domingo, 31 de agosto de 2014

Juro que vi!

“Essa história aconteceu numa noite de lua cheia. Uns diz que é superstição, coisa da roça, mas otros diz que não, que isso aconteceu. Quem teve lá me contou essa história assim. E disse: ‘Juro que vi!’“
É assim, como se estivéssemos ouvindo uma história à beira da fogueira, que começa o primeiro vídeo da série Juro que vi, sobre o Curupira. Ao todo são cinco curtas de animação, produzidos pela MultiRio – empresa de multimeios do Rio de Janeiro ligada à Secretaria Municipal de Educação – entre 2003 e 2009, que contam a história de personagens icônicos do folclore brasileiro. Além de retratar as lendas nacionais, os vídeos também mostram uma preocupação com toda a parte ambiental, de preservação da fauna e flora, além de questões relativas a cidadania.

O CURUPIRA


O BOTO


O SACI


O MATINTA PEREIRA


A IARA


Excelentes vídeos para a garotada!

sábado, 23 de agosto de 2014

Curupira

Ilustração de Rafamarc
O Curupira é uma entidade protetora das árvores e da caça, senhor dos animais que habitam a floresta. Antes das grandes tempestades percorre a floresta batendo nos troncos das árvores certificando-se de sua resistência e avisando aos animais para se abrigarem. Assemelha-se em suas atribuições à Diana dos romanos e à Ártemis dos gregos, protetoras dos bosques e da caça, inclusive fazendo parte do cortejo lunar ao lado do Saci, do Boitatá e do Uratau.

Seu nome vem do tupi curu, menino e pira, corpo: corpo de menino. É mais conhecido por esse nome na Amazônia, no Maranhão e no Sudeste do Brasil, exceto Espírito Santo. Entidades semelhantes são conhecidas como Caapora ou Caipora, no Nordeste do Brasil e Espírito Santo; Kilaino, no Mato Grosso; Maguare, na Venezuela; Selvaje, na Colômbia; Chudiachaque, no Peru; e Kaná, na Bolívia. Também guarda semelhanças com o mito eslavo do Leshy.

Gravura de Ernst Zeuner, 1963.
Entre os mitos brasileiros, o Curupira é incontestavelmente o mais antigo, possivelmente legado pela população primitiva que habitou o Brasil no período pré-colombiano e que descendia dos invasores asiáticos, tendo passado dos Nauas aos Caraíbas e destes aos Tupis e Guaranis. A mais antiga menção de seu nome foi feita pelo padre José de Anchieta, quando ele escreveu sobre os medos "indígenas", em carta de 30 de maio de 1560:
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios que os brasis chamam de Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe de açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume das mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal."

Por ser um mito difundido pelo Brasil inteiro e por parte da América do Sul, suas características físicas variam bastante. Porém, é comumente representado como um moleque (ou um anão) de cabeleira ruiva (vermelha ou alaranjada), orelhas pontudas, dentes verdes, pés invertidos: dedos para trás e calcanhar para frente. Às vezes, sua pele também é descrita como esverdeada e seu cabelo como fogo. Em alguns casos, é calvo, em outros, tem um casco de jabuti. Em algumas regiões do Norte brasileiro, o Curupira não possui órgãos sexuais e possui dentes azulados.


O Curupira gosta de sentar na sombra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. Costuma encantar crianças pequenas para morar com ele nas matas. Após ensinar os segredos da floresta por sete anos, devolve os jovens para a família.

No entanto, não tem um gênio bom e é também chamado de espírito da mentira. Seus pés virados deixam rastros falsos no chão, iludindo viajantes e caçadores. Também os confunde com assobios e sinais falsos até eles se perderem. Persegue, tortura e pode até matar os caçadores que atiram em animais sem necessidade ou animais em procriação e amamentação. Quando não morrem, ficam abobalhados para sempre. Lenhadores que derrubam árvores de forma predatória também são alvos de suas travessuras.

