoberta mais importante das últimas décadas de pesquisas sobre a civilização pré-colombiana. Em maio, arqueólogos já haviam anunciado a descoberta do mais antigo calendário maia, encontrado no mesmo local.
"A mensagem tem caráter mais político do que profético", afirma Marcello Canuto, diretor do Instituto de Pesquisas da América Central da Universidade de Tulane (EUA) e codiretor do Projeto Arqueológico La Corona. De acordo com ele, os maias usaram o calendário para promover a continuidade e a estabilidade dos reinados, mais do que prever o apocalipse. Descrevendo ciclos de poder, estabeleceram que ele fosse se encerrar em 21 de dezembro de 2012.
David Stuart, da Universidade do Texas, que esteve na primeira expedição a La Corona em 1997, identificou a referência a 2012 em um bloco de uma escadaria descoberto recentemente. A mensagem comemorava a visita a La Corona do rei maia mais poderoso da época, em 696 a.C. Yuknoom Yich'aak K'ahk', de Calakmul, esteve na cidade alguns meses depois de ser derrotado em uma batalha pelo seu maior rival, Tikail, no ano 695. Ele visitava aliados para recuperar o apoio e evitar sua queda. Segundo Stuart, a mensagem sobre 2012 tentava retomar a ordem estabelecendo um grande ciclo de poder.
Detalhe de um dos hieróglifos encontrados no sítio arqueológico La Corona, com referências a 2012(Tulane University/Divulgação) |
Ou seja, como já havia dito em outras postagens (aqui, aqui e aqui), podemos relaxar e planejar o ano que vem.
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segunda-feira, 21 de maio de 2012
O fim não está próximo
Mesmo que muitos digam que o mundo irá acabar daqui a exatos 7 meses (no dia 21 de dezembro de 2012), podem relaxar: o fim está looooonge...
Saiu no caderno de Ciências do jornal O Globo, do dia 11 de maio, uma matéria que fala sobre escavações nas ruínas de Xúltun (Guatemala) que revelaram um mural maia do século 9 com calendários que avançam além de 2012. Já expliquei aqui os calendários e apresentei a teoria dos 13 Ciclos Harmônicos, mas com essas novas descobertas acredita-se em pelo menos outros 4 ciclos de mais de 300 anos!
“Nunca tínhamos visto nada igual”, disse David Stuart, professor de Arte e Escritura Mesoamericana da Universidade do Texas-Austin, encarregado de decifrar os hieróglifos. Ele destacou que se tratam das primeiras pinturas maias encontradas em paredes. A sala onde estão tais escritos pode ter sido um escritório para a reunião de sacerdotes e astrônomos com alguma autoridade na comunidade maia.
Os pesquisadores dizem que essa descoberta foi feita em apenas 1% do que foi escavado até agora. Ou seja... muito mais ainda pode surgir. Se quiser, leia mais na reportagem do Globo.com.
Saiu no caderno de Ciências do jornal O Globo, do dia 11 de maio, uma matéria que fala sobre escavações nas ruínas de Xúltun (Guatemala) que revelaram um mural maia do século 9 com calendários que avançam além de 2012. Já expliquei aqui os calendários e apresentei a teoria dos 13 Ciclos Harmônicos, mas com essas novas descobertas acredita-se em pelo menos outros 4 ciclos de mais de 300 anos!
Os novos calendários documentam ciclos lunares e planetários (provavelmente Mercúrio e Marte). Foto: William Saturno/David Stuart/National Geographic/Divulgação |
“Nunca tínhamos visto nada igual”, disse David Stuart, professor de Arte e Escritura Mesoamericana da Universidade do Texas-Austin, encarregado de decifrar os hieróglifos. Ele destacou que se tratam das primeiras pinturas maias encontradas em paredes. A sala onde estão tais escritos pode ter sido um escritório para a reunião de sacerdotes e astrônomos com alguma autoridade na comunidade maia.
Os pesquisadores dizem que essa descoberta foi feita em apenas 1% do que foi escavado até agora. Ou seja... muito mais ainda pode surgir. Se quiser, leia mais na reportagem do Globo.com.
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sexta-feira, 9 de março de 2012
Ciclos harmônicos
As treze ondas harmônicas da história (clique para aumentar) |
Gostei desse infográfico acima que mostra os 13 ciclos da história do mundo a partir do calendário maia. Este ano de 2012 é o 13 baktun (medida de anos),que seria o Ciclo de Transformação da Matéria. E se dermos conta do avanço da ciência nos anos que fazem parte deste ciclo, não temos dúvida que realmente transformamos e manipulamos a matéria até seu nível atômico.
Agora é esperar o próximo ciclo e a nova era... o que virá por aí?
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
O calendário Maia e o fim do mundo
O ano de 2012 é um ano Maia. Afinal... é por causa da civilização maia que só se fala em fim do mundo no dia 21/12/2012.
Os maias não foram os primeiros a usarem um calendário, mas o deles é bem complicado de se entender, até porque, na verdade, são vários calendários que são combinados e utilizados de forma diferente! Mas, graças à exatidão desses calendários - os mais perfeitos entre os povos mesoamericanos -, os maias eram capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a passagem do tempo, historiando os acontecimentos políticos e religiosos que consideravam cruciais. Eles acreditavam que o deus Itzamna ensinara aos maias primordiais a ciência do calendário.
Estudiosos acreditam que eles estabeleceram um dia zero* em 13 de agosto de 3113 a.C., mas não se sabe o que aconteceu para isso**. A partir deste dia os ciclos - contados de vinte em vinte, ou integrados por cinqüenta e dois anos - se repetiam e dominavam a linearidade do tempo. Podiam acontecer coisas diferentes nas datas de cada ciclo, mas cada seqüência era exatamente igual à outra, passada ou futura. Na perspectiva maia, passado, presente e futuro estão em uma mesma dimensão. Essa concepção circular do tempo, atrapalha os estudiosos. Por exemplo, a invasão tolteca do século X se confunde nas crônicas maias com a invasão espanhola que ocorreu 500 anos depois.
O calendário Tzolkin foi o primeiro a ser utilizado pelos maias. A divisão em trezenas de 20 dias (260 no total) pode ser pelo tempo da gestação humana (pouco mais de 8 meses), pelas Plêiades ou pelo cultivo do milho. Os números 13 e 20 eram importantes na cultura maia: 20 é o número de dedos (possivelmente eles usavam tanto os das mãos quanto os dos pés para contar) e 13 é o número de juntas do corpo (um pescoço, dois ombros, dois cotovelos, dois pulsos, dois quadris, dois joelhos e dois calcanhares) e o número de níveis do Paraíso onde os deuses reinavam. Para entender seu funcionamento, pense em duas engrenagens trabalhando em conjunto: uma possui os hieróglifos correspondentes aos 20 dias e outra os números de 1 a 13. Este calendário era considerado sagrado porque determinava as caracterísitas das datas de nascimento (como um horóscopo), as datas de cultivo, das chuvas e de cerimônias religiosas.
O calendário Haab - equivalente ao dos antigos egípcios e com algumas semelhaças ao gregoriano (o nosso) - se baseia no ano solar, ou seja, o tempo que a Terra leva para dar a volta no Sol. Era o caledário civil, utilizado para a agricultura e para a economia. Também era dividido em 20 dias, mas em 18 períodos, totalizando 360 dias. Ao perceberem que esse total de dias não completava o ano solar, os maias criaram o mês Uayeb, os "cinco dias sem nome" conhecido por ser o período de descanso dos deuses e, portanto, uma época de muitos perigos e mau agouro. Os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam, e nenhum limite impedia que deidades mal-intencionadas causassem desastres. Os maias realizavam cerimônias durante o Uayeb na esperança de que os deuses retornassem. Por exemplo, as pessoas evitavam sair de casa e não lavavam ou penteavam os cabelos.
Para prevenções e registro histórico, os maias queriam um calendário maior, pois o Tzolkin e o Haab eram menores que um ano. Então, combinados, esses dois calendários ofereciam 18.890 dias únicos, um período de tempo de cerca de 52 anos, que era suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas, já que era muito acima da expectativa de vida geral da época. Esse Ciclo de Calendário foi o mais longo da Mesoamérica. O fim de cada Ciclo de Calendário era um período de tensão e má sorte entre os maias, que faziam rituais para ver se os deuses concederiam outro ciclo de 52 anos.