Pode, contudo, ter contatos amistosos com alguns caçadores, dando-lhes armas e transmitindo certos segredos que, quando revelados, são fatalmente punidos. Isto é feito em troca de comida ou presentes, como fumo e pinga, porque, na verdade, era bem fácil distrai-lo. Para conseguir fugir dele é só fazer um novelo de cipó bem emaranhado e esconder a ponta de forma que o Curupira não a consiga achar. Por ser muito curioso, o Curupira se esquece de seu alvo e fica tentando desemaranhar o novelo.

NUNCA ESQUEÇA UMA CONDIÇÃO...
Uma história conta que o Curupira resolveu comer o coração de um caçador que havia matado um macaco. O esperto caçador entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco, que provou, gostou e quis comer tudo! Pensando em se safar o caçador disse que só daria tudo se o Curupira desse um pedaço de seu coração para ele. Como a entidade acreditara que tinha comido o coração do caçador, pegou uma faca, enterrou em seu peito e tombou sem vida.

O caçador disparou, então, pela floresta e prometeu a si mesmo nunca mais voltar. Durante um ano, não quis saber de entrar na mata, dizendo que estava doente quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia. Até que sua vaidosa filha pediu o mais diferente colar já visto e o caçador pensou que os dentes do Curupira dariam uma bela joia. Partiu para a floresta e encontrou o esqueleto do gênio encoberto por mato no mesmo lugar onde havia morrido com os dentes verdes brilhando como esmeraldas. Começou, então, a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e soltasse os dentes. Imaginem a sua surpresa quando, de repente, o Curupira voltou à vida! Exatamente como antes, como se nada tivesse acontecido! Por sorte, o Curupira acreditou que o caçador o ressuscitara de propósito e lhe deu um arco e flecha mágicos que nunca errava o alvo. Porém, tinha uma condição: jamais alvejasse uma ave ou animal que estivesse em bando, pois ele seria atacado e despedaçado.

Mesmo sem o colar, o caçador voltou à tribo se sentindo poderoso. Nunca mais faltou caça para a tribo. Por onde passava, era olhado com respeito e admiração. Até que o orgulho o fez esquecer da única condição dada pelo Curupira e flechou um pássaro voando em bando. Imediatamente foi atacado pelo bando enlouquecido e estraçalhado pelos pássaros. Com pena daquele que o ressuscitara, o Curupira arranjou cera derretida e colou os pedaços do caçador, devolvendo-lhe a vida. O gênio avisou que essa seria a única vez que ele poderia ajudá-lo e ele nunca mais poderia beber ou comer coisas quentes para não derreter a vela. Feliz e agradecido voltou para a aldeia sem nada dizer e levou uma vida normal durante muito tempo. Até o dia em que sua mulher preparou uma comida tão apetitosa, que ele não aguentou esperar esfriar e acabou derretendo por inteiro.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mês do folclore

Selos comemorativos emitidos em 2011. Tem Curupira,
Mãe-do-Ouro, o Boto e a Mula-sem-Cabeça.
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições, que se transmitem de geração em geração através de lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo. A Unesco declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, que precisa ser bem administrada como herança cultural.

E agosto é dito como o mês do Folclore, sendo dia 22 seu dia comemorativo. Então, veja AQUI um pouco mais sobre a mitologia do nosso país, que faz parte de nosso folclore. Tem a Iara, tem Jaci e o nosso famoso Saci, além de muitos outros.

A Folha de São Paulo já publicou matérias sobre o assunto com vários outros personagens que disponibilizei AQUI e AQUI. Maurício de Souza também andou fazendo uma publicação sobre o folclore nacional que mostrei AQUI e talvez ainda seja encontrada em bancas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Favorite icon

É bobagenzinha, mas também é aquele detalhe que faz a diferença: agora esse blog possui um favorite icon (favicon)! Pra quem não sabe o que é: são pequenas imagens que ficam guardados em um site e ajudam um usuário comum a identificar uma página quando ela está exibida em uma lista ou em uma barra de abas, como, por exemplo, imagens simplificadas da marca que representam. É só dar uma olhadinha aí em cima!