Os maias queriam registrar a história de sua civilização para as gerações futuras. Para isso, precisavam de um calendário que os levaria através de centenas ou até milhares de anos. Aqui entra o Katun, o Calendário de Longa Contagem, ou o Grande Ciclo, que dura aproximadamente 5125 anos! Sua divisão é diferente, feita da seguinte forma:
A interpretação incorreta deste calendário forma a base da crença em um cataclismo que determinaria o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012***. Esta data é apenas o último dia do 13º baktun (data 13.0.0.0.0), ou seja, o fim de um ciclo e não o fim dos tempos. Mas os maias acreditavam que, no final de cada ciclo pictun o universo era destruído e recriado. Portanto, marquem nas agendas: o fim do mundo será em 12 de Outubro de 4772!
Ainda haveria dois outros importantes calendários: do Ciclo Lunar (trezes de 28 dias) e do Ciclo Venusiano (com 584 dias). Muitos eventos nestes ciclos eram vistos como sendo inauspiciosos e perniciosos. Ocasionalmente, as guerras e coroações eram planejadas para coincidir com estágios destes ciclos. Outros ciclos, combinações e progressões de calendários menos prevalentes ou pouco compreendidos, também eram seguidos, como uma contagem de 819 dias que aparece em algumas poucas inscrições e intervalos de 9 e 13 dias associados com diferentes grupos de deidades, animais e outros planetas.
Entenda melhor o funcionamento desses calendários na Wikipedia, no How stuff works e no blog Doismiledoze.
* Acredita-se que o Maias tenham criado o número zero, representado por uma concha!
** Não se tem certeza se foi 11, 12 ou 13 de agosto. Essas informações estão no Código Dresden, um dos quatro documentos mais que sobreviveram à Inquisição.
*** O filme 2012, sobre o fim do mundo, usa a data 23 de dezembro por causa de uma pedra encontrada no México. Mas essa pedra, na verdade, acaba provando que o mundo passa dessas datas apocalípticas.
Os maias não foram os primeiros a usarem um calendário, mas o deles é bem complicado de se entender, até porque, na verdade, são vários calendários que são combinados e utilizados de forma diferente! Mas, graças à exatidão desses calendários - os mais perfeitos entre os povos mesoamericanos -, os maias eram capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a passagem do tempo, historiando os acontecimentos políticos e religiosos que consideravam cruciais. Eles acreditavam que o deus Itzamna ensinara aos maias primordiais a ciência do calendário.
Estudiosos acreditam que eles estabeleceram um dia zero* em 13 de agosto de 3113 a.C., mas não se sabe o que aconteceu para isso**. A partir deste dia os ciclos - contados de vinte em vinte, ou integrados por cinqüenta e dois anos - se repetiam e dominavam a linearidade do tempo. Podiam acontecer coisas diferentes nas datas de cada ciclo, mas cada seqüência era exatamente igual à outra, passada ou futura. Na perspectiva maia, passado, presente e futuro estão em uma mesma dimensão. Essa concepção circular do tempo, atrapalha os estudiosos. Por exemplo, a invasão tolteca do século X se confunde nas crônicas maias com a invasão espanhola que ocorreu 500 anos depois.
O calendário Tzolkin foi o primeiro a ser utilizado pelos maias. A divisão em trezenas de 20 dias (260 no total) pode ser pelo tempo da gestação humana (pouco mais de 8 meses), pelas Plêiades ou pelo cultivo do milho. Os números 13 e 20 eram importantes na cultura maia: 20 é o número de dedos (possivelmente eles usavam tanto os das mãos quanto os dos pés para contar) e 13 é o número de juntas do corpo (um pescoço, dois ombros, dois cotovelos, dois pulsos, dois quadris, dois joelhos e dois calcanhares) e o número de níveis do Paraíso onde os deuses reinavam. Para entender seu funcionamento, pense em duas engrenagens trabalhando em conjunto: uma possui os hieróglifos correspondentes aos 20 dias e outra os números de 1 a 13. Este calendário era considerado sagrado porque determinava as caracterísitas das datas de nascimento (como um horóscopo), as datas de cultivo, das chuvas e de cerimônias religiosas.
O calendário Haab - equivalente ao dos antigos egípcios e com algumas semelhaças ao gregoriano (o nosso) - se baseia no ano solar, ou seja, o tempo que a Terra leva para dar a volta no Sol. Era o caledário civil, utilizado para a agricultura e para a economia. Também era dividido em 20 dias, mas em 18 períodos, totalizando 360 dias. Ao perceberem que esse total de dias não completava o ano solar, os maias criaram o mês Uayeb, os "cinco dias sem nome" conhecido por ser o período de descanso dos deuses e, portanto, uma época de muitos perigos e mau agouro. Os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam, e nenhum limite impedia que deidades mal-intencionadas causassem desastres. Os maias realizavam cerimônias durante o Uayeb na esperança de que os deuses retornassem. Por exemplo, as pessoas evitavam sair de casa e não lavavam ou penteavam os cabelos.