Se você adicionar esse blog como favorito, também vai aparecer o favicon na sua lista! Bacana, não? Adiciona logo!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Hipnos e a corte dos sonhos

Hipnos é a personificação do sono e da sonolência na mitologia grega. Segundo a Teogonia de Hesíodo, era filho de Nyx, sem pai; segundo o pseudo-Higino, era filho de Nyx com Érebo.

Noite e Sono, tela de Evelyn de Morgan (1878)

Nos poemas homéricos, Hipnos habita a ilha de Lemnos, mas Virgílio o deslocou para os Infernos e Ovídio para o país dos Cimérios, às bordas do reino dos mortos. Nesta concepção, residia em um palácio construído em uma remota caverna próxima ao Rio Lete (esquecimento) no Érebo, a terra da escuridão eterna, além dos portões do sol nascente. Lá vivia com seu irmão gêmeo Thanatos (a morte). Por ser irmão da morte e viver no reino de Hades, Hipnos estava também ligado ao coma (kõma é "sono profundo" em grego) e vícios profundos.

Sono e Morte, tela de John William Waterhouse (1874)

Às vezes mostrado adormecido em um leito de penas com cortinas negras à volta, seus atributos incluíam um chifre contendo ópio, um talo de papoula e outras plantas hipnóticas, um ramo gotejando água do rio Lete e uma tocha invertida. Costumava ser visto trajando peças douradas enquanto seu irmão gêmeo normalmente usava tons prateados. Também foi retratado como um jovem nu dotado de asas nas têmporas, tocando flauta com a qual adormecia os homens, com um rastro de névoa por onde passava. Em alguns casos, era um senhor com asas nas costas e se vestia como sua mãe, com um robe negro incrustado de estrelas e uma coroa de papoulas. Somnus (ou Sopor) é sua contraparte romana.

Hipnos está envolvido em alguns mitos gregos:
  • Endimião, sentenciado por Zeus ao sono eterno, recebeu de Hipnos o dom de dormir com os olhos abertos para poder ver constantemente sua amada Selene, deusa da lua. Em outra versão dessa história, assombrado pela beleza de Endimião, Hipnos o fez dormir de olhos abertos para poder admirar constantemente seu rosto.
  • Já precisou adormecer Zeus em duas ocasiões a pedido de Hera: certa vez para causar problemas a Hércules e, em outra, para ajudar os aqueus na Guerra de Troia. O grande deus ficou furioso e ameaçou jogá-lo ao mar. Hipnos se transformou em um besouro (ou num marimbondo) para fugir, mas, com receio de enfurecer Nyx, Zeus conteve sua fúria.

De Hipnos provem a hipnose, um estado alterado e temporário de atenção, que pode ser induzido, possibilitando fenômenos espontâneos como em resposta a estímulos verbais ou de outra natureza, como toques ou sons. Durante muito tempo se confundia a hipnose com o sono, devido ao relaxamento físico enquanto a pessoa está em transe.

Para Hesíodo e o pseudo-Higino, Hipnos também é irmão dos Oniros (ou Oneiroi), os Mil Sonhos, enquanto para Ovídio, ele é o seu pai com a graça bastarda Pasítea (deusa da alucinação, da meditação e do relaxamento, prometida a ele por Hera, mãe da graça com Dioniso). Toda noite Hipnos se erguia no cortejo de sua mãe Nyx, tendo Aergia (deusa da indolência e da preguiça) na sua frente e os oniros voando como morcegos através de dois portais: do feito de chifre, saíam os sonhos proféticos enviados pelos deuses; do feito de marfim, saíam os sonhos falsos e sem sentido, além dos pesadelos (melas oneiros, "sonho negro").

Morfeu, Fântaso e Íris,
tela de Pierre-Narcisse Guérin (1810)
Morfeu era o líder dos Oniros, também chamado de deus dos sonhos, porque dava forma a eles e os indicava o caminho. Às vezes, adotava uma aparência humana especialmente igual aos entes queridos, permitindo aos mortais fugir por um momento do olhar dos deuses. Era o principal serviçal de Hipnos, impedindo que ruídos o acordassem. Dormia em uma cama de ébano, rodeado de flores de dormideira, que continha alcaloides de efeitos sedantes e narcóticos. Era representado com asas, voava rápido e silenciosamente, lhe permitindo chegar em qualquer lugar e a qualquer momento. Inadvertidamente, Morfeu revelou segredos aos mortais através de seus sonhos, e por isso foi fulminado por Zeus. Do seu nome procede o nome da droga morfina, por suas propriedades que induz à sonolência e tem efeitos análogos ao sonho.

De todos os oniros, três eram responsáveis por distribuir os sonhos a quem dormia: Icelos (sonhos humanos e plausíveis), Fântaso (sonhos simbólicos e objetos inanimados) e Fobetor ("O Temível", responsável por medos noturnos, pesadelos e animais). A única mulher, Fantasia, distribuía os sonhos e devaneios aos acordados ou à beira da morte.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Desvendando PJ: Livro 2 - Capítulos 16 a 20

Chegamos a parte final e não dá pra colocar "Livro X Filme" porque os caminhos são diferentes, mesmo acabando de forma igual.

NO LIVRO
Percy e Tyson enfrentam juntos Polifemo. Nossos heróis fogem no navio controlado por Percy, mas Polifemo consegue afundá-lo. Eles são salvos pelos hipocampos, que os levam para Miami. Lá são cercados por Luke e seus comparsas. Enquanto Clarisse leva o velocino para o acampamento, Percy engana o vilão fazendo-o contar todos os seus planos de libertação de Cronos quando ele tinha feito uma mensagem de Íris para o acampamento. Luke, então, ataca Percy, que acaba salvo por Quíron e seus amigos centauros. Vale lembrar que Quíron tinha sido demitido do acampamento e estava em férias com seus primos. De volta ao acampamento, Clarisse é considerada a heroína, mas dá o devido valor a Percy. Tyson não fica no acampamento: vai fazer um estágio nas forjas de Hefesto. O velocino cura a árvore e recupera a barreira protetora do acampamento. Durante um novo campeonato de bigas – que Percy vence – Thalia volta à vida.

NO FILME
Como Luke cercou os heróis e "matou" Tyson na saída da caverna de Polifemo, ele ficou com o velocino. Num descampado, ele utiliza o velocino no caixão de Cronos e o titã volta à vida. Os heróis que estavam presos conseguem escapar com ajuda de Tyson (que "volta" dos mortos) e enfrentam Luke e os outros alunos. Apenas Contracorrente, a espada de bronze celestial de Percy, consegue ferir Cronos e – é claro – que ele consegue devolver o titã para o caixão. O tal monstro-manticora "mata" Annabeth, que volta com uma ajudinha do velocino. Luke acaba nas mãos de Polifemo, enquanto nossos heróis voltam para o acampamento e a história segue como o livro: sem as bigas, mas com Clarisse como a heroína e o velocino restaurando a barreira protetora e a vida de Thalia.

SOBRE MITOLOGIA...
Odisseia, Velocino e Titanomaquia: a gente se vê por aqui! (um dia...)

***

Assim acaba esse novo "Desvendando" que ficou super confuso porque os filmes seguiram caminhos bem diferentes para chegar do ponto A ao ponto B. Releiam aqui as partes I, II e III antes dessa.

O filme deixou o gancho de Thalia para uma sequência, mas não tenho ouvido nada sobre esse assunto. Até acredito que não vá ocorrer porque os atores estão ficando mais velhos e mais desinteressados nessa franquia cinematográfica. Mesmo assim, as aventuras de Percy Jackson continuam fazendo sucesso: o último livro da segunda saga está pra sair ("Sangue do Olimpo") e um musical está sendo ensaiado!

sábado, 14 de junho de 2014

Desvendando PJ: Livro 2 - Capítulos 11 a 15

Ainda tô tentando... já foi metade, falta a outra metade. (Primeira Parte / Segunda Parte). Vamos lá...