Os hieróglifos correspondentes aos 18 períodos (meses) do Haab mais o Uayeb. |
Para prevenções e registro histórico, os maias queriam um calendário maior, pois o Tzolkin e o Haab eram menores que um ano. Então, combinados, esses dois calendários ofereciam 18.890 dias únicos, um período de tempo de cerca de 52 anos, que era suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas, já que era muito acima da expectativa de vida geral da época. Esse Ciclo de Calendário foi o mais longo da Mesoamérica. O fim de cada Ciclo de Calendário era um período de tensão e má sorte entre os maias, que faziam rituais para ver se os deuses concederiam outro ciclo de 52 anos.
Os maias queriam registrar a história de sua civilização para as gerações futuras. Para isso, precisavam de um calendário que os levaria através de centenas ou até milhares de anos. Aqui entra o Katun, o Calendário de Longa Contagem, ou o Grande Ciclo, que dura aproximadamente 5125 anos! Sua divisão é diferente, feita da seguinte forma:
- kin (1 dia)
- winal (20 dias ou 20 kins)
- tun (360 dias ou 18 winals)
- katun (7200 dias ou 20 tuns ou 19,7 anos)
- baktun (144 mil dias ou 20 katuns ou 394,3 anos)
- pictun (20 baktuns ou 7885 anos)
- calabtun (20 pictuns ou 157.704 anos)
- kinchiltun (20 calabtuns ou 3.154.071 anos)
- alutun (20 kinchiltun ou 63.081.429 anos, período próximo ao desaparecimento dos dinossauros)
A interpretação incorreta deste calendário forma a base da crença em um cataclismo que determinaria o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012***. Esta data é apenas o último dia do 13º baktun (data 13.0.0.0.0), ou seja, o fim de um ciclo e não o fim dos tempos. Mas os maias acreditavam que, no final de cada ciclo pictun o universo era destruído e recriado. Portanto, marquem nas agendas: o fim do mundo será em 12 de Outubro de 4772!
Ainda haveria dois outros importantes calendários: do Ciclo Lunar (trezes de 28 dias) e do Ciclo Venusiano (com 584 dias). Muitos eventos nestes ciclos eram vistos como sendo inauspiciosos e perniciosos. Ocasionalmente, as guerras e coroações eram planejadas para coincidir com estágios destes ciclos. Outros ciclos, combinações e progressões de calendários menos prevalentes ou pouco compreendidos, também eram seguidos, como uma contagem de 819 dias que aparece em algumas poucas inscrições e intervalos de 9 e 13 dias associados com diferentes grupos de deidades, animais e outros planetas.
Entenda melhor o funcionamento desses calendários na Wikipedia, no How stuff works e no blog Doismiledoze.
* Acredita-se que o Maias tenham criado o número zero, representado por uma concha!
** Não se tem certeza se foi 11, 12 ou 13 de agosto. Essas informações estão no Código Dresden, um dos quatro documentos mais que sobreviveram à Inquisição.
*** O filme 2012, sobre o fim do mundo, usa a data 23 de dezembro por causa de uma pedra encontrada no México. Mas essa pedra, na verdade, acaba provando que o mundo passa dessas datas apocalípticas.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Chaac
Estátua em terracota de Chaac |
Em geral, conforme outras divindades do panteão maia, Chaac era representado tanto como uno quanto com quatro faces (ou como quatro deuses diferentes, separados, mas benéficos), cada um de uma cor para cada ponto cardeal. Seu corpo humano era recoberto de escamas reptilianas, possuía duas longas presas, seu nariz era adunco e usava uma concha como brinco que sobressaía no meio de seu cabelo trançado. Além do machado, também podia carregar um escudo ou uma vasilha. Esta sua forma também era cíclica: em períodos chuvosos, dizia-se que era um jovem viril que dominava os céus com seu machado; e, nas secas, era transformado em um velho enrugado (uma serpente trocando de pele) que se dirigia aos oceanos em uma canoa para rejuvenescer.