LIVRO vs. FILME
  • Nossos heróis começam aqui a enfrentar os desafios do Mar de Monstros: Caríbdis, o redemoinho (que no filme tem dentes e no livro usa aparelho), Scila, a ninfa monstruosa (que no livro parece uma hidra e no filme não aparece) e sereias (excluídas no filme). Após passar por eles chegam a Circelândia, onde precisam enfrentar a bruxa Circe e Percy chega ser transformado em um hamster! Isso foi totalmente cortado no filme, pois eles são engolidos pelo redemoinho, encontram o navio de Clarisse e fogem dando uma gastrite explosiva nele. Depois eles chegam à ilha de Polifemo, que parece um parque de diversões.
  • No livro, chegar na caverna de Polifemo, relembra bem a história de Ulisses, que entra na caverna escondido nos carneiros e usa a tática do "ninguém". O filme é bem direto, sem carneiros e com o retorno de Grover à trama.
  • No livro, Tyson é dado como morto depois que o navio de Clarisse explode. Por ser protegido do fogo e filho de Poseidon, Tyson sobrevive e reaparece para salvar os heróis de Polifemo. No filme, o navio não explode e Tyson é dado como morto depois de enfrentar Polifemo e levar uma flechada dos capangas de Luke. Como ele caiu de um precipício dentro da água, se curou e sobreviveu.
NA MITOLOGIA...
  • Essa história traz uma releitura da Odisseia inserindo a busca de Jasão pelo Velocino de ouro. Caribdis, Scila, Circe, sereias, Polifemo e seus carneiros fazem parte da tentativa de Ulisses retornar pra casa após a Guerra de Troia. Talvez tenham sido os carneiros que fizeram o elo de ligação com o velocino, mas não existiam os "carneiros-piranhas" descritos no livro.
Tá chegando o fim dessa salada... oops... saga!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Desvendando PJ: Livro 2 - Capítulos 6 a 10

Continuando sem corrida de bigas fica difícil, mas vamos lá... Sugiro ler o post anterior para entender melhor.

LIVRO vs. FILME
  • No livro, Grover não participa de grande parte da aventura porque desde o início está preso na ilha de Polifemo. O elo empático de Percy com Grover é constante no livro, com o jovem herói ciente do problema de seu guardião sátiro. No filme, Grover começa a aventura ao lado dos jovens semideuses. Ele só se separa do grupo quando é sequestrado por Luke para ser a bússola até o Velocino.
  • Como não tem corrida de bigas no filme (acho que foi substituída por um brinquedo idiota), toda a parte que Percy treina equitação em Pégaso e depois enfrenta os Pássaros da Estinfália é suprimida.
  • O filme pula logo para a parte que Clarisse (e um sátiro desconhecido) é escolhida para ser a responsável pela missão. No livro, ela é escolhida por Tântalo (o novo diretor que não está no filme, que usa Dioniso) de propósito, só para contrariar Percy. Fala-se muito sobre Jasão, os Argonautas e o Triângulo das Bermudas.
  • Nesse filme aparece pela primeira vez o Oráculo com a profecia dos dezesseis anos, que insere a presença de Cronos (já se sabia dele desde o primeiro livro).
  • Após o Oráculo, Percy, Annabeth, Grover e Tyson decidem fugir em missão para o filme ter sentido. Eles usam o táxi das Irmãs Cinzentas, Grover é sequestrado e os heróis entram em um correio local para encontrar Hermes, o mensageiro dos deuses, como dono da UPS. Dentro do correio, Hermes fica sabendo de tudo que Luke fez no primeiro filme e dá alguns suprimentos aos heróis. Como o livro gira de outra forma, vou tentar localizar esses acontecimentos: o Oráculo não aparece, mas a profecia é dita a seguir; o táxi é usado para chegar ao acampamento logo no início; sobre Grover já expliquei lá em cima; e Hermes aparece para Percy no acampamento logo depois da corrida de bigas, dá s suprimentos e sugere que ele fuja do acampamento para resolver a situação.
  • O belo hipocampo que aparece no filme para levá-los ao navio de Luke é multiplicado por três do livro! Arco-Íris é o nome que Tyson dá para o seu "cavalinho".
  • É no navio cheio de monstros (lestrigões, dracaenaes, Agrios e Oreios) descrito pelo livro que Percy fica sabendo da profecia dos dezesseis anos. Luke conta, mostra o caixão de Cronos e revela seus planos de trazê-lo de volta à vida com o Velocino. Tirando o fato de só ter um monstrinho (não identificado... uma manticora?) no filme, essa parte está bem próxima ao livro. Inclusive o fato dos heróis escaparem por conta dos poderes ampliados de Percy, que aos poucos vai aprendendo ainda mais sobre eles.
  • Os ventos usados como motores do bote aparecem em ambas as mídias.
  • Ao chegar em terra, o livro diz que Percy, Annabeth e Tyson ainda enfrentam uma hidra. O filme prefere levá-los direto para o Triângulo das Bermudas.

SOBRE MITOLOGIA...
  • Em ambas as mídias fala-se de uma atração natural dos sátiros pelo Velocino da qual eu nunca ouvi falar. Talvez por sátiros serem caprinos (bodes) e o velocino ser ovino (lã de ovelha)...
  • Sobre Jasão, os Argonautas e o próprio Velocino, vou deixar pra falar em uma postagem maior.
  • Os Pássaros da Estinfália são os mesmo derrotados por Hércules e estão bem descritos no livro. As dracaenaes também. Pena que não apareceram no filme. O livro ainda cita Éris, Esculápio e Prometeu.
  • Quando vai consultar o Oráculo, Percy descobre uma versão totalmente errada da Titanomaquia, a Batalha dos Titãs, onde Zeus, Poseidon e Hades sobrevivem ao canibalismo de seu pai Cronos e o derrotam. Não foi bem assim: Poseidon e Hades são engolidos e somente Zeus escapa através de uma artimanha de sua mãe Réa.
  • Os irmãos gêmeos Agrios e Oreios não são misturas de homem com urso, só porque Afrodite enfeitiçou a mãe deles para que se apaixonasse por um animal.

Vou te dizer que está bem complicado de cruzar as mídias. É como se duas pessoas estivessem contando a mesma história, cada um da forma que acha melhor (e não deixa de ser isso mesmo!).

terça-feira, 13 de maio de 2014

Desvendando PJ: Livro 2 - Capítulos 1 a 5

Olha... vai ser um pouco mais complicado do que eu imaginava: o filme e o livro são bem distintos. Os personagens principais estão lá... a temática está lá... mas o desenrolar da história é bem diferente. Até mesmo na velocidade das ações, já que o filme parece se desenrolar em pouquíssimos dias, o livro gira em torno de quase um mês (ou mais). Mas vamos lá... tentarei reduzir ao máximo os spoilers (mesmo achando impossível fazer isso). Espero que vocês tenham lido o livro e visto o filme.
E foi assim que eu comecei a desvendar o Ladrão de Raios... e será assim com o Mar de Monstros. Nem sei se terei como fazer a cada três capítulos porque temos alguns fatores a considerar:
  1. O primeiro filme ignora toda história de Cronos que é o cerne de toda saga nos livros. No novo filme inseriram Cronos e finalizaram o filme com uma ponta para o terceiro.
  2. Dessa vez, não preciso inserir tantas descrições de personagens, porque já o fiz anteriormente.
É válido lembrar o seguinte: esse livro se baseia em duas grandes aventuras da mitologia grega: a Odisseia (poema épico de Homero que conta a viagem cheia de perigos marítimos de Ulisses de volta para casa após a Guerra de Troia) e os Argonautas (a saga de Jasão em busca do Velocino de Ouro).