Um xamã chamado "fazedor de chuvas" era o contato humano com o deus, e fazia rituais imitando sapos para chamar sua atenção. Portanto, sapos eram relacionados ao deus, assim como a cor azul turquesa.
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terça-feira, 20 de julho de 2010
Itzamna
Cerâmica maia |
Itzamna ("casa do iguana ou crocodilo") era o senhor dos céus, deus do dia e da noite, criador da humanidade e patrono das ciências e da escrita. Era retratado como um velho desajeitado e bondoso, de nariz avermelhado e bulboso, sem dentes, utilizando um chapéu florido. Às vezes aparecia como uma serpente plumada (Kukulcán) – identificado com Quetzalcoatl dos astecas –, um crocodilo ou uma iguana e, por isso, era chamado de Dragão Celeste.
Também é representado como um deus de quatro cabeças, cada uma como uma direção cardeal, ou então, quatro deuses diferentes, os Itzamnas. No entanto, os Itzamnas também podem ser seus filhos Bacabs, os gigantes que sustentam o céu: Cauac (o Sul amarelo), Ix (o Oeste negro), Kan (o Leste vermelho) e Mulac (o Norte branco).
Itzamna ajudava a humanidade com seus poderes de cura (possuía uma mão medicinal incandescente capaz de ressuscitar os mortos) e jamais era relacionado a quaisquer males ou desastres, sendo totalmente benevolente, o lado positivo do Sol (Kinich Ahau, que é um deus, mas às vezes considerado uma versão de Itzamna). Portanto, estava desligado de guerras e sacrifícios humanos. Os maias acreditavam que ele teria vindo como um grande herói que ensinou a escrita, o calendário, a agricultura (principalmente do milho) e os rituais religiosos. Sacerdotes maias colhiam o orvalho, pois o consideravam lágrimas de Itzamna por causa da escuridão noturna.
Filho do criador Hunab Ku, foi casado com o Ixchel, com quem teve Yum Kaax, Ek Chuah, entre outros deuses das estrelas, da noite e das águas, responsáveis pela criação do céu, da terra e de tudo que há nela. A história de Itzamna e Ixchel é semelhante a de Izanagi e Izanami, da mitologia japonesa.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Ixchel
Ixchel ou Ix Chel ("A de pele branca" ou, talvez, "Arco-Íris") era a deusa do amor, da gestação, dos trabalhos têxteis e da lua. Possivelmente, a maior deusa na mitologia maia, era também conhecida como Lady Arco-Íris, Mãe-Terra e Caverna da Vida. Muitos crêem que ela era a deusa jaguar da medicina e do parto na antiga cultura maia.
Como deusa da pintura e dos tecidos, Ixchabel Yax, foi casada com o grande Itzamna, com quem teve inúmeros deuses celestes. Mesmo casada, Ixchel é conhecida por seus inúmeros amantes. Quando se enchia dos ciúmes deles, ficava invisível por um bom tempo, apenas ajudando mães e seus recém-nascidos. Nessa forma, era representada por uma jovem e um coelho, símbolo de fertilidade e abundância no mundo inteiro.
Existem registros de inúmeros rituais xamanísticos dedicados à deusa no século XVI. Em sua manifestação agressiva, era a deusa das tempestades, representada por uma velha com uma serpente na cabeçamãos e pés em garras e ossos cruzados nas roupas que esvazia os recipientes de cólera sobre o mundo. Seu poder de trabalhar com a serpente do céu para provocar enchentes era muito temido. As inundações seriam produto de sua raiva pelos humanos e a maior delas pode ter sido o Grande Dilúvio que também aparece na mitologia cristã. Seus sacerdotes tentavam acalmá-la com sacrifícios freqüentes. O jarro esvaziando que aparece em várias de suas representações também pode ser referente ao ciclo lunar, uma vez que remete à lua minguante. E essa simbologia possui ligação direta com as funções maias de uma parteira (o jarro esvaziando seria o nascimento) e com o ciclo menstrual.
Possuía templos nas ilhas mexicanas de Cozumel e Isla Mujeres, onde grandes cerimônias eram realizadas em sua honra no sexto dia de lua. De um porto na península de Quintana Roo, partiam as canoas de peregrinos até os templos para solicitar ao oráculo da deusa (um sacerdote que ficava dentro de uma estátua feminina) um bom parto.
Como deusa da pintura e dos tecidos, Ixchabel Yax, foi casada com o grande Itzamna, com quem teve inúmeros deuses celestes. Mesmo casada, Ixchel é conhecida por seus inúmeros amantes. Quando se enchia dos ciúmes deles, ficava invisível por um bom tempo, apenas ajudando mães e seus recém-nascidos. Nessa forma, era representada por uma jovem e um coelho, símbolo de fertilidade e abundância no mundo inteiro.
Existem registros de inúmeros rituais xamanísticos dedicados à deusa no século XVI. Em sua manifestação agressiva, era a deusa das tempestades, representada por uma velha com uma serpente na cabeçamãos e pés em garras e ossos cruzados nas roupas que esvazia os recipientes de cólera sobre o mundo. Seu poder de trabalhar com a serpente do céu para provocar enchentes era muito temido. As inundações seriam produto de sua raiva pelos humanos e a maior delas pode ter sido o Grande Dilúvio que também aparece na mitologia cristã. Seus sacerdotes tentavam acalmá-la com sacrifícios freqüentes. O jarro esvaziando que aparece em várias de suas representações também pode ser referente ao ciclo lunar, uma vez que remete à lua minguante. E essa simbologia possui ligação direta com as funções maias de uma parteira (o jarro esvaziando seria o nascimento) e com o ciclo menstrual.
Possuía templos nas ilhas mexicanas de Cozumel e Isla Mujeres, onde grandes cerimônias eram realizadas em sua honra no sexto dia de lua. De um porto na península de Quintana Roo, partiam as canoas de peregrinos até os templos para solicitar ao oráculo da deusa (um sacerdote que ficava dentro de uma estátua feminina) um bom parto.
Estátua de Ixchel na ponta sul da Isla Mujeres, onde ainda existem ruínas de seu templo.(Foto: Arquivo pessoal) |
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segunda-feira, 5 de abril de 2010
Chocolate
Como sou um chocólatra assumido, resolvi investigar o mito divino do chocolate, afinal o nome científico do cacaueiro é Theobroma cacao e theobroma significa "alimento dos deuses" em grego. Mesmo com sua origem remetendo a mais de 1000 anos antes de Cristo, o nome da planta só foi dado em 1729 pelo botânico sueco Lineu, mas a razão fica óbvia!
Muito antes dos espanhóis chegarem às Américas - possivelmente 1500 a.C. -, os olmecas foram o primeiro povo a utilizar o fruto do cacaueiro, o "cacahuaquchtl". Com ele, faziam um líquido escuro - chamado de xocoatl (xococ = "amargo" + atl = "água") - temperado com baunilha e pimenta que combatia o cansaço e a diarréia. A parte branca que envolve os grãos de cacau era usada como fonte de açúcares fermentáveis para uma bebida alcoólica. Documentos maias dizem que o xocoatl também era usado por sacerdotes para fins cerimoniais e medicinais, e também era misturado a milho moído para fazer um mingau. Posteriormente, os astecas - acreditando que as sementes eram do deus Quetzalcoatl - prensavam o cacau em massas de pequenos tamanhos para que pudessem servir de alimento em expedições. O imperador asteca Montezuma apreciava a bebida amarga em copos de ouro sempre novos. A cada vez que esvaziava um copo, ele o jogava fora, para mostrar que valorizava mais a bebida que o ouro.
Cristóvão Colombo teria sido o responsável por levar o cacau para a Europa - que não conhecia o fruto - em 1502, em virtude de sua quarta viagem às Américas. Mas o rei Fernando II não teria prezado muito essa descoberta no meio de tantas outras riquezas.
Em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortez chegou ao México com suas intenções camufladas por um pacifismo comercial e foi recebido pelo imperador asteca Montezuma. Cortez, então, conheceu o valor monetário do cacau e, após a dominação, obrigou os nativos a plantarem cacau. Em 1528, ao retornar a Espanha, Cortez levou seus lucros (um escravo africano valia cem grãos de cacau!) e as ferramentas necessárias para o preparo da bebida amarga (um lenda conta que a receita da bebida foi literalmente arrancada de um sacerdote, pois estava tatuada na virília dele! ui...). Os espanhóis trataram de adocicar e esquentar a bebida que - aí sim - caiu no gosto da nobreza. Ao longo dos 150 anos seguintes, a novidade se espalhou pelo resto da Europa, e vários ingredientes foram agregados: vinho, cerveja, outras especiarias etc., mas sempre para consumo da elite. As colônias americanas (do continente e as ilhas de Trinidad e Haiti) e africanas (Costa do marfim, Gana, Nigéria e Camarões) continuaram com as plantações.