LIVRO vs. FILME
  • O livro começa com Percy em casa, com mãe fazendo comida azul e mais problemas na escola, como um jogo de queimadas contra Lestrigões. Percy recebe ajuda de Annabeth que usa um boné de invisibilidade e Tyson surge nesse momento. O filme começa revelando já de cara a história da chegada de Luke, Thalia e Annabeth no acampamento... e como Thalia virou a árvore que protege o acampamento. Depois vem uma disputa entre os alunos só pra introduzir Clarisse, a filha de Ares. Tyson entra no acampamento porque Poseidon o manda pra lá (essa história é um motion comic nos extras do filme). E nada de Lestrigões no filme.
  • O táxi das Irmãs Cinzentas (a Carruagem da Danação) aparece no livro para levar Percy, Annabeth e Tyson para o acampamento depois da batalha com os Lestrigões. O veículo surge do asfalto depois que Annabeth joga um dracma no chão. No filme, o táxi aparece para ajudar Percy, Annabeth, Tyson e Grover para fora do acampamento, depois que a garota assobia... isso já muda o ritmo da história. As coordenadas são realmente dadas pelas velhas em ambos as situações. Elas tem um olho e um dente no livro, mas no filme só disputam o olho.
  • No livro, são dois touros de Colchis que invadem o acampamento: um é derrotado por Clarisse e o outro por Tyson que, ao ser atacado pelo fogo do animal de bronze, revela-se a todos como um ciclope. No filme, apenas um touro ataca. Todos já sabem que Tyson é um ciclope, mas ele surpreende por sua força e por nascer queimado. Quem derrota o touro é Percy.
  • Os touros entraram porque a árvore de Thalia foi envenenada e a proteção do acampamento enfraqueceu. Quíron é despedido no livro e Dioniso afastado do cargo de diretor, sendo ambos substituídos por Tântalo, que institui corridas de biga entre os alunos. Nada de Tântalo ou bigas no cinema. Ah... e nem Quíron nem Dioniso saem do filme. A maldição de Tântalo sobrou pra Dioniso.

SOBRE MITOLOGIA...
  • Lestrigões são realmente gigantes canibais. Eles estão presentes na Odisseia.
  • É estranho quando Dionísio e Quíron aparentam não saber que Tyson é filho de Poseidon, quando isso é óbvio: Cíclopes SÃO filhos do deus do mar com uma ninfa. E sua resistência ao fogo também é fato, uma vez que são responsáveis pelas forjas vulcânicas de Hefesto. Mas nunca ouvi falar em telepatia marinha para esses seres mitológicos.
  • A maldição de Tântalo é jamais saciar sua fome ou sede. Por isso que Dioniso não consegue beber seus vinhos no filme.
  • As Irmãs Cinzentas são as Greias da saga de Perseu. Elas realmente dividem um olho e um dente. Seus nomes são Dino, Ênio e Péfredo (e não Ira, Vespa e Tempestade).
  • Os touros de Colchis são os dois touros da Cólquida que fazem parte da busca de Jasão pelo Velocino de Ouro. Na Cólquida, Jasão precisava cumprir a seguinte tarefa: lavrar um campo com dois touros monstruosos e indomados, de cascos de bronze e que expeliam fogo pelas narinas, oferecidos por Hefesto, e, em seguida, semear o campo lavrado com dentes de um dragão!

Esses são os primeiros (confusos) cinco capítulos. Juntar Perseu, Jasão, Ulisses e a Titanomaquia numa história adolescente é brabo! Com o tempo, todos esse mitos serão abordados por aqui.

sábado, 10 de maio de 2014

Desvendando Percy Jackson e o Mar de Monstros...

Vi o filme Percy Jackson e o Mar de Monstros (Percy Jackson: Sea of Monsters, 2013) quando saiu, mas não tive tempo de escrever meus comentários. Então, aproveitei pra reler o livro para poder fazer mais um "desvendando" por aqui com o cruzamento entre as informações mitológicas dadas.

Sempre é importante lembrar que um filme vindo de um livro é um roteiro adaptado, ou seja,nunca será exatamente o que foi escrito. Fora isso, por ser uma sequência, além de adaptar o que Rick Riordan escreveu, os roteiristas tinham que pensar a partir do universo criado no primeiro filme.

Farei como antes: colocarei por grupos de capítulos e aprenderemos um pouco mais sobre a mitologia grega. Veja o primeiro, do Ladrõa de Raios, aqui.