Na Inglaterra - que tinha suas plantações nas Índias Ocidentais -, a bebida podia ser comprada por qualquer um. E foi em Londres que, em 1657, foi inaugurada a primeira chocolateria do mundo! Em 1689, o médico escocês Hans Sloane estava na Jamaica e colocou leite na bebida, tornando-se (talvez) o maior responsável pelo o que é o chocolate hoje. No início do século XVIII, as chocolaterias já rivalizavam com as tradicionais casas de chá e café inglesas. Em 1765, foi fundada a primeira fábrica de chocolate nos EUA, então colônia inglesa. Os holandeses também se tornaram fabricantes de chocolate ao plantarem em suas colônias nas Índias Orientais (Indonésia).
Até a Revolução Industrial, o processo de fabricação da bebida era o mesmo e, em 1795, os ingleses criaram máquinas à vapor para espremer os grãos cacau que permitiram a produção em larga escala da bebida. Trinta anos depois - mais precisamente em 1828 - um fabricante holandês de chocolate, Conrad van Houtten, desenvolveu uma prensa hidráulica para extrair a gordura dos grãos de cacau moídos e transformá-la em manteiga de cacau. Depois os pedaços duros de cacau remanescentes eram novamente moídos e transformados em um pó, que se dissolvia facilmente na água quente. Daí ao desenvolvimento de bebidas achocolatadas foi um passo rápido. Em 1847, a firma inglesa Fry and Sons começou a desenvolver chocolate em barras com a manteiga de cacau. Mas foi em 1895 que um fabricante suíço misturou leite fresco à manteiga de cacau e deu início ao vício mundial. No Brasil, a primeira fábrica foi fundada em 1891 pelos irmãos Franz e Max Neugebauer em Porto Alegre.
Essa história é a mais citada por aí, mas encontrei uma outra história... bom... parece piada, mas vou postar assim mesmo: em suas viagens pela Ásia, o explorador italiano Marco Polo teria conhecido o cacau, ainda sem nome. Ao ser recebido por Kublai Khan, ofertou alguns frutos que teriam sido entregues ao cozinheiro Xang K. Kal. O cozinheiro experimentou todas as possibilidades do fruto, fazendo sucos, pudins, cremes, molhos e uma pasta. O imperador Khan se lambuzou das iguaris ficando realmente encantado pela pasta, a qual teria batizado de "manteiga de K. Kal".
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segunda-feira, 15 de março de 2010
Tohil
O deus do fogo e do sacrifício maia era Tohil, o obsidiano (tipo de vidro vulcânico). Podia ser escrito como Tojil, um poderoso deus da guerra, do clima e das montanhas. Os cervos era associados a ele, chegando a ser chamado de "Grande Lorde Cervo".
Segundo a lenda da criação maia no épico quechua Popul Vuhu, a primeira era do mundo terminou quando o fogo e a água destruíram tudo. No começo da segunda era, os ancestrais dos humanos surgiram num lugar chamado Sete Cavernas, onde eles encontraram Tohil pela primeira vez.
Os adoradores de Tohil, além do próprio sangue, sacrificavam prisioneiros de guerra. Acreditava-se que Tohil precisava do sangue jorrado a partir de corações arrancados, assim como bebês precisam do aleitamento materno. Na época da conquista espanhola, Tohil foi o grande patrono da guerra que fazia parte da trindade formada com Awilix e Jacawitz. Sua força era tão grande que, às vezes, toda a trindade era chamada de Tohil.
Segundo a lenda da criação maia no épico quechua Popul Vuhu, a primeira era do mundo terminou quando o fogo e a água destruíram tudo. No começo da segunda era, os ancestrais dos humanos surgiram num lugar chamado Sete Cavernas, onde eles encontraram Tohil pela primeira vez.
Os adoradores de Tohil, além do próprio sangue, sacrificavam prisioneiros de guerra. Acreditava-se que Tohil precisava do sangue jorrado a partir de corações arrancados, assim como bebês precisam do aleitamento materno. Na época da conquista espanhola, Tohil foi o grande patrono da guerra que fazia parte da trindade formada com Awilix e Jacawitz. Sua força era tão grande que, às vezes, toda a trindade era chamada de Tohil.
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